Dia 05 de
Junho
Os processos globalizantes podem ser
postos a serviço do meio ambiente, não contra ele
Koichiro Matsuura
Perto do princípio do novo século, está claro que o caminho que a humanidade
tomar nos próximos anos dependerá largamente das metas ambientais alcançadas.
Dos cumes das montanhas às megalópoles, das florestas tropicais úmidas às
pequenas ilhas oceânicas, chegam notícias de poluição, desastres naturais e
causados pelo homem, destruição de recursos naturais, perda da diversidade
biológica e degradação da paisagem tanto natural quanto cultural.
Temos de agir. A interligação global que traz as más notícias pode também servir
para combater os problemas. Da mesma maneira, os processos globalizantes
subjacentes à rápida mudança social e econômica, os quais deflagram tantos
problemas ambientais, podem ser postos a serviço do meio ambiente, não contra
ele.
Essa é fundamentalmente uma questão de vontade e ação política. Essa ação deve
estar baseada em políticas ambientais saudáveis e apoiada por uma opinião
pública bem-informada.
A Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura)
busca, por meio de seus programas científicos, fornecer o conhecimento
necessário para a formulação de uma política ambiental efetiva. Por meio da
iniciativa de estimular a educação ambiental, a organização promove o
entendimento da importância do desenvolvimento humano sustentável.
A educação para a sustentabilidade e a conscientização pública sobre as questões
ambientais são essenciais. Sem um forte apoio global para uma mudança, haverá
poucas chances de se abandonarem realmente as atuais práticas contrárias ao
desenvolvimento sustentável.
Apelamos aos governos de todo o mundo para que assegurem que a educação
ambiental faça parte dos currículos escolares.
Um esforço em nível mundial para aumentar o investimento em pesquisa científica
e para desenvolver o potencial científico de países em desenvolvimento também é
necessário.
Tanto a pesquisa científica relacionada ao meio ambiente quanto a incorporação
de objetivos ambientais nas políticas de desenvolvimento terão de ser
incrementadas se pretendemos encontrar soluções para o crescente dano ao meio
ambiente global.
Os programas científicos intergovernamentais da Unesco -sobre água doce,
oceanos, biodiversidade, ecossistemas, zonas costeiras, crosta terrestre e os
problemas da urbanização- buscam fornecer o tipo de conhecimento exigido para a
formulação de políticas.
Um novo compromisso para a ação demanda parcerias fortes entre todos os
interessados. Este é o momento de fazer esse compromisso. Hoje, no Dia Mundial
do Meio Ambiente do ano 2000, eventos especiais apresentados no mundo inteiro
demonstram que as pessoas estão preocupadas.
Em sua sede em Paris, a Unesco está realizando o primeiro Fórum Mundial de
Montanhas, o qual buscará proteger o meio ambiente e as comunidades montanhesas
do mundo.
A Unesco une sua voz à do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma)
para fazer deste o princípio do milênio do meio ambiente.
Koichiro Matsuura, 62, diplomata japonês, é diretor-geral da Unesco (Organização
das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura).