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HISTORIA DE NOVA ODESSA |
BRASIL |
Em princípios de março
de 1905, Augusto Ramos assistia em Nova York o
desembarque de imigrantes russos, que lhe
causaram ótima impressão. Ainda em março, em
Londres, informava-se sobre a melhor forma de
trazer esses colonos.
Em 13 de abril,
assinava contrato com a companhia de navegação
Royal Steam Packet Company, para esse efeito. E
em maio já chegavam a Santos e a Nova Odessa
(Pombal) os primeiros onze russos.
Paralelamente, no
Brasil, Carlos Botelho, em fevereiro de 1905,
providenciava a compra da primeira fazenda do
novo núcleo, a Fazenda Pombal, cuja escritura
foi lavrada em 11 de março.
Em seguida foram
estabelecidas as bases para a instalação do novo
núcleo, demarcados os lotes e, em 1905, criado
oficialmente o núcleo colonial de Nova Odessa..
A primeira referência a 'camaradas russos'
trabalhando no núcleo, data do dia 29 de maio, e
encontra-se no 'diário' mantido pelo
administrador, Cândido de Albuquerque.
Também na prestação de
contas do núcleo, do mês de maio, encontramos o
pagamento feito a seis trabalhadores, cujos
nomes são obviamente russos e de origem judaica.
Formação
Administrativa
Distrito criado com a
denominação de Nova Odessa pelo Decreto-lei
Estadual n.º 9.775, de 30-11-1938, subordinado
ao município de Americana.
Em divisão territorial
datada de I-VII-1950 o distrito de Nova Odessa
permanece no município de Americana. Assim
permanecendo em divisão territorial datada de
1-VII-1955.
Elevado à categoria de
município com a denominação de Nova Odessa pela
Lei Estadual n.º 5.285, de 18-02-1959, sendo
desmembrado do município de Americana. Sede no
antigo distrito de Nova Odessa. Constituído do
distrito sede. Instalado em 01-01-1960.
Em divisão territorial
datada de 1-VII-1960, o município é constituído
do distrito sede. Assim permanecendo em divisão
territorial datada de 2014.
Mais
historias
Século XVIII
O
desenvolvimento da região que circunda Nova
Odessa teve as suas origens nas sesmarias,
concedidas no fim do século XVIII. A primeira
referência: "de possuidores de glebas de terras
por aquelas paragens. . ." - " na paragem de
Salto Grande, há mais de 50 anos (1771), ali
cultivando e residindo com fábrica de açúcar e
sua manufatura...(História da Cidade de
Campinas, de Jolumá Brito, vol. 18, pág. 9).
Logo deparamos com a concessão de sesmarias no
Quilombo, nos anos de 1798, 1799, 1802 e 1822.
As sesmarias e a subdivisão de terras:
Uma sesmaria abrangia áreas de grandes
proporções e era geralmente concedida a várias
pessoas À medida que a terra ia sendo ocupada,
grandes fazendas se formavam, aos poucos
subdivididas entre descendentes e agregados.
Depois vinham os pequenos núcleos e os
vilarejos. E a venda e revenda de propriedades
torna-se praticamente impossível documentar em
detalhe essa evolução.
As sesmarias
concedidas no Quilombo foram as seguintes:
Em 20 de abril de 1798, a Joaquim José
Teixeira Nogueira e Ignácio Caetano Leme, nas
margens do Ribeirão do Engano -Barra do
Quilombo.
Em 20 de abril de 1799, a
Maria Tereza do Rosário, Joaquim da Silva Leme e
Rafael de Oliveira Cardoso, Ribeirão do Engano
Barra do Ouilombo.
Em 2 de abril de
1802, a João do Prado Câmara, João de Souza
Azevedo e Maria Ferraz Quilombo. Em 6 de
agosto de 1822, a Gerónimo Cavalheiro Leite,
Pedro Antunes de Oliveira e Capitão André de
Campos, terras no Quilombo.
Somos
levados a assumir que a sesmaria de Joaquim José
Teixeira Nogueira (1798) abrangia terras que
hoje compõem Nova Odessa e municípios vizinhos.
É fácil seguir a descendência do Sargento Mor
(depois Capitão) Joaquim José Teixeira Nogueira,
desde as grandes propriedades do século XIX, às
fazendas e sítios do século XX. Os córregos São
Francisco, Palmeiras (hoje Palmital) e Capoava,
levam o nome de propriedades suas ou de seus
descendentes. Devemos também presumir que os
limites de outras sesmarias também atingissem
áreas que hoje fazem parte do nosso município.
A Baronesa - a locomotiva nº 1 da Companhia
Paulista das Vias Férreas e Fluviais - a
primeira que passou por terras de Nova Odessa
(Pombal) em 1987 Estrada de FerroEm 1873 foi
iniciada a colocação dos trilhos que ligariam
Campinas a Rio Claro, atravessando as terras que
hoje são Nova Odessa. Começaram a chegar os
trabalhadores, que acampavam ao longo da faixa
de terra por onde os trilhos iam passar. A
maioria era de imigrantes portugueses.Todo o
trabalho era feito com enxadões e pás. A terra
transportada em carroças. Pedras eram quebradas
para revestir o leito da estrada e dormentes
assentados. As matas margeando a estrada
forneciam boas madeiras.
