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A Origem da Vida
Somos nós as únicas criaturas no Universo que pensam sobre sua origem e evolução, ou existiriam outras formas de vida inteligente entre as estrelas?
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A origem da vida e a
existência de vida extraterrestre vêm sendo focalizadas nos noticiários
com grande intensidade desde os anos 1950, mas de forma crescente nos
últimos anos, com a possível detecção de vida microscópica em Marte, e
da existência de água em forma de oceanos, sob uma manta congelada, na
lua Europa de Júpiter.
Qual é a origem da vida? O que diferencia seres vivos de simples matéria
orgânica? No contexto de evolução cósmica, a vida resulta de uma sequência
natural de evolução química e biológica da matéria pré-existente, regida pelas
leis físicas. A regra fundamental é que os seres vivos são organismos que se
reproduzem, sofrem mutações, e reproduzem as mutações, isto é, passam por
seleção cumulativa. Já a vida inteligente requer mais de uma centena de bilhões
de células, diferenciadas em um organismo altamente complexo, e portanto a
seleção natural cumulativa requer um longo tempo.
Vida na Terra
Segundo a paleontologia, fósseis microscópicos de bactéria e algas datando de
3,8 bilhões de anos são as evidências de vida mais remota na Terra. Portanto
cerca de 1 bilhão de anos após a formação da Terra, a evolução molecular já
havido dado origem à vida. Desde então as formas de vida sofreram muitas
mutações e a evolução darwiniana selecionou as formas de vida mais adaptadas às
condições climáticas da Terra, que mudaram com o tempo. A evolução do Homo
Sapiens, entretanto, por sua alta complexidade, levou 3,8 bilhões de anos,
pois sua existência data de 300 000 anos atrás. O Homo Sapiens Sapiens só
tem 125 000 anos, e a civilização somente 10 000 anos, com o fim da última idade
do gelo.
Embora nenhuma evidência concreta de vida tenha até agora sido encontrada fora
da Terra, os elementos básicos para seu desenvolvimento foram detectados no meio
extra-terrestre. Por exemplo, a lua Europa pode conter vida pois reúne os
elementos fundamentais: calor, água e material orgânico procedente de cometas e
meteoritos.
A análise de meteoritos do tipo condrito carbonáceo, e a observação de moléculas
orgânicas no meio interestelar, corroboram a idéia de que os compostos orgânicos
podem ser sintetizados naturalmente, sem a atuação de seres vivos. Os compostos
orgânicos são simplesmente moléculas com o átomo de carbono, que tem propriedade
elétrica de se combinar em longas cadeias. Vários meteoritos apresentam
aminoácidos de origem extraterrestre, que se formaram possivelmente por adesão
molecular catalisada por grãos de silicato, da poeira interestelar.
A Terra não se formou com a mesma composição do Sol, pois nela faltam os
elementos leves e voláteis, incapazes de se condensar na região demasiadamente
quente da nebulosa solar onde a Terra se formou, e depois os elementos leves
secundários foram perdidos pelo proto-planeta porque sua massa pequena e
temperatura elevada não permitiram a retenção da atmosfera. A atmosfera
primitiva resultou do degasamento do interior quente e era alimentada através da
intensa atividade vulcânica que perdurou por cerca de 100 milhões de anos após
sua formação. Apesar da ejecção de H2O, CO2, HS2,
CH4 e NH3 na atmosfera, esta não possuía oxigênio livre
como hoje, que poderia destruir moléculas orgânicas. A formação de moléculas
complexas requeria energia de radiação com comprimentos de onda menores que
2200Å, providos por relâmpagos e pelo próprio Sol, já que não havia ainda na
Terra a camada de ozônio que bloqueia a radiação ultravioleta. Experimentos
bioquímicos em laboratório demonstram que nessa atmosfera redutora, sob a ação
de descargas elétricas, é possível formar aminoácidos, a base das proteínas.
Vida no Sistema Solar
A existência de vida inteligente pode ser descartada em todos os demais planetas
do Sistema Solar. Em Marte, onde há água em certa abundância, atualmente em
forma de vapor ou sólido, e a pressão atmosférica na superfície é 150 vezes
menor do que na Terra, a morfologia da superfície indica que houve água líquida
no passado. O meteoro ALH84001, proveniente de Marte, mostra depósitos minerais
que ainda estão em disputa científica se são restos de nanobactérias, compostos
orgânicos simples, ou contaminação ocorrida na própria Terra.
Vida na Galáxia
A inteligência, interesse sobre o que está acontecendo no Universo, é um
desdobramento da vida na Terra, resultado da evolução e seleção natural. Os
seres inteligentes produzem manifestações artificiais, como as ondas
eletromagnéticas moduladas em amplitude (AM) ou frequência (FM) produzidas pelos
terráqueos para transmitir informação (sinais com estrutura lógica). Acreditando
que possíveis seres extra-terrestres inteligentes se manifestam de maneira
similar, desde 1960 se usam radiotelescópios para tentar captar sinais deles.
