1 - Pioneiros e
primeiros moradores:
1.1
– Introdução:
A história de
Pirassununga tem sido contada através da tradição oral e escrita, já há
quase 169 anos e de tal maneira que, por inteiro, e com freqüência, não
tem retratado a verdade dos fatos e através de documentos.
Desde o
século XVI a nossa região foi visitada por bandeirantes, conforme TAUNAY
(1952) em “Ensaios de Carta Geral dos Bandeiras Paulistas”, edições
Melhoramentos, São Paulo. (Espingardas de pederneira de bandeirantes,
foram encontradas no leito do Rio Mogi Guassu, dentro do município de
Pirassununga e estão presentes no Museu de História Natural do Prof. M. P.
de Godoy).
Em 1766, ao
tempo do Brasil-colônia (de Portugal) os Rios Mogy (Guassu) e Jaguari
Pequeno (atual Jaguari Mirim) foram mapeados e, da época, existem dois
mapas: um no Museu Paulista, São Paulo de 1766 e outro, de 1773, existente
no Arquivo Histórico Colonial, Torre do Tombo, Lisboa, Portugal (veja II
volume da “Contribuição à Historia Natural e Geral de Pirassununga”, pg. 3
de M. P. de Godoy).
Quando
consultamos a documentação histórica do Estado de São Paulo, do começo
deste século, encontramos em “Chorographia do Brasil”, 1909, de A. MOREIRA
PINTO, pg. 186 um mapa do Estado de São Paulo, com a situação na época,
com cerca de 160 municípios (hoje são mais de 572), com as cidades e
ocupação humana, pelo homem branco envolvendo as seguintes regiões: parte
do litoral, o vale do Paraíba, a parte leste do Estado, a partir da
capital e ao longo das proximidades da Serra da Mantiqueira; para o
interior, até Jaú e Lençóis, chegavam os trilhos das estradas de ferro.
Todo centro-oeste do Estado era constituído por “terrenos desconhecidos e
habitados pelos indígenas”. No ano de 1900, na região de Bauru, índios
antropófagos estavam matando e devorando missionários!
Havia um
espírito de “marcha para o oeste” a partir de Bragança, Mogi Guassu, Mogi
Mirim, Itapira, Amparo, Nazaré, etc., pelos seus antigos moradores e
ocupantes de terras. Era desejo de muitos ocupar terras mais no interior.
Foi assim que Chistovam Pereira de Godoy e sua mulher Anna Maria da
Conceição, em 1809, procedentes de Bragança e acompanhados de escravos
negros, vieram para esta região construíram uma morada permanente à beira
de um córrego (hoje: Córrego da Barra) e fundaram a primeira fazenda neste
município – a Santa Cruz, que, até o presente, em parte, permanece em mãos
de descendentes Pereira Godoy, que, neste município, já estão na 7ª
geração.
Christovam e
sua mulher eram de Nazaré (hoje Nazaré Paulista), situada dentro do termo
de Bragança (hoje Bragança Paulista).
A 2ª
propriedade fundada por Christovam foi no sítio do Paiol (um paiol grande
foi construído para a guarda de cereais, etc.), no ano de 1810. Este velho
paiol subsistiu até 1968, quando seus restos foram demolidos.
Como um neto do velho
Christovam, de nome Joaquim, depois de casado, morou por muitos anos nesse
paiol, seus descendentes receberam a alcunha de “paiol” ou de “paio”...
que poucos conhecem até hoje! Eram gentes do “paiol”!
Também, de
Bragança vieram Ignácio Pereira Bueno e sua Mulher Anna Francisca da Silva
que por volta de 1820-23, construíram uma morada no local do atual
quarteirão (hoje) entre as Ruas Pereira Bueno e Major Pereira e Duque de
Caxias e Sirqueira Campos. Foram proprietários de quase todas as antigas
terras ocupadas, atualmente pelo grande centro da cidade de Pirassununga.
Em 6 de
agosto de 1842, através de escritura pública de doação, o casal Ignácio
Pereira Bueno e Anna Francisca da Silva doou ao patrimônio da Igreja do
Senhor Bom Jesus dos Aflitos de Pirassununga uma área de terra, poligonal,
com cerca de 3 km de comprimento (sentido norte-sul), por 1,5 km de
largura (sentido leste-oeste) e a partir do Ribeirão do Ouro, onde, hoje
está a grande área central da cidade.
A seguir
nomeamos outros antigos moradores e possuidores de terras nesta região:
Thimoteo Antonio Bueno, José Francisco Meirelles e José Joaquim Leme da
Silva (a partir de 1842). Também: Polycarpo Carlos Cardoso, João de Deus
Lasbim, Cap. Theodoro Andrade Toledo, etc.
