Historia
Piquete SP
José Palmyro Masiero
1 - Primórdios
Após a chegada de Pedro Álvares Cabral, em 22 de abril de 1500, a "Ilha de
Vera Cruz" iniciou seu desfile na passarela da história, até a grande
nação que hoje somos.
No ano seguinte uma expedição veio fazer o reconhecimento de nossas
costas, chegando até ao cabo de Santa Maria, regressando em 1502 da "Terra
de Santa Cruz". Em 1503, Gonçalo Coelho desembarca em nosso solo levando,
ao voltar, amostras de certa madeira vermelha, cor de brasa, das terras do
"Brasil", pelo ano de 1506.
A 3 de dezembro de 1530, partia de Lisboa a frota de Martim Afonso de
Souza rumo ao Brasil, ao que consta, com três finalidades: combater os
franceses de nosso litoral, fortificar os nossos portos com artilharias e
explorar as terras de São Vicente até o Rio da Prata. Assim, em 1532, foi
instalada a primeira povoação do solo pátrio: São Vicente.
Muitas trilhas indígenas transpunham a grandiosa serra que, como tapume,
interpunha-se entre o litoral e o interior. Teriam sido esses caminhos
usados pelos exploradores em direção ao planalto. Aqui, desde 1525,
prosperava a aldeia de João Ramalho, em Santo André da Borda do Campo,
"patriarca de uma prole imensa e incontável". Foi o primeiro passo mais
firme para a arrancada rumo ao interior.
São Paulo de Piratininga, em 1554, foi um salto a mais. Começava a
penetração. Surgiram as primeiras entradas pelo sertão, ora buscando
riquezas, ora "descendo" índios para o cativeiro.
2 - Devassamento do Vale do Paraíba
O Tietê era um caminho aberto; abaixo, o rio Paraíba convidando à
aventura. Por esse rio passaram as primeiras entradas a macular a pureza
selvagem do seu vale. E o vale do Paraíba foi, talvez, a primeira região
interiorana do Brasil a ser devassada e explorada.
Com a concessão de terras a Jacques Félix e seus filhos, no sertão do rio
Paraíba, por volta de 1628, esta data passou a ser referencial como o
início do povoamento do vale do Paraíba. Em 1645, Jacques Félix erigiu a
vila de São Francisco das Chagas de Taubaté, que se tornou o ponto
principal a espalhar novos povoamentos. Descobrindo a garganta do Embaú
como o melhor ponto para a entrada nos "sertões dos cataguás", região
habitada pelos índios cataguases no sul de Minas Gerais, Jacques Félix
"atacava e reduzia os índios do Paraíba".
Em 1643, Jacques Félix concedeu sesmaria ao Capitão Domingos Luiz Leme, no
sertão de Guaratinguetá, nascendo aí uma povoação que se elevou à
categoria de Vila, em 1651, com o nome de Santo Antônio de Guaratinguetá.
Dentro desse território encontravam-se as terras que mais tarde comporiam
o município de Piquete.
3 - Ciclo do Ouro
Mas a vila de Santo Antônio de Guaratinguetá estava encravada em sertão
bravio, quase desconhecido. Para a frente, em direção à Mantiqueira,
somente a solidão da mataria rústica. Alinhavando o vale, o Paraíba
deslizava mansamente. Descendo-o, em mansa curva, havia um bom lugar para
ancoradouro. Dali descortinava-se a maravilhosa muralha azul da "Amantiquira",
(nímico tupi-guarani que deu origem à palavra Mantiqueira, com
provável significado de "local de precipitações abundantes" ou "local em
que se originam as águas"). Assim, nas terras de Bento Rodrigues Caldeira
estabeleceu-se o porto "Guaypacaré". Com a descoberta do caminho das
minas, via garganta do Embaú, pareceu esse ser o melhor local para
travessia do Paraíba.
Bandeirantes vindos de Piratininga e Taubaté desciam no porto de "Guaypacaré",
transpunham o rio e rumavam em direção à terra dos cataguases, no afã de
encontrar ouro e pedras preciosas. No final do século XVIII foi erigida
uma capela no porto de Guaypacaré invocando Nossa Senhora da Piedade. Por
provisão de 14 de novembro de 1718, o povoado que ali se formou foi
elevado à condição de Freguesia.
