Em 1807, Pedro José Netto, oriundo de Minas Gerais, internou-se nas matas onde hoje está São Carlos, fixando-se depois nos campos de Araraquara. Em 1809, juntamente com seus filhos, requereu a posse de uma sesmaria, cujos domínios principiavam no Morro do Espigão que verte para o córrego do Brejo Grande, buscando o Ribeirão do Barreiro.
Com o aparecimento de novos exploradores, Pedro José Netto indicou-lhes a existência de terras devolutas, contíguas à sua, para que eles, por meios regulares, também se estabelecessem e se tornassem senhores dos respectivos territórios.Essas sesmarias foram demarcadas oficialmente entre 1812 e 1819.
A Sesmaria do Ouro foi o local escolhido para Pedro José Netto iniciar a povoação de Araraquara, em 1812 com seus filhos.
Nas grandes propriedades rurais, características da região durante a primeira metade do século XIX, plantava-se cana-de-açúcar e milho, ao lado de outros cereais. Os rebanhos eram constituídos, em sua maioria, por suínos e bovinos. A partir de 1850, as plantações de café substituíram as culturas de cana e cereais da zona araraquarense, tornando-se o produto de maior importância na economia local. A canade -açúcar somente voltou a ser cultivada a partir de 1929, sendo hoje um dos principais produtos agrícolas.
Segundo Theodoro Sampaio, em (O Tupi- Geografia Nacional), Araraquara compõe-se de "arara quara" significando "refúgio ou viveiro das araras". Seu cognome é "morada do sol".
FORMAÇÃO ADMINISTRATIVA
Distrito criado com a denominação de São Bento de Araraquara, por alvará de 30 de outubro de 1817, em virtude da resolução régia, de 22 de agosto de 1817, no Município de Piracicaba.
Elevado à categoria de vila com a denominação de a denominação de São Bento de Araraquara, por Decreto de 10 de julho de 1832, desmembrado de Piracicaba. Constituído de 3 Distritos: Araraquara, Rincão e Santa Luzia. Sua instalação verificou-se no dia 24 de agosto de 1833.
Elevado a comarca em 20 de abril de 1866.
Cidade por lei provincial nº 7, de 06 de fevereiro de 1889.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1911, o Município de Araraquara se compõe de 3 Distritos: Araraquara , Rincão e Santa Lúcia.
Em divisão administrativa referente ao ano de 1933, o Município de Araraquara se compõe de 7 Distritos: Araraquara, Américo Brasiliense, Gavião Peixoto, Itaquerê , Motuca, Rincão e Santa Lúcia.
Em divisão territorial datada de 31-XII-1936, o Município de Araraquara compreende o único termo judiciário da comarca de Araraquara e permanece com 7 Distritos: os mesmos citados em 1933.
Em divisão territorial de 31-XII-1937, o Município de Araraquara figura igualmente como único termo judiciário da comarca de Araraquara , e se compõe de 7 Distritos: os mesmos citados em 1933, e mais o de Bueno de Andrada (ex-Itaquerê).
No quadro anexo ao Decreto-lei Estadual nº. 9073, de 31 de março de 1938, o Município de Araraquara é o único termo judiciário da comarca de Araraquara e se divide em 7 Distritos: Araraquara, Américo Brasiliense, Bueno de Andrada (ex-Itaquerê), Gavião Peixoto, Motuca, Rincão e Santa Lúcia.
No quadro fixado pelo Decreto-lei Estadual nº. 9775, de 30-XI-1938, para 1939-1943, o Município de Araraquara figura exatamente como no quadro anexo ao citado Decreto-lei nº. 9073, sendo que o termo de Araraquara se compõe de 2 municípios: Araraquara e Matão.
Em virtude do Decreto-lei Estadual nº. 14334, de 30-XI-1944, que fixou o quadro territorial para 19451948, o Município de Araraquara ficou composto dos Distritos de Araraquara, Américo Brasiliense, Bueno de Andrada (ex-Itaquerê), Gavião Peixoto, Motuca, Rincão e Santa Lúcia.
Lei Estadual nº 233, de 24 de Dezembro de 1948, desmembra do Município de Araraquara o Distrito de Rincão.
Nos quadros fixados pelas leis ns: 233, de 24-XII-1948 e 2456, de 30-XII-1953 para vigorar , respectivamente, nos períodos 1949-1953 e 1954-1958, com os Distritos de Araraquara, Américo Brasiliense, Bueno de Andrada (ex-Itaquerê), Gavião Peixoto, Motuca e Santa Lúcia, comarca de Araraquara.
Lei Estadual nº 5285, de 18 de Fevereiro de 1959, desmembra do Município de Araraquara o Distrito de Santa Lucia.
Em divisão territorial datada de 01-VII-1960 o Município de Araraquara é formado de 5 Distritos: Araraquara, Américo Brasiliense, Bueno de Andrada (ex-Itaquerê), Gavião Peixoto e Motuca.
Lei Estadual nº 8092, de 28 de fevereiro de 1964, desmembra do Município de Araraquara o Distrito de Américo Brasiliense.
