A Rota da Seda (chinês tradicional chinês
simples pinyin: sī chóu zhī lù, persa; Râh-e Abrisham,
turco: İpekyolu, quirguiz: Jibek Jolu) era uma série de
rotas interconectadas através da Ásia do Sul, usadas no
comércio da seda entre o Oriente e a Europa. Eram
transpostas por caravanas e embarcações oceânicas que
ligavam comercialmente o Extremo Oriente e a Europa,
provavelmente estabelecidas a partir do oitavo milénio
a.C. – os antigos povos do Saara possuíam animais
domésticos provenientes da Ásia – e foram fundamentais
para as trocas entre estes continentes até à descoberta
do caminho marítimo para a Índia. Conectava Chang'an
(atual Xi'an) na China até Antioquia na Ásia Menor,
assim como a outros locais. Sua influência expandiu-se
até a Coréia e o Japão. Formava a maior rede comercial
do Mundo Antigo.
Estas rotas não só foram significativas para o
desenvolvimento e florescimento de grandes civilizações,
como o Egito Antigo, a Mesopotâmia, a China, a Pérsia, a
Índia e até Roma, mas também ajudaram a fundamentar o
início do mundo moderno. Rota da seda é uma tradução do
alemão Seidenstraße, a primeira denominação do caminho
feita pelo geógrafo alemão Ferdinand von Richthofen no
século XIX.
A rota da seda continental divide-se em rotas do norte e
do sul, devido à presença de centros comerciais no norte
e no sul da China. A rota norte atravessa o Leste
Europeu (os mercadores criaram algumas cidades na
Bulgária), a península da Criméia, o Mar Negro, o Mar de
Mármara, chegando aos Bálcãs e por fim, a Veneza; a rota
sul percorre o Turcomenistão, a Mesopotâmia e a
Anatólia. Chegando a este ponto, divide-se em rotas que
levam à Antioquia (na Anatólia meridional, banhada pelo
Mediterrâneo) ou ao Egito e ao Norte da África.
Mapa Fra Mauro, Veneza, 1549 |
Um cavalo da última dinastia Han - séculos I
e II.
|
Representação do comércio na rota |
A última estrada de ferro conectada à rota da seda
contemporânea foi completada em 1992, quando a via
Almaty-Urumqi foi aberta.
A rota da seda marítima estende-se da China meridional
(atualmente Filipinas, Brunei, Sião e Malaca) até
destinos como o Ceilão, Índia, Pérsia, Egito, Itália,
Portugal e até a Suécia. Em 7 de agosto de 2005, foi
confirmado que o Departamento do Patrimônio Histórico de
Hong Kong pretende propor a Rota da Seda Marítima como
Patrimônio da Humanidade.
Muitas caravanas já seguiram essa rota antiga desde 200
a.C. No passado remoto,os chineses aprenderam a fabricar
seda a partir da fibra branca dos casulos dos
bichos-da-seda. Só os chineses sabiam como fabricá-la e
mantinham esse segredo muito bem guardado. Quando eles
fizeram contato com as cidades do Ocidente, encontraram
pessoas dispostas a pagar muito caro pela seda.
Os dois lados da rota aprenderam muito sobre culturas
diferentes das suas, e isso expandiu suas idéias sobre o
mundo.
O viajante veneziano Marco Polo percorreu a Rota da Seda
no século XIII.
Império Mongol
Após 1260 se desintegrou nos reinos |
Origens
Viagem continental
Quando as técnicas da navegação e da domesticação de
bestas de carga foram assimiladas pelo Mundo Antigo, a
sua capacidade de transporte de grandes cargas por
longas distâncias foi muito melhorada, possibilitando o
intercâmbio de culturas e uma maior rapidez no comércio.
Por exemplo, a navegação no Egito pré-dinástico só foi
estabelecida no século IV a.C., período em que a
domesticação do burro e do dromedário começaram a ser
instituídas. A domesticação do camelo bactriano e o uso
do cavalo como meio de transporte foram feitas em
seguida.
Como as rotas náuticas provêm um meio fácil de
transporte entre longas distâncias, largos terrenos do
interior como as planícies, que permanecem longe do
litoral, não se desenvolveram como as rotas costeiras.
