O bioma Cerrado é considerado como um ecossistema
tropicalde Savana, com
similares na África e na Austrália
Cerrado é um domínio
fitogeográfico do tipo savana que ocorre no
Brasil e em partes do Paraguai e na Bolívia,
conhecido neste último como chaco. Exibe uma
enorme biodiversidade vegetal e animal,
patrimônio ameaçado pelo crescimento das
monoculturas, como a soja, a pecuária extensiva,
a carvoaria e o desmatamento causado pela
atividade madeireira e por freqüentes queimadas,
devidas tanto às altas temperaturas e baixa
umidade, quanto ao infortúnio do descuido
humano. O Cerrado é um tipo único de savana no
mundo.
Onça pintada, um felídeo típico também do cerrado
Características
As
savanas brasileiras são uma vegetação que tem diversas
variações fisionômicas,e climáticas, pelas grandes áreas
que ocupam do território brasileiro.
Vegetação característica na região noroeste de Minas
Gerais. Sendo o segundo maior bioma brasileiro,
estende-se por uma área de cerca de 2 milhões de km²,
abrangendo nove estados do Brasil Central: São Paulo,
Minas Gerais, Goiás, Tocantins, Bahia, Maranhão, Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul, Piauí e o Distrito Federal.
É cortado por três das maiores bacias hidrográficas da
América do Sul, com índices pluviométricos regulares que
lhe propiciam sua grande biodiversidade.
Nas regiões onde o cerrado predomina, o clima é quente e
há períodos de chuva e de seca, com incêndios
espontâneos esporádicos, com alguns anos de intervalo
entre eles, ocorrendo no período da seca.
A vegetação, em sua maior parte, é semelhante à de
savana, com gramíneas, arbustos e árvores esparsas. As
árvores têm caules retorcidos e raízes longas, que
permitem a absorção da água - disponível nos solos do
cerrado abaixo de 2 metros de profundidade, mesmo
durante a estação seca e umida do inverno.
Dependendo de sua concentração e das condições de vida
do lugar, pode apresentar mudanças diferenciadas
denominadas de Cerradão, Campo limpo e Cerrado,
intercalado por formações de florestas, várzeas, campos
rupestres e outros.
Outras variações incluem: Cerrado Sentido Amplo (lato
senso), Campo Sujo, Campo Cerrado, Cerrado Sentido
Restrito (stricto senso), Cerrado Rupestre, Mata Seca ou
Mata Mesofítica, Mata de Galeria ou Mata Ciliar, Vereda
e Parque Cerrado.
Grande parte do Cerrado já foi destruída, em especial
para a instalação de cidades e plantações, o que a torna
um ecossistema muito mais ameaçado do que a Amazônia.
Clima
Cerrado na região de Pirenópolis, Goiás.O clima
predominante no Cerrado é o Tropical Sazonal, de inverno
seco. A temperatura média anual é de 25°C, podendo
chegar a marcações de até 40°C. As mínimas registradas
podem chegar a valores próximos de 10°C ou até menos,
nos meses de maio, junho e julho.
A precipitação média anual fica entre 1.200 e 1.800 mm,
sendo os meses de março e outubro os mais chuvosos.
Curtos períodos de seca, chamados de veranicos, podem
ocorrer no meio da primavera e do verão. No período de
maio a setembro os índices pluviométricos mensais
reduzem-se bastante, podendo chegar a zero.
Nos períodos de estiagem, o solo se desseca muito, mas
somente em sua parte superficial (1,5 a 2 metros de
profundidade). Mas vários estudos já demonstraram que,
mesmo durante a seca, as folhas das árvores perdem
razoáveis quantidades de água por transpiração,
evidenciando a disponibilidade deste mineral nas camadas
profundas do solo. Outra evidência é a floração do
ipê-amarelo na estação da seca, porém a maior
demonstração deste fato é a presença de extensas
plantações de eucaliptos, crescendo e produzindo
plenamente, sem necessidade de irrigação.
Ventos fortes e constantes não são características
gerais do Cerrado. Normalmente a atmosfera é calma e o
ar fica, muitas vezes, quase parado. Em agosto costumam
ocorrer algumas ventanias, levantando poeiras e cinzas
de queimadas a grandes alturas, através de redemoinhos
que se podem ver de longe.
A radiação solar é bastante intensa, podendo reduzir-se
devido à alta nebulosidade nos meses excessivamente
chuvosos do verão.
Relevo
Os
pontos mais elevados do Cerrado estão na cadeia que
passa por Goiás em direção sudeste-nordeste. O Pico Alto
da Serra do Pireneus, com 1.385 metros de altitude, a
Chapada dos Veadeiros, com 1.250 metros e outros pontos
com elevação consideradas que se estendem em direção
noroeste; a Serra do Jerônimo e outras serras menores,
com altitudes entre 500 e 800 metros.