Em 1703, o taubateano Miguel Garcia Velho, à frente de uma bandeira,
descobriu as minas de "Caxambu" e "Itagybá", na atual Delfim Moreira. No
entanto essas minas eram pobres, logo esgotaram. Por esta época, Gaspar
Vaz da Cunha, também de Taubaté, adentrou a Mantiqueira na esperança de
descobrir minas de ouro, abrindo caminhos pelos campos do Capivary.
Todavia parou por aí, fixando-se na região do Sapucaí. Em 1741, as minas
foram reabertas e povoadas pelo Ten. Francisco Ramos da Silva, de
Pindamonhangaba.
4 - O caminho do Cap. Lázaro Fernandes
Entre 1741, o Cap. Lázaro Fernandes, morador na freguesia de Nossa Senhora
da Piedade do Guaypacaré, abriu uma picada pelas suas terras até as minas
de Itajubá. E justamente esse caminho veio se transformar na estrada que
provocaria o surgimento de Piquete.
Com a grande movimentação das minas das regiões do rio das Velhas e das
Mortes, proporcionalmente aumentava a abertura de caminhos clandestinos
para burlar o fisco, provocando grandes prejuízos à Coroa. Com a intenção
de coibir esse estado de coisas, uma comitiva de autoridades mineiras,
após descer a Mantiqueira pela garganta do Embaú para o vale do Paraíba,
dirigiu-se para o caminho aberto por Lázaro Fernandes e ali instalou, em
1764, um Registro, local de parada obrigatória para todos que por ali
transitassem. O Registro contava com "casa da barreira" (Posto Fiscal) e
um rancho onde se pesavam as mercadorias. Contava, também, com um "piquete
de cavalarianos", responsável pela segurança do posto e combate aos
contrabandistas que se desviavam para os caminhos alternativos no intuito
de sonegar impostos. Daí o local ser conhecido como "o lugar do piquete",
foi simplesmente questão de tempo.
5 - O bairro do Piquete e o ciclo do café
Todavia, a força do bandeirismo começara a definhar após 1750. Com a
abertura de novos caminhos nas Minas Gerais e a conseqüente diminuição do
comércio no território valeparaibano, Lorena assim como Guaratinguetá e
Pindamonhangaba instalaram engenhos de açúcar e aguardente, aproveitando a
grande quantidade de escravos dispensados da mineração, época que provocou
o urbanismo mais racional das Vilas e Freguesias.
Com o correr do tempo aumentava o povoamento da Freguesia de Nossa Senhora
da Piedade do Guaypacaré, e tão grande foi seu desenvolvimento, que, por
Portaria de 6 de setembro de 1788, o Governador da Capitania de São Paulo,
Bernardo José de Lorena, eleva-a à categoria de Vila, dando-lhe o nome de
Lorena. Pela Portaria de 9 de dezembro de 1788, as terras do atual
município de Piquete passaram a ser território lorenense. Entrando na
Província paulista pelo município de Areias, ao final do século XVIII, o
café encontrou grande campo no fértil vale do Paraíba. E não foi só a
região de beira-rio que se ocupou dele. Também as zonas serranas receberam
seus tratadores e fazendas se abriram em plena serrania. Na lista da 7ª
Companhia das Ordenanças da Vila de Lorena de 1828, aparece pela primeira
vez o bairro do Piquete, que contava com 63 casas, 303 habitantes livres e
123 escravos.
O tráfego pela estrada da serra do Itajubá aumentava em movimento e, em
conseqüência, o pequeno núcleo do bairro do Piquete crescia. Há que
ressaltar que toda a vida do lugarejo passou a viver em função dessa
estrada. Ganhava fôlego na época das secas, para quase isolar-se na
estação das águas devido a trechos intransitáveis, pontes levadas pelas
enchentes...
O período mais representativo do café no vale do Paraíba foi na década
1850-60. A grande produção do café lorenense vinha do bairro do Piquete,
onde grandes fazendas recobriam nossos morros da rica rubiácea. Grande
número de tropas transportavam a produção.