Em compensação, dispõem de terreno fértil para pastos e
água em abundância para as caravanas. Estes terrenos
permitem a passagem de caravanas, mercadores e exércitos
sem precisar envolver-se com povos sedentários, além de
fornecer terras para a agricultura. Da mesma forma,
também os nômades preferem não ter que atravessar longos
descampados.
Enquanto isto, cargas, especiarias e idéias religiosas
eram propagadas por todos os cantos, contrapondo a idéia
antiga da troca que, provavelmente, conduzia-se somente
por uma rota pré-determinada. É improvável que a rota da
seda fosse transcorrida somente por terra, visto que
percorre a África, a Europa, o Cáucaso e a China.
Transporte antigo
Os povos antigos do Saara já haviam importado animais
domesticados da Ásia entre 7500 a.C. e 4000 a.C..
Artefatos datados do 5º milênio a.C., encontrados em
sítios bádaros do Egito pré-dinástico indicam contato
com lugares distantes, como a Síria. Desde o começo do
4º milênio a.C., egípcios antigos de Maadi importam
cerâmica e conceitos de construção dos Cananeus.
O comércio de lápis lazuli provém da única fonte
conhecida no mundo antigo, Badakshan, localizada no
noroeste do Afeganistão, localidade distante das grandes
culturas, com a Mesopotâmia e o Egito. A partir do 3º
milênio a.C., o comércio do lápis lazuli foi estendido
até Harappa e Mohenjo-daro, ambos no Vale do Indo.
Pensa-se que tenham sido usadas rotas que acompanhavam a
Estrada Real Persa (construída por volta do ano 500
a.C.) desde 3500 a.C.. Existem evidências de que
exploradores do Antigo Egito podem ter aberto e
protegido novas ramificações da rota da seda. Entre 1979
e 1985, amostras de carvão vegetal foram encontradas nas
tumbas de Nekhen, onde eram datadas dos períodos Naqada
I e II, identificadas como cedro-do-líbano, originário
do Líbano.
Em 1994, escavadores descobriram fragmentos de cerâmica
gravada com o símbolo serekh de Naramer, datando do
milênio 3000 a.C.. Estudos mineralógicos revelaram que
os fragmentos pertenciam a uma jarra de vinho exportado
do Vale do Nilo até Israel.
Comércio marítimo egípcio
A pedra de Palermo menciona o rei Sneferu da quarta
dinastia do Egito enviando navios para importar cedro de
alta qualidade no Líbano. Em uma cena no interior da
pirâmide do faraó Sahuré, da quinta dinastia, os
egípcios surgem retornando com grossos troncos de cedro.
O nome de Sahuré é encontrado estampado numa pequena
peça de ouro numa cadeira libanesa, e foram encontrados
cartuchos da quinta dinastia em recipientes libaneses de
pedra; outras cenas em seu templo mostram ursos sírios.
A pedra de Palermo também menciona expedições ao Sinai
assim como minas de diorita ao noroeste de Abu Simbel.
A mais antiga expedição de que há registo à Terra de
Punt foi organizada por Sahuré, aparentemente a procura
de mirra, assim como malaquita e electrum. O faraó da
décima-segunda Dinastia do Egito, Senuseret III, fez um
"Canal de Suez" antigo, ligando o rio Nilo ao Mar
Vermelho, para a troca direta com Punt. Por volta de
1950 a.C., no reino de Mentuhotep III, um oficial
chamado Hennu fez algumas viagens a Punt. Foi conduzida
uma expedição muito famosa por Nehsi e pela rainha
Hatchepsut a Punt, realizada no século XV a.C., com o
intuito de obter mirra; um relato da viagem sobrevive em
um pedido de socorro localizado no templo funerário de
Hatshetup, em Deir el-Bahari. Muitos de seus sucessores,
incluindo Tutmés III, também organizaram viagens a Punt.
Estanho britânico
A Grã-Bretanha possui grandes reservas de estanho nas
regiões da Cornualha e de Devon, no sudoeste da
Inglaterra. Por volta de 1600 a.C., o sudoeste da
Bretanha experimentou uma explosão comercial, onde o
estanho britânico era comercializado por boa parte da
Europa (veja também Bretanha pré-histórica). Quando a
era do Bronze substituiu a era do Ferro, a navegação
baseada em peças de estanho (concentrada no
Mediterrâneo) declinou entre 1200 a.C. e 1100 a.C.. No
entanto, não foi encontrada nenhuma rota terrestre entre
a Bretanha antiga e as civilizações do Mediterrâneo.
