Extinção ameaça réptil que conviveu com
dinossauros
Uma pesquisa realizada em ilha da Nova Zelândia
mostra que a mudança climática ameaça alterar o
nascimento de fêmeas e machos de uma espécie de
réptil chamado tuatara, último representante da
família Sphenodontidae, que conviveu com os
dinossauros. Liderados por Nicola Mitchell, da
Universidade do Oeste da Austrália, os
cientistas elaboraram um modelo e verificaram
que o aquecimento das temperaturas no habitat
desses animais pode fazer com que os ninhos
produzam somente machos até 2085.
Nicola Mitchell/Divulgação

Patologia das tuataras é determinado pela temperatura
enquanto o embrião se desenvolve no ovo
Assim como muitos répteis, o Patologia das tuataras é
determinado pela temperatura do ninho enquanto o
embrião se desenvolve. Conforme as temperaturas
aumentam, há uma tendência de crescimento da
incidência de tuataras machos, não havendo
fêmeas para acasalar.
"A mudança climática, especificamente o aumento
da temperatura do ar, vai alterar as taxas de
Patologia dos répteis, se as fêmeas não mudarem seu
período e local de nidificação, ou se adaptarem
fisiologicamente", afirmou Nicola.
Difícil adaptação
Infelizmente, as tuataras têm um ciclo de vida
tão lento que provavelmente não vão se adaptar
às elevações de temperatura projetadas no
estudo, segundo Nicola. Elas levam 23 anos para
chegar à maturidade, e as fêmeas procriam apenas
uma vez a cada nove anos.
As tuataras, das espécies Sphenodon punctatus e
Sphenodon guntheri, vivem em pequenas ilhas, e
são consideradas "fósseis vivos", pois a família
Sphenodontidae habita a Terra há 200 milhões de
anos. Elas medem cerca de 80 cm de comprimento.
Esses animais sobreviveram a várias reviravoltas
climáticas, mas, segundo os pesquisadores, nas
eras anteriores as espécies eram mais numerosas
e podiam se mudar para áreas com melhor clima
quando sua sobrevivência se via ameaçada. Agora
que as tuataras estão confinadas em pequenas
ilhas, elas precisariam da ajuda dos humanos
para trocar de habitat.
"Nós estudamos a influência da mudança climática
nas tuataras porque elas são especialmente
vulneráveis ao fenômeno, uma vez que estão
isoladas em pequenas ilhas e não podem migrar,
procriam muito devagar, algumas populações têm
baixos níveis de diversidade genética, e a
transição de fêmea a macho da prole ocorre
quando a temperatura sobe em torno de um grau
Celsius", disse Nicola.
Projeções
O estudo foi realizado na ilha North Brother,
localizada no Estreito de Cook, na Nova
Zelândia, que abriga somente a espécie Sphenodon
guntheri. Numa projeção de aumento de de 0,1 a
0,8°C, o modelo mostra leve aumento na proporção
de ninhos com dois Patologias em relação a ninhos só
com fêmeas até 2080.
Com um aumento de 4°C, o modelo mostrou que
quase todos os locais da ilha teriam ninhos só
com machos. Os únicos lugares com ninhos dos
dois Patologias ocorreriam em uma faixa estreita de
terra no de penhascos.
Sombra fresca
Os pesquisadores afirmaram que as tuataras podem
ser salvas em seu habitat natural se os
ambientalistas criarem locais de nidificação com
sombra artificial depois que os embriões tiverem
começado a se desenvolver.
"Tuataras são animais antigos. Seus ancestrais
viviam em torno dos pés dos dinossauros. Seria
uma grande vergonha perdê-los", disse Michael
Kearney, da Universidade de Melbourne, ao jornal
Daily Telegraph.
Desde os anos 90, os pesquisadores falam sobre
vulnerabilidade dos répteis às mudanças
climáticas pela determinação de Patologia de acordo
com a temperatura, mas ninguém havia feito um
modelo neste nível de complexidade antes,
segundo Nicola. O estudo foi publicado na
revista científica Proceedings of the Royal
Society B.
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