Depois de dois
anos de intenso trabalho, a 27 de agosto de
1875, a linha foi aberta ao tráfego. Era uma
sexta-feira e o trem inaugural partiu de
Campinas às seis e quinze, fazendo o percurso
até a Estação de Santa Bárbara (que em 1900
passaria a chamar-se Villa Americana), em hora e
meia, inaugurando se no caminho a Estação de
Rebouças (Sumaré, desde 1944).
Na
Estação de Santa Bárbara foi servido um delicado
lanche. No trem, viajaram como convidados
especiais, o Imperador Pedro II, o Conde D'Eu,
Príncipe Consorte, o padre Vicente Pires da
Motta, Presidente da Província, Secretários de
Estado e a diretoria da Companhia Paulista de
Vias Férreas e Fluviais.
Durante trinta
anos passaram os trens pelas terras do Pombal
(Nova Odessa) sem que houvesse uma parada no
local.
A Colônia possuia estrada de
ferro, cujos trilhos já haviam chegado em 1873.
Em 1912 foi construído o ramal de Piracicaba que
aumentou sobremaneira o movimento de viajantes e
permitiu à estação ser um dos pontos de parada.
A ferrovia foi inaugurada por Dom Pedro II em
1875. A estação de Nova Odessa foi construída em
1929. A de Recanto foi aberta ao tráfego em
1916.
A estação do Recanto, aberta ao
tráfego em 1916.No início deste século começaram
a parar aqui alguns trens mistos e, por volta de
1905, foi instalado o Posto Telegráfico do
Pombal, provavelmente para atender as
necessidades do recém-criado núcleo colonial. Os
primeiros colonos letos (1906) vinham de trem de
passageiros até Villa Americana e, de lá,
tomavam um trem misto de volta para Pombal. Em
1º de agosto de 1907 foi inaugurada a Estação de
Nova Odessa, sendo Antônio Costa o primeiro
chefe de estação. A parada do Recanto, entre os
quilômetros 78-79, data de 7 de outubro de 1916.
Em 14 de julho de 1917, também seriam
abertos ao tráfego, o ramal e a nova estação de
Santa Bárbara.
Em 1922, o ramal atingiu
Piracicaba.
Com o desenvolvimento da
região, principalmente a cultura do algodão e o
plantio da melancia, Nova Odessa já fazia jús a
uma estação de maior porte. A estação atual
inaugurou-se em 20 de setembro de 1929.
Pessoas da Estrada de Ferro, em 1929 O
TerritórioO nome de Pombal está diretamente
ligado à fundação de Nova Odessa, porque assim
se chamavam estas paragens há muitos anos e
também tinha esse nome a primeira fazenda
comprada pelo governo, para a instalação de um
núcleo colonial. O Posto Telegráfico da estrada
de ferro e parada de trens tinha o nome de
Pombal, antes de denominar-se Nova Odessa.
As propriedades que no início deste século
originaram a formação do Núcleo Colonial Nova
Odessa, foram: a Fazenda Pombal, comprada pelo
governo em 1905, a Fazenda Velha, comprada
poucos meses depois e o "engenho velho", da
antiga Fazenda São Francisco. Outras
propriedades foram compradas pelo governo, entre
1909 e 1911, para fazerem parte do núcleo
colonial, cujas terras estão hoje no vizinho
município de Sumaré. Eram as fazendas Pinheiro,
Paraíso e Sertãozinho.
Cada uma dessas
fazendas passou a ser uma das seis seções do
Núcleo Colonial Nova Odessa. Para completar o
território hoje ocupado pelo município, havia,
nessa época, outras propriedades que não faziam
parte do referido núcleo colonial. Entre a Seção
Nova Odessa (Pombal) e a Seção Fazenda Velha, já
existiam o bairro da Cachoeirinha e a Filipada,
onde eram proprietários, Anna Pinto de Camargo,
os Whitehead, João Félix de Camargo, os Pyles e
outros pequenos sitiantes. Entre a
Seção Engenho Velho e a Seção Nova Odessa, os 25
alqueires dos Bassora. Entre as seções Engenho
Velho, Sertãozinho e Fazenda Velha, os sítios
Capoava e Palmeiras, dos Azenha e dos Oliveira,
terras de Antônio do Valle Mello (que vendeu 50
alqueires de terras aos Mattioli) e outros.
Do outro lado da linha do trem, terras dos
Machado de Campos, Leite de Camargo, Nascimento,
Toledo, Oueiroz Aranha e outros. As fazendas São
Francisco, Olhos D'Água, Triumpho, os sítios
Pirajú, Santo Ângelo etc. O sítio Pau Pintado,
no Portão Pesado, era dos Pinto de Oliveira,
hoje é a Fazenda Rubaiyat. O Vale Rico era dos
Bradley. Para os lados da Víla Americana, nas
margens do Quilombo, as terras de Charles e
Maria Fenley.
A escola da Fazenda Velha,
em 1908.
A professora era d. Brasília
Campos Aguirre e na foto vemos Adolpho
Steinberg, Benedito (?), Agusto Araium, Eduardo
Leekning, Carolina Leekning, Olga Strelniek,
Arthur Peterlevitz, Henrique Bezod, Gustavo
Peterlevitz, Fritz (?), Augusto Klava, irmãs
Pyles, Milda Gulbis, Mathilde Streilniek,
Cecília (?), (?) Teixeira, Theodoro Gulbis,
Oscar Araium (o 3º sentado da esquerda para
direita), Roberto Pyles, (?) Gulbis, Lorena
Pyles, Alida Davidsky, Filomena(?) e Leontina
Araium. Não nos foi possível identificar sete
meninos da foto. Origens da Criação do Núcleo
ColonialDurante três séculos o Brasil viveu
quase que exclusivamente da mão-de-obra escrava,
de origem africana. No início do século passado,
ativou-se um movimento mundial de repúdio à
escravidão, que viria modificar toda a estrutura
de trabalho no mundo ocidental.