Contatos de chineses e centro-asiáticos
Desde o segundo milénio a.C., nefrita e jade são
extraídas de minas das regiões de Yarkand e Khotan,
ambas na China, para serem comercializadas.
Curiosamente, estas minas não estão muito longe das
minas de lápis lazuli e espinélio de Badakhshan, e
apesar de estarem separadas pelos montes Pamir, muitas
estradas cruzam as montanhas, algumas desde tempos muito
longínquos.
Placas de jade e pedra-sabão chinesas, no estilo
artístico cítio para animais das estepes. Data dentre o
intervalo entre os séculos III e IV a.C. (Museu
Britânico).As múmias de Tarin, múmias chinesas de um
tipo indo-europeu, foram encontradas em Tarin Basin,
como as da área de Loulan, localizada na rota da seda, a
200 km a este de Yingpan, que datam de 1600 a.C. e
sugerem uma linha de comunicação muito antiga entre
ocidente e oriente. Pode-se supor que estes restos
mumificados devem ter sido feitos por ancestrais dos
Tocários, cuja língua indo-européia permaneceu em uso em
Tarin Basin (moderna Xinjiang) até o século VIII d.C..
Muitas sobras do que parece ser seda chinesa foram
encontradas no Egito, datando de cerca de 1070 a.C..
Ainda que a origem seja suficientemente confiável, a
seda degrada-se facilmente e os especialistas não
puderam verificar com precisão se a seda era cultivada
(muito provavelmente terá vindo da China) ou se era um
tipo de seda "selvagem", que pensam vir da região
mediterrânea ou do Médio Oriente.
Contatos próximos da China metropolitana com nômades
fronteiriços dos territórios oeste e noroeste no século
VIII a.C. permitiram a introdução do ouro da Ásia
Central no território chinês. Assim sendo, os escultores
de jade chineses começaram a imitar as estepes em suas
obras (devido à adoção do estilo artístico cítio para
animais das estepes, onde os animais eram retratados em
combate). Este estilo refletiu-se particularmente nos
cintos de placas retangulares, feitos em ouro e bronze,
com versões alternadas de jade e pedra-sabão.
Estrada Real Persa
No tempo de Heródoto, a Estrada Real Persa percorria
2.857 km da cidade de Susa, no baixo Tigre até o porto
de Esmirna (moderna Izmir na Turquia) no mar Egeu. Era
mantida e protegida pelo império Aquemeu, e possuía
estações postais e estalagens a intervalos regulares.
Com cavalos descansados e viajantes prontos a cada
estalagem, mensageiros reais podiam carregar mensagens
em até nove dias, ao contrário de mensageiros normais
que demoravam cerca de três meses. A Estrada Real era
conectada a outras rotas. Muitas delas, como as rotas
indianas e centro-asiáticas, também eram protegidas por
Aquemênidas, que mantinha contato regular com a Índia, a
Mesopotâmia e o Mediterrâneo. Existem registros em Ester
de despachos feitos em Susa para províncias indianas e
para o Cush durante o reinado de Xerxes.
Viagens transatlânticas feitas por Roma e Egito
Em 1975, duas ânforas intactas foram resgatadas no fundo
da Baía de Guanabara, próxima ao Rio de Janeiro, Brasil.
Em 1981, o arqueologista Robert Marx descobriu milhares
de fragmentos de cerâmica em um mesmo local, incluindo
duzentos pescoços de ânfora. A princípio acreditava-se
que haviam sido fabricadas na Roma Antiga, por volta do
século II a.C.. Entretanto, o mergulhador Americo
Santarelli afirmou ter ele mesmo enterrado as ânforas,
as quais teriam sido fabricadas no século XX.
Testes feitos em amostras de tecido biológico de múmias
do Egito Antigo, demonstraram a aparição de traços de
substâncias químicas que na época eram encontradas
somente nas Américas, como o tabaco e a coca. Já que as
amostras foram retiradas de diversas múmias, a
possibilidade de contaminação é muito pequena.