Em 1855 o bairro sequer possuía uma capela, pois nesse ano, a Câmara
Municipal de Lorena oficia ao Presidente da Província que a Matriz de
Lorena tem apenas a Freguesia do Embaú e a Capela de "Caxoeira".
6 - Freguesia e Paróquia
A religiosidade dos moradores do bairro e dos viajores era grande. Não
havia pouso de tropeiros sem um oratório. Essa devoção levou os moradores
a se reunirem, através de uma petição, em 1864, visando à ereção de uma
capela no bairro. Esse pedido foi aceito em 20 de dezembro de 1864, por
Dom Sebastião Pinto do Rêgo, Bispo de São Paulo, permitindo a ereção da
capela no bairro, sob a invocação de São Miguel.
Em 14 de março de 1870, pela Lei Provincial nº 20, foram criadas duas
escolas de primeira letras, uma para cada Patologia. Os primeiros professores
foram Franklin Gonçalves Ramos e D. Francisca Benedicta de Assis.
Surgiram, entre os moradores, duas lideranças políticas: o Ten. José
Mariano Ribeiro da Silva e o Major Joaquim Vieira Teixeira Pinto. O Ten.
José Mariano, espírito empreendedor, visionário, foi o grande articulador
político rumo à emancipação do bairro. Trabalhava, investia e buscava
progresso para o local, o que pode ser constatado através de anúncio no
jornal "O Lorenense", de 14-06-1874, que comunicava a abertura de uma
hospedaria no bairro, que mais tarde denominou-se Hotel Santa Cruz. Esse
local passou a ser o lugar para encontros políticos e discussões dos
problemas locais.
Em 1872, foi apresentado o projeto de Lei nº 6 à Assembléia Legislativa da
Província de São Paulo pelo Dr. Antônio Rodrigues de Azevedo Ferreira,
então deputado e proprietário no bairro do Piquete, pedindo elevação do
Bairro à Freguesia, o que ocorreu em 22 de março de 1875, através do
decreto nº 10.
Aos 36 anos de idade, o Ten. José Mariano Ribeiro da Silva elege-se
vereador à Câmara lorenense. Procurou, durante o quatriênio 1883-86,
prover a nova Freguesia de condições para que se tornasse Vila autônoma.
Pela Portaria de 7 de outubro de 1888, do Bispo de São Paulo, D. Lino
Deodato de Carvalho, foi criada a Paróquia de Piquete. O Revmo. Pe.
Francisco Fellipo foi nosso primeiro vigário, tomando posse em 1º de
novembro do mesmo ano.
7 - Vila Vieira do Piquete
Estava o Brasil prestes a mudar completamente seu quadro político.
Aproveitando o descontentamento dos militares com o Ministério presidido
pelo Visconde de Ouro Preto, os republicanos saíram à luta, ativando por
todos os recantos a propaganda anti-monarquista. Ao lado de outros grandes
vultos, em São Paulo, Campos Sales, Prudente de Morais, Francisco Glicério
e Américo Brasiliense batalhavam ardorosamente pela República. Terminou o
movimento conspiratório dos militares e republicanos, com o cerco do
Ministério na madrugada de 15 de novembro de 1889 e a prisão do Visconde
de Ouro
Preto e Cândido de Oliveira. E ao alvorecer desse dia, o Brasil entra em
uma nova fase de sua história, com o célebre grito do Mal. Deodoro da
Fonseca: "Viva a República Brasileira!" Por Ato de 3 de fevereiro de 1890,
Prudente de Morais, Governador nomeado de São Paulo, dissolve as Câmaras
Municipais e são por ele indicados Intendentes que administrarão os
municípios. Para a Vila de Lorena, um dos Intendentes indicado foi nosso
Ten. José Mariano Ribeiro da Silva. Assumiu o cargo em 6 de fevereiro.
Voltou Piquete a sentir novo impulso de progresso.
Quando o Dr. Américo Brasiliense de Almeida Melo foi nomeado Governador do
Estado, em 7 de março de 1891, José Mariano exultou. Além de
correligionário político, era amigo particular do novo governador. E a
grande prova disso veio com o Decreto nº 166, de 17 de maio desse ano de
1891, elevando à categoria de Vila a Freguesia de São Miguel do Piquete,
com a denominação de Vila Vieira do Piquete. Culminância do grande sonho
do Ten. José Mariano Ribeiro da Silva, "a alma criadora do lugar",
conforme escreveu Teodoro Sampaio, importante geógrafo da época, que
passou pela Vila Vieira do Piquete em 1893.
