O Greenpeace, junto com outros representantes da sociedade civil,
solicitou uma audiência pública sobre o programa nuclear brasileiro. A
audiência já foi aprovada, e deve acontecer nos próximos dias. Nela, os
parlamentares das comissões de Minas e Energia, Ciência e Tecnologia e
Meio Ambiente poderão conhecer melhor os perigos ambientais, sociais e
econômicos da indústria nuclear.
Além da faixa sobre a cúpula, os ativistas iriam montar, em frente ao
Congresso Nacional, um placar com os nomes dos 10 componentes do Conselho
Nacional de Política Energética (CNPE) (1). O placar, com pontos de
interrogação ao lados dos nomes dos representantes, seriam preenchidos de
acordo com a posição de cada um sobre o projeto de construção de Angra 3.
Os representantes que fossem a favor do projeto, teriam um símbolo de
perigo nuclear associado a seu nome; já os representantes que fossem
contrários ao projeto, seriam associados a um sinal de ‘mais’ (+),
simbolizando sua escolha pela energia positiva, vinda de fontes
renováveis, limpas e seguras.
O CNPE, que deveria ter se reunido em maio deste ano, é o órgão que
decidirá sobre a construção da usina Angra 3 e sobre o futuro dos milhares
de moradores da região de Angra dos Reis. A data da próxima reunião ainda
não foi divulgada, mas o Greenpeace espera que, num futuro próximo, o CNPE
seja democratizado, a fim de que se torne transparente e para que conte
com a participação de todos os setores da sociedade civil.
“Atualmente, temos três representantes da sociedade civil no CNPE, contra
sete membros do governo. Além disso, esses três representantes não
englobam todas as camadas e todos os setores da sociedade civil
brasileira. Precisamos ouvir os moradores de Angra dos Reis e de todos os
municípios num raio de 100km, o que significaria, inclusive, ouvir
moradores e representantes de municípios de Minas Gerais e de São Paulo”,
apontou Dialetachi (2).
Desde o Fórum Social Mundial 2003, o Greenpeace vem coletando assinaturas
contra Angra 3, que serão entregues ao Presidente Lula ainda no primeiro
semestre. Além disso, o Greenpeace também disponibilizou em seu site uma
ciberação, pedindo que o CNPE vote contra a construção de uma nova usina
nuclear brasileira.
(1) O CNPE é composto pelos ministros de
Minas e Energia (Dilma Roussef), da Ciência e Tecnologia (Roberto Amaral),
do Planejamento (Guido Mantega), da Indústria e Comércio (Luiz Furlan), da
Fazenda (Antônio Palocci), do Meio Ambiente (Marina Silva), além do chefe
da Casa Civil (José Dirceu) e dos representantes das universidades (José
Goldemberg), dos Estados (Mauro Arce) e da sociedade civil (Euclides
Scalco).
(2) No caso de um acidente em Angra dos Reis, os Estados de Minas Gerais e
de São Paulo teriam mais municípios afetados num raio de 100km do que o
próprio Estado do Rio de Janeiro. Vale lembrar que, apesar de estarmos
trabalhando com o exemplo dos 100km, os vestígios radioativos do acidente
da usina nuclear de Chernobil, na Ucrânia, puderam ser verificados num
raio de até 450km de distância.
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