:
Espártaco (em latim:
Spartacus; em grego: Σπάρτακος; ca. 109 a.C. – ca. 71 a.C.)
foi um gladiador de origem trácia, líder da mais célebre
revolta de escravos na Roma Antiga, conhecida como "Terceira
Guerra Servil", "Guerra dos Escravos" ou "Guerra dos
Gladiadores". Espártaco liderou, durante a revolta, um
exército rebelde que contou com quase 40 mil ex-escravos.
Acabou por perder a guerra contra as legiões de Crasso,
membro do primeiro triunvirato. O corpo de Espártaco nunca
foi encontrado pelo comandante romano.
De acordo com vagas referências de autores romanos (Apiano,
Floro e Plutarco), Espártaco era de origem trácia e, por ter desertado de uma tropa auxiliar do exército romano,
foi capturado e reduzido à escravidão. Devido à sua força
física, foi comprado por um mercador a serviço do lanista,
Lêntulo Batiato, e levado para a escola de gladiadores de
Cápua, na Campânia (Itália).
Sobre ele, dizem os autores antigos:
Plutarco: "Era um homem inteligente e
culto, mais helênico do que bárbaro".
Floro: "... mercenário da Trácia,
admitido em nosso exército, soldado desertor, bandido
promovido a gladiador por sua força".
Em 73 a.C., cerca de duzentos escravos
da escola de Batiato revoltaram-se, devido (segundo Plutarco)
aos maus-tratos que recebiam do lanista, e armados apenas
com facas de cozinha, atacaram os guardas da escola. Ainda
segundo Plutarco, setenta e oito deles (ou apenas trinta,
segundo Floro) conseguiram fugir. No caminho, depararam-se
com umas carretas carregadas de armas usadas pelos
gladiadores, apoderando-se delas. Com esse armamento,
repeliram a guarnição de Cápua, enviada para capturá-los.
Roma manda uma expedição contra Espártaco
Roma então organizou a primeira expedição contra os
revoltosos. À frente de três mil homens, o pretor romano
Caio Cláudio Glabro sitia-os em seu forte, um outeiro de
subida penosa e estreita rodeado de altos rochedos talhados
a pique, tendo no cimo grande quantidade de videiras
selvagens.
Sendo a subida guardada por Cláudio,
os sitiados cortaram os rebentos mais longos e fortes de
tais videiras, fizeram com eles compridas escadas que
roçavam a planície, e, amarrando-as no alto, por elas
desceram todos sossegadamente.
Apenas um deles ficou em cima, para
jogar-lhes as armas, findo o que também se pôs a salvo. Os
romanos não suspeitaram da operação; rodeado o outeiro, os
sitiados atacaram-nos pela retaguarda, afugentando-os e
tomando-lhes o acampamento. Muitos boiadeiros e pastores que
guardavam seus rebanhos juntaram-se aos fugitivos, sendo uns
armados por eles e outros mandados a espionar.
Outra expedição contra Espártaco
Nessa ocasião, Roma enviou o
comandante Públio Varínio a fim de desbaratá-los. Em um
primeiro combate derrotaram o tenente denominado Fúrio,
juntamente com dois mil homens e três ursos. Em seguida
também derrotaram um outro tenente,Cossino, que lhe haviam
impingido como conselheiro e companheiro, e com grande poder.
Houve uma tentativa de aprisionar
Espártaco quando este se banhava num lugar chamado Salinas,
no entanto o comandante, custosamente, conseguiu salvar-se.
Não obstante, Espártaco apoderou-se de sua bagagem, e,
perseguindo-o tenazmente apoderou-se também de seu
acampamento, tendo-lhe custado a vida de muitos dos seus
homens, dentre os quais, Cossímo.
Tendo também vencido em muitos
combates o próprio pretor-chefe, aprisionando os sargentos
que conduziam os machados à sua frente, bem como seu próprio
cavalo. Espártaco adquiriu tal valor que todos passaram a
temê-lo. Todavia, calculando cuidadosamente suas forças e
dotes, e vendo que elas não podiam superar as dos romanos,
levou seu exército para os Alpes, considerando que, uma vez
transpostos, cada qual voltasse para sua terra, isto é, para
a Gália e para a Trácia. Seus homens, porém, fiados em seu
número, e prometendo grandes realizações, não o quiseram
atender, e recomeçaram a percorrer e a saquear toda a
península Itálica.
