Historia
de Manhuaçu MG
Maygaçu é a primeira nomeação que se faz
da região que posteriormente fica conhecida como sertão do Rio Manhuaçu.
No início do século XIX, o desbravador Domingos Fernandes de Lana,
autorizado pela curadoria dos índios, estabelece com os índios puris o
comércio da ipecacuanha. Impondo-se ao gentio, Lana rompe pela matarana,
desfazendo dificuldades, enfrentando as adversidades, improvisando
passagens, abrindo trilhas que mais tarde se transformariam em caminhos
permanentes para os mais diversos pontos.
Após alguns anos, chegam ao lugar, representando o governo provincial, o
Guarda-Mor Luiz Nunes de Carvalho e o Alferes José Rodrigues de Siqueira
Bueno. Constróem uma fortificação nas margens do Ribeirão de São Luiz, e
organizam os primeiros estabelecimentos agrícolas. Por volta de 1830,
militares ocupam terras da região por estabelecimento de sesmarias ou
apossamento. Surgem conflitos entre povoadores e os habitantes naturais
diante dos excessos cometidos pelos colonizadores. Forma-se então um
aldeamento de índios em terras do Ribeirão São Luiz em 1843.
Por este tempo surge o sertanista Antônio Dutra de Carvalho que se
estabelece nas cercanias da Cachoeira da Mata, primeira propriedade de um
grande latifúndio que se formaria, cujos limites se estendiam por três
léguas de largura em cada margem do Manhuaçu, por nada menos de outras
três léguas de fundos. Em 1846, o sertanista aluga índios junto à
curadoria e abre a primeira estrada da região. Os caminhos de carros se
alongam por toda a região onde cruzam gente indômita em busca de terras e
comércio. A ipeca, extraída pelos índios, é mercadoria disputada. Ativa-se
a criação de suínos e os gêneros de subsistência. Inicia-se o cultivo de
café. A região ganha novo impulso para seu desenvolvimento com a chegada
de colonos suíços, alemães e franceses.
Toscas habitações se erguem por entre três povoados que passam a centros
de convergência para os posseiros dispersos: o arraial de Santa Margarida,
mais antigo, e as povoações de São Lourenço e de São Simão. O Governo
Provincial, diante do progresso da região, cria, em 5 de novembro de 1877
o município do Rio Manhuaçu, destinando como sede o povoado de São Simão.
É o bastante para fazer insurgir um movimento emancipacionista no arraial
de São Lourenço do Manhuaçu, que reivindicava ser a sede. Organizados e
reunidos em torno do Tenente-Coronel Antonio Rafael Martins de Freitas,
veterano da Guerra do Paraguai, a população requer a emancipação como
também introduz melhoramentos na vila, construindo um autêntico programa
de obras públicas. Finalmente as autoridades estaduais se rendem à pressão
e em 13 de janeiro de 1880, promulgam a lei 2.557 transferindo para a Vila
de São Lourenço a sede do município de Manhuaçu. No ano seguinte lhe é
concedido o foro de cidade.
Extraordinária história é contada pelo professor Sylas Agripino Heringer a
respeito de Manhuaçu. Trata-se da famosa revolta de 1896, comandada pelo
Coronel Serafim Tibúrcio da Costa. "Opondo-se à tenaz perseguição de que
era vítima, Serafim Tibúrcio rompe à mão armada o cerco à sua residência,
e mobilizando os seus incontáveis amigos expulsa da cidade todas as
autoridades, dominando-a manu-militair com cerca de oitocentos homens."
Dizem outros que proclamou a República de Manhuaçu, fato registrado na
capital do país por apenas um jornalista: Machado de Assis.
Veja mais fotos na Fonte:www.asminasgerais.com.br/.../
area.htm
Mais Historia
Emancipado em 5 de novembro
1877, Manhuaçu só passou à condição de cidade alguns anos depois. Nesse
período, perdeu uma área territorial que originou mais de 70 municípios da
porção leste do estado de Minas Gerais. O primeiro distrito a se emancipar
foi Caratinga, em 1890, e os últimos, Reduto e Luisburgo, em 1995. Hoje o
município tem 622 km² e continua sendo o maior da micro-região, além de
ser pólo-econômico ,de prestação de serviços e oferecer a melhor
infra-estrutura hoteleira para turismo da região Vertente do Caparaó.
Atualmente, além da sede, os distritos são: Dom Corrêa, São Sebastião do
Sacramento, Vila Nova, Realeza, Ponte do Silva, São Pedro do Avaí,
Palmeiras do Manhuaçu e Santo Amaro de Minas, com as vilas de
Palmeirinhas, Bom Jesus de Realeza.
O nome do município é originado da palavra indígena mayguaçu, que
significa rio grande, numa designação dos índios, os primeiros habitantes,
ao rio local.
A ocupação e o povoamento da Zona da Mata, onde está Manhuaçu, tem muita
relação com os povos indígenas, mas o desenvolvimento do café, sua
principal riqueza, aconteceu com grande destaque durante o Ciclo do Ouro,
no Brasil Colônia. Enquanto as regiões de Ouro Preto, São João Del Rei,
Mariana e Congonhas se baseavam na extração mineral, a Zona da Mata se
dedicava aos produtos agrícolas, justamente para suprir a demanda dos
mineradores.
Os primeiros grupos de sertanistas que chegaram às partes dos rios Pomba,
Muriaé e Manhuaçu tinham como objetivo a captura dos índios para
trabalharem como escravos nas fazendas da Capitania do Rio de Janeiro,
além de buscas de riquezas minerais e medicinais (como a planta chamada
poaia ou ipecacuanha) e, posteriormente, com a intenção de criar fazendas
férteis na região.