Mencionar
Manoel Leme da Silva como um dos fundadores de Pirassununga é pura
bobagem, pois, sendo filho de José Joaquim Leme da Silva, havia nascido em
1818 (faleceu em Leme em 1876) e com 5 anos de idade, em 6 de agosto de
1823, não poderia fundar uma localidade!
José Joaquim
Leme da Silva era natural de Bragança e veio para Pirassununga em 1842:
porém, a sua morada permanente ficava a beira do Ribeirão do Meio, na
Fazenda Palmeiras, fundada por ele, dentro do município de Leme, onde
viveu toda a sua vida o seu 4° filho, Manoel Leme da Silva.
Também, citar
que Pirassununga foi fundada por aventureiros vindos de Goiás, como
publicou o jornal “O Movimento”, por anos sucessivos, é outra bobagem, sem
valor algum, pois, desde a nossa primeira origem em 1809 e até nos
tornarmos Vila, em 1865, não havia um nome goiano na nossa historia. Pura
invencionice de alguém que desconhecia nossa história... ou conhecendo-a,
fez por ignorá-la e com má intenção, naturalmente.
1.2 -
Outros pioneiros e fundadores:
ANO
|
NOME
|
ORIGEM
|
BAIRRO
|
1820
|
Bueno de Godoy
|
Bragança
|
Taquari
|
1830
|
Souza de Moraes Sardinha
|
Bragança
|
Taquari
|
1835
|
Polycarpo Carlos Cardoso
|
Mogi Mirim
|
Potreiro
|
1835
|
Joaquim de Souza Mourão
|
Bragança
|
Fazenda Água Parada
|
1842
|
Antonio Bueno
|
Bragança
|
Taquari
|
1842
|
José Francisco Meirelles
|
Bragança
|
Taquari
|
1842
|
José Joaquim Leme da Silva
|
Bragança ou Mogi Mirim
|
Rib. do Meio, Faz. Palmeiras, Leme
|
1842
|
Pedro Pereira de Araújo
|
Mogi Mirim
|
Taboão
|
1842
|
Theodoro Andrade Toledo
|
Mogi Mirim
|
Área central de Pirassununga
|
1842
|
Paulo Soares de Araújo
|
Bragança
|
Margem do Ribeirão do Ouro
|
NOTAS:
-
Pirassununga e
região nunca foram auríferas, O Ribeirão do Ouro deve esta menção “do
Ouro”, por causa dos reflexos metálicos amarelos e brilhantes do
sulfeto de ferro – o ouro dos bobos que existia em suas águas;
porém, sem valor comercial.
Aqui, apenas, por
amor à verdade, afirmo que as febres palustres já grassavam pelo Mogi
Guassu há vários séculos, como em outras partes do mundo... sem o
verdadeiro conhecimento das causas!... antes de 1880!
Pirassununga
é com dois “ss”,
inclusive respeitando-se a tradição histórica secular de tal grafia,
também respeitada pelo acordo ortográfico Brasil-Portugal de 1943.
Mogi-Guassu – nome do Rio e da cidade:
também assim escrito, respeitado-se a tradição histórica.
Há algum tempo atrás
no Paraguai, onde se fala o guarani, verifiquei como deveria ter surgido o
nome PIRASSUNUNGA, apesar de serem conhecidas várias explicações.
Fiquei sabendo que
deveria ser aproximadamente, assim:
PIRA =
peixe SUNU = barulho (ronco) NGA =
lugar
(lugar onde o peixe
faz barulho (ou ronca), numa tradução literal).
(pronúncia guarani –
pirassunu...engá)
Com o aportuguesamento
das palavras, para o topônimo, tivemos: PIRASSUNUNGA, com dois “S”,
pois, com a adição de “SUNU” à palavra PIRA, o “S” precisou
ser dobrado para a manutenção do som de “S”; caso contrário, ficará com o
som de “Z” entre as duas vogais.
Até hoje,
infelizmente, os vários autores que escreveram sobre nossa historia não
estavam suficientemente informados; não pesquisaram acertadamente e
desprezaram as melhores fontes: as pessoas mais antigas e os documentos,
então, existentes.
Como os nossos
pioneiros e fundadores, na maior parte, eram pessoas simples, pouco
alfabetizadas ou analfabetas... os que escreveram sobre nossa história, a
partir de 1883, resolveram omitir os nomes dos pioneiros, na maior parte.
Entretanto, por ironia
da Historia, tais autores não se esqueceram de escrever sobre os primeiros
moradores de Porto Ferreira e de Leme e em livros sobre a Historia de
Pirassununga!
Em 24 de março de 1992
Prof. Manuel Pereira de Godoy
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