Apesar dos primeiros contatos entre o índio e o europeu terem ocorrido
no início do século XV com espanhóis, a colonização do Amapá inicia somente
a partir do século XVIII com os portugueses. Macapá, a atual capital, se
originou de um destacamento militar que se fixou no mesmo local das ruínas
da antiga Fortaleza de Santo Antônio, a partir de 1740. (1) Este
destacamento surgiu em razão de constantes pedidos feitos pelo governo da
Província do Pará (a quem as terras do Amapá estavam juridicamente anexadas),
na pessoa de João de Abreu Castelo Branco que, desde 1738, sentindo o estado
de abandono em que se encontrava a fortaleza, solicitava à Coroa portuguesa
providências urgentes. Assim, os insulares dos Açores colonizaram Macapá, e
os do Marrocos Mazagão, entre 1740 e 1772.
Chegam os colonos dos
Açores
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Depois que o rei D. José I
assume o trono português, o Marquês de Pombal fica com o Ministério
Real. A primeira providência do novo "Richelieu luso" é nomear seu irmão,
Francisco Xavier de Mendonça Furtado para o comando das Armas do Pará e
direção da Capitania do Maranhão e Grão-Pará, gozando de plenos poderes
para promover a fundação e colonização de vilas na Amazônia Setentrional.
É nesta época que Macapá assiste à chegada de colonos oriundos das Ilhas
dos Açores, sob o comando do coronel João Batista do Livramento e do
padre jesuíta Miguel Ângelo de Morais.
Mas as dependências e imposições geográficas do povoado, assim como a
malária e outros males tropicais, além da inadaptabilidade dos açorianos
aliada aos constantes desentendimentos entre o jesuíta Miguel Ângelo e o
coronel Livramento, contribuíram para que os primeiros colonos de Macapá
não conseguissem sucesso em seu trabalho (2). |
O arquipélago dos Açores, de onde vieram esses colonos, ainda constitui
parte do território insular de Portugal. Em 1580 sua população lutou
bravamente contra os espanhóis, apesar da derrota e instauração da Península
Ibérica (Domínio Espanhol, 1580 a 1640). As ilhas tornaram-se ponto de
reunião das armadas que traziam riquezas das Índias, bem como palco da
guerra marítima entre os ingleses e as potências ibéricas.
Como parte da estratégia de expansão e colonização das posses portuguesas no
Novo Mundo, o governo luso promove uma ampla campanha de remanejamento em
Cabo Verde e Açores, culminando com o envio de centenas de famílias, com
seus escravos, para povoar núcleos coloniais ao Norte e Sul do Brasil.
Assim chegaram, em Macapá, os açorianos entre 1730 e 1750. Apesar de não
terem se adaptado ao clima e à insalubridade da região, eles passam para a
história de Macapá como seus primeiros desbravadores.
Marroquinos em Mazagão
O município de Mazagão teve sua origem de Mazagão Velho, no Mutuacá, em
1770, quando foi fundada a vila, pelo tenente-coronel Inácio de Alencar
Moraes Sarmento. A fundação se deu em cumprimento às ordens da Coroa
portuguesa de abrigar 163 famílias de colonos portugueses cristãos, oriundos
do Castelo de Mazagran (hoje El Djadidá), no Marrocos, que se desentendiam
historicamente com os mouros (mazaganenses convertidos ao islamismo).
Neste local do Marrocos, os mouros passaram a reprimir quem não se adaptasse
às leis islâmicas, resultando em inúmeros conflitos, alguns com vitórias e
derrotas de um lado e de outro, culminando com a saída dos cristãos da
região.
Assim chegaram os marroquinos a Mazagão, por volta de 1771, fixando-se na
vila que passou também a se denominar Mazagão, em homenagem à terra africana.
Entre várias contribuições marroquinas, existe a Festa de São Tiago que,
realizada todos os anos em Mazagão Velho (a 30 quilômetros de Mazagão Novo)
Reportagem
de EDGAR
RODRIGUES
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