Em Divisão Territorial datada de 31-XII-1968 o Município de Araraquara é constituído de 4 Distritos: Araraquara, Bueno de Andrada, Gavião Peixoto e Motuca.
Lei Estadual nº 2343, de 14 de maio de 1980, cria o Distrito de Vila Xavier e incorpora ao Município de Araraquara.
Assim permanece o quadro territorial para vigorar em 1981. Composto de 5 Distritos: Araraquara, bueno de Andrada, Motuca, Gavião Peixoto e Vila Xavier.
Lei Estadual nº 6445, de 09 de Janeiro de 1990, desmembra do Município de Araraquara o Distrito de Motuca
Em Divisão datada de 01-VI-1995, o Município de Araraquara é constituído de 4 Distritos: Araraquara, Bueno de Andrada, Gavião Peixoto e Vila Xavier.
Lei Estadual nº 9330, de 27 de Dezembro de 1995, desmembra do Município de Araraquara o Distrito de Gavião Peixoto.
Em Divisão Territorial datada de 15-VI-1997, o município é Constituído de 3 Distritos: Araraquara, Bueno de Andrada e Vila Xavier.
Fonte: IBGE
Mais historia,
Os “Campos de
Araraquara”- um caminho para as minas
No período
colonial, os “Campos de Araraquara” abrangiam uma vasta região, ainda
inexplorada pelos colonizadores brancos, estendendo-se desde o rio
Piracicaba até os confins do sertão, na divisa com a capitania de Mato
Grosso.
Delimitada também pelos cursos do Tietê e Mogi, desde o início do
século XVII a região já era alvo da ação bandeirante na busca de índios e
da cata ao ouro, recebendo os primeiros registros históricos a partir de
1724, quando as autoridades da capitania de São Paulo tentavam encontrar
um caminho terrestre alternativo para chegar às minas de Cuiabá. Partindo
de Itu, as entradas percorriam os “Campos de Araraquara”, margeavam o
Tietê, alcançando finalmente o Rio Grande e daí as regiões mineradoras.
O povoamento e
a cata de ouro nos rios da região
A vastidão do
território e a ausência da autoridade colonial possibilitaram que a partir
da segunda metade do século XVIII, os “Campos de Araraquara” recebessem
os primeiros povoadores não indígenas, representados por escravos fugidos,
perseguidos pela justiça e garimpeiros, atraídos pela existência de ouro
nos rios Jacaré-Pipira, Jacaré-Guaçu, Chibarro, ribeirão da Cruzes e do
Ouro. A atividade mineradora nos “Campos de Araraquara” mereceu registro
testemunhal de José Bonifácio de Andrada e Silva, que com certeza era a mais davastadora e poluidora. Todo o espaço verde
extingui-se, para dar lugar a poluição em dias atuais.
Um
mineiro de Barbacena funda Araraquara
A ocupação
efetiva, no entanto, tem como marco histórico o ano de 1790, quando Pedro
José Neto, mineiro de Barbacena, se fixou na região proveniente da Vila de
Itu, onde fora acusado de delito. O povoamento se intensifica a partir de
1810, com a chegada de moradores originários de Minas Gerais, Itu,
Piracicaba, Tietê, Porto Feliz, Jundiaí e Campinas.
Dispondo de vastos
espaços e pastagem abundante, a criação de gado bovino foi, por muito
tempo, a principal atividade econômica da região. Havia também rebanhos de
eqüinos, suínos, carneiros, cabras e uma rudimentar agricultura de
susbsistência, baseada no cultivo de milho, arroz, feijão, algodão e fumo.
Nessas circunstâncias, enclausurada no sertão e especializada na pecuária,
a economia dos "Campos de Araraquara” caracterizava-se como uma atividade
subsidiária da região açucareira (Campinas, Jundiaí, Piracicaba, Itu,
Porto Feliz), para onde “exportava” parte de sua produção.
Elevada à condição
de Freguesia de São Bento de Araraquara, subordinada à Vila de Itu, em 22
de agosto de 1817, data oficial de fundação da cidade, consagrando-se
Pedro José Neto como o principal personagem pelo surgimento de Araraquara.
Nessa época, a região contava 303 habitantes, dispersos em várias
propriedade rurais, onde, além dos fazendeiros e familiares, trabalhavam
54 escravos e 100 agregados. O primitivo núcleo urbano, habitado por
carpinteiros, ferreiros, sapateiros, oleiros, tecelões e funcionários da
administração, se desenvolveu ao redor da capela erigida em louvor a São
Bento, padroeiro da cidade.
De
Freguesia a Vila
A definição da
identidade local assumiu uma nova dimensão, em 1832, quando a Freguesia
foi elevada à categoria de Vila, conquistando definitivamente a autonomia
administrativa. Um ano depois era instalada a Câmara, com sete vereadores
eleitos para um mandato de 4 anos, configurando o domínio político dos
proprietários rurais, sob o conjunto dos homens livres e da escravaria.
