Em extinção eminente
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Rinoceronte
de Java
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(Rhinoceros sondaicus) |
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O rinoceronte-de-java (nome
científico: Rhinoceros sondaicus, do grego rhino, nariz + ceros, corno e
sonda, Sonda + icus relativo a) é um membro da família Rhinocerotidae e
uma das cinco espécies de rinocerontes recentes. Ele pertence ao mesmo
gênero do rinoceronte-indiano, possuindo muitas características
semelhantes. Difere principalmente no tamanho (sendo menor que seu primo
indiano) pelas placas dérmicas menos desenvolvidas, e por diferenças
craniais e dentárias. Seus cornos são os menores dentre todas as
espécies de rinocerontes e, muitas vezes, podem estar ausentes nas
fêmeas.
Originalmente, estava distribuído nas ilhas de Java e Sumatra, e através
do Sudeste asiático até à Índia, a oeste, e à China, ao norte. Há cerca
de 150 anos, sua distribuição já estava reduzida a três populações
separadas. Atualmente é encontrado em apenas duas áreas de proteção, uma
na ilha de Java, na Indonésia, e outra no Vietnã. |
O rinoceronte-de-java é
a mais rara das espécies de rinocerontes, com uma população
estimada em menos de 100 indivíduos divididos nas duas áreas de
ocorrência. Não há registro de espécimens em cativeiro na
atualidade, e o último exemplar em cativeiro morreu em 1907 no
zoológico de Adelaide, na Austrália. A perda do habitat e caça
predatória, pelo uso de seu corno na medicina chinesa, foram as
principais causas da redução populacional desses animais. E
hoje, mesmo protegido nas reservas, ainda corre risco devido à
perda da diversidade genética, doenças e pela caça ilegal.
Devido aos hábitos solitários, raridade, e por viverem numa área
de instabilidade política, cientistas e conservacionistas
raramente estudaram este animal em campo, sendo consequentemente
a espécie de rinoceronte menos conhecida.
A área de distribuição
do rinoceronte-de-java tem vindo a reduzir-se há três mil anos,
o que torna incerto o conhecimento da distribuição histórica
desse animal. Até meados do século XIX, o rinoceronte-de-java
estava distribuído, variando de abundante a escasso, na região
de Sundarbans (Bengala Ocidental e Bangladesh), e em Mianmar,
Tailândia, Camboja, Laos, Vietnã, Malásia e nas ilhas de Sumatra
e Java (Indonésia). Registros nas regiões de Assam e do norte de
Bangladesh são escassos e confusos, devido à sobreposição de
distribuição com o rinoceronte-indiano e o
rinoceronte-de-sumatra. Há apenas um espécime registrado no
Butão. Exploradores holandeses do início do século XIX
encontraram evidências de rinocerontes em Bornéu, entretanto,
sua identificação era incerta, pois o rinoceronte-de-sumatra
também habitava a ilha. Estudos recentes em Bornéu demonstraram
que a hipótese do rinoceronte-de-java ter existido na ilha não
deve ser descartada. Os registros da China são na sua maioria
fósseis (do Pleistoceno) ou subfósseis (registros indicam que a
partir de aproximadamente 1000 a.C., o limite meridional dos
rinocerontes que se estendia ao sudoeste da China, começou a ser
reduzido para o sul em cerca de 0,5 km por ano, devido à
expansão humana e caça predatória).
A partir do século XIX, as populações de rinocerontes estavam
isoladas em três regiões principais: Sundarbans e Mianmar
adjacente; Indochina; e península malaia, Sumatra e Java.
Rinocerontes-de-java foram visto regularmente no Sundarbans até
1892. O último animal morto, segundo registros oficias, foi em
1888, entretanto, aparições escassas e não confirmadas ocorrem
até 1908. Em Mianmar, o último registro ocorreu em 1920, na
Malásia em 1932, em Sumatra em 1959, e no norte do Vietnã em
1964.
No final da Guerra do Vietnã, acreditava-se que o
rinoceronte-de-java estava extinto no continente, até ser
reencontrado em 1988-1989 nas proximidades do Rio Dong Nai. Os
rinocerontes-de-java têm sobrevivido em somente dois locais: o
Parque Nacional de Ujung Kulon, no extremo oeste de Java, e no
Parque Nacional de Cat Tien, a cerca de 150 km ao norte de Ho
Chi Minh, no Vietnã. Lenhadores e caçadores locais do Camboja
disseram ter visto rinocerontes-de-java nas montanhas Cardamom,
mas as incursões na área não encontraram qualquer evidência de
sua existência.
