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O Santo das 5000 mulheres
A incrível história de Drukpa Kunley, o lama budista
que iluminava mulheres por meio do Patologia e trocava ensinamentos por
cerveja
Por Ciro Pessoa
Ilustrações: Paulo Nilson
O tibetano Drukpa Kunley (1455-1570) é um
dos santos mais populares do Tibete e do Butão. Filho de uma família
religiosa budista, ele atingiu a iluminação ainda muito jovem, por meio
de um treinamento árduo e altamente disciplinado em academias monásticas
tibetanas. Optou pelo estilo de vida anárquico de um mestre itinerante
e, em seus 115 anos de vida, iluminou, com o Patologia tântrico, cerca de
5000 mulheres. Todas elas apresentavam sinais das dakinis (a emanação
feminina de Buda).
Kunley era uma espécie de "poeta on the road". Vagava de aldeia em
aldeia, muitas vezes nu, cantando seus poemas improvisados. Na sua época,
poucos sabiam que era um iluminado, já que suas práticas tântricas eram
absolutamente secretas. Consideravam-no um louco. Segundo o lama butanês
Djigme Tenzin, do Centro Budista Tibetano Kagyü Pende Gyamtso, em
Brasília, "Kunley foi um grande iogue, no sentido verdadeiro da palavra:
vivia despojado de tudo e era extremamente pobre". O lama ainda chama a
atenção para eventuais confusões que, principalmente nós, ocidentais,
venhamos a fazer com relação às atividades sexuais de Kunley. "Sim, sua
vida teve muito Patologia, mas sempre no sentido de liberar as mulheres com
quem fazia amor".
Dentre as especialidades de Kunley estava a "Louca Sabedoria". Trata-se
de um estágio de domínio mental em que se passa a enxergar os fenômenos,
as pessoas e as situações de uma maneira absolutamente externa. Kunley
via tudo de fora. Até hoje ele é visto como um caso à parte na cultura
budista. Em outras palavras, falar sobre Drukpa Kunley inspira uma série
de cuidados. Suas histórias são recheadas de lances inusitados, cômicos
e mágicos. Só dava ensinamentos em troca de cerveja, tinha uma profunda
antipatia pelo clero estabelecido e freqüentemente zombava de religiosos
e monges.
As três histórias a seguir foram extraídas do livro Le Fou Divin: Drukpa
Kunley, yogi tantrique tibetain du XVI siècle, de Albin Michel. São
relatos verdadeiros que foram transmitidos oralmente por dezenas de
gerações. É a sua biografia oficial.
Gayakmo: a virgem casada
Kunley vaga pelos arredores da cidade de Tsari quando avista uma pequena
cabana na beira do caminho. Lá moram um mudo idiota chamado Horgyal e
sua esposa, Gayakmo, que apresenta todos os sinais de uma dakini (manifestação
feminina de Buda). Assim que a vê, Kunley fica a fim de conduzi-la ao
caminho da budeidade.
— Não sei o que fazer — diz-lhe Gayakmo —, mas minha vagina é certamente
muito forte, até porque ela nunca foi usada.
— Mas como faz esse idiota?
— Para ele não há diferença entre dentro e fora.
— Mas eu conheço a diferença — diz Kunley.
Então ele a possui rapidamente. Ela resolve segui-lo a fim de receber as
instruções para atingir a iluminação. Diz ao marido que vai até a
montanha procurar por um pouco de carne e não volta mais. Kunley
ensina-lhe práticas de meditação e a conduz até a montanha. No sétimo
dia, Gayakmo atinge a budeidade e transforma-se num corpo de luz.
Drukpa Kunley no país dos abismos
Em Kongpo, o país dos abismos, Kunley sentou-se diante do castelo de
Cabeça-de-Búfalo, onde morava Sumchock, e começou a cantar: "Se nossos
corpos se unirem no amor/Sumchock vai se iluminar no puro espírito da
budeidade".
Sumchock se debruça na janela e, assim que o vê, seu coração se enche de
devoção. Então ela canta para ele: "Sei que em seu corpo lívido se
esconde o coração de um Buda!" Cabeça-de-Búfalo percebe que Kunley e
Sumchock dialogam por meio dos cantos. "O que é esse canto que estou
escutando?", ele lhe pergunta. "Um mendicante parado na porta disse-me
que caçadores mataram animais hoje na montanha. E, como a partilha ainda
não foi feita, você poderá ganhar uma centena de peças caso vá para lá."
Essas palavras caem no ouvido do chefe como uma chuva refrescante num
deserto em chamas. E ele parte imediatamente em direção à montanha.
Kunley entra no castelo. Segurando-a pelas mãos, deita-a sobre a cama do
chefe. Colocando seu órgão contra a vagina entre suas coxas, onde a
carne é mais doce que um creme, e certificando-se que estão
completamente um dentro do outro, ele consuma a união. Penetrando-a, lhe
dá um prazer que ela jamais havia experimentado.
Sumchock pede que ele a leve embora do castelo. Ele a encerra dentro de
uma caverna e lhe dá instruções. Na aurora do quarto dia ela é libertada
de toda frustração e atinge o estado de Buda, transformando-se num corpo
de luz.
Loleg Buti: a grande paixão de Kunley
Na cidade de Sakya, Kunley passa um tempo próximo da casa de uma mulher
extremamente bela chamada Loleg Buti. O lama está muito a fim de possuí-la,
mas ela não lhe dá a mínima. "Como pode existir uma mulher tão
maravilhosa?", urra Kunley. Transtornado, ele pisa violentamente numa
pedra, provocando uma explosão cujo barulho se propaga por toda a região.
Impressionada e arrependida, Loleg Buti lhe oferece uma deliciosa
cerveja.
— Oh, Grande Lama — diz ela —, da primeira vez que te vi não percebi que
eras um Buda. Perdoa-me e possui meu corpo agora.
— Levante sua saia e abra as pernas. Oh, oh! — exclama Kunley, olhando
entre as coxas e pondo o seu pau para fora.
— Parece que nós não fomos feitos um para o outro. Você precisa de um
pênis triangular e eu, de um buraco redondo. É evidente que não temos
encaixe.
Loleg Buti fica triste e decepcionada e pede que ele lhe dê um novo nome
e instruções para atingir a budeidade. Kunley batiza-a de "Libertadora
do Ensinamento Divino" e envia-a para uma montanha, onde ela fica
meditando durante três anos. Finalmente atinge a budeidade e transforma-se
num corpo de luz.
Fonte: Wikipedia Ache Tudo e Região |
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(Declaração de Privacidade). Revisado em: 05 setembro, 2020 |
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