Esta busca leva a sigla SETI, do inglês Search for Extra-Terrestrial
Intelligence, ou Busca de Inteligência Extra-Terrestre. Até hoje não houve
nenhuma detecção, mas esta busca se baseia em emissões moduladas de rádio, que
produzimos aqui na Terra somente nos últimos 60 anos. Hoje em dias, as
transmissões de dados por ondas eletromagnética estão sendo superada por
transporte de informação por fibras óticas, que não são perceptíveis a
distâncias interestelares.
O SETI utiliza ondas de rádio para procurar sinais extraterrestres porque as
ondas de rádio viajam à velocidade da luz mas não são absorvidas pelas nuvens de
poeira e gás do meio interestelar. Dentro de um raio de 80 anos-luz da Terra
existem cerca de 800 estrelas similares ao Sol. Podemos ver algumas destas
estrelas a olho nu: Alpha Centauri, Tau Ceti, Epsilon Eridani, 61 Cygni e
Epsilon Indi. O projeto Phoenix procura por sinais em cerca de 1000 estrelas na
vizinhança solar.
OVNIs
Devido às grandes distâncias interestelares, e à limitação da velocidade a
velocidades menores que a velocidade da luz pela relatividade de Einstein, não é
possível viajar até outras estrelas e seus possíveis planetas. O ônibus espacial
da NASA viaja a aproximadamente 28 000 km/hr e, portanto, levaria 168 000 anos
para chegar à estrela mais próxima, que está a 4,4 anos-luz da Terra. A
espaçonave mais veloz que a espécie humana já construiu até agora (Voyager da
NASA) levaria 80 mil anos para chegar à estrela mais próxima. Mesmo com um
reator de fusão nuclear, o combustível necessário para a viagem à estrela mais
próxima ocupa mil navios supertanques, e levaria 900 anos. O Dr. Bernard M.
Oliver (1916-1995), diretor de pesquisa e vice-presidente da Hewlett-Packard
Corporation e co-diretor do projeto de procura de vida extra-terrestre Cyclops
da NASA, calculou que para uma espaçonave viajar até esta estrela mais próxima a
70% da velocidade da luz, mesmo com um motor perfeito, que converte 100%
do combustível em energia (nenhuma tecnologia futura pode ser melhor que isto),
seria necessário 2,6 × 1016 Joules, equivalente a toda a energia
elétrica produzida em todo o mundo, a partir de todas as fontes, inclusive
nuclear, durante 100 mil anos, e ainda assim, levaria 6 anos só para chegar lá.
O importante sobre este cálculo é que ele não depende da tecnologia atual
(eficiência de conversão de energia entre 10 e 40%), pois assume um motor
perfeito, nem de quem está fazendo a viagem, mas somente das leis de conservação
de energia. Esta é a principal razão que os astrônomos são tão céticos sobre as
notícias que os OVNIs (Objetos Voadores Não Identificados), ou UFOs (Unidentified
Flying Objects) são espaçonaves de civilizações extra-terrestres. Devido ás
distâncias enormes e gastos energéticos envolvidos, é muito improvável que as
dezenas de OVNIs noticiados a cada ano pudessem ser visitantes de outras
estrelas tão fascinados com a Terra que estão dispostos a gastar quantidades
fantásticas de tempo e energia para chegar aqui. A maioria dos OVNIs, quando
estudados, resultam ser fenômenos naturais, como balões, meteoros, planetas
brilhantes, ou aviões militares classificados. De fato, nenhum OVNI jamais
deixou evidência física que pudesse ser estudada em laboratórios para demonstrar
sua origem de fora da Terra.
Quatro espaçonaves da Terra, duas Pioneers e duas Voyagers, depois de
completarem sua exploração do sistema planetário, estão deixando este sistema
planetário. Entretanto, elas levarão milhões de anos para atingir os confins do
Sistema Solar, onde situa-se a Nuvem de Oort. Estas quatro naves levam
placas pictoriais e mensagens de áudio e vídeo sobre a Terra, mas em sua
velocidade atual levarão milhões de anos para chegarem perto de qualquer
estrela.
Planetas fora do Sistema Solar
Note-se que ainda não detectamos diretamente nenhum planeta fora do
Sistema Solar, embora desde 1992 existam evidências gravitacionais (efeito
Doppler nas linhas espectrais demonstrando movimento em torno do centro de
massa) da existência de mais de sessenta deles em várias estrelas na nossa
Galáxia. Não podemos detectar os planetas diretamente porque a estrela em volta
da qual o planeta orbita é muito mais brilhante que o planeta, ofuscando-o.
