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  PROCESSO DE FABRICAÇÃO DE PAPÉL  
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O processo de fabricação de papel reciclado e as ações associadas aos custos ambientais em indústria de Santa Catarina Alessandra Vasconcelos Gallon Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Regional de Blumenau Rua Antônio da Veiga, B.Victor Konder, 140, 89012-900, Blumenau-SC  alegallon@sodisa.com.br Franciane Luiza Salamoni Mestre em Ciências Contábeis pela Universidade Regional de Blumenau Rua Antônio da Veiga, B.Victor Konder, 140, 89012-900, Blumenau-SC  fransalamoni@gegnet.com.br Ilse Maria Beuren Doutora em Controladoria e Contabilidade pela FEA/USP  Rua Antônio da Veiga, B.Victor Konder, 140, 89012-900, Blumenau-SC.

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A crescente preocupação com a preservação ambiental requer a eliminação e/ou redução dos efeitos
negativos do processo de produção industrial. Nesta perspectiva, o artigo objetiva descrever o processo de fabricação de papel reciclado e identificar ações executadas pela empresa associadas aos custos ambientais.

 

Para tanto, fez-se uma pesquisa exploratória, por meio de um estudo de caso em indústria catarinense, com abordagem qualitativa dos dados. Como resultado da pesquisa tem-se que o processo de fabricação inicia com a adição das matérias-primas, passa pela desagregação e refinação da massa, segue para a suspensão fibrosa e finaliza com a secagem e rebobinamento do papel para avaliação de sua qualidade.

 

O tratamento dado aos resíduos pela indústria de reciclagem contribui para a preservação ambiental, uma vez que quase sua totalidade retorna ao processo fabril de papel sob forma de matéria- prima. Conclui-se que a sua ação pró-ativa à gestão de custos ambientais é promitente em termos de prevenção de danos ambientais e conseqüentemente em redução de custos. Palavras-chave: Tratamento dos resíduos. Papel reciclado. Custos ambientais.


O processo de fabricação de papel reciclado e as ações associadas aos custos ambientais em indústria de Santa Catarina. Alessandra Vasconcelos Gallon, Franciane Luiza Salamoni, Ilse Maria Beuren ABCustos Associação Brasileira de Custos - Vol. III n° 1:45-67 - jan/abr 2008
 


1 Introdução


Embora importantes movimentos de regulamentação de políticas ambientais já tenham ocorrido na década de 1930, somente por volta do final da década de 1960 aumentou a preocupação com o meio ambiente. É importante observar que o ambientalismo não possui uma data de nascimento determinada, mas tentar encontrar suas raízes consiste principalmente na necessidade de se ter explicações para sua crescente importância (Duarte, 1997).
 

Deflagrados os limites do sistema ecológico, a sociedade, governos e empresários começaram a demonstrar sua preocupação com os limites do meio ambiente, com a capacidade de continuar reagindo aos crescentes níveis de impurezas que lhe são acrescidos diariamente (Ribeiro, 1992).
 

Nesta perspectiva e diante da crescente disseminação das informações propiciadas pelas novas tecnologias de comunicação, as indústrias estão sendo forçadas a tomar posições diferenciadas com relação às estratégias de mercado nas últimas décadas. Algumas preocupações com os aspectos sociais nas indústrias podem ser salientadas, especialmente com relação às questões ambientais.


Gobbi e Brito (2005) destacam que os debates em torno da questão ambiental ganharam expressa legitimidade social a ponto de se tornar objeto de reflexão das organizações, que passaram a repensar suas práticas de produção e a formular políticas de gestão ambiental.
 

A parceria construída entre indústria e fornecedores desenvolve-se em função das exigências de novas tecnologias que atendam ao aumento na escala de produção, ao comprometimento com a preservação ao meio ambiente, à economia de energia e insumos e à redução dos custos, de acordo com a Associação Brasileira Técnica de Celulose e Papel – ABTCP (2004).


Entretanto, ao que tudo indica a eliminação dos resíduos provenientes do papel e celulose pode não estar tendo o destino adequado para a preservação do meio ambiente. Diante disso surgem algumas indagações incentivadoras da pesquisa: Como se dá o processo de fabricação de papel reciclado? O tratamento dado aos resíduos nas indústrias de papel reciclado focaliza a preservação do meio ambiente? Quais ações associadas aos custos ambientais são executadas nas empresas?


