HISTORIA
DE CRISTAL
A área que daria origem ao bairro Cristal
era ocupada, desde o século XVIII, por algumas chácaras. O impulso para
o desenvolvimento da região, contudo, foi a edificação de uma hospedaria
para imigrantes, em 1891, por parte do Governo Estadual. Até esta
data, o Cristal não passava de uma zona rural e sem comunicação com o
centro da cidade.
A Hospedaria dos Imigrantes, uma grande casa de formato quadrangular,
localizava-se na beira do Guaíba, em uma baixada que atualmente
corresponde ao terreno do Jockey Club. Em 1899, o Batalhão Bento Gonçalves
da Brigada Militar transformou parte da hospedaria em alojamento para seus
membros, utilizando-se dos campos adjacentes para treinamento hípico.
Assim, o Cristal converteu-se em uma “zona à feição da milícia
estadual” (1), visto que até operações de manobras eram realizadas na
região. A construção, em 1907, de uma Enfermaria da Brigada acabou por
reforçar esta condição.
O nome do bairro, segundo a tradição, deriva da estrutura
cristalina da terra, composta por quartzos transparentes oriundos das
escarpas dos morros que circundam a região. A incidência dos raios solares
fazia com que os fragmentos areníticos brilhassem, ofuscando os olhos dos
navegantes que, do meio do rio, avistavam o local. Deste modo, “foi
tanta gente a afirmar, de longe, que aquilo era cristal, que Cristal ficou
sendo o nome da zona” (2)
A Estrada de Ferro do Riacho, percorrendo um trajeto desde a Ponte de
Pedras - no Largo dos Açorianos - até à Tristeza, tinha uma parada no
Cristal, na frente do alojamento da Brigada. Apesar deste caminho ser
utilizado desde 1900, a efetiva integração do Cristal com outros bairros
deu-se apenas durante a gestão do Prefeito Alberto Bins (1928-1937), cujo
plano viário estabeleceu a ligação entre as avenidas Icaraí e Nonoai,
através da pista de concreto da Rua Campos Velho.
Em 12 de dezembro de 1959, no mesmo local que servira de quartel para a
Brigada Militar e, originalmente, de hospedaria para imigrantes, foi
inaugurado o Hipódromo, com uma área de oitenta hectares na qual
instalou-se a Sociedade Jockey Club do Rio Grande do Sul. O trabalho de
construção durou quase dez anos e exigiu o aterro do Guaíba, que
“compulsoriamente cedeu parte de seu leito”, a fim de materializar-se o
“milagre do Cristal, uma obra por todos admirada” (3).
Com três pavilhões e duas pistas - uma de areia e outra de grama - o novo
Prado valorizou o bairro, contribuindo para seu desenvolvimento.
(1) Sérgio da Costa Franco, Porto Alegre: Guia
Histórico, p. 128.
(2) Folha da Tarde, 12 e 13 de julho de 1980, p. 39.
(3) Germano Petersen Filho, Porto Alegre: História e Urbanização, p. 248-249.
(Luciano Ávila)
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