"No Brasil, chama-se restinga um terreno arenoso e
salino, pr�ximo ao mar e coberto de plantas herb�ceas
caracter�sticas. Ou ainda, de acordo com a resolu��o 07
de 23 de julho de 1996 da CONAMA, "entende-se por
vegeta��o de restinga o conjunto das comunidades
vegetais, fisionomicamente distintas, sob influ�ncia
marinha e fluvio-marinha. Estas comunidades,
distribu�das em mosaico, ocorrem em �reas de grande
diversidade ecol�gica sendo consideradas comunidades
ed�ficas por dependerem mais da natureza do solo que do
clima"."
Restinga � sin�nimo de recife.
Subdivis�o
Consideramos, aqui, as caracter�sticas do litoral
sudeste do Brasil, pois, segundo Suguio & Martin (1987)
a costa brasileira pode ser dividida com base em
crit�rios oceanogr�ficos, clim�ticos.
Vegeta��o de praias e dunas
Exemplo de vegeta��o da restinga�rea sujeita �
influ�ncia de fatores ambientais, como mar�s, ventos,
chuvas e ondas, o que faz com que seja uma regi�o
din�mica. Parte da vegeta��o � considerada pioneira,
colonizando espa�os abertos em outras �reas, iniciando o
processo de sucess�o. � uma regi�o de baixa diversidade
de esp�cies e poucos indicadores de domin�ncia entre as
esp�cies, ou seja, possuem distribui��o homog�nea.
O substrato das praias � formado por areia de origem
marinha e conchas. A granulometria e o tipo de mineral
predominante variam ao longo da costa. O substrato �
periodicamente inundado pela mar�, o que limita o
desenvolvimento de certos tipos de plantas e a
ocorr�ncia de certos grupos de animais. O solo das dunas
� arenoso e seco, sofrendo a��o dos ventos que
remodelam-no constantemente. Pode receber borrifos das
ondas, mas raramente se torna �mido.
Quanto � vegeta��o, se tra�armos um transecto da regi�o
entre mar�s em dire��o �s dunas, encontraremos no
in�cio, apenas algas e fungos microsc�picos, em seguida
plantas com estol�es e rizomas que podem formar
touceiras e raramente algum arbusto. O estrato herb�ceo
ocorre somente nas dunas e o arbustivo varia entre 1 e
1,5 m de altura com di�metro m�ximo de 3 cm. As ep�fitas
ocorrem no estrato arbustivo, s�o elas: brom�lias,
fungos, l�quens, musgos e orqu�deas.
Esp�cies vegetais comuns: Blutaparon portulacoides,
Ipomoea imperati, Ipomoea pes-caprae, pinheirinho de
praia (Polygala cyparissias), gram�neas (Spartina spp.),
a�ari�oba (Hydrocotile sp.) e algumas cact�ceas (Cereus
peruvianus, Opuntia monoacantha), entre outras.
A regi�o entre mar�s possui import�ncia para alguns
grupos de aves migrat�rias origin�rias do Norte ou Sul
do globo, pois que utilizam esta �rea para descanso e
alimenta��o (p.ex. ping�ins, gaivot�o, ma�arico). Para
tartarugas marinhas (careta, verde) funcionam como �rea
de reprodu��o (desova). Muitos mam�feros marinhos
utilizam as praias para descanso, alimenta��o e
acasalamento (elefante marinho, lobo marinho).A fauna
permanente � composta principalmente por invertebrados,
como moluscos e vermes cavadores (componentes da
infauna).
As dunas funcionam como �rea de descanso e alimenta��o e
rota migrat�ria para alguns falc�es (peregrino) e
�guias, ma�aricos, entre muitas outras aves. Em �reas
alteradas, as aves migrat�rias desaparecem e surgem as
oportunistas (coruja-buraqueira, anu branco, gavi�o
carrapateiro).
Vegeta��o entre cord�es arenosos
Esta vegeta��o pode ser subdividida em tr�s regi�es:
Escrube
Vegeta��o arbustiva, com ramos predominantemente
retorcidos, formando moitas, intercaladas com espa�os
abertos ou em aglomerados cont�nuos com plantas de at�
3m de altura. Poucas plantas ep�fitas, representadas por
liquens, samambaias, brom�lias e orqu�deas. Trepadeiras
ocorrem com mais abund�ncia e diversidade e o estrato
herb�ceo tamb�m � freq�ente.
O solo � arenoso de origem marinha e seco, podendo
acumular �gua da chuva em determinadas �pocas do ano.