Estes métodos indiretos, gravitacionais, só conseguem detectar grandes planetas,
tipo Júpiter, que não podem conter vida como a conhecemos, porque têm atmosferas
imensas e de altíssima pressão sobre pequenos núcleos rochosos. Planetas
pequenos, como a Terra, requerem precisão muito maior do que a atingível pelas
observações atuais. Como os efeitos gravitacionais só indicam a massa e a
distância do planeta à estrela, não podem detectar nenhum sinal de vida.
A estimativa do número N de civilizações na nossa Galáxia pode ser discutida com
o auxílio da equação de Drake, proposta por Frank Drake (1930-), diretor
do projeto SETI:
onde fp é a
fração provável de estrelas que tem planetas (menor que 0,4), fv
é a fração provável de planetas que abrigam vida, fi é a
fração provável de planetas que abrigam vida e desenvolveram formas de vida
inteligente, fc é a fração provável de planetas que abrigam
vida inteligente e que desenvolveram civilizações tecnológicas com comunicação
eletromagática,
é a taxa de formação de estrelas na Galáxia, e Tt é o tempo
provável de duração de uma civilização tecnológica. A única variável
razoavelmente bem conhecida é . Podemos fazer um
cálculo otimista, supondo que a vida como a nossa pulula na Galáxia, assumindo
N = fpTt,
isto é, que o número de planetas
com vida inteligente seria dado pelo número de novas estrelas vezes a duração de
uma civilização tecnológica. Usando
=3/ano, fp = 0,4, e Tt de um século,
chega-se a N=120. Podemos estimar a distância média entre estas "civilizações",
assumindo que estão distribuídas pela nossa Galáxia. Como nossa galáxia tem
aproximadamente 100 000 anos-luz de diâmetro por 1000 anos-luz de espessura, o
volume total da galáxia é da ordem de
e a distância média entre estas "civilizações" ()onde
Se N=120, obtemos anos-luz. Num cálculo pessimista, o valor de N pode cair por
uma fator de um milhão. Nesse caso, para haver uma única civilização tecnológica
na galáxia além da nossa, ela deveria durar no mínimo 300 mil anos. Não há no
momento nenhum critério seguro que permita decidir por uma posição otimista ou
pessimista. A equação de Drake pode ser usada para estimar a distância de uma
estrela com civilização tecnológica, já que nossa galáxia tem aproximadamente
100 mil anos-luz de diâmetro e 100 anos luz de espessura. Conclui-se que, para
se estabelecer uma comunicação por rádio de ida e volta, mesmo na hipótese
otimista, a duração da civilização tecnológica não poderá ser menor que 12 mil
anos. Caso contrário, a civilização interlocutora terá desaparecido antes de
receber a resposta. Naturalmente existem mais de 100 bilhões de outras galáxias
além da nossa, mais para estas o problema de distância é muito maior. Mas um
cálculo realmente otimista utilizaria um tempo de vida das civilizações
tecnológicas muito maior do que um século.
Já que não podemos viajar até as estrelas, qual seria a maneira de detectar
sinal de vida em um planeta? Considerando que a água é um solvente ideal para as
reações químicas complexas que levam á vida, e que seus dois constituintes,
hidrogênio e oxigênio são abundantes em toda a Galáxia, consideramos que água
líquida na superfície, e portanto calor adequado, é um bom indicador da
possibilidade de vida. Outros dois indicadores são a detecção de oxigênio e de
dióxido de carbono. Oxigênio é um elemento que rapidamente se combina com outros
elementos, de modo que é difícil acumular oxigênio na atmosfera de um planeta,
sem um mecanismo de constante geração. Um mecanismo de geração de oxigênio é
através de plantas, que consomem água, nitrogênio e dióxido de carbono como
nutrientes, e eliminam oxigênio. O dióxido de carbono (CO2) é
um produto de vida animal na Terra. Mas estas evidências não serão indicações de
vida inteligente, já que na Terra foram necessários 4,5 bilhões de anos para a
vida inteligente evoluir, mas somente 1 bilhão para a vida microscópica iniciar.
Entretanto, a vida pode tomar formas inesperadas, evoluir em lugares
imprevisíveis, e de formas improváveis.
Por exemplo, aqui na Terra, recentemente se encontrou a bactéria Polaromonas
vacuolata, que vive quilômetros abaixo da superfície, nos pólos, sob
temperaturas dezenas de graus abaixo de zero, bactérias em uma mina de ouro da
África do Sul, a 3,5 km de profundidade, microorganismos que vivem dentro de
rochas de granito, que se acreditava completamente estéreis pela completa falta
de nutrientes, até micróbios super-resistentes, como o Methanopyrus kandleri,
que vivem no interior de vulcões submarinos, em temperaturas superiores a 110 C.
Essas bactérias se alimentam de gases, como o metano, e outros elementos
químicos, como ferro, enxofre e manganês. E outras como as Sulfolobus
acidocaldarius, acidófilos, que vivem em fontes de ácido sulfúrico. Portanto,
aqui na Terra, formas de vida primitiva muito diferentes existem.
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