HISTORIA
DE TRISTEZA
Até o final
do século XIX, a região que daria origem ao bairro Tristeza era
basicamente rural e despovoada. Abrangia, no entanto, uma área maior do
que a ocupada pelo bairro atualmente, pois incluía a Vila Conceição e a
Assunção.
José da Silva Guimarães, o mais antigo habitante da região,
era proprietário de um sítio localizado na atual Vila Conceição. Adotando
o apelido de "Tristeza", posteriormente incorporado ao seu nome, Guimarães
acabou por nomear o bairro. A controvérsia em torno do apelido é grande. Diferentes versões procuram esclarecer a causa da tristeza que acometia
o morador: a morte dos filhos; a saudade da filha, que se casara
precocemente; ou, simplesmente, uma questão de temperamento. Seja qual for
o motivo, o fato é que o termo "Tristeza", aplicado ao bairro, acabou
consagrando-se.
Em 1900, a inauguração da Estrada de Ferro do Riacho - que fazia um
trajeto desde a Ponte de Pedras, no Largo dos Açorianos, até a Tristeza -
intensificou o desenvolvimento do bairro. O "trenzinho", como era
conhecido, consistia em uma locomotiva pequena que puxava dois ou três
vagões. Trafegava três vezes por dia, no verão, e duas vezes, no inverno.
Historiadores e cronistas são unânimes ao afirmar que foi em função da
linha férrea que a Tristeza progrediu, convertendo-se em zona de veraneio,
com um aumento progressivo de habitações construídas. Em 1910, uma nota no
Jornal do Comércio (1) sobre o desenvolvimento do bairro faz referência às
"confortáveis e excelentes residências de verão", quase todas "em forma de
chalé", e de frente para o Guaíba.
Outro fator importante para o crescimento do bairro foi a instalação da
rede elétrica, em 1923. Acontecimento que oportunizou a realização de uma
singular festa do "enterro do lampião", patrocinada pelo Dr.
Mário Totta, então presidente do Jocotó, o famoso clube no qual
se realizavam os bailes de carnaval da zona sul.
Era, assim, a Tristeza, na definição de Ary Veiga Sanhudo(2), "um bairro
alegre por todas as tradições e estranhamente triste pelo nome".
1. Sergio da Costa Franco, Porto Alegre: Guia Histórico, p. 416.
2. Porto Alegre:crônicas de minha cidade, p.277.
( Historiador Luciano Ávila)
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