Conquistas helenísticas
O primeiro grande passo para a abertura da rota da seda
entre leste e oeste veio da expansão de Alexandre, o
Grande no interior da Ásia Central. Alexandre chegou a
Fergana, às fronteiras de Xinjiang (região chinesa, onde
ele fundou em 329 a.C. um assentamento grego na cidade
de Alexandria Eschate - Alexandria, a distante), e
Khujand (agora Leninabad), no Tadjiquistão.
Quando os sucessores de Alexandre, o Grande (os
Ptolomeus), assumiram o controle do Egito, em 323 a.C.,
começaram a estimular o comércio (com a Mesopotâmia, a
Índia, e o leste da África) por intermédio dos seus
portos no Mar Vermelho e de rotas terrestres. Isto era
supervisionado por uma ativa participação de
intermediários, especialmente os Nabateus e outros
Árabes. Os gregos permaneceram na Ásia Central por mais
três séculos, primeiramente através da administração do
Império Selêucida e mais tarde estabelecendo o reino
Greco-Bactriano na Bactria. Eles continuaram a
expandir-se em direção ao oriente, especialmente durante
o reino de Eutemides, que expandiu o seu controle à
Sogdiana, atingindo e superando a cidade de Alexandria
Eschate. Existem indicações que deverão ter liderado
expedições longas, como a Kashgar, no Turquestão Chinês.
Também deverão ter iniciado as primeiras relações entre
China e o oeste por volta de 200 a.C.. O historiador
grego Estrabão escreve que "eles estenderam o seu
império a locais como Seres [China] e Phryni."
Exploração chinesa da Ásia Central
Zhang Qian (138-126 a.C.)
O próximo passo iniciou-se cerca do ano 130 a.C., com as
embaixadas da dinastia Han na Ásia Central, seguindo os
relatos do embaixador Zhang Quian (que fora
originalmente enviado para obter uma aliança com os
Yuehzi contra os Xiong-Nu, embora em vão). O imperador
chinês Wudi interessou-se no desenvolvimento das
relações comerciais com as sociedades urbanas
sofisticadas de Ferghana, Bactria e Pártia; O filho do
vento, como era chamado, pretendia tomar alguns
territórios destas civilizações e tinha as suas razões:
Ferghana (Dayhuan) e as possessões da Bactria (Ta-Hia) e
da Pártia (Anxi) eram grandes nações, ricas, e com a
população vivendo em residências fixas e disposta a
trabalhar em áreas idênticas às que a grande maioria dos
chineses se ocupava. Possuíam exércitos supostamente
desorganizados, e uma grande capital que incrementaria a
economia da China.
Um cavalo da última dinastia Han - séculos I e II.Os
chineses tinham grande fascínio pelos cavalos altos e
fortes da possessão de Dayhuan (chamados cavalos
celestes), que cedia à capital da possessão uma grande
importância na luta contra os nômades de Xiongnu. Os
chineses fundaram várias embaixadas subseqüentes, algo
próximo de dez por ano, para regiões como a Síria
seleuca. Deste modo, mais embaixadas foram inauguradas
em locais como a Pártia, Yancai (que depois se uniu aos
Alões), Lijian (Síria seleuca), Tiaozhi e Tianzhu
(noroeste da Índia). Por via de regra, muito mais de dez
missões foram enviadas por ano, sendo no mínimo seis. Os
chineses fizeram campanha na Ásia Central em várias
ocasiões, e foram mesmo registados encontros diretos
entre as tropas dos Han e os legionários de Roma
(provavelmente capturados ou recrutados como mercenários
por Xiong Nu), particularmente durante o ano 36 a.C., na
batalha de Sogdiana. Supõe-se que a besta chinesa foi
transmitida para os Romanos nestas ocasiões.