No dia 15 de junho toma posse a primeira intendência piquetense, com
elementos indicados pelo Ten. José Mariano que se despedia da política
lorenense por ser morador da nova Vila.
Mas em 3 de novembro desse 1891, o Mal. Deodoro da Fonseca dissolveu o
Congresso e obteve o apoio do Governador Américo Brasiliense, e nossa
Intendência ofereceu-lhe total apoio. Mas, na contra-revolução de 23 de
novembro, o Almirante Custódio de Melo força o Presidente a renunciar.
Pelo apoio ao Mal Deodoro, também Américo Brasiliense sai do cargo. Assume
o Vice-Governador José Alves de Cerqueira César que, em janeiro de 1892,
nomeia novos Intendentes para Piquete, todos contrários à corrente
política de José Mariano.
Tanto assim que, em 25 de abril de 1892, o Presidente de nossa
Intendência, Ten. Joaquim Lauro do Monte Claro, fez a seguinte proposta:
"Indico que se represente ao Congresso do Estado que revogue o Decreto que
elevou esta localidade à Cathegoria de Villa". Estava sendo urdida uma
grande manobra política entre os membros da Intendência lorenense e, como
vimos, com o apoio da nossa, para que voltássemos à condição de Freguesia
e conseqüentemente sermos legislados por Lorena.
Foi apresentado à Câmara dos Deputados o projeto nº 39, por José Pereira
de Queiroz, para a revogação do decreto 166. Foi aprovado nessa Casa, mas
mandado para o Congresso Estadual, este não acolheu a propositura.
Continuamos Vila autônoma.
Assumindo o Governo do Estado, o Dr. Bernardino de Campos, em 23 de agosto
de 1892, promove eleições municipais para Vereadores em todos os
municípios do Estado. E o povo piquetense respondeu à festa cívica e
conduziu à testa do município seus verdadeiros representantes. Porém, essa
luta para nossa emancipação política baseava-se no fato da grande receita
que provinha das fazendas de café, que poderiam sustentar o progresso do
município. Tal previsão falhou, pois o café no vale o Paraíba estava com
seus dias contados. A terra exaurida e falta de mão de obra devido à Lei
da Abolição estavam provocando a fuga dos plantadores para o norte do
Estado. Nas grandes fazendas piquetenses os morros exibiam pés de café
secos e abandonados.
8 - Instalação da Fábrica de Pólvora sem Fumaça
Parquíssimos eram nossos recursos. Todavia, o Arcanjo protetor da Vila não
a abandonou. Foi cogitada, no governo Campos Sales, a instalação, no
Brasil, de uma fábrica de pólvoras sem fumaça. A iniciativa partira do
Ministro da Guerra, Mal João de Nepomuceno de Medeiros Mallet. Também era
intenção do Exército construir um sanatório militar em lugar aprazível e
saudável.
Assim, em 11 de fevereiro de 1902, o Mal. Mallet chega a esta região, a
convite do Barão da Bocaina, para a escolha do local destinado à
construção do sanatório militar (Lavrinhas, M.G.) e da fábrica de pólvora
(na fazenda Benfica, S.P.) Para essas construções havia necessidade de uma
estrada de ferro e, por ocasião da visita do Mal. Argollo, Ministro da
Guerra, em 15 de julho de 1904, teve início a construção de um ramal
férreo entre Lorena e Benfica, assim como das obras do sanatório militar.
Nessa mesma visita, o Mal. Argollo definiu o lugar onde se instalaria a
fábrica de pólvora. Para isto, em 1905, foram adquiridas as fazendas
Sertão, Estrela do Norte e Limeira. Dias depois, sob o comando do tem Cel.
Augusto Maria Sisson tiveram início as obras da construção da fábrica de
pólvora.