O rinoceronte-de-java, primariamente, habita as planícies
aluviais, florestas tropicais densas, juncais e canaviais que
são abundantes próximo aos rios e áreas pantanosas. Apesar de
historicamente preferirem regiões de baixas altitudes, no
Vietnã, foram empurrados em direção a regiões mais altas (acima
dos 2 mil metros), provavelmente por causa da expansão da
população
O rinoceronte-de-java é
um animal de hábito solitário, com exceção da época reprodutiva,
quando se pode vê-los aos casais e, posteriormente, as mães com
seus filhotes. Às vezes, reúnem-se em pequenos grupos para
lamber sal e chafurdar na lama. A chafurda na lama é um
comportamento típico para todos os rinocerontes; essa atividade
lhes permite manter a temperatura corporal fresca e ajuda a
prevenir doenças e infestação parasitária.
Os rinocerontes-de-java geralmente não cavam sua própria
chafurda, preferindo usar a feita por outros animais ou as
fossas naturais, que eles irão aumentar utilizando os seus
chifres. A lambeção do sal também é muito importante por causa
dos nutrientes essenciais que os rinocerontes recebem a partir
do sal.
A extensão da área territorial dos machos é de 12 a 20 km²,
enquanto que a das fêmeas é de 3 a 14 km². A sobreposição de
territórios entre os machos é menor do que a das fêmeas. Não se
sabe se há brigas territoriais.
Os machos marcam seu território com pilhas de excrementos e pela
pulverização de urina. O ruído de raspagem produzido pelas patas
no chão e os brotos retorcidos de plantas também são usados para
a comunicação. Os membros de outras espécies de rinoceronte
possuem o hábito peculiar de defecar massivas pilhas de
excremento e depois raspar suas costas nesse excremento. Os
rinocerontes-de-sumatra e os rinocerontes-de-java não se dedicam
a roçar as costas nas pilhas enquanto defecam. Cogita-se que
essa adaptação no comportamento seja ecológica; nas florestas
úmidas de Java e Sumatra, o método pode não ser proveitoso para
espalhar odores.[15]
O rinoceronte-de-java é menos sonoro que o de sumatra; poucas
vocalizações foram registradas. Rinocerontes adultos não possuem
predadores naturais, além dos humanos. A espécie,
particularmente no Vietnã, é arisca e recolhe-se na mata densa
quando detecta a presença de humanos. Todavia, quando o homem se
aproxima demais, o rinoceronte-de-java se torna agressivo e
ataca, golpeando com os incisivos da mandíbula enquanto move com
força a cabeça para o alto. Seu comportamento anti-social pode
ser um adaptação recente ao estresse populacional; evidências
históricas sugerem que, como outros rinocerontes, a espécie foi
no passado mais gregária.
DietaO rinoceronte-de-java é um animal herbívoro e se alimenta
de diversas espécies de plantas, especialmente de seus galhos
tenros, brotos, folhas novas e frutos caídos. A maioria das
plantas que compõem a dieta dessa espécie crescem em áreas
ensolaradas, como clareiras nas florestas, arbustais e outros
tipos de vegetação sem grandes árvores. O rinoceronte derruba as
árvores novas para alcançar as partes mais tenras e apanhá-las
com seu lábio superior preênsil.
Em um estudo realizado em 1982, pesquisadores identificaram 120
gêneros de plantas, pertencentes a 65 famílias, compondo a dieta
do rinoceronte. Dentre estes, as plantas dos gêneros Amomum,
Dillenia, Leea, Eugenia e Acronychia estão entre as mais
consumidas.
É a espécie de rinoceronte mais adaptável em sua alimentação.
Atualmente alimenta-se exclusivamente de folhas de árvores, mas
provavelmente já houve tempo em que se alimentava tanto de
folhas como de gramíneas, dentro da sua área de distribuição
histórica.
O rinoceronte ingere, em média, 50 quilos de comida diariamente.
Como o rinoceronte-de-sumatra, o de java precisa de sal em sua
dieta. Apesar de comuns em seu território original, não existem
reservas de sal em Ujung Kulon; entretanto, os rinocerontes
desse local já foram observados bebendo água do mar,
provavelmente para suprir a mesma necessidade nutricional.
Reprodução
Como a espécie é raramente observada de forma direta e não
existem espécimes em zoológicos, os hábitos sexuais dos
rinocerontes-de-java são difíceis de estudar. As fêmeas atingem
sua maturidade sexual entre os três e quatro anos de idade,
enquanto os machos são sexualmente maduros aos seis anos.
Estima-se que a gestação ocorra num período entre 16 a 19 meses.