O historiador romano Florus também descreve a visita de
inúmeros enviados, de entre eles o de Seres, e a visita
do primeiro imperador romano, Augusto, que comandou Roma
entre 27 a.C. e 14 d.C.:
"Inclusive o resto das nações do mundo que não se
subjugaram ao domínio imperial estavam sensibilizadas
quanto à sua grandeza, e olhavam com reverência o povo
romano, o grande conquistador de nações. Deste modo, até
os Cítios e Sármatas destacaram enviados para tentarem
estabelecer relações de amizade com Roma. Mais, os Seres
comportaram-se do mesmo modo, e os Indianos que
habitavam abaixo do trópico de Câncer trouxeram
presentes, pedras preciosas, pérolas e elefantes, mas o
que não imaginavam no momento era a vastidão da jornada
que eles experimentariam, que disseram que ocupou quatro
de seus anos. Na realidade, é necessário observar a sua
complexidade para perceber que eles são um povo de outro
mundo que não o nosso." (A China e o outro lado, Henry
Yule)
A rota da seda existe essencialmente desde o século I
a.C., seguindo os esforços da China em consolidar uma
rota para o Ocidente e a Índia, sendo repleta de
povoados na região do Tarin Basin e de relações
diplomáticas com as regiões dos Dayuan, Pártios e
Bactrianos, mais ao oeste.
A rota da seda marítima foi aberta entre Jiaozhi
(controlada pelos chineses, localizada no Vietnã
moderno, próximo a Hanói) e os territórios nabateus na
costa noroeste do Mar Vermelho. Provavelmente inaugurada
no século I d.C., estende-se pelo litoral da Índia e Sri
Lanka e pelos portos controlados por Roma, entre eles os
principais portos egípcios.
Ban Chao
No ano 97 d.C., Ban Chao atravessou o Tian Shan e as
montanhas Pamir com uma armada de 70.000 homens em uma
campanha contra Xiongnu (i.e, os Hunos). Chegou a
alcançar o mar Cáspio e a Ucrânia, percorrendo a Pártia,
onde enviou um enviado chamado Gan Ying (segundo boatos)
para Daqin (Roma). Gan Ying detalhou um estudo sobre os
países ocidentais, apesar de aparentemente apenas ter
chegado ao Mar Negro antes de voltar.
O exército chinês aliou-se com os Pártios e estabeleceu
vários fortes a alguns dias de marcha da capital pártia,
Ctesiphon, planejando vigiar a região por algumas
gerações. Em 116 d.C., o imperador romano Trajano
avançou à Pártia e a Ctesiphon e sitiou o território
partiano por alguns dias, atingindo as guarnições
fronteiriças chincesas, embora não seja conhecido nenhum
contato direto.
O Império Romano e a seda
Logo após os Romanos conquistarem o Egito Antigo em 31
a.C., o comércio e a comunicação regular entre a Índia,
o Sudeste Asiático, o Sri Lanka, a China, o [Médio
Oriente]], a África e a Europa, florescem a um nível
nunca visto antes. Rotas terrestres e marítimas
tornam-se rigorosamente conectadas, e começam-se a
difundir pelos três continentes novos produtos,
tecnologias e idéias. O comércio e a comunicação
intercontinental tornam-se regulares, organizados e
protegidos pelos "Grandes Poderes". O comércio romano
logo se desenvolve, auxiliado pelo entusiasmo modístico
romano pela seda chinesa (fornecida pelos Pártios),
ainda que os Romanos pensassem que a seda era
proveniente de árvores:
"Os Seres [chineses], eram famosos pela substância
lanosa que obtiam de suas florestas; depois de embeber
em água, penteavam para fora as sobras brancas das
folhas. Tão variado é o tipo de trabalhos, e tão
distante é a região do globo abrangida, para permitir às
donzelas romanas ostentar roupas transparentes em
público" (Plínio, o Velho, em A História Natural)
O senado Romano decretou, em vão, vários éditos que
proibiam o uso da seda como roupa, por motivos
econômicos e morais: a importação da seda Chinesa
provocava uma grande fluxo de ouro para fora do Império,
e as roupas de seda consideraram-se decadentes e
imorais:
"Eu posso ver roupas de seda, como se materiais que não
escondem o corpo e não têm nenhuma decência pudessem ser
chamados de roupas. Multidões de donzelas ordinárias
trabalham para que possam ser vistas como adúlteras
através destes vestidos finos, e para que os seus
maridos não tenham mais conhecimento sobre o corpo delas
que qualquer outro estranho ou estrangeiro." (Sêneca,
Declamações vol. I)
Os registros de Hou Hanshu contam que o primeiro romano
enviado à China, chegou em seu destino através da rota
marítima em 166 d.C., iniciando uma série de lista de
embaixadas romanas na China.
Intercâmbios culturais e comerciais na Ásia Central
Buda parado, Gandhara, século I d.C.
