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Hist�ria de Euclides da Cunha BA

 

Os primeiros habitantes foram os �ndios caimb�s, que se instalaram inicialmente na aldeia de Massacar�, transferindo-se posteriormente para outro sitio que mais tarde receberia a denomina��o de Fazenda Caimb�. Colonos vindos dos munic�pios vizinhos de Monte Santo e Canudos que aqui se fixaram com suas fam�lias, dedicaram-se a lavoura e a cria��o de gado. Os padres Jesu�tas, em miss�o de catequese pelo sert�o constru�ram no local da atual vila de Massacar� uma capela e um convento. A localidade continuou evoluindo at� a emancipa��o em 19 de setembro de 1933. O ep�nimo do Munic�pio � o escritor, jornalista e engenheiro militar EUCLIDES RODRIGUES PIMENTA DA CUNHA, consagrado como estudioso dos problemas do Nordeste Brasileiro atrav�s de OS SERT�ES (1902), um dos maiores �picos da literatura brasileira e latino �americana. Uma obra contundente, que destru�a o sonho brasileiro da rep�blica e da civiliza��o branca europeizada. O livro "Os Sert�es" nasceu de reportagens sobre a Guerra de Canudos para o jornal "O Estado de S�o Paulo"realizadas por. Euclides da Cunha em 1897, como enviado de guerra.. Euclides da Cunha nasceu em 20 de janeiro de 1866, na fazenda Saudade, no munic�pio de Cantagalo, estado do Rio de Janeiro. Morreu no bairro da Piedade, aos 42 anos, assassinado pelo jovem cabo Dilermando Reis, amante de sua mulher, Ana Maria Cunha, filha do Coronel S�lon Ribeiro, importante personalidade da Rep�blica. A vida de Euclides da Cunha foi marcada pela trag�dia. �rf�o de m�e aos 3 anos de idade, foi entregue aos cuidados de v�rios parentes. Do Rio de Janeiro foi para Salvador e depois para S�o Paulo. Sua vida era feita de diferentes casas, bairros e afetos entrecortados; sua mente, uma sucess�o de m�ltiplas paisagens. Composi��es que s� ajudariam o ge�grafo, o soci�logo e o antrop�logo surpreendente que ele se revelaria anos mais tarde. Desde muito cedo Euclides da Cunha foi tido como g�nio por seus contempor�neos. Sua mente l�cida impressionava. Apesar do temperamento arredio e turbulento, sempre soube preservar as amizades. Foi amigo de intelectuais e de gente poderosa como o bar�o do Rio Branco. Mas nunca conheceu o afeto feminino. O final do s�culo XIX, foi um per�odo de muita agita��o nacional. A liberta��o dos escravos em 1888 fora o golpe fatal na monarquia. No ano seguinte, o golpe militar do dia 15 de novembro, liderado pelo marechal Deodoro da Fonseca, proclamou a Rep�blica. O novo regime trazia a promessa de uma organiza��o de homens livres e iguais perante a lei. As elei��es democr�ticas dariam a todos o direito pol�tico de escolher seus dirigentes, e o trabalho livre traria sal�rios. Eram mudan�as radicais, que pareciam acabar com antigos privil�gios. J� se esperava um levante monarquista. Mas nunca de um grupo de desvalidos... A guerra de Canudos, em 1896, no Sert�o da Bahia, liderada pelo beato Antonio Conselheiro, representou o imprevisto. Foi um dos acontecimentos mais impressionantes e sangrentos de toda a hist�ria do Brasil. . Quatro expedi��es foram enviadas durante um ano contra mais de vinte mil habitantes da regi�o: �ndios, mulatos, caboclos, pretos sertanejos, liderados pelo beato Ant�nio Conselheiro e munidos apenas de paus, pedras e armas r�sticas. Os soldados traziam metralhadoras, granadas e canh�es. Estavam