O processo de fabricação de papel reciclado e as ações associadas aos custos ambientais em indústria de Santa Catarina.
Alessandra Vasconcelos Gallon, Franciane Luiza Salamoni, Ilse Maria Beuren
ABCustos Associação Brasileira de Custos - Vol. III n° 1:45-67 - jan/abr 2008

Visando responder a essas questões, o artigo descreve o processo de fabricação de papel reciclado e identifica as ações associadas aos custos ambientais executadas por uma determinada empresa.
 

A relevância da pesquisa evidencia-se na medida em que se verifica uma crescente preocupação com a preservação ambiental no mundo, principalmente no que se refere ao descontrole dos desmatamentos e à poluição do meio ambiente. Também se observa esforços de organizações para minimizar os efeitos da devastação de recursos, sejam eles recuperáveis ou não. O trabalho inicia após essa introdução, com uma breve abordagem sobre o surgimento e importância do papel, seguida de um apanhado teórico sobre reciclagem e meio ambiente, e gestão de custos ambientais.

 

Na sequencia é evidenciado o método e os procedimentos adotados na pesquisa. Em seguida faz-se a descrição e análise dos dados coletados na empresa objeto de estudo. Por último são apresentadas as conclusões da pesquisa, seguidas das referências.


2 Produção e consumo de papel


A invenção da escrita é considerada o fator motivador e modificador das lentas, mas constantes, evoluções e alterações pelas quais passaram diversas bases (pedra, cerâmica, madeira, ossos, fios de tecidos, couro curtido e os metais e suas ligas, como o bronze), até se chegar ao papel. Foi o papiro que deu origem à palavra papel, do latim papyrus (ABTCP, 2004).
 

De acordo com dados da ABTCP (2004), em 2002, a extração brasileira de celulose foi de 8 milhões de toneladas, o que significou um crescimento de 7,9% em relação ao índice observado em 2001. Por sua vez o consumo de papel cresceu 1,2% se comparado com o exercício anterior, chegando a um total de 6,8 milhões de toneladas, o equivalente a 38 quilos anuais per capita.  Conforme a ABTCP (2004), seja qual for o tipo de papel fabricado, a matéria-prima básica é a celulose, virgem ou de papel reciclado, que pode ser dividida em dois grupos: a de fibra longa (obtida de espécies como o pínus e a araucária), indicada para papéis de embalagem; e a de fibra curta (derivada de eucalipto, acácia, gmelina, bétula, entre outros), utilizada principalmente na fabricação de papéis para imprimir e escrever e para fins sanitários.
 

A Associação Brasileira de Celulose e Papel (BRACELPA, 1998) ressalta que entre os papéis consumidos, o maior destaque é para as caixas de papelão ondulado, pois funcionam como embalagem de transporte para a quase totalidade das mercadorias comercializadas em supermercados, lojas de departamento (magazines) e estabelecimentos fabris.

 

Também são o processo de fabricação de papel reciclado e as ações associadas aos custos ambientais em indústria de Santa Catarina. Alessandra Vasconcelos Gallon, Franciane Luiza Salamoni, Ilse Maria Beuren
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gerados resíduos de caixas de papelão ondulado nas residências, especialmente as que servem de embalagem de acondicionamento de eletrodomésticos. Em 1997, segundo dados daquela associação, 61,6% dos papéis recuperados no Brasil são de “papel ondulado”.  De acordo com o World Business Council for Sustainable Development – WBCSD (1996), a produção de papel consome enorme quantidade de energia e água.

 

Destaca-se que em 1992 a indústria papeleira americana foi a terceira maior consumidora de energia, ficando atrás apenas da indústria do petróleo e do setor químico. A água é um ingrediente essencial na fabricação de papel como parte integrante da massa (polpa) e utilização na remoção de impurezas da celulose mediante lavagens repetidas, sendo que a emissão de efluentes na água é um dos impactos ambientais mais significantes causados pela fabricação de papel e celulose (WBCSD, 1996).