O intervalo entre os nascimentos desta espécie é de quatro a
cinco anos, e o filhote é desmamado por volta dos dois anos de
idade. Como todas as outras quatro espécies de rinocerontes
possuem comportamentos de acasalamento semelhantes, presume-se
que os rinocerontes-de-java também os sigam.
HistóricoA primeira
descrição do rinoceronte-de-java foi feita por Jacobus Bontius
(1592-1631), que viveu na Batavia durante seus quatro últimos
anos de vida. Entretanto, ele não forneceu informações que
pudessem indicar que se tratava de uma espécie distinta do
rinoceronte-indiano. Nos séculos seguintes, relatos de
rinocerontes em Java foram frequentes, mas nenhum sugeria, nem
em termos vagos, qualquer diferenciação entre os rinocerontes da
Índia e os de Java.
Os primeiros estudos com o rinoceronte fora de seu ambiente
natural foram realizados por Petrus Camper (1722-1789),
anatomista e paleontólogo holandês, que recebeu de seu ex-pupilo,
Jacob van der Steege (1746-1811), um esqueleto, quatro crânios,
uma língua e um pênis, de animais mortos na ilha de Java.
Entretanto, Camper morreu antes de publicar seus estudos, que
mostravam que os rinocerontes em Java diferiam dos da Índia.
Após sua morte, seu filho Adriaan Gilles Camper doou um dos
crânios para Georges Cuvier, que escreveu: "a cabeça do
rinoceronte me parece, à primeira vista, de uma espécie
diferente. Eu a observarei com um pouco mais de cuidado, e lhe
enviarei o resultado final".
Em 1812, Cuvier realizou estudos num espécime de Rhinoceros
unicornis, que morreu em Versalhes em 1793, e possivelmente usou
o crânio de Camper para comparações. Ele concluiu que existiam
duas espécies de rinocerontes asiáticos, entretanto, não o
identificou com um nome binomial.
Anselme Gaëtan Desmarest, em 1822, com base num espécime enviado
ao Muséum National d'Histoire Naturelle em 1821 por
Pierre-Médard Diard e Alfred Duvaucel, identificou a nova
espécie de rinoceronte como Rhinoceros sondaicus. A localização
do espécime-tipo foi posteriormente alterada, por Desmarest, de
Sumatra para Java, por haver dúvidas quanto a procedência do
animal
Subespécies
Três subespécies são reconhecidas por Groves e Guérin (1980) e
por Grubb (2005):
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Gravura de uma
fêmea de Rhinoceros sondaicus inermis proveniente de
Sundarbans na Índia, que foi levada para Londres em
1877, sobrevivendo por menos de seis meses em zoológico. |
Rhinoceros sondaicus sondaicus Desmarest, 1822 - conhecido como
rinoceronte-de-java-indonésio, era encontrado nas ilhas de
Sumatra e Java e na península malaia até o istmo de Kra.
Atualmente a população está confinada em cerca de 40-50
indivíduos, no Parque Nacional de Ujung Kulon, na extremidade
oeste da ilha de Java.
Rhinoceros sondaicus annamiticus Heude, 1892 - conhecido como
rinoceronte-de-java-vietnamita, era encontrado no Vietnã,
Camboja, Laos e Tailândia.
Uma única população remanescente, estimada em menos de 12
animais, sobrevive no Parque Nacional de Cat Tien, no Vietnã.
Rhinoceros sondaicus inermis Lesson, 1838 - conhecido como
rinoceronte-de-java-indiano, era encontrado no leste da Índia,
nas regiões de Bengala Ocidental e Assam, Butão, Bangladesh e
Mianmar, mas foi extinto nas primeiras décadas do século XX.
Alguns pesquisadores ainda acreditam que esta subespécie pode
ser encontrada em regiões remotas de Mianmar. Entretanto, devido
à instabilidade política na região, nenhuma busca foi promovida.
Colin Groves, em um artigo de 1967, reconheceu a população de
Sumatra como uma subespécie distinta, Rhinoceros sondaicus
floweri Gray, 1867, entretanto, estudos posteriores mostraram
que nem a população de Sumatra e nem a da Malásia representavam
subespécies distintas.
Há ainda duas subespécies pleistocênicas descritas com base em
diferenças odontológicas (principalmente dos molares) e
esqueléticas (tamanho do fêmur, tíbia, rádio e úmero):
Rhinoceros sondaicus guthi Beden & Guérin, 1973 - os restos
fósseis datados do Pleistoceno Superior foram encontrados na
caverna kárstica de Phnom Loang, província de Kampot, Camboja.