O
Brasil, em 1870, era o único país do ocidente
que ainda não abolira a escravatura. Dentro
desse contexto, o governo brasileiro logo
começou a incentivar a vinda de imigrantes
estrangeiros, não só para substituir o "braço
escravo", mas também como forma de apressar o
desenvolvimento da agricultura no seu imenso e
pouco explorado território.
Sempre que
algum fator político, econômico ou social
afetava outros países ou regiões, originando um
movimento migratório, o Brasil procurava atrair
esse fluxo para as suas terras. Assim vieram os
suíços-alemães, os alemães, os norte-americanos,
os italianos, poloneses, russos, húngaros, letos
e outros.
Em 1904, quando Carlos Botelho
assumiu a Secretaria da Agricultura, era
política vigente a criação de núcleos coloniais
para imigrantes de mesma origem étnica. O
governo tinha por norma comprar terras de
particulares e, dividindo-as em lotes,
revendê-las aos imigrantes, a prazo de cinco
anos. Num despacho de Carlos Botelho, de 1º de
julho de 1905, lê-se:
"interessa ao
governo, somente as propriedades à vista das
estradas de ferro e de grande extensão". Nessa
época a maior imigração era de italianos.
Para exemplificar a importância que tinha o
movimento de imigrantes, citamos o fato do
governo da Itália começar a dificultar a
emigração para o Brasil, canalizando-a para as
suas possessões na África. Carlos Botelho
convidou o cônsul da Espanha para visitar os
núcleos coloniais e as terras disponíveis, com
vistas a atrair imigrantes espanhóis, o que logo
conseguiu em larga escala.
Isso criou tal
ambiente na Itália que obrigou o governo
italiano a reconsiderar sua decisão e a levantar
as restrições impostas. No caso de Nova Odessa,
deu-se o fato de estar havendo um grande
movimento migratório na Rússia, em razão de
graves conturbações políticas e sociais. Como
resultado dos reveses militares da guerra
russo-japonesa (1904/5), agrava-se a situação
interna da Rússia.
Em janeiro de 1905, a
fuzilaria do "domingo vermelho" destruiu a
confiança do povo no czar. Greves, motins,
revoltas e atentados se sucedem. Milhares de
famílias russas abandonam o país e espalham-se
por toda a Europa. Muitos emigram para os
Estados Unidos.
Carlos Botelho logo
instruiu o seu auxiliar e amigo Augusto Ferreira
Ramos (que estava em Nova York em missão do
governo), para estudar a possibilidade de
canalizar parte desse movimento para o Brasil.
Em princípios de março de 1905, Augusto
Ramos assistia em Nova York o desembarque de
imigrantes russos, que lhe causaram ótima
impressão. Ainda em março, em Londres,
informava-se sobre a melhor forma de trazer
esses colonos.
Em 13 de abril, assinava
contrato com a companhia de navegação Royal
Steam Packet Company, para esse efeito. E em
maio já chegavam a Santos e a Nova Odessa
(Pombal) os primeiros onze russos. (Relatório da
Hospedaria dos Imigrantes do mês de maio de 1905
- Arquivo do Estado São Paulo, ordem 4680).
Paralelamente, no Brasil, Carlos Botelho, em
fevereiro de 1905, providenciava a compra da
primeira fazenda do novo núcleo, a Fazenda
Pombal, cuja escritura foi lavrada em 11 de
março.
Em seguida foram estabelecidas as
bases para a instalação do novo núcleo,
demarcados os lotes e, a 24 de maio de 1905,
criado oficialmente o Núcleo Colonial de NOVA
ODESSA, pelo decreto nº 1286. A primeira
referência a "camaradas russos" trabalhando no
Núcleo, é o dia 29 de maio, e encontra-se no
"diário" mantido pelo administrador, Cândido de
Albuquerque. (Arquivo do Estado - São Paulo,
ordem 4681)
.Também na prestação de
contas do Núcleo, do mês de maio, encontramos o
pagamento feito a seis trabalhadores, cujos
nomes são obviamente russos e de origem judaica.
(Arquivo do Estado - São Paulo, ordem 7196)".
Colonização - Os Primeiros ImigrantesEm 2
de agosto, desembarcaram em Santos, procedentes
de Southampton, trazidos pelo vapor Aragon, mais
379 judeus russos. Foram enviados para vários
núcleos, entre eles o de Campos Salles e o de
Nova Odessa. Achamos também uma anotação de 4 de
setembro, da Hospedaria dos Imigrantes,
informando que estavam mandando mais quatro
famílias de russos para Nova Odessa, fora as
três que já tinham ido dias antes. Examinando a
relação de imigrantes chegados em 2 de agosto,
verificamos que quase não havia agricultores
entre eles.