Possui uma camada fina de serrapilheira, aumentada em
volta das moitas formadas por arbustos e herb�ceas
As esp�cies vegetais mais comuns s�o: Dalbergia
ecastophyllum, orelha de on�a (Tibouchina clavata), erva
baleeira (Cordia curassavica) pitanga (Eugenia
uniflora), orqu�deas terrestres (Epidendrum fulgens ,
Catasetum trulla), bromeli�ceas terrestres (Nidularium
innocentii , Quesnelia arvensis), samambaia de buqu�
(Rumohra adiantiforma), entre outras.
Os animais que se utilizam desta �rea s�o,
principalmente, aves migrat�rias e residentes, como
sa�ras, tucanos, arapongas, bem-te-vis, macucos e jacus.
Floresta baixa de restinga
Estratos arbustivo e arb�reo predominantes, com dossel
aberto. As �rvores possuem, em m�dia 3 � 10 m de altura,
com di�metro entre 5 e 10 cm, podendo ocorrer �rvores
emergentes de at� 15 m de altura. Nesta regi�o, ocorre
grande variedade e quantidade de ep�fitas representadas
tamb�m por brom�lias, orqu�deas e liquens. Trepadeiras
s�o raras, um exemplo � o car� (Dioscorea spp.).
Composta por substrato arenoso seco de origem
predominantemente marinha, esta floresta forma uma trama
superficial de ra�zes que abriga uma camada fina de
serrapilheira com muitas folhas ainda n�o decompostas.
A flora desta regi�o pode ser caracterizada por algumas
esp�cies mais comuns como: guamirim (Myrcia spp.),
ara��-da-praia (Psidium cattleyanum), guabiroba
(Campomanesia spp.), pitanga ( Eugenia spp.), algumas
palmeiras como tucum (Bactris setosa), breja�va
(Astrocaryum aculeatissimum) e algumas bromeli�ceas
terrestres (Quesnelia arvensis), entre outras. Existe
uma planta identificada como end�mica, que ocorre na
Ilha do Cardoso (Canan�ia, SP) chamada Cambu�.
Os animais utilizam esta �rea como local para pouso, no
caso das aves, alimenta��o, reprodu��o, dormit�rio e
rota migrat�ria. Entre eles temos a sa�ra peruviana e o
papa-mosca de restinga, ambos end�micos.
Floresta alta de restinga
Vegeta��o predominantemente arb�rea, com dossel fechado
e �rvores de 10 � 15 m de altura, com di�metro
aproximado de 12 � 25 cm, podendo existir plantas com
at� 40 m de altura e 40 cm de di�metro. Alta diversidade
e quantidade de ep�fitas e trepadeiras. O subosque �
composto por plantas jovens do estrato arb�reo e
arbustos.
O solo � arenoso de origem predominantemente marinha,
ocorrendo �s vezes mistura de areia e argila (material
proveniente do continente), com uma espessa camada de
serrapilheira e h�mus, desenvolvendo um pH �cido, em
torno de 3. Algumas regi�es sofrem inunda��es.
O conjunto da vegeta��o � composto por muitas esp�cies,
por�m, as mais comuns s�o: canelinha-do-brejo (Ocotea
pulchella), Clusia criuva, guanandi (Calophyllum
brasiliensis), guaricanga (Geonoma schottiana), ju�ara
(Euterpe edulis), Philodendron spp., Monstera spp.,
Anthurium spp., brom�lias (Vriesea spp. , Aechmea spp.,
Nidularium spp., Tilandsia spp.) entre outras.
Fauna composta por animais residentes e migrat�rios,
sendo que muitos visitam esta �rea para alguma atividade
(alimenta��o, nidifica��o, etc), por�m s�o provenientes
das �reas de encosta ou de transi��o. Aves:
papagaio-da-cara-roxa, ja� do litoral,
saracura-tr�s-pontes; mam�feros: mico-le�o-cai�ara,
queixada, bugio e mono-carvoeiro.
Vegeta��o associada � depress�es
Esta vegeta��o � caracter�stica de regi�o entre cord�es
arenosos e �reas formadas � partir do assoreamento de
�reas �midas (lagoas, bra�os de rio, afloramentos do
len�ol fre�tico, etc). Pode ser subdividida nos
seguintes tipos:
Vegeta��o entre cord�es arenosos
Fisionomia herb�ceo-arbustiva, com plantas atingindo at�
1,5m de altura. Baixa diversidade de esp�cies, n�o
apresenta exemplares de trepadeiras e ep�fitas. Entre as
plantas mais comuns est�o o Lycopodium spp., algumas
gram�neas, ciper�ceas, o bot�o de ouro (Xyris spp.),
Tibouchina clavata e Drosera villosa.