No início do século XIX, o comércio de poaia se estabeleceu em Manhuaçu,
através de Domingos Fernandes Lana que, junto com os índios, abriu
caminhos para diferentes locais da área recebendo o título de desbravador
do Manhuaçu.
Alguns anos mais tarde, o Guarda-Mór Luís Nunes de Carvalho e o Alferes
José Rodrigues da Siqueira Bueno, vindos de Ponte Nova e Abre Campo
(Manhuaçu pertenceu a Ponte Nova até 1877), implantaram as primeiras
unidades de exploração agrícola, usando da mão de obra indígena.
O declínio do ciclo do Ouro intensificou o processo de ocupação da Zona da
Mata. Em 1830, a pecuária começou a desdobrar-se para o interior do estado
e o café foi expandindo-se. Manhuaçu foi influenciado e, já nesse período,
adotou o produto como sua principal cultura. A população deixou a região
aurífera e foi para as lavouras de café. Entre 1822 e 1880, a região viu
seu número de habitantes saltar de 20 para 430 mil pessoas.
O café já se tornara, em 1830, o principal produto de exportação de Minas
Gerais, sendo a Zona da Mata a maior produtora. Começou pela fronteira com
o Rio de Janeiro e depois foi se interiorizando em Minas Gerais:
Na área que hoje corresponde a Manhuaçu, e como forma de pacificar os
indígenas que lutavam bravamente contra os invasores brancos, em 1843 foi
fundado um aldeamento pelo curador Nicácio Brum da Silveira, no local que
hoje é o bairro Ponte da Aldeia.
Diversas fazendas foram surgindo, aumentando desta maneira o número de
povoadores, que começaram a trazer suas famílias, criando gado bovino e
suíno e iniciando o plantio de café. Em 1846, autorizado pelo curador do
município, Antônio Dutra de Carvalho alugou alguns índios para a abertura
da primeira estrada.
Três foram os fatores decisivos para a rápida expansão cafeeira: a fácil
obtenção de terras adequadas ao cultivo; a abundância de escravos,
dispensados da mineração; e os altos preços do café no mercado externo.
Contudo, o transporte era um grande obstáculo e aumentava os custos do
café. A solução do problema veio em pouco tempo. As estradas de ferro
Leopoldina Railway e Dom Pedro II alcançaram os centros comerciais da
região e a produção começou a ser escoada mais rápida e facilmente.
O café criou uma enorme dependência, inclusive uma ligação maior com o Rio
de Janeiro, já que era o caminho da exportação, mas foi ele também que
impulsionou o crescimento urbano na segunda metade do século XIX. Nesse
período foram elevados a município: Mar de Espanha (1851), Juiz de Fora e
Ubá (1853), Leopoldina (1854), Muriaé (1855), Cataguases (1875), Manhuaçu
(1877) e Carangola (1878).
Conforme o Diagnóstico Municipal de Manhuaçu (Serviço de Apoio às Micro e
Pequenas Empresas de Minas Gerais – Sebrae, 1996:14): “A parte que
corresponde a Manhuaçu, entre 1860 e 1874, também foi influenciada com a
chegada de imigrantes alemães, suíços e franceses, vindos da Colônia de
Nova Friburgo (RJ) e do Vale do Canaã (ES)”. Na mesma época, havia três
povoados, que nucleavam a população residente nas fazendas do atual
Manhuaçu: Santa Margarida, São Simão e São Lourenço. Foi neste último que
surgiram, em 1872, as primeiras manifestações em prol da emancipação
político-administrativa. A freguesia de Manhuaçu foi criada em 1875 e
instituída em 1878, enquanto o município foi criado em 5 de novembro de
1877. Sua sede inicialmente foi em São Simão (hoje Simonésia) e
transferida para a Vila de São Lourenço em 1881.
Em 1905, a produção cafeeira da Zona da Mata era significativa, sendo
Muriaé o maior produtor, com 1,5 milhão de arrobas. Contudo o Rio de
Janeiro ainda era o maior produtor nacional, até que a hegemonia
fluminense entrou em decadência e foi superada por São Paulo, que antes
estava atrás de Minas Gerais. Entre os anos de 1880 e 1930, o café ganhou
força na região mineira, foi nesse período em que se desenvolveu a
produção de Manhuaçu:
No entanto, em 1896, a disputa pelo poder local entre dois coronéis,
Serafim Tibúrcio da Costa e Frederico Antônio Dolabela, teria provocado
conseqüências negativas na economia.
Após perder as eleições de modo considerado fraudulento, o Coronel Serafim
Tibúrcio pegou em armas, proclamando a República de Manhuaçu, inclusive
emitindo títulos de crédito em nome da Fábrica de Pilação de Café e
nomeando autoridades. A polícia estadual não conseguiu superar o coronel
Tibúrcio e seus homens. Com o apoio das forças federais, o levante foi
derrubado e os revoltosos fugiram pelo vale do Manhuaçu até o estado do
Espírito Santo.
Apesar das disputas políticas e dificuldades, no final do século XIX e
início do XX, a população de Manhuaçu já dispunha do jornal O Manhuaçu
(criado em 1890), da Estrada de Ferro Leopoldina (1915), da Companhia
Força e Luz de Manhuaçu (1918) e do Banco Hipotecário e Agrícola de Minas
Gerais (1920). Ainda hoje, vários casarões dessa fase estão de pé e
abrigam famílias, empresas e entidades, no trecho antigo da cidade.
Durante o último século famílias italianas e das comunidades árabes se
mudaram para Manhuaçu, ampliando a diversidade iniciada com a vinda
suíços, franceses e alemães.
|