Anotamos as seguintes
profissões: sapateiro, pedreiro, cocheiro,
caixeiro, padeiro, serralheiro, funileiro,
pintor, carregador, lavador de roupa, mascate,
acróbata, tecelão, cozinheiro, ferreiro,
foguista, tanoeiro, carniceiro, maquinista,
prestidigitador, sem profissão, curtidor,
chapeleiro, vendedor de frutas, tapeceiro,
negociante, alfaiate, eletricista etc. (Arquivo
do Estado, ordem 4682). Somos levados a crer
que as primeiras levas de russos, enviados pela
agência da companhia de navegação, ao preço de
135 shillings por adulto e de 77 por menor de
doze anos, eram de imigrantes desqualificados
para a agricultura, que estavam deslocados pelos
países da Europa, principalmente na Inglaterra,
e que a agência mandou sem maiores cuidados.
Foram enviados para os núcleos coloniais e,
não estando afeitos a trabalhos rurais, logo
abandonaram essas colônias, dispersando-se pelas
cidades maiores. Entretanto, o Núcleo Colonial
Nova Odessa havia sido criado, especificamente
para a localização de imigrantes russos.
O governo fez gestões junto à Legação do
Brasil em São Petersburgo, procurando trazer
imigrantes diretamente do Império Russo e
pretendendo lá iniciar uma propaganda a favor da
migração para o Brasil.
Em resposta, por
carta de 31 de agosto de 1905 (Arquivo do
Estado, ordem 4682), o Ministério das Relações
Exteriores, no Rio de Janeiro, informa que o
governo russo era contrário à emigração de seús
súditos.
Que apenas os israelitas tinham
a saída sempre facilitada. Dificultava-se assim
a emigração de russos qualificados para a
lavoura e também fica esclarecido que nunca veio
nenhum grupo de emigrantes da cidade de Odessa.
Em fins de 1905, poucas famílias russas
permaneciam no núcleo e o governo começou a
fazer diligências para a vinda de imigrantes
letos, enviando João Gutmann a riga, capital da
Letônia, então província da Rússia.
Também levava em consideração os esforços de
Júlio Malves para trazer famílias letas de Santa
Catarina. Datados de 8 de janeiro de 1906,
encontramos ainda os processos de compra de
lotes, em Nova Odessa, de lvas Zuk (lote 24),
Marck Pipman (lote 30), Mendel Bendernsky (lote
13) e Mark Shwarzman (lote 31).
Todos
esses processos tem despacho de Henrique
Ribeiro, em 9/1/1906, de Carlos Botelho, em
15/1/1906 e, aos três primeiros, foram dados
títulos provisórios de propriedade, em
20/1/1906. Após isso, apenas encontramos
referências à colonização leta, que se deu a
partir de junho de 1906 e que consolidou a
implantacão do núcleo.
Os Colonos Letos
Janis GutmannJúlio MalvesCom o malogro da
primeira experiência com imigrantes russos, a
atenção da Secretaria de Agricultura voltou-se
para a possibilidade de trazer para Nova Odessa,
imigrantes da Letônia, que também eram
considerados "russos" e que já estavam
instalados em dez colônias, nos Estados de Santa
Catarina e Rio Grande do Sul. Os primeiros letos
haviam chegado ao Brasil em 1890 e eram
considerados bons agricultores. Carlos Botelho,
em fins de 1905, enviou à Europa João (Janis)
Gutmann, um leto luterano que exercia funções de
agente de imigração junto à Secretaria de
Agricultura.
O Brasil mantinha um
escritório de imigração em Antuérpia, Bélgica,
com sucursal em Londres. Instalado na sucursal,
João Gutmann entrou em contato com letos
interessados em emigrar, residentes nas muitas
colônias letas espalhadas pelo território russo,
bem como na própria Letônia, então província da
Rússia, a fim de enviá-los para São Paulo.
Mais ou menos na mesma época, Júlio Malves,
um batista leto, que viera para Rio Novo em 1891
e que se transferira para Jacu-Açu em 1898,
tomou conhecimento do incremento que a imigração
estrangeira estava tomando no Estado de São
Paulo.
Pediu uma audiência com o então
Secretário da Agricultura e, uma vez na presença
de Carlos Botelho, expôs-lhe os problemas dos
letos nas colônias da região de Blumenau e
Joinville e os seus ideais de reuní-los numa
grande colônia, esclarecendo que se tratava de
um povo afeito aos labores agrícolas e de grande
torça de vontade e tenacidade.
Após mais
alguns entendimentos ficou acertado que a
Secretaria da Agricultura mandaria cinco
passagens gratuitas, para uma comissão de
representantes que desejasse visitar os núcleos
coloniais do Estado de São Paulo, Jorge Tibiriçá
(Corumbataí) e Nova Odessa, este último
recentemente abandonado por judeus russos.
Essa comissão de "espias", da qual faziam
parte Ernesto Araium, Ricardo J. lnke, Roberto
Peterlevitz, Cristiano Leekning e Joao Lapin,
era originária de Jacu-Açu e veio a Nova Odessa
em fevereiro de 1906. Esses dois movimentos
originaram a vinda dos primeiros contingentes de
Letos para Nova Odessa, em 24 de junho de 1906:
Um de Santa Catarina e outro da Europa.
Um de Santa Catarina e outro da Europa. O
primeiro era constituído de batistas letos, da
colônia de Jacu-Açu, transferidos por iniciativa
de Júlio Malves, enquanto o outro, de luteranos,
enviados por Janis Gutmann.
De Santa
Catarina vieram inicialmente umas dez famílias,
mas já em julho e agosto foram chegando outras,
à medida que iam vendendo as suas terras no Sul,
principalmente para os alemães.