Roma encarrega os cônsules de derrotar Espártaco
Achando-se o senado inquieto, não só
pela vergonha e afronta de serem seus homens vencidos por
escravos sublevados, como pela apreensão e pelo perigo em
que se achava toda a península Itálica, mandou para ali os
dois cônsules, como se fosse uma das mais árduas e perigosas
guerras que deveriam enfrentar.
Lúcio Gélio Publícola, um dos cônsules,
atacando de surpresa uma tropa de germanos, que por altivez
e desprezo, se havia separado e afastado do acampamento de
Espártaco, submeteu-a toda ao fio de espada; Lêntulo, seu
companheiro, com numerosas forças sitiou Espártaco e todos
os que o seguiam, atacou-os, venceu-os, e apoderou-se de
toda a sua bagagem.
Razão por que, avançando para os Alpes,
Cássio, pretor e governador da Gália do subúrbio do rio Pó,
enfrentou-o com um exército de dez mil homens. Travou-se um
grande combate, no qual ele foi derrotado, tendo perdido
muitos soldados e conseguido salvar-se a muito custo e às
pressas. Ciente disto, o senado declarou-se bastante
descontente de seus cônsules; ordenando-lhes que não mais se
envolvessem nesta luta, atribuiu todo o encargo a Marco
Licínio Crasso em 71 a.C., que foi seguido por numerosos
moços nobres, graças à sua elevada reputação e à grande
estima que lhe votavam.
Crasso é encarregado de acabar com
Espártaco
Crasso foi assentar seu acampamento na
Romanha, para esperar a pé firme Espártaco, que se dirigia
para ali, e mandou Múmio, um dos seus tenentes, com duas
legiões, envolver o inimigo pela retaguarda, ordenando segui-lo
sempre no encalço, e proibindo-lhe expressamente atacá-lo e
escaramuçá-lo de qualquer modo.
Não obstante todas estas determinações,
logo que Múmio se viu na possibilidade de fazer alguma coisa,
atacou-o, sendo derrotado, com perda de muitos dos seus
homens. Os que conseguiram salvar-se na fuga, apenas
perderam suas armas. Crasso irritou-se bastante com ele; e,
recolhendo os fugitivos, deu-lhes outras armas,
exigindo-lhes fiadores que garantissem seu melhor serviço
dali por diante, coisa que nunca fora feito antes.
E, os quinhentos que estiveram nas primeiras filas, e que
foram os primeiros a iniciar a fuga, ele dividiu-os em
cinquenta dezenas, em cada uma das quais sorteou um,(dizimação)
sujeito à pena de morte. Reviveu assim o antigo modo dos
romanos castigarem os soldados covardes, coisa que de há
muito havia sido abandonada, por ser ignominiosa, e produzir
horror e espanto à assistência, quando realizada
publicamente.
Castigando assim seus soldados, Crasso
lançou-os diretamente contra Espártaco, que recuou sempre e
tanto que, pela região dos lucanianos, chegou à costa,
encontrando alguns navios de corsários cilícios no estreito
de Messina.
Isto animou-o a ir à Sicília; e, para
enviar para lá dois mil homens, para sublevar escravos de lá.
Mas Crasso tomou medidas para o impedir de enviar homens
para a para a Sicília para amotinar os escravos da ilha.
Razão por que, lançando-se inesperadamente longe da praia,
ele foi assentar seu acampamento na península dos régios,
onde Crasso foi encontrá-lo; e, vendo que a natureza do
lugar mostrava-lhe como devia agir, decidiu cercar de
muralhas o istmo da península, dando assim ocupação aos seus
homens e impedindo que os inimigos recebessem víveres.
Trabalho demorado e difícil, que ele
executou em bem pouco tempo, contra a opinião de todo o
mundo, e fez abrir uma trincheira através da península, de
quinze léguas de comprimento, quinze pés de largura e quinze
pés de profundidade. Sobre a trincheira fez construir uma
muralha muito alta e forte, da qual Espártaco a princípio
zombou. Quando, porém, sua pilhagem começou a falhar, e se
viu na impossibilidade de obter víveres em toda a península,
devido àquela muralha, numa noite bastante áspera, de neve
espessa e vento impetuoso, ele mandou encher de terra,
pedras e galhos de árvores um trecho não muito extenso da
trincheira, por onde fez passar um terço do seu exército.