Rhinoceros sondaicus sivasondaicus Dubois, 1908 - os restos
fósseis datados do Pleistoceno Médio foram encontrado em Kendeng,
Java, e inicialmente foi descrito como uma espécie distinta.
Hooijer, em 1946, revisou o espécime-tipo de Dubois e o
considerou sinônimo do R. sondaicus, por serem idênticos. Guérin,
revisou o material em 1980, e confirmou o sivasondaicus como uma
subespécie de rinoceronte-de-java.
O rinoceronte-de-java,
provavelmente o mamífero de grande porte mais raro da Terra, é
listado como "em perigo crítico", e tem estado no "Appendix I"
da CITES desde 1975.[25] A população total de rinocerontes não
passará de 50 indivíduos, confinados numa só área protegida em
Java (Ujung Kulon), existindo até 2011 outra no Vietnã (Cat Tien).
Em 2011 a WWF confirmou a extinção da espécie no Vietnã[26],
existindo somente 50 indivíduos em Java.
O principal fator no declínio da população foi a caça predatória
pelo corno, um problema que afeta todas as espécies de
rinocerontes. Os cornos tem sido uma commodity no comércio da
China nos últimos dois mil anos, pois acreditam que ele possua
propriedades terapêuticas, e assim é utilizado na tradicional
medicina chinesa. Outro fator importante é a perda do habitat
pela grande expansão humana. Muitas áreas de planícies foram
devastadas para o cultivo do arroz em quase todos os países do
Sudeste asiático, e em Java, que é o hoje a ilha mais densamente
povoada com quase 130 milhões de habitantes, o rinoceronte foi
confinado à península de Ujung Kulon pela expansão da população.
Ujung KulonO Parque Nacional de Ujung Kulon, em Java, abriga a
última população de Rhinoceros sondaicus sondaicus estimada em
40 indivíduos pela WWF [nota 7] ou de 50-60 animais pela
International Rhino Foundation. O parque foi criado em 1980,
compreendendo a península de Ujung Kulon e várias ilhas
adjacentes, e em 1991 foi declarado pela UNESCO como Patrimônio
Mundial.
O Parque Nacional de Ujung Kulon concentra a maioria da
população de rinocerontes-de-java.A caça ao rinoceronte em Java
foi proibida totalmente em 23 de outubro de 1909. Mas na década
de 30, especialmente após 1935, o rinoceronte-de-java estava
confinado à península de Ujung Kulon e a uma pequena área
adjacente no Monte Hondjè. O último registro confirmado, fora
dessa área, foi de um animal morto em 1934 em Karangnunggal, em
Java Ocidental. A península de Ujung Kulon sofreu os efeitos da
erupção do Krakatoa em 1883, entretanto a população de
rinocerontes não foi gravemente afetada, ao contrário do que
outros autores sugeriram.
Ujung Kulon foi declarada como uma reserva natural em 16 de
novembro de 1921 por um decreto governamental. Entretanto,
registros de animais mortos continuaram a ser relatados. Em 24
de junho de 1937, a reserva foi designada como santuário da vida
selvagem, cobrindo uma área de 28.600 hectares. E em 2 de julho
de 1938 foi fechada a visitação pública. A caça ilegal ainda
ocorreu até a década de 1960. Somente nas décadas de 70 e 80 é
que esforços no combate à caça predatória foram realizados com
mais rigor pelas autoridades, fazendo o número de rinocerontes
dobrar.
O único predador natural, o tigre-de-java foi extinto na década
de 1950, mesmo assim o número de rinocerontes tem se mantido
constante. A restrição do habitat e a competição por alimento
com outras espécies podem ter sido fatores limitantes para o
crescimento da população.
Em 2006, evidências de quatro filhotes foram descobertas por
cientistas do grupo de conservação da WWF, o que pode significar
um aumento populacional na área e a eficiência dos programas de
assistência e proteção empregados. Em novembro e dezembro de
2010, armadilhas fotográficas registraram adultos e juvenis nas
densas florestas de Ujung Kulon, indicando que a espécie está se
reproduzindo.
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Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Infraclasse: Placentalia |
Ordem: Perissodactyla
Família: Rhinocerotidae
Género: Rhinoceros
Espécie: R. sondaicus
Nome binomial
Rhinocerus sondaicus
(Desmarest, 1822) |
Ficha técnica
Altura 160 – 175 cm
Comprimento 300 – 320 cm
Cauda 70 cm
Peso 1.500 - 2.000 kg
Tamanho de ninhada 1
Gestação 16 meses
Desmame 1 - 2 anos
Maturidade sexual 3-4 anos (fêmeas)
6 anos (machos) |
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