Da
Letônia e de colônias Letas da Rússia vieram 40
famílias nessa primeira leva. Mais imigrantes
continuaram a chegar tanto da Letônia como dos
estados do Sul, instalando-se em Nova Odessa e
em outros núcleos. No jornal "O Imigrante" de
janeiro de 1908, lemos: "O núcleo colonial Nova
Odessa, com 97 lotes, dos quais 64 estão
occupados por famílias russas e 33 lotes estão à
venda". Theodoro Mesgravis e André Sprin em
1920 A Emigração Leta para o BrasilAs opressões
político-religiosas e as condições
sócio-econômicas precárias, que na Letônia não
permitiam ao cidadão adquirir um pouco de terra
para lavrar e com o produto do seu trabalho
prosperar honestamente, foram os motivos
fundamentais que deram origem aos primeiros
movimentos migratórios dos letos para o Brasil.
Tratando-se de um povo basicamente de ocupação
agrícola, os letos, ao chegarem ao Brasil, logo
procuraram áreas de terras, as mais amplas
possíveis para as cultivarem e prosperarem.
A emigração de letos para o Brasil teve a
sua origem com o aparecimento de publicações
sobre este país no diário leto "Baltijas
Wehstnesis" (O Mensageiro dáltico) em 1889,
editado em Riga, capital da Letônia, e de um
pequeno livro em princípios de 1890, intitulado
'Brazilija' (Brasil).
Essas publicações
eram de autoria de dois jovens letos
recém-formados pela Universidade de Dorpat, na
Estônia - Karlis Balodis, pastor luterano e
Peteris Sahlítis, doutor em filosofia, que
haviam visitado o Brasil em 1888, interessados
em verificar a procedência ou não das propaladas
vantagens que o Brasil oferecia aos imigrantes
agricultores, especialmente no Estado de Santa
Catarina, segundo a imprensa alemã.
No
Rio de Janeiro e em Desterro (Florianópolis)
entraram em contato com uma das empresas
colonizadoras - a Grã-Pará - visitando as suas
colônias formadas de poloneses e italianos, na
região de Orleã, onde o clima se assemelhava ao
da Letônia, naturalmente sem os rigores do
inverno.
As publicações em pauta
descreviam o Brasil, a fertilidade da terra, o
clima, a flora e a fauna, os produtos, a
política liberal do governo, as facilidades
oficiais dadas aos imigrantes agricultores,
inclusive o apoio à formação de grandes
aglomerados de imigrantes da mesma nacionalidade
para evitar a nostalgia e os problemas
culturais.
A oportunidade de uma
emigração de letos em grandes escala, tanto da
Letônia como das colônias letas da Rússia,
parecia excepcional aos dois jovens letos. E,
sob os efeitos da impressão que as publicações
causaram em certas camadas sociais, Karlis
Balodis logo organizou em Riga uma agência de
emigração para o Brasil.
Em abril de
1890, Karlis Balodis partiu do cais de Riga com
cerca de 25 famílias ,a bordo de um navio
pequeno, que os levou ao porto de Lübek, na
Alemanha, de onde, em outro vapor, chegaram a
Laguna, porto brasileiro do Estado de Santa
Catarina. A maior parte daqueles emigrantes
compunha-se de diaristas da metrópole leta,
especialmente da fábrica de cimento, que não se
conformava em trabalhar indefinidamente só pelos
iteresses do patrão, sem condições de chegar à
emancipação econômica.
Durante a viagem
que lhes era gratuita, esses emigrantes faziam
suas fantasias, pensando na lavoura em termos
europeus. De Laguna até Orleã, viajaram pela
estrada de ferro recém-construída, que na época
ali fazia o seu ponto final.
De Orleães
marcharam a pé cerca de dez quilômetros, até Rio
Novo, grande gleba de terras que tomou esse nome
emprestado do rio que corta a região. Ficou ali
estabelecida a primeira colônia Leta no Brasil,
a de Rio Novo. O contraste entre o ambiente que
conheciam na Letônia e aquele que se lhes
deparava agora no Brasil, produziu nos recém
chegados um impacto negativo.
Encontrando-se ainda nos alojamentos comuns de
alguns barracões da empresa colonizadora e
percebendo, na mata virgem a desbravar, um
futuro tenebroso, resolveram abandonar o local,
dispersando-se pelas cidades do Sul, como
Desterro e Porto Alegre, enquanto uns poucos
voltaram para Riga.
Ficaram na colônia
apenas quatro famílias. Entre elas estava uma
única família batista a de Janis Aruns - que se
correspondeu com outros batistas de Riga e, como
resultado, vieram para Rio Novo em julho de
1891, mais cinco famílias, entre elas as de
Frischenbruder e Malves, mais tarde nomes de
projeção entre os batistas letos do Brasil.
Em novembro do mesmo ano chegaram mais duas
e em dezembro outras 25 famílias, a maioria de
batistas e algumas de luteranos. As primeiras
colônias letas a estabelecer-se no Brasil foram
em Santa Catarina. Em 1890, a de Rio Novo; em
1892, a de Rio Oratório; em 1893, as de Rio Mãe
Luzia e Massaranduba.
Nesse mesmo ano, a
de ljuí, no Rio Grande do Sul. Em 1898,
Jacu-Açú; 1899, Ponta Comprida; 1900, Terra de
Zitnmerman e, em 1901, as de Schroederstrasse e
de Linha Telegráfica, todas em Santa Catarina.