poderosamente armados e eram numericamente muitas vezes superiores aos revoltosos, mas perdiam todas as batalhas. A resist�ncia do sertanejo assombrava o pa�s, e a derrota de Canudos tornou-se para o Ex�rcito e para a Rep�blica uma quest�o de honra nacional. A Guerra de Canudos foi um dos maiores genoc�dios da hist�ria do Brasil. Em nome da rep�blica foram cometidas atrocidades que sem o livro de Euclides da Cunha jamais seriam reveladas. At� o in�cio da guerra, as elites do litoral e do sul ignoravam o que fosse o sert�o: uma estranha p�tria sem dono, abandonada pelas leis e institui��es, vivendo sob o jugo da terra e dos latifundi�rios. Para compreender a revolta era necess�rio que o sert�o viesse � tona, numa nova tradu��o. Foi essa a grande proeza do jornalista e engenheiro militar Euclides da Cunha, ao publicar seu livro "Os Sert�es", em 1902. Ao tentar compreender a psicologia do sertanejo, Euclides da Cunha fez um ensaio revelador sobre a forma��o do homem brasileiro. Desmistificou o pensamento vigente entre as elites do per�odo, de que somente os brancos de origem europ�ia eram leg�timos representantes da na��o. Mostrou que n�o existe no pa�s ra�a branca pura, mas uma infinidade de combina��es multirraciais. Previu um destino tr�gico para o Brasil, se o pa�s continuasse a n�o levar em conta as diversas ra�as que o formaram. Mostrou que o Brasil tinha contradi��es e diferen�as �tnicas e culturais extremas. Concluiu que havia uma necessidade imperiosa de se inventar uma ra�a. Caso contr�rio, o Brasil seria candidato a desaparecer. Euclides da Cunha mostrou que um universo de tal natureza era governado por leis pr�prias. Demonstrou que a Campanha de Canudos foi absurda, pois a popula��o n�o era monarquista, como o ex�rcito acreditava. Pregar contra a rep�blica era apenas uma variante do del�rio religioso de Ant�nio Conselheiro. Uma sociedade t�o primitiva era incapaz de compreender tanto a forma republicana como a monarquia constitucional. S� aceitava o imp�rio de um chefe sacerdotal ou guerreiro. Conselheiro foi esse chefe sacerdotal. Anos mais tarde, o cangaceiro Lampi�o seria o chefe guerreiro. Ant�nio Vicente Mendes Maciel, Antonio Conselheiro, como se tornou conhecido, nasceu em Quixeramobim, Cear�, em 1830. Descendente de uma fam�lia turbulenta, porem calmo e correto, era avesso a confus�o. Perdeu a m�e quando era pequeno e jamais matou algu�m. Depois de casado, Ant�nio Vicente saiu de Quixeramobim, tornando-se caixeiro viajante. Sua vida de casado era um inferno, minando aos poucos seu equil�brio e serenidade. At� que veio o golpe fatal: a mulher fugiu com um policial. Era o ano de 1860 e o alucinado Ant�nio Vicente, fulminado de vergonha, desapareceu no sert�o. Queria o abrigo da absoluta obscuridade. E nesses 10 anos de andan�as, deu-se a transforma��o. Com um camis�o de brim azul, vivia de esmolas e carregava numa m�o um livro com a "Miss�o Abreviada" e na outra "As Horas Marianas". Ant�nio Conselheiro iniciou sua carreira de andarilho, como beato, e, logo se transformou num condutor de sertanejos que seguia suas profecias, entrava nas cidades rezando ter�os e ladainhas. Depois pregava, possu�do por um furor m�stico que arrastava multid�es. Com ajuda do povo que o seguia, Ant�nio Conselheiro constru�a e restaurava igrejas. Levantava muros de cemit�rios. Fundou povoados que se tornaram cidades, como o de Bom Jesus, atual