O relevo é um tanto acidentado, com poucas áreas planas.
Nos morros mais altos são encontrados pedregulhos,
argila com inclusões de pedras e camadas de areia.
Outra formação é constituída por aflorações e rochas
calcárias, com fendas, grutas e cavernas em diferentes
tamanhos. Por cima das rochas há uma vegetação
silvestre. Possui campos e vales com vegetação bem
característica e há ainda uma mata ciliar rodeando
riachos e lagoas.
Os solos apresentam-se intemperizados, devido à alta
lixiviação e possuem baixa fertilidade natural.
Apresenta pH ácido, variando de 4,3 a 6,2. Possui
elevado conteúdo de alumínio, baixa disponibilidade de
nutrientes, como fósforo, cálcio, magnésio, potássio,
matéria orgânica, zinco, argila, compondo-se de
caulinita, goetita e gibsita. O solo é bem drenado,
profundo e com camadas de húmus.
Há estruturas do solo bem degradadas, devido às
atividades agrícolas e pastagens, sendo recuperados com
reflorestamento de espécies como Eucalyptus, associado
com plantio de milho, feijão, café, freijó, maniçoba ou
palma.
Flora
Três Lagoas - MS Mesmo que não totalmente conhecida, a
flora do Cerrado é riquíssima. Sua cobertura vegetal é a
segunda maior do Brasil, abrangendo uma área de 20% do
território nacional. Apresenta as mais diversas formas
de vegetação, desde campos sem árvores, ou arbustos, até
o cerrado lenhoso denso com matas ciliares. Reconhecido
como a savana mais rica do mundo em biodiversidade com a
presença de diversos ecossistemas, riquíssima flora com
mais de 10.000 espécies de plantas, sendo 4.000
endêmicas desse bioma.
Os campos cobrem a maior parte do território, denominada
campestre. É essencialmente coberto por gramíneas, com
árvores e arbustos. É subdividido em campo de cerrado e
campo limpo, que se diferenciam na formação do terreno e
na composição do solo, com declives ou plano.
A vegetação dos brejos é composta por gramíneas,
ciperáceas, arbustos, pequenas árvores isoladas, algumas
ervas, entre outras espécies.
As árvores mais altas do Cerrado chegam a 15 metros de
altura e formam estruturas irregulares. Apenas nas matas
ciliares as árvores ultrapassam 25 metros e possuem
normalmente folhas pequenas. Nos chapadões arenosos e
nos quentes campos rupestres estão os mais exuberantes e
exóticos cactos, bromeliáceas e orquídeas, contando com
centenas de espécies endêmicas. E ainda existem espécies
desconhecidas, que devido à ação do homem podem ser
destruídas antes mesmo de serem catalogadas.
Plantas Comuns
Ipê-amarelo, árvore típica do Cerrado
A
vegetação do Cerrado apresenta diversas paisagens
florísticas diferenciadas, como os brejos, os campos
alagados, os campos altos, os remanescentes de mata
atlântica. Mas as fitopaisagens predominantes são
aquelas dos Cerrados, como o cerrado típico, o cerradão
e as veredas.