Possui import�ncia para os animais como local de
reprodu��o de aves aqu�ticas (guar�, quero-quero, irer�,
pato-do-mato e saracura), al�m da lontra e do jacar� de
papo amarelo.
Brejo de restinga
Constitu�do somente pelo estrato herb�ceo, com algumas
plantas chegando � 2m de altura, como � o caso da taboa.
Aus�ncia de ep�fitas e trepadeiras, possui vegeta��o
t�pica para cada um dos dois tipos de brejo, salobro ou
doce. O solo � arenoso de origem marinha,
permanentemente inundado por �gua salgada ou doce.
Os principais representantes de brejo salobro s�o:
gram�neas (Paspalum maritmum e Spartina spp.) e taboa
(Thypha spp.). Nos brejos "doces": l�rio do brejo
(Hedychium coronarium), chap�u de couro (Echinodorus
spp.), aguap� (Eichhornia crassipes), lentilha d��gua
(Lemna spp.), erva de Santa Luzia (Pistia stratiotes) e
musgos (Sphagnum spp.) .
Esta �rea � utilizada como zona de pouso, reprodu��o e
alimenta��o para algumas aves florestais, como a narceja
e a saracura-tr�s-pontas.
Floresta paludosa
Floresta aberta onde predomina o estrato arb�reo, com
�rvores atingindo, em m�dia, 8 � 10m de altura e
di�metro de 15 cm. Grande quantidade de ep�fitas
(brom�lias, liquens, orqu�deas, samambaias, etc). Solo
arenoso de origem marinha, sempre inundado com muita
mat�ria org�nica. A �gua possui cor castanho-ferrug�nea,
sendo bastante �cida..
O estrato arb�reo possui baixa diversidade de esp�cies,
com domin�ncia, �s vezes, de caixeta (Tabebuia
cassinoides) ou guanandi (Calophyllum brasiliensis). Nas
bordas, ou seja, locais mais secos, ocorre guapuruva
(Marliera tomentosa) e Trichipteris atrovirens.
Tamb�m importante para os animais como �rea de pouso,
reprodu��o, alimenta��o e dormit�rio. Sendo estes os
mais comuns: papagaio da cara roxa, p�ssaro preto,
falcon�deos, lontra, peixes, pererecas, entre outros. A
dispers�o de guarandi � feira por morcegos, grandes aves
e mam�feros.
Floresta paludosa sobre substrato turfoso
Floresta de dossel aberto, com predom�nio do estrato
arb�reo e grande diversidade Plantas at� 15m de altura,
sendo que algumas emergentes chegam a mais de 20m e
di�metros m�dios de 20-30 cm. Muitas ep�fitas e poucas
trepadeiras.
Solo turfoso, com pH �cido, coberto por uma trama de
ra�zes superficiais e mat�rias org�nica em abund�ncia. A
serrapilheira � espessa com restos vegetais
semi-decompostos.
Esp�cies vegetais principais: peito de pomba (Tapirira
guianensis), cuvat� (Matayba eleagnoides),
canela-amarela (Nectandra mollis), ju�ara (Euterpe
edulis), ma�aranduba (Manilkara subsericea),
bromeli�ceas (Aechmea spp., Billbergia spp., Tillandsia
spp.) e orquid�ceas (Cattleya forbesii, Epidendrum spp.,
Oncidium trulla)
A fauna � representada por: guaxinim, cachorro-do-mato,
papagaio-da-cara-roxa, jac�-gua��, an� branco, sa�ras e
pererecas associadas �s brom�lias.
Floresta de transi��o restina - mata de encosta
Ocorrem na plan�cie, diretamente ligadas �s forma��es
descritas anteriormente, mas tamb�m associadas �
floresta ombr�fila densa de encosta. O solo �
seco,formado por deposi��o de areia, avan�ando sobre o
substrato de origem continental, bastante argiloso
devido ao contato com a mata de encosta, com camada
espessa de h�mus e serrapilheira.
Vegeta��o arb�rea predominantemente, com dossel a uma
altura de 12 � 18m, com emergentes de mais de 20m. �
composta tamb�m pelo estrato arbustivo e herb�ceo.
Ep�fitas em abund�ncia e grande variedade, quantidade
m�dia de trepadeiras.