Entretanto, destaca-se que novas tecnologias tornaram possível o maior fechamento do ciclo de água, o que reduziu a geração de efluentes. A indústria de papel e celulose tem investido sobremaneira em tecnologia de reutilização (ABTCP, 2004). De acordo com a Divisão de Tecnologia Industrial do Departamento de Assistência à Média e Pequena Indústria (DETEC), a indústria de papel e celulose caracteriza-se como moderada geradora de resíduos sólidos de baixo poder impactante e elevada potencialidade de utilização.

 

No entanto, Nossa e Carvalho (2003) citam dois estudos que consideram esse setor altamente poluidor. Destacam que Cormier e Magnan (1997) apontam o setor de papel e celulose como um dos setores que mais polui. Reforçam esse posicionamento com Forgach (2001), que apresenta razões para que a indústria de papel e celulose seja assim considerada: a) é dependente de 100% de fibras florestais naturais e recicladas; b) exige uso intensivo de energia; c) emite no ar, água e terra ampla gama de poluentes tóxicos e convencionais; d) é grande produtora de resíduo sólido.


Em relação ao primeiro item apontado por Forgach (2001 in Nossa e Carvalho, 2003), a indústria de papel reciclado tem menor impacto na extração de fibras florestais naturais porque utiliza material reciclado. Os demais itens citados também são inerentes ao seu processo produtivo. Portanto são contingências que precisam ser monitoradas por essas indústrias em relação ao meio ambiente.


3 Reciclagem e meio ambiente


A conscientização sobre os problemas que afetam o meio ambiente age como fator preponderante para compatibilizar a expansão dos meios de produção de acordo com condições ambientais ideais. A responsabilidade social da empresa deveria voltar-se para a eliminação e/ou redução dos efeitos negativos do processo de produção e preservação dos recursos naturais, principalmente os não renováveis, através da adoção de tecnologias eficientes, concomitantemente ao atendimento dos aspectos econômicos (Ribeiro, 1992).  O aumento da conscientização ambiental tem levado a uma maior demanda por papéis reciclados e a pressionar para que o papel seja reciclado após sua utilização pelo público (resíduo após o consumo), ao invés de simplesmente jogá-lo nos aterros (WBCSD, 1996).
 

Rossato e Ribeiro (2004, p. 62) destacam que “têm aumentado, consideravelmente, nos últimos anos, as discussões sobre qual a melhor forma para que as empresas conciliem seus processos produtivos com questões ambientais”. Segundo Andrade et al. (2002), os gastos com proteção ambiental começam a ser vistos pelas empresas líderes, não primordialmente como custos, mas como investimentos no futuro e, paradoxalmente, como vantagem competitiva. Para Hunt e Auster (1990) e Hart (1995), melhores performances ambientais e econômicas podem coexistir por meio da incorporação de um novo modelo de organização e de uma cultura empresarial baseada na ecoeficiência, o que conduzirá a um desenvolvimento sustentável.
 

Ribeiro (1992) comenta que a incorporação do conceito de “desenvolvimento sustentável” pelo meio empresarial pode, se não reverter, ao menos amenizar a degradação do meio ambiente. Na perspectiva do desenvolvimento sustentável, a redução de agressões ambientais passa a ser considerada como meio de eliminação de custos e conseqüente melhoria do fluxo de rendimentos para a empresa.
 

Nesse sentido, mesmo não se tratando de uma novidade no processo de fabricação do papel, pois há séculos os materiais utilizados (aparas) têm sido reaproveitados na fabricação de novos produtos, a reciclagem é um importante aspecto da filosofia preservacionista, que resulta em benefícios tanto para as empresas como para a coletividade (ABTCP, 2004).


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A reciclagem de papel no Brasil tem seu fundamento em questões de natureza essencialmente econômicas. Todavia esta vem apresentando um destaque crescente, na medida em que contribui para a preservação e conservação do meio ambiente e para a solução da questão da destinação dos lixos urbanos (BRACELPA, 1998). Quanto à importância da utilização da reciclagem na indústria de papel e celulose como forma de minimizar os impactos ao meio ambiente, Bellia (1996) relata que a reciclagem de papel leva a uma redução de energia para a produção de papel e celulose da ordem de 23% a 74%, redução na poluição do ar de 74%, redução na poluição da água em torno de 35% e redução de 58% no uso de água.
 