Nestas, há desde palmeiras, como Babaçu (Orbignya
phalerata), Bacuri (Platonia insignis), Brejaúba
(Toxophoenix aculeatissima), Buriti (Mauritia flexuosa),
Guariroba(Syagrus oleracea), Jussara (Euterpe edulis) e
Macaúba (Acrocomia aculeata) até plantas de plantas
frutíferas como Araticum-do-cerrado (Annona
crassiflora), Araçá (Psidium cattleianum), Araçá-boi
(Eugenia stipitata), Araça-da-mata (Myrcia glabra),
Araça roxo (Psidium myrtoides), Bacuri (Scheelea
phalerata), Bacupari (Rheedia gardneriana), Baru
(Dipteryx alata), Café-de-bugre (Cordia ecalyculata),
Figueira (Ficus guaranítica), Fruta do lobo (Solanum
lycocarpum), Jabuticaba (Myrciaria trunciflora), Jatobá
(Hymenaea), Marmelinho (Diospyros inconstans), Pequi
(Caryocar brasiliense), Goiabeira (Psidium guajava),
Gravatás (Bromeliaceae), Marmeleiro (Croton alagoensis),
Genipapo (Genipa americana), Ingá (Inga sp), Mamacadela
(Brosimum gaudichaudii), Mangaba (Hancornia speciosa),
Cajuzinho do Campo (Anacardium humile), Pitanga do
Cerrado (Eugenia calycina), Guapeva (Fervillea
trilobata), Veludo-branco (Gochnatia polymorpha);
Madeiras, tais quais Angico branco (Anadenanthera
colubrina), Angico (Anadenanthera spp), Aroeira
branca(Lithraea molleoides), Aroeira-do-sertão
(Myracrodruon urundeuva), Cedro (Cedrela fissilis),
Monjoleiro (Acacia polyphylla), Vinhático (Plathymenia
reticulata), Bálsamo do Cerrado (Styrax pohlii),
Pau-ferro (Caesalpinia ferrea), Ipês(Tabebuia spp.),
além de plantas características dos Cerrados, como
Amendoim-do-campo (Pterogyne nitens), Araticum cagão
(Annona cacans), Aroerinha (Schinus terebinthifolius),
Capitão (Terminalia spp.), Embaúba (Cecropia spp),
Guatambu-de-sapo (Chrysophyllum gonocarpum), Maria-pobre
(Dilodendron bipinnatum), Mulungu (Erythrina spp),
Paineira (Chorisia speciosa), Pororoca (Rapanea
guianensis), Quaresmeira roxa (Tibouchina granulosa),
Tamboril (Enterolobium contortisiliquum), Pata-de-vaca
(Bauhinia longifólia), Algodão-do-cerrado
(Cocholospermum regium), Assa-peixe (Vernonia
polyanthes), Pau-terra (Qualea grandiflora),
Pimenta-de-macaco (Xylopia aromatica), Tamboril
(Enterolobium timbouva), Gameleira (Ficus rufa), sem
falar em uma grande variedade de gramíneas,
bromeliáceas, orquidáceas e outras plantas de menor
porte.
Fauna do Cerrado
A anta (Tapirus terrestris) é um dos animais do CerradoO Cerrado apresenta
grande variedade em espécies em todos os ambientes, que dispõem de muitos
recursos ecológicos, abrigando comunidades de animais com abundância de
indivíduos, alguns com adaptações especializadas para explorar o que fornece seu
habitat.
No ambiente do Cerrado são conhecidos até o momento mais de 1.500 espécies
animais, formando o segundo maior conjunto animal do planeta. Cerca de 50 das
100 espécies de mamíferos (pertencentes a 67 gêneros) estão no Cerrado.
Apresenta mais de 830 espécies de aves, 150 de anfíbios (das quais 45 são
endêmicas), 120 espécies de répteis (das quais 45 são endêmicas). Apenas no
Distrito Federal há 90 espécies de cupins, 1.000 espécies de borboletas e 500 de
abelhas e vespas.
Devido à ação do homem, o Cerrado passou por grandes modificações, alterando os
diversos habitats e, conseqüentemente, apresentando espécies ameaçadas de
extinção. Dentre as que correm risco de desaparecer estão o tamanduá-bandeira, a
anta, o lobo-guará, o pato-mergulhão, o falcão-de-peito-vermelho, o tatu-bola, o
tatu-canastra, o cervo, o cachorro-vinagre, a onça-pintada, a ariranha e a
lontra.
Megafauna
Onça-pintada, um felídeo típicoEspecificamente no que tange a fauna de mamíferos
do Cerrado, em que pese as áreas devastadas para a agropecuária e a mineração,
ela é ainda bastante diversificada, com representantes de:
Piau, peixe típico dos rios do CerradoSobretudo pelo fato de ser em áreas de
Cerrado que nascem rios das mais importantes bacias hidrográficas brasileiras,
como as bacias Amazônica, Tocantínea, Platina e São-Franciscana, a ictiofauna é
extremamente rica e diversificada.
Nos rios do Cerrado,
há um número bastante relevante de espécies de
mariscos,e uma grande variedade de peixes, desde aqueles
que são comuns até em pequenos córregos, como Piabas (Astyanax
spp.); Lambaris (Deuterodon spp., Moenkhausia spp), Cará
(Aequidens spp, Mesonauta spp), Bagres e Mandis (Pimelodus
spp.), Mussum (Synbranchus marmoratus), Tuvira (Eigenmannia
spp), até aqueles que são encontrados quase que apenas
em rios e ribeirões, tais como Caranha (Piaractus spp.,
Pygocentrus spp.); Pacu (Colossoma spp.; Mylossoma spp.;
Chaetobranchopsis spp.), Piau (Leporinus spp.), Traíra (Hoplias
spp.), Piranha (Catoprion spp.), Corimbatá (Cyphocharax
spp.), Dourado (Salminus spp.), Cascudo (Hypostomus
spp.; Pterygoplichthys spp), Peixe-cachorro (Roeboides
spp.), além de Cachorra (Hydrolycus scomberoides), Peixe
cigarra (Oligosarcus hepsetus), Pirapitinga (Brycon
microlepis), Abotoado (Pterodoras granulosus), Timburé (Schizodon
borellii), Taguara ou Sardinha-de-água-doce (Triportheus
angulatus), e espécies maiores, de couro, como Cachara (Pseudoplatystoma
fasciatum), Jaú (Paulicea luetkeni), Barbado (Pinirampus
pinirampus), Pintado (Pseudoplatystoma corruscans) e
Surubim (Sorubimichthys planiceps).