Um gladiador greco-romano em um vaso de vidro, Begram,
século II d.C.
Ocidental em um camelo, dinastia Tang, Museu de
XangaiVeja também: Transmissão do budismo na Rota da
Seda.
Notavelmente, a fé budista e a cultura greco-budista
iniciaram sua viagem em direção ao leste percorrendo a
rota da seda, entrando na China por volta do século I
a.C.
O império Kushan, na parte noroeste do sub-continente
Indiano, estava localizado no centro destas trocas. Eles
promoveram a interação multi-cultural sinalizada pelas
suas reservas de tesouros do século II d.C., repletas de
produtos provenientes do mundo Greco-romano, Chinês e
Indiano, assim como no sítio arqueológico de Begram.
O apogeu da rota da seda correspondeu ao império
Bizantino no lado oeste, ao império Sassânida (do
período de Il Khanate na seção no Nilo—Oxus e do período
dos Três Reis, na dinastia Yuan da zona sinítica) no
lado leste. O comércio entre leste e oeste também se
desenvolveu no mar, entre Alexandria (no Egito) e
Guangzhou (na China), graças à expansão dos postos de
comércio na Índia. Historiadores também falam de uma
rota da porcelana, através do oceano Índico. A rota da
seda representa um antigo fenômeno de integração
cultural e política juntamente com o comércio
inter-regional. Em seu apogeu, a rota da seda sustentou
uma cultura internacional que era juntamente encadeada
com diversos grupos, como os Magiares, os Armênios e os
Chineses.
Debaixo destas fortes dinâmicas de integração única,
existem os impactos de uma mudança ser transmitida para
os outros, como nas sociedades tribais que anteriormente
viviam isoladas no entorno da rota da seda ou nos
pastores bárbaros que se desenvolveram a ponto de
enriquecerem e criarem oportunidades às civilizações
conectadas pela rota. Estas conexões também ajudaram a
classes pilhadoras, como os saqueadores e mercenários.
Muitas tribos bárbaras começaram a treinar guerreiros
aptos a conquistar cidades ricas e terras férteis, e a
forjar grandes impérios militares.
A rota da seda deu novo ânimo aos agrupamentos dos
estados militares de origem nômade do Norte da China,
estimulando as religiões nestoriana, maniquéia, budista
e depois islâmica a adentrarem a Ásia Central e a China,
criando a influente Federação Khazar. Nom fim da sua
glória, a rota trouxe ao Mundo Antigo algo sobre o maior
império (geograficamente) já visto: o império Mongol,
que tinhas seus centros políticos enfileirados ao longo
da rota: Pequim, no norte chinês, Karakorum, na Mongólia
central, Samarcanda na Transoxiana, Tabriz, no norte do
Irã, Astrakhan no baixo Volga, Bahcesaray, na Criméia,
Kazan, na Rússia central e Erzurum, na Anatólia
oriental. Com isto, realizou a unificação política de
zonas previamente livres e conectadas interminantemente
por benefícios culturais e materiais.
Os principais comerciantes durante a Antiguidade eram os
Indianos e os Bactrianos, seguidos pelos Sogdianos (do
século V até VIII) e depois pelos Persas.
O império Romano, com sua demanda por produtos asiáticos
sofisticados, desmoronou no oeste por volta do século V.
Na Ásia Central, o Islã expandiu-se do século VII para a
frente, provocando uma interrupção na expansão ocidental
chinesa com a Batalha de Talas, em 751. Mais adiante, a
expansão dos Turcos islâmicos na Ásia Central no século
X finalizou com uma ruptura comercial naquela parte do
mundo, provocando um extermínio de budistas.
Transmissão artística na Rota da Seda
Ficheiro:HanBuddhaDrawing.jpg
Primeira estátua chinesa conhecida de Buda, encontrada
num sepultamento da dinastia Han na província de
Sichuan. Feita por volta do ano 200. O cabelo, o bigode
e o manto indicam forte influência do estilo GandharaVer
artigo principal: Transmissão artística da Rota da Seda
Muitas influências artísticas transitaram ao longo da
rota, especialmente através da Ásia Central, onde os
estilos helenístico, iraniano, indiano e chinês estavam
aptos para se misturar. A arte greco-budista, em
particular, foi o exemplo que mais representou esta
interação.
