A origem do bairro Azenha remete à
figura de Francisco Antônio da Silveira, um açoriano que chegou a Porto
Alegre na metade do século XVIII e se instalou na margem esquerda do
arroio Dilúvio, nas proximidades do atual hospital Ernesto Dornelles. A
construção, neste local, por volta de 1760, de uma máquina para moer
trigo — uma azenha — transformou Silveira no “Chico da Azenha” e batizou
a região.
Com seu moinho de roda movido a água, acumulada em uma represa
construída no leito do arroio, Silveira converteu-se no primeiro
plantador de trigo e fabricante de farinha de Porto Alegre. Suas
plantações eram extensas, abrangendo uma área que incluía os altos da
Azenha (zona hoje ocupada pelos cemitérios). Para o cronista Ary Veiga
Sanhudo, “o Chico da Azenha, muito atarefado em moer o trigo que a
freguesia lhe trazia e ainda cuidar da família - 17 filhos - nunca se
deu conta que estava fundando um bairro” (1). No entanto, foi exatamente
isso o que ocorreu.
Tendo em vista o desenvolvimento de suas atividades comerciais, o
açoriano ergueu uma ponte sobre o arroio Dilúvio para viabilizar o
tráfego entre as duas margens. A estrada que se dirigia desta ponte até
o atual centro da cidade ficou então conhecida como o Caminho da Azenha.
Atualmente ela corresponde à Avenida João Pessoa e à Avenida da Azenha.
Nascido em torno do local no qual Silveira se instalou, o bairro acabou
por se desenvolver, com o tempo, em direção à região sul da cidade. O
surgimento de pequenas estâncias e a construção de casas, bem como de
outros moinhos, contribuiu para tanto. O avanço do processo de
urbanização, segundo Sérgio da Costa Franco, pode ser evidenciado a
partir de 1870 quando um abaixo assinado de moradores solicitou ao poder
público a instalação de lampiões nas ruas. Em 1905 iniciou-se o trabalho
de calçamento do antigo Caminho, já chamado de Rua da Azenha.
Com sua avenida principal pontilhada por lojas, a Azenha representa
atualmente um dos mais importantes pólos comerciais da cidade, visitado
diariamente inclusive por moradores de outros bairros. O intenso
movimento espalha-se por bares, farmácias, bancos, lancherias, casas de
vestuário e de calçados, além das tradicionais lojas de autopeças.
(Luciano Ávila)
(1) CORREIO DO POVO, 29/10/78, p. 77.