HISTORIA
DE GLÓRIA
O arraial da Glória
nasceu, no final do século XIX, por iniciativa da família Silveira Nunes,
que doou ao poder público um terreno através do qual foi aberta uma via de
ligação entre duas estradas paralelas, hoje conhecidas como Av. Carlos
Barbosa e Av. Oscar Pereira. Tal via corresponde à Rua Nunes e marcou o
início do novo bairro.
A denominação Glória, segundo a tradição, remete à figura de Dona Maria
da Glória, esposa do coronel Manoel Py, o proprietário de um sobrado
que servia como ponto de referência na região. O historiador Sérgio da
Costa Franco(1) afirma, contudo, que o nome foi dado ao bairro por Luiz da
Silveira Nunes, em 1890, tratando-se de uma homenagem à “gloriosa”
Proclamação da República ocorrida um ano antes.
De acordo com o cronista Ary Veiga Sanhudo(2), o bairro correspondia a um
campo vasto, repleto de árvores de grande porte, antes do processo de
urbanização. Uma paisagem resplandescente, capaz de “encantar as mais
duras sensibilidades”. Nessa época, o único caminho existente era a
Estrada de Belém - que ligava Porto Alegre à povoação de Belém Velho -
posteriormente chamada de Estrada da Cascata e, atualmente, de Avenida
Professor Oscar Pereira.
A venda de terrenos por parte da família Silveira Nunes e a conseqüente
abertura de novas ruas viabilizaram o crescimento do bairro. Também
contribuiu para tanto a inauguração da linha de bondes Glória, em 1896.
Nessa época, o coronel Manoel Py - que havia comprado terras dos Nunes e
iniciado um loteamento - participava da diretoria da Companhia Carris,
circunstância que facilitou a implantação da linha férrea. Um
desenvolvimento mais intenso do bairro, todavia, se daria apenas a partir
de 1935 quando o serviço regular de abastecimento de água foi implantado.
Entre 1893 e 1894, em uma área reservada por Luiz da Silveira Nunes, foi
construída uma pequena capela que seria substituída, em 1915, pela Igreja
de Nossa Senhora da Glória. Tanto a Igreja quanto o Morro da Glória - mais
conhecido como Morro da Polícia, com 350 metros de altitude - constituem
símbolos permanentes do bairro.
(Luciano Ávila)
1. Porto Alegre: Guia Histórico,p.198.
2. Porto Alegre: crônicas da minha cidade, p. 238
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