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Os últimos gorilas da montanhas

 
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Vida em desequilíbrio

   

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Em extinção

Eles não são mais de 600, repartidos entre três países de geografia difícil. Congo, Uganda e Ruanda abrigam os últimos gorilas da montanha. A sangrenta guerra civil que explodiu em Ruanda, há quase dez anos, isolou ainda mais os gorilas.

 

Por muito tempo, ficaram separados de seus protetores: os biólogos internacionais. Agora, os cientistas estão de volta. A holandesa Annette Lanjouw é encarregada de unificar o trabalho dos guardas dos três países. Horas de caminhada para chegar ao território onde eles se abrigam, entre dois e três mil metros de altitude sobre as encostas da cadeia dos vulcões.

Annette trabalha sempre acompanhada de um guarda. É ele quem sabe exatamente onde encontrar os grandes primatas, que, com os chimpanzés, são os mamíferos vivos geneticamente mais próximos da raça humana.

A pesquisadora registra rigorosamente cada atitude dos gorilas. Se hoje o homem pode observar tão de perto os gorilas nas montanhas, é porque Diane Fossey, na sua chegada, soube estabelecer uma confiança recíproca.

 

O tempo passou, mas os grandes macacos não esqueceram. Os bambus, as frutas e, algumas vezes, os insetos fazem parte do cardápio diário. A comida, ainda abundante, evita que eles sejam obrigados a disputar um espaço vital.

Os cientistas estão criando uma espécie de documento de identidade de cada indivíduo. Os que não têm fotos serão reconhecidos por rugas, marcas, ou pela forma de sentar, de agir, de reagir. Para os especialistas, nenhum rosto é igual a outro.

Eles estão por todos os lados. Um explorador norte-americano já apelidou a região de “trevas da África”. A selva conservou alguma coisa de pré-histórica. Bambus gigantes ocupam a maior parte do terreno.

 

Diane Fossey foi quem revelou que eles não eram os terríveis sanguinários que o mundo imaginava. Ao contrário: são herbívoros, tímidos e assustados. Os clãs seguem seu chefe – um macho enorme, reconhecível pelas costas prateadas.

Não é bom provocá-lo. Um gorila levanta 500 quilos. Quando o patriarca se põe a bocejar – sinal de irritação – todo cuidado é pouco. Movimentos bruscos devem ser evitados. Os guardas sabem perfeitamente como agir em situação tensa. Um ruído com a boca indica ao gorila que ele não está na presença de um rival.

As montanhas, de aparência pacífica, estão entre os vulcões mais ativos do mundo. Os jovens gorilas não imaginam o perigo suspenso sobre suas cabeças. Inquietos, protegidos pelos pais, eles passam o tempo se batendo nas árvores, testando força e agilidade.

 

Resistir a esse colosso de músculos, nem os bambus conseguem. Mas é com infinita delicadeza que eles degustam seu petisco. Os gorilas da montanha são da paz. Não há como ignorar a semelhança com os gestos humanos.

Segundo especialistas, eles conseguem emitir 22 vocalizações diferentes, usam a mímica para se comunicar, e como nós, sentem cócegas, além de terem ataques de riso. Tristeza e alegria, cansaço e medo. Os estudos sobre os gorilas e seus primos chimpanzés talvez acabem por explicar como e porque a espécie humana escapou, um dia, do planeta dos macacos.

 


 

 

S

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