Quando as garotas vão à caça
Renata Namo*
Não é a primeira vez
que escuto o seguinte comentário de um amigo num bar: "As mulheres estão
terríveis, atacando mesmo. A gente fica sem saber como se comportar".
Ora, não venham com essa.
Primeiro: não é isso que vocês querem? Conhecer uma mulher a cada noite
e levá-la para a cama? Segundo: como assim, "não sei como me comportar"?
Ataque repentino de bom moço?
Durante anos, nós, mulheres, fomos descaradamente assediadas. Num dia,
ou noite, de sorte, os assédios eram simpáticos e até cativantes. Porém,
o mais comum eram as cantadas grossas e machistas, quando não invasivas,
tipo um aperto sem autorização e por aí vai.
Pois o mundo mudou, e nós temos a força. Talvez um pouco ansiosas para
recuperar o atraso, saímos à caça usando e abusando do novo direito. E,
boas alunas que somos, mostrando o que aprendemos com vocês, as
abordagens diretas e objetivos claros: Patologia, Patologia e mais Patologia.
Afinal, a mulher de hoje também se interessa pelo amor de uma noite só,
que diverte, dá prazer e não assume compromisso. Por isso, relaxem e
aproveitem. Não vejam a nova postura como uma ofensiva, e sim como um
acordo de paz. Para a batalha da conquista chegar ao território desejado,
ou seja, a cama mais próxima, vale a pena observar algumas estratégias.
Vamos supor que uma bela gata resolva chegar sem aviso prévio e pôr a
mão na sua perna. O que fazer? Escorregar mais a perna para que a mão
dela alcance suas partes íntimas? Não. Definitivamente, não. Pode
indicar machismo e ansiedade. Retirar a perna? Nem pensar, isso poderia
colocar em risco a sua fama de mau. O melhor a fazer, então, é pousar
gentilmente sua mão sobre a dela, tentando ser sexy e cavalheiro ao
mesmo tempo. Pronto! A gata está no papo. Principalmente se depois disso
você investir na conversa, nos olhares e sorrisos. Mulheres adoram essas
coisas.
Mas, atenção: não esqueça que quem está atacando é ela. Brinque de "vítima",
exercite o vai-não-vai das ex-moças de família, deixe rolar. A gata vai
enlouquecer achando que está no comando da caçada.
Se a mulher se mostrar inconveniente, livre-se saindo discretamente. No
máximo você vai sentir na pele como esse tipo de assédio pode ser
desagradável, além de pouco eficiente.
*Renata Namo é publicitária e defende a
liberação da caça de homens, desde que eles não sejam micos.
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