Vieram depois as colônias letas do
Estado de São Paulo: Nova Odessa e J orge
Tibiriçá ou Corumbataí, em 1906; Nova Europa, em
1907; Paríquera-Açú, em 1910: São José dos
Campos, em 1914 e Varpa, em 1922.
No
caminho para a Fazenda Velha, em 1922, Milda
Mesgravis, Adina Kudrin, Lídia Strautman, Maria
Mesgravis e Marta Strautman. Os ItalianosNa
região, já residiam algumas famílias de
imigrantes italianos e portugueses que, aos
poucos, foram participando da vida entre os
letos, vendendo-lhes vacas, cavalos, etc. Entre
essas famílias, são citadas na Monografia de
Nova Odessa, a de João Bassora, Quirino Bassora,
Matiolli, Delben, Marmilli, Azenha, Camargo,
Leite, José Whitehead (imigrante americano).
Muitas moças que tinham experiência em tecelagem
caseira, iam trabalhar como tecelãs em Carioba.
Visita de Carlos Botelho a Nova Odessa, no
início da Colonização Carlos Botelho - O
FundadorCarlos José de Arruda Botelho, nasceu em
Piracicaba, em 14 de maio de 1855, filho
primogênito do coronel Antonio Carlos de Arruda
Botelho, mais tarde Visconde e Conde de Pinhal,
e de Da. Francisca Coelho de Arruda Botelho.
Começou a estudar em Piracicaba e terminou seus
primeiros estudos no tradicional Colégio de Itu,
dos jesuítas, em 1867. Nesse ano mudou-se para o
Rio de Janeiro onde continuou os seus estudos
cursando até o 2º ano da Faculdade de Medicina.
Em 1875 viajou para a França,
matriculando-se no 3.º ano da Faculdade de
Medicina de Paris, onde, com brilhantismo,
recebeu o grau de Doutor em Medicina, no ano de
1878, tendo-se especializado em cirurgia sob a
direção do renomado professor Courty.
A
tese que defendeu na sua formatura era
"Contribuição ao estudo da inversão uterina
antiga e seu tratamento". Viaja alguns meses
pela Europa e volta então para a província de
São Paulo, resolvido a exercer a sua profissão
na capital.
Pouco depois de seu regresso
da França, casa-se no Rio de Janeiro com d.
Constança de Brito Souza Filgueiras, que foi a
animadora perfeita e inspiradora de seu marido
na missão que se impusera na sua nobre carreira.
Carlos Botelho - MédicoCom imenso futuro
diante de si, podendo escolher à vontade a sua
clientela, com posição definida na melhor
sociedade brasileira - filho que era do Conde de
Pinhal - qual foi entretanto o campo escolhido
pelo jovem médico para o desenvolvimento da sua
especialidade? A Santa Casa da Misericórdia de
São Paulo! A essa benemérita instituição é que
Carlos Botelho se dedicou de corpo e alma, para
atender ao espírito humanitário que o impelia em
socorro dos menos favorecidos. Revalidou o seu
título perante a Faculdade de Medicina do Rio de
Janeiro, em 1883.
Pela sua dedicação e
proficiêncía, foi indicado para ser o primeiro
diretor clínico da Santa Casa, quando da criação
desse cargo em 1884. Surgem naquela época, na
Santa Casa, duas vigorosas figuras de
cirurgiões, que repartiam a prática da cirurgia
no hospital: Carlos Botelho e Nicolau Vergueiro.
Botelho tinha a brilhante formação
cultural e técnica da escola francesa, em grande
prestígio no século passado, enquanto Vergueiro
se educara na rígida disciplina da escola alemã.
Esta desigualdade de escolas provocava
constantes celeumas e discussões entre os dois
chefes de cirurgia.
Luiz Pereira Barreto
veio completar a tríade, com Botelho e
Vergueiro, dando impulso a uma nova era de
práticas cirúrgicas.
Foi Carlos Botelho
o introdutor de assepcia entre nós. Na Santa
Casa criou inúmeros melhoramentos, entre os
quais, uma sala asséptica para operações, uma
iniciativa pioneira e de fundamental
transcendência.
Abriu também a Casa de
Saúde do Braz, na Rua do Gasômetro, que fez
época pelas inovações dos tratamentos que
proporcionava. Nesse tempo, muito moço e
elegante, era respeitado na medicina e admirado
na sociedade.
Ao profundo conhecimento
de patologia, aliava a destreza manual
inigualável, dons que lhe permitiam improvisar
processos e triunfar das insídias das moléstias,
sempre dentro do seu lema - "cito tuto et
jocundo".
Foi o cirurgião que fez pela
primeira vez, em São Paulo, a cirurgia dos
bócios, com êxito. Após Luiz Pereira Barreto
fazer a primeira talha, para a extração do
cálculo vesical, em 1881, Botelho executou a
segunda, num menino de doze anos,
especializando-se nesse tipo de intervenção, às
quais assistiam outros médicos e estudantes.
Carlos Botelho, sem dúvida, pode ser
considerado o pioneiro da urologia paulista,
nome invariavelmente indicado para a regência
das cátedras de vias urinárias, das várias
escolas médicas projetadas naqueles tempos.