Vegeta��o caracter�stica: ju�ara (Euterpe edulis), carne
de vaca (Roupalla spp.), bico de pato (Machaerium spp.),
guaricanga (Geonoma spp.), Ocotea spp., Nectandra spp.,
jequitib�-rosa (Cariniana estrelensis)
Os animais que ocorrem com mais freq��ncia s�o:
papagaio-da-cara-roxa, saracura-tr�s-potes, mico le�o
cai�ara, queixada, mono-carvoeiro, bugio, jaguatirica,
on�a parda, on�a pintada, gato do mato e gato maracaj�.
Geomorfologia da Restinga
O conceito de restingas pode variar dependendo do
aspecto considerado. O termo pode ser usado com sentido
n�utico (Caldas Aulete, 1980), significando um banco de
areia ou pedra em alto mar, constituindo um obst�culo �
navega��o, ou com conota��o geomorfol�gica, onde,
restinga refere-se a v�rios tipos de dep�sitos arenosos
costeiros, de origem bastante variada como, por exemplo,
cristas praiais, praias barreiras, barras, espor�es e
t�mbulos (Suguio & Martin, 1990). A forma��o destes
dep�sitos arenosos � de origem quatern�ria e, atrav�s de
diversas pesquisas realizadas no litoral Sul e Sudeste
do Brasil, tornou-se clara a compreens�o das
caracter�sticas geomorfol�gicas de amplas �reas de
sedimenta��o. Seus solos s�o chamados de Neossolos
Quartzar�nicos (EMBRAPA, 2007)
Impactos Ambientais
Durante o per�odo inicial de ocupa��o do territ�rio
brasileiro, ocorreu a ocupa��o da faixa litor�nea e,
posteriormente, as serras costeiras foram vencidas para
que fossem alcan�ados os planaltos interiores. A
ocupa��o do litoral ocorreu atrav�s do estabelecimento
de pequenos n�cleos de povoamento que iniciaram um
processo de transforma��o de �reas naturais,
principalmente, a restinga, em �reas urbanizadas. A
produ��o da cana que se expandia pelo Planalto Paulista,
no s�culo XVIII, era exportada para Portugal via Porto
de Santos, chamado na �poca de "porto do a��car". Os
ciclos econ�micos posteriores e o desenvolvimento
industrial, associado � implanta��o de acessos
ferrovi�rios e rodovi�rios transformaram, o Porto de
Santos em dos mais movimentados do pa�s, tanto para as
exporta��es quanto para as importa��es(Mantovani, 2000).
Recentemente, a urbaniza��o ocorreu para fins de lazer,
com o estabelecimento de moradias tempor�rias,
condom�nios de elevado padr�o ou pr�dios, em geral
ocupando tamb�m �reas de restinga. As mais importantes
conseq��ncias dessa ocupa��o referem-se � elimina��o da
vegeta��o natural, ao est�mulo dos processos erosivos,
�s mudan�as nas caracter�sticas de drenagem por cortes e
aterros (que exigem material de empr�stimo, obtido a
partir da escava��o de morros situados na plan�cie
litor�nea), � gera��o de res�duos, � gera��o de esgoto
dom�stico (em geral sem o tratamento adequado e
problemas de drenagens pelo afloramento do len�ol
fre�tico nas �reas planas do litoral), al�m do aumento
na procura por recursos naturais.
O estabelecimento de muitas linhas de transmiss�o, para
o fornecimento de energia el�trica, acarretam o
estabelecimento de extensos corredores desmatados na
plan�cie. O transporte entre as cidades litor�neas �
feito por estradas, que alteraram a vegeta��o natural e
geram barreiras para o fluxo de animais terrestres, al�m
de morte por atropelamento.
Prote��o legal
Para conter a degrada��o de restingas, garantindo,
especialmente, que estas possam continuar exercendo sua
importante fun��o ambiental de fixadoras de dunas e
estabilizadoras de manguezais, o C�digo Florestal
brasileiro (Lei 4.771, de 15 de setembro de 1965)
enquadra as restingas como �reas de Preserva��o
Permanente - APP, n�o podendo as mesmas serem
devastadas, conforme seu art.2�, al�nea "f". A Resolu��o
Conama 303, de 20 de mar�o de 2002, que disp�e sobre
par�metros, defini��es e limites de APP, estabelece que
constitui APP a �rea situada nas restingas: em faixa
m�nima de 300 m, medidos a partir da linha de preamar
m�xima; ou em qualquer localiza��o ou extens�o, quando
recoberta por vegeta��o com fun��o fixadora de dunas ou
estabilizadora de mangues.
Opine pela intelig�ncia (
"PLANTE UMA �RVORE
NATIVA")
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