MG - Lama tóxica pode
degradar 3.000 km durante um milênio, diz
biólogo
Rejeitos de barragem são “veneno” para o
meio ambiente e provocam desequilíbrio ecológico
No ano 3.000 o Vale do Rio Doce ainda pode
sofrer os danos provocados pelo rompimento de
uma barragem de rejeitos de minério de ferro que
matou pelo menos sete pessoas e devastou o
distrito de Bento Rodrigues, em
Mariana, na
região central de
Minas. Além dos danos à
população, a lama contaminada deixou um rastro
de destruição ao meio ambiente que dificilmente
será superado.
Todos os animais que
tiverem contato com a lama, morrerá. |
Segundo o biólogo André Ruschi, diretor da
Estação de Biologia Marinha Augusto Ruschi, no
Espírito Santo, os números impressionam: a área
afetada pelos resíduos tóxicos pode chegar a
3.000 km (considerando as margens) e levar mais
de mil anos para se regenerar. Entre os vários
estragos à fauna e flora está a morte de meio
trilhão de seres vivos, estima o especialista.
Ruschi alerta que a onda de lama provocada pela
tragédia pode ser considerada um verdadeiro “veneno”
para o meio ambiente. Recentemente, um laudo
elaborado pelo Igam (Instituto Mineiro de Gestão
das Águas) comprovou a alta concentração de
metais tóxicos como arsênio, chumbo, cromo e
níquel. Para ele, o desequilíbrio atinge várias
frentes do ecossistema.
— A área úmida que existia não existe mais. Mais
de 250 espécies entrariam agora na época de
reprodução com as chuvas, então estavam
colocando ovos. A população de anfíbios é muito
sensível porque absorve pela pele estes metais
pesados e depende dela para respirar. Como o
ambiente vai ficar contaminado por muito tempo,
vai haver descontrole na população de mosquitos.
Este problema está só começando.
Os lençóis freáticos também estão condenados “por
um tempo que não somos capazes de dizer”. Ruschi
explica que a retirada dos resíduos que “cimentaram”
o rio Doce é crucial para o renascimento do
ambiente. O especialista atribui a tragédia à
negligência da Samarco e da Vale, controladora
da empresa.
— Se tirar estes resíduos, esta recuperação pode
levar centenas de anos. A quantidade de espécies
extintas e peixes é muito grande. Todos os poços
em uma grande extensão estarão envenenados. A
Samarco e a Vale são responsáveis por todos
estes problemas e têm a covardia de dizer que
isto foi um acidente.
Lama tóxica sendo despejada no mar, este rio
estará morto pelos próximos mil anos.
“Destruir é mais fácil do que construir”
A presidente da Amda (Associação Mineira de
Defesa do Ambiente), Dalce Ricas, também avalia
que nunca será possível determinar o impacto da
devastação. Ela alega que o processo de
reconstrução é extremamente complexo.
— Destruir é muito mais fácil do que construir.
Até termos um ambiente diversificado em termos
de fauna e flora pode levar décadas. O que tinha
no caminho da lama foi exterminado, não há como
conter toneladas de lama de chegarem ao meio
ambiente: é sentença de morte anunciada.
A chave para evitar que novos desastres como
este aconteçam está no investimento em novas
tecnologias, que eliminam barragens de rejeitos,
e em uma fiscalização adequada, segundo Dalce. “Não
dá mais para ficar minerando com barragens”.
— Já passou o momento de as empresas, que são as
maiores responsáveis, avançarem nas pesquisas
tecnológicas. O poder público precisa criar
meios que incentivem novos métodos e fiscalizem
a atividade da mineração. Os órgãos ambientais
estão sucateados. Como vamos fiscalizar sem
conhecimento? Precisamos de um corpo técnico
capacitado e de um pente-fino em todas as
barragens do Estado.
E para piorar as coisas, a Rede Globo contrata
pessoas desqualificadas no assunto, tentando
aliviar o crime monstruoso causado pela
mineradora, afirmando que em alguns anos tudo
volta ao normal, impossível se a lama não for
retirada, e pior, toda a fauna e flora marinha
também serão eliminadas, diz ambientalista.
(com conteúdo da R7 e Agencias Internacionais)
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