Há
outras espécies menos significativas numericamente,
inclusive a muito rara e quase extinta Piracanjuba (Brycon
orbignyanus).
A área nuclear ou core do Cerrado está
distribuída, principalmente, pelo Planalto Central Brasileiro, nos Estados de
Goiás, Tocantins, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, parte de Minas Gerais, Bahia
e Distrito Federal, abrangendo 196.776.853 ha. Há outras áreas de Cerrado,
chamadas periféricas ou ecótonos, que são transições com os biomas Amazônia,
Mata Atlântica e Caatinga.
Os Cerrados são, assim, reconhecidos devido
às suas diversas formações ecossistêmicas. Sob o ponto de vista fisionômico
temos: o cerradão, o cerrado típico, o campo cerrado, o campo sujo de cerrado, e
o campo limpo que apresentam altura e biomassa vegetal em ordem decrescente. O
cerradão é a única formação florestal.
O Cerrado típico é constituído por
árvores relativamente baixas (até vinte metros), esparsas, disseminadas
em meio a arbustos, subarbustos e uma vegetação baixa constituída, em
geral, por gramíneas. Assim, o Cerrado contém basicamente dois estratos:
um superior, formado por árvores e arbustos dotados de raízes profundas
que lhes permitem atingir o lençol freático, situado entre 15 a 20
metros; e um inferior, composto por um tapete de gramíneas de aspecto
rasteiro, com raízes pouco profundas, no qual a intensidade luminosa que
as atinge é alta, em relação ao espaçamento. Na época seca, este tapete
rasteiro parece palha, favorecendo, sobremaneira, a propagação de
incêndios.
A típica vegetação que
ocorre no Cerrado possui seus troncos tortuosos,
de baixo porte, ramos retorcidos, cascas
espessas e folhas grossas. Os estudos efetuados
consideram que a vegetação nativa do Cerrado não
apresenta essa característica pela falta de água
– pois, ali se encontra uma grande e densa rede
hídrica – mas sim, devido a outros fatores
edáficos (de solo), como o desequilíbrio no teor
de micronutrientes, a exemplo do alumínio.
O Cerrado brasileiro é reconhecido como
a savana mais rica do mundo em biodiversidade com a presença de diversos
ecossistemas, riquíssima flora com mais de 10.000 espécies de plantas,
com 4.400 endêmicas (exclusivas) dessa área.. A fauna apresenta 837
espécies de aves; 67 gêneros de mamíferos, abrangendo 161 espécies e
dezenove endêmicas; 150 espécies de anfíbios, das quais 45 endêmicas;120
espécies de répteis, das quais 45 endêmicas; apenas no Distrito Federal,
há 90 espécies de cupins, mil espécies de borboletas e 500 espécies de
abelhas e vespas.
Até a década de 1950,
os Cerrados mantiveram-se quase inalterados. A partir da
década de 1960, com a interiorização da capital e a
abertura de uma nova rede rodoviária, largos
ecossistemas deram lugar à pecuária e à agricultura
extensiva, como a soja, arroz e ao trigo. Tais mudanças
se apoiaram, sobretudo, na implantação de novas infra-estruturas
viárias e energéticas, bem como na descoberta de novas
vocações desses solos regionais, permitindo novas
atividades agrárias rentáveis, em detrimento de uma
biodiversidade até então pouco alterada.
Durante as décadas de 1970 e 1980 houve
um rápido deslocamento da fronteira agrícola, com base em desmatamentos,
queimadas, uso de fertilizantes químicos e agrotóxicos, que resultou em
67% de áreas do Cerrado “altamente modificadas”, com voçorocas,
assoreamento e envenenamento dos ecossistemas. Resta apenas 20% de área
em estado conservado.
A partir da década de
1990, governos e diversos setores organizados da sociedade debatem como
conservar o que restou do Cerrado, com a finalidade de buscar
tecnologias embasadas no uso adequado dos recursos hídricos, na extração
de produtos vegetais nativos, nos criadouros de animais silvestres, no
ecoturismo e outras iniciativas que possibilitem um modelo de
desenvolvimento sustentável e justo.
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