Cris�polis, onde ainda hoje h� uma igreja feita por ele. Em Monte Santo, cidade hist�rica do sert�o baiano, Conselheiro e seu povo restauraram os muros da via sacra, formada por um ros�rio de 24 capelinhas no ano de 1893, quando o beato era o imperador absoluto de todo o sert�o, ap�s uma peregrina��o de 22 anos por todos os recantos Antes da seca de 1877, a maior do s�culo XIX, come�ou a abrir tanques d'�gua. Em 1874, apareceu na Bahia dando conselhos. A� tomou definitivamente o nome de Conselheiro. E se firmou. A Igreja, sentindo-se desprestigiada, pediu em 1876 o afastamento do Conselheiro do sert�o. Preso na regi�o de Itapicuru, foi acusado de louco e de matar a pr�pria m�e. Quando provou sua inoc�ncia foi solto e retornou no dia e hora que havia previsto, iniciando-se uma serie de profecias que para o sertanejo era a comprova��o de que estava diante de um poder divino: um milagreiro resignado e fatalista que prometia a felicidade para depois do fim do mundo marcado para o ano de 1900. Perseguidos pelo poder local, Conselheiro e seus seguidores entraram na parte mais deserta da regi�o e, encontraram em: Canudos, "velha fazenda abandonada � beira do rio Vaza-Barris", o seu reduto. Nesta regi�o in�spita e isolada do sert�o baiano, protegida pelas serras do Cambaio e Canabrava, e, rodeada pelas cidades de Monte Santo, Cumbe, Ros�rio, Cocorob� e Uau�, fundaram um arraial: o "Imp�rio de Belo Monte", Canudos cresceu vertiginosamente. Os faveleiros, como eram chamadas as constru��es simples, de pau-a-pique e barro, porque lembravam a planta sertaneja favela, iam coalhando as montanhas numa rapidez assombrosa: eram constru�das at� 12 casas por dia, para atender a multid�o que chegava. . Canudos logo se tornou a segunda maior cidade da Bahia, depois de Salvador. A maioria vivia com dificuldades, mas ningu�m passava fome. Al�m das rezadeiras, do sineiro Timotinho, Ant�nio Conselheiro vivia cercado por 12 ap�stolos, todos armados. Jagun�os famosos como Jo�o Abade ou Paje�, que na guerra se transformariam em seus capit�es. Em 1894, na Bahia, um deputado chamou a aten��o dos poderes p�blicos para a parte dos sert�o "perturbada" por Ant�nio Conselheiro. Em 1895, uma miss�o cat�lica tentou convencer Conselheiro a desarmar seu povo. Inutilmente. Mas s� em 1896 Canudos passou a preocupar a Capital. Conselheiro queria construir uma nova igreja em Canudos. Comprou a madeira em Juazeiro mas n�o recebeu o material. Resolveu ir com seu povo buscar o que era seu. O juiz local denunciou o Conselheiro em Salvador. De Salvador, seguiram 100 pra�as comandados pelo tenente Manuel Pires Ferreira com destino a Juazeiro.. Na noite de 12 de novembro, partiram para Canudos. N�o alcan�aram seu destino, pois foram surpreendidos na cidade de Uau�, Os soldados tinham mais armas, mas se assombraram com o assalto corajoso dos matutos. Fugiram. O mesmo destino teriam os quinhentos homens do major Febr�nio de Brito, que chegaram �s portas de Canudos em janeiro de 1897. Vieram arrogantes, com armas vistosas e canh�o. Na estrada do Cambaio os jagun�os apareceram em trincheiras, num repentino deflagrar de tiros. Gritavam ir�nicos: - "Avan�a, fraqueza do governo!" - A expedi��o caiu, de ponta a ponta. Foram obrigados a recuar. A terceira expedi��o contra Canudos foi organizada no Rio de Janeiro. Para comand�-la foi escolhido o coronel Moreira C�sar, um seguidor de Floriano