Robles Jr. (2003, p. 139) destaca que “a solução dos problemas ambientais é consequência da existência de um sistema de gestão ambiental bem administrado, para identificação clara dos problemas e suas causas”. Nesta perspectiva, torna-se imprescindível que a empresa desfrute de adequada gestão de custos ambientais. 4 Gestão de custos ambientais Campos (1996) salienta que o termo custo ambiental é de difícil conceituação, não apresentando definição clara e objetiva, e que a maior dificuldade ao se trabalhar com custos ambientais é o fato de estes serem, em sua maioria, custos intangíveis. Robles Jr. (2003, p. 141) define custos intangíveis como “aqueles com alto grau de dificuldade para serem quantificados, embora se perceba claramente a sua existência.

 

Normalmente não podem ser diretamente associados ao produto ou processo”. No que diz respeito aos gastos ambientais, Ribeiro e Rocha (1999, p. 2) relatam que “são todos aqueles relacionados, direta ou indiretamente, ao processo de gerenciamento ambiental, processo este que compreende todas as atividades inerentes ao controle, preservação e proteção ao meio ecológico, além de recuperação de áreas contaminadas”. Ferreira et al. (2007, p. 28) advertem que “uma empresa que polui dentro dos limites legais estabelecidos não deixa de ter um passivo em relação ao meio ambiente, pois haverá a necessidade de restaurar ou remediar o meio ambiente, ou seja, poderá haver uma obrigação pecuniária”. Esta obrigação, seja ela de reputação social ou exigência legal, implica em um custo ambiental para a empresa. Nos custos ambientais devem ser computadas todas as medidas tomadas pelos gestores da entidade com a finalidade de evitar, reduzir ou reparar efeitos ambientais negativos. Devem considerar-se essas medidas, sejam elas necessárias ao cumprimento de determinação legal;


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Alessandra Vasconcelos Gallon, Franciane Luiza Salamoni, Ilse Maria Beuren ABCustos Associação Brasileira de Custos - Vol. III n° 1:45-67 - jan/abr 2008 ou decorrentes de medidas voluntárias da entidade, para responder às exigências de clientes, ou melhorar a imagem da entidade (Eurostat in Silva, 2007). Segundo Hansen e Mowen (2001, p. 567), sob o ponto de vista empresarial, os custos ambientais, também conhecidos como custos de qualidade ambiental, “são custos incorridos porque existe uma má qualidade ambiental ou porque pode existir uma má qualidade ambiental”.
 

Em função das mudanças na relação entre empresas e o meio ambiente, observa-se a importância da identificação dos custos ambientais pelas empresas para a consecução de informações consistentes relativas ao quanto se vem perdendo ou deixando de ganhar com processos e atividades que degradam o meio ambiente. De acordo com a Federação e Centro das Indústrias do Estado de São Paulo - FIESP (2004), a melhoria na relação da empresa com o meio ambiente é capaz de otimizar a produtividade dos recursos utilizados, implicando em benefícios diretos para a empresa, o processo industrial e o produto, como mostra o Quadro 1.


Benefícios para a empresa
Benefícios para o processo
produtivo
Benefícios para o produto
• melhoria da imagem da
empresa;
• manutenção dos atuais e
conquista de novos nichos de
mercado;
• redução do risco de desastres
ambientais;
• adição do valor com a
eliminação ou minimização
dos resíduos;
• menor incidência de custos
com multas e processos
judiciais; e
• maior diálogo com os órgãos
de controle e fiscalização.
• economias de matéria-prima e
insumos,
resultantes
do
processamento mais eficiente e
da sua substituição, reutilização
e reciclagem;
• aumento dos rendimentos do
processo produtivo;
• redução das paralisações, por
meio de maior cuidado na
monitoração e manutenção;
• melhor
utilização
dos
subprodutos;
• conversão dos desperdícios em
forma de valor;
• menor consumo de água e
energia durante o processo;
• economia, em razão de um
ambiente de trabalho mais
seguro; e
• eliminação ou redução do custo
de atividades envolvidas nas
descargas ou no manuseio,
transporte e descarte de
resíduos.
• mais
qualidade
e
uniformidade;
• redução dos custos (por
exemplo, com a substituição
de materiais);
• redução nos custos de
embalagens;
• utilização mais eficiente dos
recursos;
• aumento da segurança;
• redução do custo líquido do
descarte pelo cliente; e
• maior valor de revenda e de
sucata do produto.