A princípio, Crasso receou que Espártaco tomasse a resolução
de seguir para Roma. Logo, porém, tranquilizou-se, pois
soube haver sério desentendimento, entre eles, e que uma
grande tropa, amotinada contra Espártaco, separara-se dele e
fora acampar junto a um lago da Lucânia, cuja água de tempos
a tempos torna-se doce, e a seguir tão salgada que não pode
ser bebida. Tendo-os atacado, Crasso expulsou-os dali, mas
não conseguiu matar grande número, nem afastá-los para muito
longe, porque Espártaco apareceu de repente com seu exército,
e fez cessar a perseguição.
Crasso, que havia escrito ao senado
ser necessário chamar Lúculo da Trácia e Pompeu da Hispânia,
arrependido de havê-lo feito, esforçava-se o mais possível
de dar fim a esta guerra antes que eles chegassem, por saber
que atribuiriam toda a glória da sua conclusão ao
recém-chegado que lhe fosse em auxílio, e não a ele. Por
isso ele resolveu primeiramente atacar os que se haviam
revoltado e entrincheirado à parte, às ordens dos capitães
Caio Canício e Casto.
Para tal, fez seguir seis mil soldados de infantaria, para
assenhorear-se de uma eminência, ordenando-lhes que tudo
fizessem para não serem vistos nem descobertos pelos
inimigos. O que eles procuraram realizar o melhor possível,
cobrindo seus morriões e elmos.
Não obstante, eles foram percebidos
por duas mulheres que às escondidas faziam sacrifícios em
favor dos inimigos, e estiveram em risco de ficar todos
perdidos. Crasso, porém, socorreu-os a tempo, dando aos
inimigos o combate mais áspero de quantos se realizaram
naquela guerra. Na luta, pereceram doze mil e trezentos
homens, lutando valorosamente frente a frente.
Depois desta derrota, Espártaco
retirou-se para as montanhas de Petélia, perseguido e
escaramuçado sem trégua, pela retaguarda, por Quinto, um dos
tenentes de Crasso, e seu tesoureiro Escroía. No fim do dia,
porém, tudo mudou de repente, e Espártaco derrotou os
romanos, sendo o tesoureiro gravemente ferido e salvo a
custo.
Esta vantagem obtida sobre os romanos
deu origem à ruína final de Espártaco, porque seus
guerreiros, quase todos escravos fugitivos, encheram-se de
tamanho orgulho e audácia que não quiseram deixar de
combater, nem obedeceram mais seu comandante. Pelo contrário,
como se achavam a caminho, cercaram-nos e disseram-lhes que,
quisessem ou não, era preciso que voltassem depressa e os
conduzissem pela Lucânia contra os romanos, que era o que
Crasso pedia, pois sabia que Pompeu se aproximava, e que
muitos em Roma discutiam e brigavam por sua causa, dizendo
que a vitória final desta guerra lhe era devida, e que logo
que ele ali chegasse tudo seria decidido com um único
combate.
O fim de Spartacus
Por isso, procurando combater, e
aproximando-se o mais possível dos inimigos, Crasso mandou
um dia abrir uma trincheira, que os fugitivos procuraram
impedir, carregando furiosamente sobre os que se ocupavam de
tal tarefa.
A luta tornou-se violenta. E, como, a todo momento,
chegassem reforços de parte a parte, Espártaco viu-se
obrigado a lançar mão de todos os recursos. Sendo-lhe levado
o cavalo em que devia combater, ele desembainhou a espada,
e, matando-o à vista de todos, disse:
Se eu for vencido neste combate, ele de nada me servirá. E,
se eu for vitorioso, muitos deles, belíssimos e excelentes,
terei dos inimigos à minha disposição.
Isto feito, lançou-se através da
pressão dos romanos, procurando aproximar-se de Crasso, sem
o conseguir, e matou dois centuriões romanos que o
enfrentaram. Por fim todos os que o rodeavam fugiram, e ele
permaneceu firme em seu posto, completamente cercado,
lutando valentemente, sendo retalhado.