Peixoto que havia esmagado a Revolu��o Federalista. Levou para Canudos 1.300 soldados, 15 milh�es de cartuchos e muita artilharia pesada. Moreira C�sar era temido por sua viol�ncia. E tinha sob suas ordens a melhor for�a do governo. Nessa hora, mesmo os jagun�os mais valentes sentiram medo Moreira C�sar se dirigiu a Canudos pela estrada de Ros�rio. Passou pelo deserto de Angico e se instalou no Alto do M�rio. L� de cima, ele e os soldados, surpresos, avistaram Canudos. No dia 2 de mar�o de 1897, dois tiros de canh�o foram lan�ados em cima do vilarejo de Canudos. Em seguida o povoado foi invadido pisoteando crian�as e matando os velhos e as mulheres � baioneta, numa luta insana. No dia 3, atingido dois trios morre Moreira Cezar e na manha do dia 4 a tropa bate em retirada com um saldo de 116 soldados mortos e 120 feridos, Ao comentar a terceira batalha, Euclides da Cunha desfaz a fama de estrategista de Moreira C�sar. O Conselheiro, para o escritor, "foi um grande homem pelo avesso". Sua loucura o transformou num verdadeiro her�i popular. A Moreira C�sar, um epil�ptico com rompantes suicidas faltou o sopro divino. Levou milhares de soldados ainda adolescentes a se destruir no meio da caatinga. A derrota de Moreira C�sar provocou uma revolu��o no Rio de Janeiro. J� n�o havia mais d�vida de que Conselheiro estava a servi�o de for�as poderos�ssimas, que vinham restabelecer a velha ordem. A quarta batalha j� n�o foi uma guerra, mas uma vingan�a selvagem. Do Rio de Janeiro chegaram 5 mil homens comandados pelo general Arthur Oscar. Uma parte veio por Monte Santo e a outra, comandada pelo general Savaget, entrou em Canudos por Jeremoabo. Na porta de Umburanas encontraram uma cena assustadora. O cad�ver do coronel Tamarindo e de dois soldados recepcionavam o ex�rcito empalados numa estaca. O ministro da Guerra, general Machado Bittencourt, foi enviado ao local para resolver pessoalmente a quest�o. Levava refor�o de tr�s mil homens recrutados em todo o pa�s para liquidar os "monarquistas". Euclides da Cunha chegou em Canudos em 16 de setembro. Era o final da luta, mas ele ainda pode sentir todo o seu barbarismo. Os poucos prisioneiros homens eram degolados, depois de se exigir deles, inutilmente, um "Viva a Rep�blica". As �guas do Vaza-Barris em pouco tempo eram uma lagoa de sangue. Pilhas de cad�veres serviam de trincheiras aos sertanejos. Os soldados incendiavam casas onde estavam velhos e crian�as. E na mente do horrorizado Euclides crescia uma id�ia: denunciar a barb�rie e provar que Canudos n�o era um problema pol�tico, era uma quest�o social. �Canudos n�o se rendeu. Exemplo �nico em toda a hist�ria, resistiu at� o esgotamento (...) quando ca�ram seus �ltimos defensores, quando todos morreram. Eram apenas quatro: um velho, dois homens feitos e uma crian�a, na frente dos quais rugiam raivosamente cinco mil soldados. (...)� Em 1902, numa choupana � beira do rio Pardo, em S�o Jos� do Rio Pardo, Euclides da Cunha terminou seu livro, contando a verdadeira hist�ria sobre o exterm�nio de Canudos: uma luta desigual e vergonhosa, em que o ex�rcito brasileiro se cobriu de inf�mia. O inimigo invenc�vel afinal de contas n�o passava de gente sofrida das secas. Mulheres, velhos e crian�as que resistiram at� o fim, numa luta ingl�ria. Negros e �ndios e mulatos que buscavam criar um espa�o em que pudessem ser admitidos como integrantes da na��o