Sua espessura média é de
cerca de 100 metros, havendo locais onde chega a 130 metros. O arenito Botucatu
está exposto à superfície nas regiões marginais da Bacia Sedimentar do Paraná. À
medida que caminhamos para as partes centrais desta Bacia, isto é para o
interior dos estados do sul, este arenito vai ficando cada vez mais profundo,
tendo a lhe recobrir espessas camadas de rochas vulcânicas basálticas, e outros
camadas de arenitos mais recentes.
A região onde o arenito
Botucatu aflora constitui os locais de recarga do aqüífero. Nas regiões onde o
mesmo está recoberto pelas rochas vulcânicas não há recarga e o sistema está
confinado, ou seja, é artesiano, chegando a profundidades de até 1500 metros.
Apesar desta profundidade,como é um sistema confinado, nos poços que o alcançam
nesta profundidade á água sobe chegando a pouco menos de 100 metros da
superfície, havendo locais onde a pressão é suficiente para que a água jorre
espontaneamente pela boca do poço.
Potencial
Hidrogeológico do Aqüífero Guarani
Este aqüífero é responsável
por cerca de 80 % do total da água acumulada na Bacia sedimentar do Paraná.
Calcula-se que constitua a maior reserva de água doce do mundo. Como é muito
permeável os poços ali perfurados apresentam vazão que podem ultrapassar os 500
m³/h, com um rebaixamento de somente 150 metros do nível d'água no poço antes do
bombeamento.
Obs:
Esta relação entre vazão e rebaixamento do nível estático do poço chamamos de
capacidade específica do aqüífero.
Em regiões onde o aqüífero
está a mais de 1000 metros de profundidade a água pode atingir temperaturas de
até 50 graus Celsius, sendo muito útil em alguns processos industriais,
hospitais, no combate à geada e para fins de recreação e lazer.
O teor médio de sólidos
totais dissolvidos está ao redor de 200 mg/L, sendo uma ótima água para consumo
humano. Contudo alguns poços perfurados no Estado do Paraná forneceram água com
teor elevado de flúor (12 mg/L) o que a torna inviável para uso humano, mas tudo
indica que esta não é a química predominante da água do aqüífero.
Poluição
Estudos têm revelado que as
águas do aqüífero Guarani ainda estão livres de contaminação. Contudo,
considerando que a área de recarga coincide com importantes áreas agroescolas
brasileiras, onde se tem usado intensamente herbicidas, é de se esperar que são
necessárias medidas urgentes de controle, monitoramento e redução da carga de
agrotóxicos, sob pena de se vir a ter sérios problemas de poluição.
Outros perigos são:
a) Uso
descontrolado e excessivo, principalmente nos locais que apresentam
artesianismo jorrante, sendo necessário um rígido controle para se evitar o
desperdício de água e conseqüente diminuição da pressão interna do sistema, o
que viria a prejudicar os outros usuários das redondezas do poço jorrante. Um
exemplo deste desperdício se encontra no município de Pereira Barreto, interior
de São Paulo, onde se joga no rio Tietê, cerca de 4 milhões de litros de água
potável por dia. (Aldo Rebouças, in ABAS INFORMA, 101/2000)
b)
Poços abandonados: todo poço, que atinja ou não o aqüífero Guarani,
e deixe de ser usado, deve ser convenientemente selado para evitar a entrada
direta de águas poluídas,
c)Vedação:
todo poço deve ser bem vedado para evitar a entrada de água poluída no espaço
anelar existente entre o revestimento do mesmo e as paredes da perfuração.
Após
diversas contribuições da comunidade técnico-científica dos quatro
países envolvidos na elaboração do Projeto de Proteção Ambiental e
Desenvolvimento Sustentável do Sistema Aqüífero Guarani, a figura ao
lado apresenta o mapa esquemático do Sistema Aqüífero Guarani que
foi aprovado pelo Conselho Superior de Preparação do Projeto - CSPP
(que conta com representantes da Argentina, Brasil, Paraguai,
Uruguai - Fundo para o Meio Ambiente Mundial/Banco Mundial -
Organização dos Estados Americanos).
O
Sistema Aqüífero Guarani é definido no mapa de forma inovadora,
ressaltando aspectos fundamentais relacionados à gestão dos recursos
hídricos e do meio ambiente, por meio da definição das áreas
potenciais de recarga indireta (amarelo), direta (verde) e de
descarga das águas do aqüífero (marrom). As áreas de recarga direta
são aquelas em que as águas se infiltram diretamente pelos
afloramentos do Guarani e pelas fissuras das rochas sobrejacentes;
as áreas de recarga indireta são aquelas de onde as águas são
drenadas para o aqüífero a partir da drenagem superficial e do fluxo
subterrâneo indireto; finalmente, as áreas de descarga são aquelas
por onde as águas emergem do Sistema Aqüífero Guarani, alimentando
rios ou são exploradas através de poços artesianos. As áreas que
aparecem em branco referem-se à bacia de drenagem do rio da Prata
cujas águas não integram o Sistema Aqüífero Guarani.
A figura
mostra que o Aqüífero Guarani não coincide exatamente com a bacia
hidrográfica do rio da Prata nos territórios da Argentina, Brasil e
Uruguai. A bacia geológica à qual pertence o aqüífero Guarani
extrapola os limites da bacia hidrográfica do rio da Prata em pelo
menos duas extensas regiões no Brasil: uma faixa ao norte do Porto
Alegre-RS (bacia atlântica do rio Jacuí) e outra na região do alto
rio Araguaia. Na Argentina e no Paraguai os limites do aqüífero
ainda não estão completamente delineados, tampouco se as áreas de
descarga assinaladas estão efetivamente relacionadas ao Guarani.
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Dúvidas importantes, que ainda não estão esclarecidas nas
fontes de dados compilados, deverão ser motivo de estudos mais
aprofundados durante a execução do Projeto. Afinal, o Guarani é uma
unidade hidrogeológica específica, cujo início do processo de
formação está distante no passado geológico, há algumas centenas de
milhões de anos.
A retirada de sua água pode ocorrer danos na superfície,
sobrecarregadas de prédios onde a pressão hidro geológica equilibra
o peso que suporta, agora sem esta pressão, fica imprevisível a
sustentação além do normal que a natureza suporta.