Quadro 1 – Benefícios causados pela melhoria na relação entre a empresa e o meio ambiente Fonte: Cartilha de indicadores de desempenho ambiental na indústria – FIESP (2004, p. 13).


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Depreende-se que a melhoria na relação entre a empresa e o meio ambiente traz diversos benefícios para ambos com a gestão do desperdício, o controle da poluição, gestão da água e da energia, obediência às leis, entre outros.
 

As informações dos custos ambientais relacionados aos processos servem como indicativo no sentido de propor melhorias para diminuir ou até mesmo eliminar tais custos, gerando vantagem para a empresa. Quanto ao meio ambiente, com a identificação dos custos ambientais, poder-se-ia propor melhorias nos processos que resultem na diminuição do dano causado ao meio ambiente, beneficiando o meio ambiente (Campos, 1996). Para Moura (2000, p. 49-50 in Robles Jr, 2003, p. 139), “os custos da qualidade ambiental podem ser considerados de dois tipos: custos de controle e custos resultantes da falta de controle sobre os processos industriais e gerenciais”. A Figura 1 demonstra a identificação dos custos ambientais de acordo com a classificação do autor.
 

Figura 1- Identificação dos custos ambientais


Fonte: Robles Júnior (2003, p. 140).
 

Os custos ambientais, dessa forma, estão associados com a criação, detecção, correção e prevenção da degradação ambiental. Os custos de controle podem ser classificados em custos de prevenção e custos de avaliação ou de detecção; e os custos da falta de controle, classificados em custos de falhas internas e de falhas externas.


Graedel e Allenby (1996, p. 318) conceituam os custos de prevenção ambiental como “o uso de materiais, processos, ou práticas que reduzam ou eliminem a quantidade ou toxidade de resíduos na fonte de geração através de atividades que promovam, encorajam ou exijam Custos de controle
Custos da falta  de controle
Custos de prevenção
Custos de avaliação
Custos de falhas internas
Custos de falhas externas


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Com relação à viabilidade da ênfase nos custos ambientais de prevenção em detrimento dos custos ambientais da falta de controle, Hansen e Mowen (2001, p. 564-565) defendem que “uma abordagem pró-ativa é mais promissora em termos de prevenção de danos ambientais e, simultaneamente, em redução de custos”. Complementam mencionando que “reguladores e empresas estão começando a perceber que pode ser menos oneroso prevenir a poluição do que remediá-la”.


São exemplos de atividades de prevenção ambiental, segundo Hansen e Mowen (2001): avaliação e seleção de fornecedores, avaliação e seleção de equipamentos de controle da poluição, projeção de processos e produtos para reduzir ou eliminar os contaminadores, treinamento de empregados, estudo dos impactos ambientais, auditoria dos riscos ambientais, execução de pesquisas ambientais, desenvolvimento de sistemas de gestão ambiental, reciclagem de produtos e obtenção do certificado ISO 14001.
 

No que tange aos custos de avaliação ou detecção ambiental, Robles Jr. (2003, p. 140) afirma que “são custos despendidos para manter os níveis de qualidade ambiental da empresa, por meio de trabalhos de laboratórios e avaliações formais do sistema de gestão ambiental ou sistema gerencial, que se ocupem de garantir um bom desempenho ambiental da empresa”. Estes custos são incorridos ao verificar se os processos e produtos da empresa estão cumprindo as normas ambientais apropriadas. Hansen e Mowen (2001) exemplificam as seguintes atividades como de avaliação e detecção ambiental: auditorias ambientais, inspeção de produtos e processos (para averiguar a conformidade ambiental), o desenvolvimento de medidas de desempenho ambiental, a execução de testes de contaminação, a verificação do desempenho ambiental de fornecedores e a medição de níveis de contaminação.
 

Com relação aos custos da falta de controle, estes podem ser de falhas ambientais internas (custos incorridos pelo não-atendimento de normas, padrões, procedimentos operacionais explícitos de gestão ambiental e correções de não-conformidades) e de falhas ambientais externas (custos da qualidade ambiental insatisfatória e não-conformidades fora dos limites da empresa, resultantes de uma gestão ambiental inadequada) (Robles Jr., 2003).


