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HISTORIA  DE PATERNON
 
 
 

Há uma certa estranheza quando se ouve falar num Partenon, aqui, em Porto Alegre. Originário de uma realidade tão distante, este nome se refere ao templo grego, erigido sobre um morro ateniense, em virtude da deusa Minerva. E como esse nome veio parar aqui, muitos séculos depois dos clássicos gregos?

Tudo começou quando, alguns literatos locais desenvolveram o hábito de se encontrar com certa freqüência. Desses encontros nasceu a Sociedade Partenon Literário, oficialmente fundada em 1868. Sem endereço fixo, perambulavam pelas livrarias e cafés da cidade. Com o seu crescimento e o aumento de prestígio, um ilustre componente deste seleto grupo, propõe a construção de uma sede, onde se realizariam os encontros. É então que um de seus colegas, estupefacto com a idéia, doa algumas de suas terras, e não é que estas se localizavam no de um morro!? Deslumbrando a paisagem ao sopé do morro, pela Estrada de Mato Grosso ( Av. Bento Gonçalves ), os membros da sociedade sonhavam em ali construir uma réplica do Partenon grego.

Em 1873, onde hoje é a Igreja Santo Antônio do Partenon, foi solenemente lançada a pedra fundamental do templo, e que não passou muito disso. É que discórdias internas foram paralisando o andamento da obra; via-se a necessidade de apoio financeiro. “ Paralelamente, um grande plano de urbanização e loteamento da área encontrava-se em curso.” A intenção deste loteamento era criar na região “ um Éden, aproveitando a natureza exuberante, as fontes d’água e o clima agradável. “

Num acordo, o loteamento usufruiria do nome Partenon e a sociedade receberia parte do terreno a ser loteado. Mas em 1899 a sociedade se dissolve e doa seus terrenos a Santa Casa de Misericórdia. Então, do sonho restou o nome, e a comunidade. Esta parece que já andava habitando os arredores deste tumultuado arraial, surgidas ali pela Estrada de Mato Grosso, que é o mais velho caminho de ligação de Porto Alegre a Viamão.

As primeiras ruas que geraram as demais, foram a Rua Dr. Caldre Fião, atualmente Rua Paulino Chaves, mas que cedeu seu nome a outra, um pouco mais abaixo da original, e a 18 de junho, dia da fundação da Sociedade Partenon Literário, não existindo mais e não deixando muito registro da sua localização, supõe-se apenas que era a Luís de Camões.


Tanto a afirmação do nome, como o próprio desenvolvimento do bairro, deu-se, em princípio, através de uma linha de bonde que para lá se dirigia. O bonde que a esta linha servia, foi apelidado de “ caixa-de-fósforos “, devido ao seu formato e tamanho; era puxado a burros e levava mais de hora para completar seu trajeto, do Centro até o bairro. Com ele vieram os primeiros compradores de lotes, portanto, os primeiros moradores do, agora sim, Partenon. Mas o verdadeiro impulso surge com o Prado Boa Vista, do bairro Santana mas que se avizinhava com o Partenon. Maior movimento, mais moradores. Pois então em 1884, mudam-se para lá 41 alienados , inaugurando os pavilhões do Hospício São Pedro, nome que homenageia a cidade, que chamava-se primeiramente, Província de São Pedro. Com ele, mais uma linha de bonde chega ao local, facilitando o acesso ao arraial.

A igreja que hoje ocupa o local destinado ao templo, tem função importantíssima para o desenvolvimento, tanto do bairro Partenon, como o Santo Antônio, já que ambos cresceram e se espalharam ao seu redor. Fundada em maio de 1875, a igreja catalisou muito bem toda a comunidade que se implantava ao seu encosto.

Finalmente, em 1910, chega o bonde elétrico, e o crescimento é impulsionado. Desenvolve-se o comércio, fundam-se escolas, melhora-se a infra-estrutura. “ O Partenon é um bairro industrial, comercial, mas principalmente, residencial. ” Hoje é um bairro próximo do Centro mas que ainda conserva aqueles ares de cidade do interior, calma mas sem deixar de desenvolver seu comércio.

Historiadora Renata Ferreira Rios.