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HISTORIA  DE MENINO DEUS
 
 
 

Considerado o mais antigo bairro de Porto Alegre, o Menino Deus desenvolveu-se a partir de dois caminhos abertos na década de 1840 em uma região que, exceto por algumas chácaras, “não passava de um cerrado e escabroso mato” (1). Tais caminhos viriam a se transformar nas atuais avenidas Getúlio Vargas e José de Alencar.

A denominação do bairro originou-se da devoção ao Menino Deus, crença introduzida em Porto Alegre pelos colonos açorianos. A Capela do Menino Deus, inaugurada em 1853 e localizada na praça do mesmo nome, converteu-se em centro de peregrinação em virtude de festas natalinas, que atraíam inclusive moradores do centro da cidade e de outros bairros em formação. As casas erguidas ao redor da Capela e a abertura de novas ruas - como a Botafogo, em 1858 - impulsionaram o desenvolvimento da região.

Outra evidência do crescimento do bairro é a inauguração, já na década de 1860, de uma linha de transporte público. Tratava-se da maxambomba, veículo de propriedade particular que transportava passageiros em viagens lentas e acidentadas, e que entrou no Menino Deus, em 1º de novembro de 1864, causando comoção generalizada. Apesar da referência, pelo nome, à locomotiva a vapor carioca, tudo indica que a maxambomba era puxada por burros, já que alguns cronistas a qualificam, ironicamente, como “um veículo que de vez em quando parava para dar descanso aos animais, que iam pondo a alma pela boca” (2).

Além das tradicionais celebrações de Natal, realizava-se também no Menino Deus a procissão dos navegantes, antes da construção da igreja da santa protetora dos marinheiros no arraial dos Navegantes. A transferência da imagem da santa para outro bairro gerou sérios desentendimentos e o descontentamento da população do Menino Deus, que perdia assim uma de suas festas mais concorridas.

A ligação do bairro com a Cidade Baixa e o Centro dava-se através da atual Avenida Getúlio Vargas, que tinha seu início na ponte sobre o Arroio Dilúvio, erguida em 1850. As periódicas enxurradas do Dilúvio destruiram a ponte original em 1873 e destruiriam as outras pontes construídas posteriormente. Somente na década de 1940, com a retificação e a canalização do arroio, o problema das enchentes no Menino Deus foi resolvido.

Com o prolongamento da Avenida Borges de Medeiros, após o aterro da Praia de Belas, o acesso ao Menino Deus foi ampliado, criando-se assim uma nova zona de crescimento para o bairro.

(1) Ary Veiga Sanhudo, Porto Alegre: Crônicas da minha cidade, p. 196.
(2) Achylles Porto Alegre ,História Popular de Porto Alegre, p.33.
(Luciano Ávila)