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São exemplos de atividades de falhas internas, segundo Hansen e Mowen (2001): operação de equipamento para minimizar ou eliminar poluição, tratamento e descarte de materiais tóxicos, manutenção de equipamento para poluição, licenciamento de instalações para a produção de contaminantes, retrabalhos em processos causados por não-conformidade ambiental e reciclagem de sucata.

 

De acordo com Hansen e Mowen (2001), os custos de falhas ambientais externas podem ser classificados em: custos realizados de falhas externas (custos incorridos e pagos pela empresa) e custos não-realizados de falhas externas (custos sociais causados pela empresa, mas incorridos e pagos por parte fora da empresa).  São exemplos de atividades realizadas de falhas externas, segundo Hansen e Mowen (2001): limpeza de um rio ou lago poluído, limpeza de solo contaminado, uso ineficiente de materiais e energia, indenização por acidentes pessoais provenientes de más práticas ambientais, restauração da terra ao estado natural e perda de vendas causada por uma má reputação ambiental.
 

Os exemplos de custos sociais, segundo os autores, incluem: receber cuidados médicos por causa do ar poluído, perder empregos por causa de contaminação, perder um rio ou lago de uso recreativo por causa da contaminação e danificar ecossistemas devido ao descarte de resíduos sólidos. Diante do exposto, observa-se que a utilização pelas empresas de medidas eficazes para a qualidade ambiental, identificando e buscando reduzir ou eliminar os custos ambientais (de controle, correção e falhas existentes) e priorizando os custos de prevenção ambiental, minimiza a ocorrência das falhas relacionadas ao processo produtivo e ao meio ambiente.

 

5 Método e procedimentos da pesquisa o método empregado na presente pesquisa é de natureza exploratória, a qual foi realizada por meio de um estudo de caso, com abordagem qualitativa dos dados. Para Cervo e Bervian (1996), a pesquisa exploratória é responsável por observar, registrar, analisar e correlacionar os fatos ou fenômenos sem manipulá-los.  O estudo de caso foi realizado em uma indústria de papel e celulose estabelecida no Estado de Santa Catarina, cuja denominação social declina-se revelar por motivos de sigilo das o processo de fabricação de papel reciclado e as ações associadas aos custos ambientais em indústria de Santa Catarina. Alessandra Vasconcelos Gallon, Franciane Luiza Salamoni, Ilse Maria Beuren ABCustos Associação Brasileira de Custos - Vol. III n° 1:45-67 - jan/abr 2008 estratégias da organização. O estudo de caso permite uma investigação para se preservar as características holísticas e significativas dos eventos da vida real (Yin, 2003).
 

Quanto aos procedimentos de coleta de dados, realizada em abril de 2006, optou-se por adotar, inicialmente, entrevista semi-estruturada com o gerente de produção da empresa e duas pessoas encarregadas dos aspectos relacionados ao meio ambiente na empresa. Segundo Triviños (1987), a entrevista semi-estruturada é a que parte de certos questionamentos básicos, apoiados no referencial teórico e hipóteses, que provocam novos questionamentos no transcorrer da entrevista e influenciam a elaboração do conteúdo da pesquisa.


Para melhor compreensão do processo de produção da indústria utilizou-se também a técnica de observação. Sobre o método observacional, Fachin (2001) adverte que o observador deve reunir certas condições, entre as quais: dispor dos órgãos sensoriais em perfeito estado, de um bom preparo intelectual, aliado à sagacidade, curiosidade, persistência, perseverança, paciência e um grau elevado de humildade. Quanto aos procedimentos sistemáticos para a descrição e explicação dos fenômenos, o estudo desenvolveu-se num ambiente que preconizou a abordagem qualitativa. O método qualitativo, conforme Richardson (1999), se caracteriza pelo não emprego de instrumental estatístico como base no processo de análise de um problema. Para os dados coletados nas entrevistas foi adotada a análise de conteúdo ou content analysis (Bardin, 2006).