Para mostrar a sua disposição à urologia,
lembramos que em 1882 publicava uma estatística
de seus primeiros meses de clínica, que reflete
definida tendência para esse campo. A atenção de
Carlos Botelho voltou-se para os problemas da
sutura da bexiga e para os curativos
pós-operatórios, conforme demonstra o trabalho
por ele apresentado em 1887, à recém fundada
Sociedade de Medicina e Cirurgia de São Paulo.
Inventou as chamadas "almofadas de
celulose sublimada", envolvidas em saco de gaze,
que pela sua grande capacidade higrométrica
absorvia toda a urina eliminada, o que
constituiu um aprimoramento técnico de
importância.
No campo da medicina,
Carlos Botelho pode ser considerado um dos
expoentes dos primórdios da cirurgia paulista.
Ainda hoje, tantos anos decorridos, se recordam
com respeito, nos centros médicos brasileiros,
os feitos do jovem operador.
Carlos
Botelho - RuralistaHomem de excepicional
sensibilidade para os problemas do momento, de
um interesse cívico fora do comum, percebendo as
deficiências econômicas e sociais com que lutava
o país, antevia as possibilidades que tínhamos
de vencê-las. Ligado à terra pelo seus
antecedentes, dono de propriedades agrícolas de
importância, não se conformava com o
"roceirismo" dos processos agrícolas que vinham
esgotando desnecessariamente o nosso solo e se
dispôs a demonstrar que, com ânimo, inteligência
e estudos, poderíamos revolucionar a
agricultura, multiplicando a produção com a
mesma soma de esforços e despesas, preservando,
além de tudo, a fertilidade da terra.
A
revolução que empreendeu, iniciou-se em suas
próprias fazendas, a Dourado, em Iguape, e a
Lobo, em São Carlos. Queria demonstrar, pelo
exemplo, do que seriam capazes as nossas terras,
se tratadas racionalmente.
Carlos
Botelho - Homem Público e ColonizadorNo governo
de Jorge Tibiriçá, Presidente do Estado de São
Paulo, de 1904 a 1908, ocupou Carlos Botelho a
pasta da Secretaria da Agricultura, que então
compreendia também as de Comércio, Obras
Públicas, Viação, Navegação e Iluminação. Dentro
de suas complexas atribuições, devemos citar
algumas das realizações de sua iniciativa. O
levantamento da carta geográfica do Estado; a
criação de escolas agrícolas: a encampação da
Estrada de Ferro Fluminense; o serviço de águas
e esgotos da capital; o saneamento da cidade de
Santos, entregue por Carlos Botelho ao
engenheiro Saturnino de Brito: e muitas outras.
A capital paulista ficou a dever-lhe um
dos seus mais encantadores logradouros de lazer
- o Jardim da Aclimação que Carlos Botelho
mandou construir nos moldes do Jardin de la
Acclimation, de Paris, que ele costumava
freqüentar nos seus tempos de estudante.
Mas foi no campo da agropecuária que Carlos
Botelho mais se revelou. Ao assumir o seu novo
cargo, Botelho havia acabado de voltar dos
Estados Unidos, onde conheceu novos sistemas de
trabalho agrícola.
Resolveu, então, dar
impulso à cultura do algodão, relegada por nós a
segundo plano devido à concorrência
norte-americana.
Esse gesto foi
vivamente criticado, porém, perseverou no seu
intento. Fez propaganda dos mais modernos
métodos de cultura, desde o preparo do terreno
até o aproveitamento industrial. Organizou
mesmo, uma exposição num edifício existente no
Largo São Francisco.
Alguns fazendeiros
se deixaram contaminar pelo entusiasmo e, assim,
a cultura do algodão era reintroduzida em São
Paulo, tornando-se posteriormente uma das nossas
maiores fontes de riqueza. Com referência ao
arroz, que até então se importava do Oriente,
iniciou aqui essa cultura, pelo sistema de
irrigação, trazendo inclusive técnicos
americanos para o núcleo de Moreira César.
Aplicou o mesmo sistema de irrigação aos nossos
cafezais. O despolpamento do café, assunto ainda
hoje tão atual, teve nele um dos seus
propagandistas mais entusiastas.
Carlos
Botelho foi um campeão da campanha do trigo
nacional. Ficaram famosas as fotografias do
apaixonado lavrador no meio de seus formosos
trigais. Recordamos que, pela primeira vez, ele
promoveu exposições agrícolas em Campinas,
Batatais, São Carlos, ltapetininga e
Pindamonhangaba.
Preocupou-se com a
erosão, estimulou estudos meteorológicos
regionais, deu os primeiros passos no campo da
estatística aplicada e, na sua administração,
nasceu a moderna divulgação agrícola paulista. O
problema de falta de braços para a lavoura era
na época dos mais angustiantes. Criou a
Agência Oficial de Colonização e Trabalho.
Estabeleceu os núcleos coloniais de Nova Odessa,
Nova Europa, Jorge Tibiriçá, Nova Paulicéia,
Gavião Peixoto e Corumbataí.
Pessoalmente supervisionou a implantação desses
núcleos.
Deu especial atenção ao de Nova
Odessa, pois esse teve muitos problemas até se
consolidar. Inclusive, foi abandonado pelos
primeiros colonos, os judeus russos, e só se
desenvolveu quando para lá canalizou a imigração
leta. Na época, a maior imigração era de
italianos.
Houve um período em que o
governo da Itália incentivava os seus súditos a
emigrar para as colônias da Africa, em
detrimento da América. Nesse impasse, Carlos
Botelho convidou o representante da Espanha a
visitar os núcleos coloniais e, desse modo,
conseguiu atrair a imigração espanhola.