Divindades budistas
A imagem de Buda, originada durante o século I a.C. no
norte da Índia (nas áreas de Gandhara e Mathura) foi
transmitida progressivamente através da Ásia Central e
da China até adentrar a Coréia no século IV d.C. e o
Japão no século VI d.C. Geralmente a transmissão de
muitos detalhes iconográficos é clara, porém, existem
exceções, como a inspiração de Hércules em Nio (guardião
das deidades japonês, presente na entrada dos templos
budistas do Japão), e as representações do Buda de
Kamakura, similares aos estilos da arte grega.
Outra deidade budista, Shukongoshin, é também um caso
interessante da transmissão da imagem do famoso deus
grego Héracles para o Extremo Oriente através da rota da
seda. Héracles era usado na arte greco-romana para
representar Vajrapani, o protetor de Buda, e sua
representação era usada na China, Coréia e Japão para
ilustrar os deuses protetores dos templos budistas.
Deus do Vento
Várias outras influências artísticas da rota da seda
podem ser encontradas na Ásia, e uma das mais
surpreendentes vêm do fato que o deus grego do Vento,
Boreas, transitou toda a Ásia Central e a China para vir
a ser o deus japonês do Vento, Fujin (Xinto).
Padrão ornamental floral
Finalmente o tema artístico do rolo de papel floral foi
transmitido do mundo Helênico até a região do Tarim
Basin, por volta do século II d.C., visto na arte
serindiana e nos resquícios da arquitetura de madeira.
Este foi adotado pela China entre os séculos IV e VI e
foi exposto em vasos e cerâmicas; este foi ainda
transmitido para o Japão sob a forma de telhas para
telhados de templos budistas japoneses por volta do
século VII d.C, particularmente para o telhado do templo
de Nara, muitos dos quais retratando com perfeição
videiras e uvas.
Era Mongol
Ver artigo principal: Império Mongol
A expansão mongol na maioria do continente asiático
ocorreu entre 1215 e 1360, auxiliada pela estabilidade
política trazida pelo re-estabelecimento da rota da seda
(vis-à-vis Karakorum). Em meados do século XIII, um
explorador veneziano chamado Marco Polo tornou-se um dos
primeiros europeus a percorrer a rota da seda em direção
à China. Os ocidentais obtiveram mais conhecimento do
Extremo Oriente quando Polo documentou suas viagens em
Il Milione. Ele seguiu os passos de numerosos
missionários cristãos que foram para o leste, como
William de Rubruck, Giovanni da Pian del Carpini, Andrew
de Longjumeau, Odoric de Pordenone, Giovanni de
Marignolli, Giovanni di Monte Corvino, e outros
viajantes como Ibn Battuta ou Niccolo Da Conti. Bens
luxuosos foram comercializados de um revendedor para
outro, da China para o ocidente, resultando em altos
preços nas mercadorias.
Transferência tecnológica para o Ocidente
Mapa Fra Mauro, Veneza, 1549
Junco chinês e navios atlânticos e mediterrâneos.
Ilustração do Mapa Fra MauroVer artigo principal:
Tecnologia medieval
Muitas inovações tecnológicas do oriente da época
serícea dão a impressão de terem sido filtradas pela
Europa. O período da Alta Idade Média européia viu
grandes avanços tecnológicos, incluindo a adoção direta
de inovações seríceas, como a impressão, a pólvora, o
astrolábio e o compasso, e sustentando de muitas
maneiras o desenvolvimento do Renascimento europeu e da
Era da Exploração.
Mapas chineses como o de Kangnido e a cartografia
islâmica parecem ter influenciado o aparecimento dos
primeiros mapas-múndi práticos, como os mapas de De
Virga ou Fra Mauro. Giovan Battista Ramusio, um
contemporâneo, declara que o mapa de Fra Muro é "uma
cópia aperfeiçoada do mapa trazido de Cathay por Marco
Polo."
Muitos juncos chineses também foram observados por estes
viajantes, sendo que haviam se equipado com o ímpeto
para depois se desenvolver em navios maiores na Europa.
"Os navios, chamados juncos, que navegavam estes mares
carregando quatro mastros ou mais, muitos dos quais
poderiam ser levantados ou abaixados, e possuíam de 40 a
60 cabines para os mercadores e somente um timoneiro."