Embora tenha sido adotado o rigor científico necessário em pesquisa dessa natureza, ressalta-se o fato do estudo se circunscrever a um único objeto ou fenômeno. Esta estratégia de pesquisa se constitui em uma limitação, uma vez que seus resultados não podem ser generalizáveis a outros objetos ou fenômenos, dado as particularidades do sujeito da pesquisa. 6 Descrição do processo de fabricação do papel reciclado e ações associadas aos custos ambientais da empresa pesquisada para a compreensão da fabricação do papel reciclado realizou-se um estudo das operações em indústria de papel e celulose. Intenta-se mostrar os passos da fabricação.


O processo de fabricação de papel reciclado e as ações associadas aos custos ambientais em indústria de Santa Catarina. Alessandra Vasconcelos Gallon, Franciane Luiza Salamoni, Ilse Maria Beuren ABCustos Associação Brasileira de Custos - Vol. III n° 1:45-67 - jan/abr 2008 do papel reciclado, desde a desagregação do papel velho e transformação da massa até a transformação da folha de papel, com a passagem nos secadores da máquina de papel. Focaliza-se, também, o tratamento dado pela empresa aos resíduos.

 

Por fim, apresentam-se as ações associadas aos custos ambientais executadas pela empresa. 6.1 Apresentação da empresa A indústria de papel e celulose objeto de estudo teve sua constituição na década de 1960, motivada pela preocupação com os elevados volumes de resíduos da atividade madeireira. Em 1977 iniciou os planos para a produção de papelão ondulado para embalagens e em 1978 deu início ao processo de fabricação do papelão ondulado reciclado na empresa.
 

Depreende-se o que já foi destacado na fundamentação teórica do estudo, de que a preocupação com a reciclagem de papel tem seu fundamento em questões de natureza essencialmente econômicas nas empresas, embora haja destaque crescente, atualmente, para a contribuição da preservação e conservação do meio ambiente (BRACELPA, 1998).
 

A empresa em foco tem como objeto social a transformação de resíduos da indústria da madeira e papel reciclado em papel ondulado (para embalagem de transporte). Sua produção abastece o grupo empresarial ao qual pertence e o restante da produção é consumido no mercado interno. Possui 160 empregados, apenas na fabricação do papel reciclado, pois o grupo empresarial, em todas as suas outras atividades relacionadas à indústria madeireira, gera em torno de 1.700 empregos e fatura anualmente um milhão de reais.
 

Para a compreensão do processo de fabricação do papel reciclado são apresentados três fluxos de operações. No primeiro fluxo são demonstradas as operações de fabricação desde a desagregação do papel velho até a transformação da massa. No segundo fluxo demonstra-se a transformação dos resíduos da indústria da madeira e papel reciclado em massa e hidratação das fibras. No terceiro fluxo mostra-se a transformação do papel ondulado reciclado.

O processo de fabricação de papel reciclado e as ações associadas aos custos ambientais em indústria
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Figura 3 - Transformação da massa e hidratação das fibras
Fonte: dados da pesquisa.


Nesta fase, a depuração da massa segue para os engrossadores onde é extraída a água, e aconsistência da suspensão fibrosa fica em torno de 5% para posterior estocagem nas torres de massa. A massa é extraída das torres de massa e sofre adição de água para baixar a consistência, seguindo para os tanques, onde é extraída por meio de bombas para os
equipamentos de refinação. Nos refinadores, a fibra sofre atrito de discos rotativos com lâminas de aço onde é hidratada. Na Figura 4 apresenta-se a etapa final do processo de fabricação do papel ondulado reciclado.


Figura 4 - Transformação do papel ondulado reciclado


Na última fase do processo de fabricação do papel ondulado reciclado, após a refinação, a suspensão fibrosa segue para os tanques de estocagem da máquina de papel. A máquina de papel é composta das seguintes partes:


Água
Engrossadores
Tanques
Refinadores
Torre de
massas
Refinadores
Tanques de
massas de
papel
Máquina
do
Papel
Caixa de
Entrada
Mesa
Plana
Prensas
Secadores
Enroladeira
Rebobinamento
Expedição


O processo de fabricação de papel reciclado e as ações associadas aos custos ambientais em indústria
de Santa Catarina.


O custo ambiental na fabricação do papél consome enorme quantidade de energia e água, além da devastação das florestas, o papél precisa se subsitituido ou abolido com urgencia, prefeituras,  justiça e Cartórios gastam quantidades sem precedentes de papél.





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