Por decorrência, o governo italiano levantou
as restrições impostas, normalizando-se a
emigração italiana. Iniciou a imigração dos
russos para o Brasil e trouxe grandes
contingentes de letos para os novos núcleos.
Permitiu também a vinda de colonos letos de
Santa Catarina para o Estado de São Pauto, onde
as condições eram mais favoráveis.
Em
1907, antes da primeira leva oficial de
imigrantes japoneses, Carlos Botelho
providenciou a vinda de alguns deles, que foram
para a Fazenda Dourado, em lguape, de
propriedade de seu pai. Coroada de êxito que foi
esta iniciativa, vieram depois, oficialmente, os
796 japoneses que desembarcaram do navio Kasado
Maru, em Santos.
No campo da pecuária,
criou o Posto Zootécnico de São Carlos, onde
centralizou grande quantidade de reprodutores,
importados de seus pontos de origem e, em 1908,
ali realizou uma importante exposição de
animais. Em anexo, fundou a Escola de Leitaria,
Zootécnica e Alvenaria.
Data de seu
tempo o estímulo de forragens para gado
construindo 3 silos: na Mooca, no Jd. Aclimação
e na sua fazenda, em Dourados. Reestruturou e
desenvolveu a Escola Superior de Agronomia "
Luiz de Oueiroz ", de Piracicaba, contratando
especialistas estrangeiros e lá também organizou
a Fazenda Modelo, visando dar um cunho prático
ao ensino.
Criou em Iguape o Aprendizado
Agrícola, semente daquilo que devem ser as
nossas escolas práticas de agricultura. Carlos
Botelho, agricultor exímio e cientista, não
ficaria adstrito ao ensino rural para o fomento
da produção.
Deu a maior ênfase à
experimentação e pesquisas do setor, emprestando
grande apoio ao Instituto Agronômico de
Campinas, desenvolvendo-lhe as seções, trabalhos
e pesquisas. E para que estas não ficassem
restritas aos arquivos de repartição, ao mesmo
tempo que incrementava a distribuição de
folhetos e publicações da Secretaria, fundou em
1907 a esplêndida biblioteca da Secretaria da
Agricultura.
Dedicando-se à política foi
eleito senador estadual pela legenda do Partido
Republicano Paulista. Serviu-se de sua cadeira
para se bater em prol de leis e regulamentos
tendentes a estimular os lavradores e os
criadores a ampliar as possibilidades econômicas
de São Paulo.
É dessa fase a fundação da
Sociedade Rural Brasileira, da qual foi o
primeiro presidente. Político esclarecido e
leal, parlamentar vigoroso que da tribuna do
Senado tantos problemas debateu, conferencista
que tantos aplausos recebeu, de virtudes
diplomáticas que lhe valeram a estima de
estadistas internacionais e que o levaram à
chefia de nossa representação na Conferência
Agronômica de Montevidéu.
Em sua
residência à Rua Brigadeiro Tobias, n.º 49, em
São Paulo, fundou as célebres palestras
agrícolas, "célula mater" da Sociedade Paulista
de Agricultura, Liga Agrícola e Sociedade Rural
Brasileira.
Representou o Brasil, na
qualidade de Ministro Plenipotenciário no
Congresso Internacional de Polícia Sanitária e
Medicina Veterinária, em Montevideu. Foi
agraciado com os títulos de Comendador da Real
Oredem de Orange-Nassau da Holanda e Cavaleiro
da Real Oredem do Mérito Agrícola da Bélgica.
A sua vida privada foi cheia de
ensinamentos para os que tiveram a fortuna de
conhecê-lo na intimidade, assim como a sua
existência no lar, padrão do que de melhor nos
legaram as nossas tradições familiares. Baste
nos assegurar que todos esses ângulos de sua
vida, todos esses aspectos de suas múltiplas
ocupações, que todas essas facetas de sua
personalidade, se conjugaram homogeneamente
para constituir um dos mais equilibrados
espíritos que o Brasil já teve. Afastando-se
dos cargos públicos, dedicou-se aos cuidados de
suas propriedades agrícolas, criando ali
modelares estabelecimentos.
Faleceu na
Fazenda do Lobo, em São Carlos, aos 92 anos de
idade, em 20 de março de 1947. Deixou estirpe
ilustre, constituída pelo dr. Carlos José
Botelho Jr. cirurgião e ex-diretor do Centro
Anti-Canceroso do Hotel Dieu, de Paris,
descobridor da "reação Botelho" para diagnóstico
e tratamento do câncer; d. Constança de Macedo
Costa, casada com o dr. Augusto de Macedo Costa;
e o Antonio Carlos de Arruda Botelho, casado com
d. Olímpia Uchôa de Arruda Botelho, conhecido
lavrador e antigo vice-presidente da Sociedade
Rural Brasileira.
Referencias:
Prefeitura IBGE Ache Tudo e Região
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Não
solte fogos,
eles causam câncer e atacam o
sistema neurológico e psicológico
das crianças, matam, maltratam e
adoece animais e humanos.
Não frequente zoológico, não compre
animais adote (1).
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Não estamos sozinhos,
é vital dividirmos espaço com outras criaturas ou
seremos também eliminados do planeta. Proteger
as árvores, os animais, rios e mares são dever
cívico de cada cidadão. Seremos
todos responsabilizados, pelo mal que estamos fazendo
a natureza. |
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Ache
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