Após a batalha, o corpo de Espártaco
nunca foi descoberto. Sem sepultura, assim ficou o seu corpo
no campo de batalha. Não sabemos se Crasso se esforçou para
descobrir o cadáver do comandante-gladiador ou se,
finalmente vencida a guerra, não se preocupou com esse
assunto.
Embora Crasso fosse muito feliz e
satisfizesse todos os seus deveres de bom comandante e de
homem valente, expondo-se a todos os perigos, não pôde
impedir que a honra do termo daquela guerra fosse atribuída
a Pompeu, porque os que escaparam deste último combate
cairam-lhe às mãos e ele aniquilou-os, escrevendo ao senado
que Crasso vencera os fugitivos em combate regular, mas ele
destruíra todas as raízes desta guerra!
Pompeu teve assim entrada triunfal em
Roma, por haver vencido Sertório e reconquistado a Hispânia.
A Crasso foi-lhe concedida uma ovação após a sua vitória.
Não recebeu um triunfo por ter sido ganha contra escravos,
mas o senado permitu-lhe portar a coroa de loureiro em vez
da de mirto, considerando a importância desta vitória.
Crasso puniu os que sobreviveram à sua
investida contra Espártaco, mandando crucificar 6000
revoltosos ao longo da Via Ápia (de Cápua até Roma). Essa
punição não se tratou de um capricho do comandante romano,
era obrigatória segundo as leis da República. Crasso, que
também negociava escravos, certamente que gostaria de os ter
podido vender, mas o Direito romano exigia a crucificação
dos escravos revoltosos e assim ele apenas fez o que as leis
ordenavam.
Espártaco na literatura de ficção
"Spartacus" (br: "Espártaco"), romance de Howard Fast.
Em seu romance, o marxista americano
Howard Fast, cria um Espártaco idealizado, herói sem mácula
que luta, de modo desigual, contra a cruel ordem
estabelecida no mundo romano. Em seus trechos finais, o
romance deriva para uma disputa pessoal entre Crasso e o
gladiador, pela posse de Varínia, a heroína fictícia criada
por Fast.
"The gladiators" (br:"Espártaco"), romance de Arthur
Koestler.
O ex-comunista húngaro, decepcionado com os rumos da
Revolução Soviética, Arthur Koestler, faz de Espártaco uma
referência universal para as contradições político-sociais
da luta dos oprimidos contra seus opressores. Embora ficção,
sua obra busca pintar um quadro realista do mundo romano,
naquela época turva que precedeu o fim da República.
Espártaco no cinema e na televisão
Spartaco, filme italiano de 1952
Spartacus, filme estadunidense de 1960, dirigido por Stanley
Kubrick e com Kirk Douglas no papel principal.
Spartacus e os Dez Gladiadores, outro filme italiano de 1964
Spartacus, versão para a TV de 2004, estrelada por Goran
Višnji�� (o Dr. Luka Kovač de E.R.)
Spartacus: Blood and Sand/ Primeira Temporada, seriado
norte-americano para a TV, no ano de 2010, distribuído pela
Starz! Network estrelada por Andy Whitfield.
Spartacus: Gods of the Arena, seriado norte-americano para a
TV, no ano de 2011, distribuído pela Starz! Network
estrelada por Dustin Clare.
Spartacus: Vengeance/ Segunda Temporada, seriado
norte-americano para a TV, no ano de 2012, distribuído pela
Starz! Network estrelada por Liam McIntyre.
Spartacus: War of the Damned/ Terceira Temporada, seriado
norte-americano para a TV, no ano de 2013, distribuído pela
Starz! Network estrelada por Liam McIntyre.
Espártaco na música
Spartacus, um ballet (1950-54) com música de Aram
Khachaturian
Spartacus, um álbum conceitual lançado pela banda alemã
Triumvirat em 1975.
Espartaco, Gladiador Rei (Santuário),
lançado no album SP Metal II pelo selo Baratos Afins em
1985.
Conheça
o Ache
Tudo e Região o portal
de todos
Brasileiros.Cultive o
hábito de ler, temos diversidade de informações úteis
ao seu dispor. Seja bem vindo,
gostamos de suas críticas e sugestões, elas nos ajudam a melhorar
a cada ano.
Faça parte desta comunidade, venha para o
Ache Tudo
e Região