Abrindo muitas vagas de trabalho, a necessidade de moradia para novos
operários provocou o loteamento de parte da Fazenda Santa Eulália, de
Francisco de Assis de Oliveira Braga, dando origem à Vila Operária de São
José, também conhecida como vila Braga.
Já em 1906, são inauguradas por grande número de autoridades a Estação
Rodrigues Alves, a Usina Hidroelétrica e a Represa, e à noite, a
iluminação da vila da Estrela.
Em 19 de dezembro, através do decreto Estadual nº 1 033, a Vila Vieira é
elevada à categoria de cidade, com o nome de "Vieira do Piquete".
Em 15 de março de 1909, dá-se a inauguração da Fábrica de Pólvoras sem
Fumaça, pelo Presidente da República, Dr. Afonso Pena.
No campo educacional, em 25 de março de 1920, é criado o Grupo Escolar do
Piquete. Já havia sido fundado o "Sport Club Estrela", em 1914. Em 1922,
surge o Cine Popular e em 1926, o Cine Glória. Neste mesmo ano tem início
o loteamento da Vila Esperança. E, no setor informativo, circula em 1927,
o primeiro jornal piquetense. Com a eclosão do movimento
constitucionalista de 1932, cerca de 8.000 homens para aqui foram
deslocados para defender a vanguarda do túnel e também a fábrica de
pólvoras. De forma genérica, toda a vida piquetense passou a ser regida em
função dessa fábrica de pólvoras (Fábrica de Pólvora sem Fumaça, em 1909;
Fábrica de Pólvora e Explosivos de Piquete, em 1936; Fábrica de Piquete,
em 1939; Fábrica Presidente Vargas, em 1942).
A Fábrica criou sua banda de música, adotou o Esporte Clube Estrela,
construiu várias vilas residenciais para operários e mestres, cinema,
clubes sociais, hospital, farmácia, cantina, e em 1942, com a criação do
Departamento de Assistência Educacional, talvez sua obra social mais
significativa, ofereceu educação, em todos os níveis, para milhares de
crianças e jovens.
Em 1977, a fábrica tornou-se empresa mista: IMBEL.
Origem do nome
Por um equívoco da tradição costuma-se atribuir a origem do nome de nossa
cidade a um piquete de cavalarianos das tropas de Caxias, quando da
Revolução Liberal, em 1842.
Na verdade, a palavra piquete significa "corpo de tropas de soldados que
formam guarda avançada" ou "porção de tropa a cavalo". Advém, no nosso
caso, de uma tropa auxiliar montada, não dos soldados de Caxias, mas da
guarda que, por muitos anos, guarneceu o Registro de Itajubá, bem como o
caminho para Minas Gerais. A instalação desse Registro, em novembro de
1764, provocou o surgimento, em suas proximidades, de pousos para
tropeiros e viajantes. Aos poucos, moradias e roças despontaram,
espalhadas ao longo do caminho, o que suscitou o crescimento espontâneo e
a fixação de moradores, originando o bairro do Piquete.
No início do século XIX, a população de Lorena era dividida, para fins de
recenseamento, em Companhias de Ordenanças, sob a responsabilidade de um
capitão. Encontramos no "Arquivo Público do Estado de São Paulo", os
"Inventários da População da 7ª Companhia das Ordenanças da Villa de
Lorena de 1828", nos quais, pela primeira vez, é citado o bairro do
Piquete. Nesse ano, no bairro havia 63 fogos (lares) com 303 habitantes
livres e 123 escravos. Esta 7ª Companhia abrangia os bairros da margem
esquerda do Paraíba até o alto da serra da Mantiqueira, na divisa com
Minas Gerais, e incluíam, além do bairro do Piquete, o Passa Vinte, o
Embaú, o Quilombo, o Porto Velho e o Limoeiro.
Constatamos, portanto, que 14 anos antes da Revolução Liberal de 1842,
Piquete já era Piquete! O desconhecimento da documentação existente em
1828 justifica e torna perfeitamente compreensível o engano da tradição
oral quanto à origem do nome Piquete. No entanto não é mais aceitável que
hoje alunos, publicações, eventos oficiais venham citar cavalarianos da
Revolução Liberal como responsáveis pela origem do nome de nossa cidade.
Fonte: Fundação Christiano Rosa
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