(texto retirado do mapa Fra Mauro)
"Um navio carrega um complemento de mil homens, sendo
seiscentos destes marinheiros e quatrocentos soldados,
incluindo arqueiros, escudeiros e besteiros, que atiram
nafta. Estas embarcações são construídas nas cidades de
Zaytun (ou Zaitun, hoje Guangzhou; 刺桐) e Sin-Kalan. A
embarcação tem quatro conveses e contém quartos, cabines
e salões para mercantes; uma cabine possui
compartimentos e um lavatório, e pode ser trancada por
seus ocupantes." (Ibn Battuta)
Desintegração
Império Mongol
Após 1260 se desintegrou nos reinos:
Canato da Horda Dourada
Canato de Chagatai
Ilkhanato
Dinastia Yuan
Entretanto, com a desintegração do império Mongol, houve
uma descontinuação da unidade política, cultural e
econômica da rota da seda. Senhores turcomanos marcharam
para se apossar do lado ocidental da rota, contribuindo
com o declínio do império Bizantino. Após os Mongóis, as
grandes forças políticas localizadas ao longo da rota
tornaram-se separadas tanto economicamente como
culturalmente. Iniciou-se o processo de edificação dos
Estados regionais em contraposição ao estilo de vida
nômade, em parte pela devastação do Mar Negro e em parte
pelas invasões de civilizações sedentárias equipadas com
pólvora.
O efeito da pólvora na modernização precoce da Europa
sucedeu-se na integração dos Estados territoriais e no
aumento do mercantilismo; considerando a rota da seda, a
pólvora e a avançada modernização teve um impacto
negativo: o nível de integração do império Mongol não
foi mantido e o comércio declinou (apesar do aumento do
intercâmbio marítimo europeu).
A rota da seda parou de servir com uma rota de despacho
da seda por volta de 1400.
Os grandes exploradores: Europa chega à Ásia
Representação do comércio na rotaO desaparecimento da
rota da seda seguindo o fim dos Mongóis foi um dos
principais fatores que estimularam os europeus a
alcançar a India e a China através de outra rota,
especialmente pelo mar. Enormes lucros seriam obtidos
por qualquer um que concluísse um rota comercial direta
com a Ásia.
Quando alcançou o Novo Mundo em 1492, Cristóvão Colombo
(segundo boatos) desejaria criar outra rota da seda até
a China. Foi alegado que um dos grandes desapontamentos
das nações ocidentais foi encontrar um continente do
meio, antes de reconhecer o potencial da América.
O desejo do comércio direto com a China foi também a
principal razão por atrás da expansão dos Portugueses,
que fizeram a volta na África por volta de 1480, seguido
pelas potências Holanda e Grã-Bretanha no século XVII.
Depois, no século XVIII, a China era costumeiramente
considerada umas das civilizações mais prósperas e
sofisticadas da Terra, apesar de sua renda per capita
ser muito baixa comparando-se com a da Europa Ocidental.
Gottfried Leibniz repercutiu sobre a percepção de
predomínio na Europa antes da Revolução Industrial:
"Tudo que é esquisito e admirável provém das Índias
Orientais. A população instruída reparou que não há no
mundo todo comércio comparado com o da China." (Leibniz)
No século XVIII, Adam Smith declarou que a China foi era
uma das mais prósperas nações do mundo, mas tem
estagnação persistente, os salários sempre foram
pequenos e as classes baixas eram particularmente
pobres.
"A China foi por um bom tempo uma das mais ricas, isto
é, uma das mais férteis, melhor cultivadas, mais
industrializadas, e mais populosas nações do mundo. Dá a
impressão, porém, de estar muito tempo imutável. Marco
Polo, que a visitou há mais de quinhentos anos atrás,
descreve seu cultivo, indústria e abundância de
habitantes em quase os mesmos termos em que é descrita
por viajantes nos tempos atuais." (Adam Smith, A Riqueza
das Nações, 1776)
De fato, o espírito da rota da seda resume-se ao desejo
de nutrir um intercâmbio entre Oriente e Ocidente,
somado com o chamariz dos altos lucros, e que afetou
muito a história do mundo durante os últimos três
milênios.
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"PLANTE UMA ÁRVORE
NATIVA")
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