Os contornos
políticos-administrativos da Vila se concretizaram de imediato nas
“posturas municipais”, que regulamentariam direitos e deveres individuais
e coletivos. Ao contrário do período de fundação da Freguesia, o cenário
humano local passara por grande transformação. Por volta de 1836, informa
a historiadora Ana Maria Martinez Corrêa, a Vila de São Bento de
Araraquara registrava um total de 2764 habitantes, dos quais 554 eram
escravos.
A
agricultura canavieira e os engenhos de açúcar
Além das mudanças
políticas e demográficas a economia dos “Campos de Araraquara” também se
modificava, impelida pelas transformações ocorridas nas áreas de cultivo
de cana, onde avançava a cultura cafeeira. O primeiro registro sobre a
presença de instalação da lavoura canavieira na região de Araraquara data
de 1825, com a montagem de um engenho na sesmaria do Ouro para produzir
açúcar e aguardente. Rompia-se o predomínio da pecuária, surgindo as
fazendas mistas, que abrigavam o cultivo de cana, criação de gado e
cultura de subsistência. A atividade canavieira, que se intensificou a
partir de 1850, acarretou, por sua vez, uma série de transformações no
quadro local: vinda de fazendeiros de Piracicaba, Itu, Porto Feliz,
valorização da terra, intensificação dos conflitos entre os agricultores e
escassez de mão-de-obra e, conseqüentemente, aumento do preço dos
escravos. Segundo registros da época, existiam em 1862 trinta “fábricas de
açúcar” na região.
O
café entra em cena
Foi
no espaço das fazendas mistas que se iniciou o cultivo do café nos “Campos
de Araraquara”. Primeiro como planta de pomar para consumo doméstico. Em
1852 já existiam 2 fazendas de café em Araraquara, mas a exploração
comercial do produto só se intensificou no final da década de 1860, sendo
marcante a presença de fazendeiros originários de Minas, Piracicaba
e Porto Feliz. A economia cafeeira, como principal fonte de riqueza da
região e do próprio país, avança até o início do século XX, freqüentemente
abalada por profundas crises, com reflexos na vida local e nacional. Da
mesma forma que ocorrera com a cultura canavieira, a cafeicultura
desencadeou um vertiginoso processo de concentração e valorização da
terra, exigência constante de oferta de mão-de-obra agravada com a
decadência do trabalho escravo. No campo político, a cena foi dominada
pelo poder dos coronéis, cuja força perdurou até a Revolução de 1930. Foi
nos quadros do coronelismo, capitaneado pelos proprietários de cafezais,
que Araraquara foi sacudida pelos trágicos acontecimentos do episódio dos
Britos, em 1897.
Crise
da mão-de-obra escrava e imigração
O auge da expansão
cafeeira na região de Araraquara, no final do século XIX, coincidiu com a
crise do trabalho escravo, agravada pelo movimento abolicionista. Nas
fazendas, eram freqüentes os assassinatos de administradores, enquanto os
fazendeiros se apegavam desesperadamente à continuidade da escravidão. A
necessidade de mão-de-obra foi suprida por trabalhadores nacionais
(nordestinos) e europeus. Já no início da década de 1870 chegavam a
Araraquara imigrantes de diversas nacionalidades, particularmente
italianos, para o trabalho nos cafezais e nos serviços artesanais. A vinda
dos trabalhadores europeus marcaria definitivamente a vida sócio-cultural
de Araraquara, legado que persiste na atualidade representado na
culinária, no modo de falar, no sobrenome das famílias, festejos e nas
atividades econômicas.
O
café altera o modo de vida
O acúmulo de
riqueza proveniente da agricultura cafeeira transforma de forma radical o
modo de vida de Araraquara, particularmente o perfil cultural dos
proprietários rurais.
A abundância de capitais estimula a diversificação
dos investimentos mobiliários, o surgimento de sociedades por ações,
viabilizando a criação do Banco de Araraquara e a construção da estrada de
ferro em 1885, ligando São Carlos a Araraquara e colocando a Vila em
sintonia com o mundo. No âmbito da vida familiar altera-se o padrão de
vida, que se reflete no mobiliário, nos utensílios domésticos, nas
pratarias, como atestam os inventários da época.
Ao
mesmo tempo, as mudanças se estendem ao espaço urbano, que se redefine com
o funcionamento da estrada de ferro. As Posturas Municipais, aprovadas
pela Câmara, em 1890, orientam o novo cenário da Vila: arborização de ruas
e praças, largura das vias públicas, canalização do córrego que passava
em frente a matriz, iluminação pública, serviço funerário, casas caiadas,
reforma de prédios públicos, mudança no cemitério, serviço de limpeza,
regulamentação do trânsito de animais.
Esse conjunto de transformações era
coroado no dia 6 de fevereiro de 1889, quando o governo provincial elevava
a Vila de Araraquara à categoria de cidade.
Novos
padrões culturais
Com uma população
de 12 mil habitantes em 1897, Araraquara do final do século XIX ostentava
um perfil urbano diferenciado, onde se desenvolviam novos padrões
culturais. Já em 1881 era publicado o primeiro número do jornal "O
MUNICÍPIO" e no ano seguinte era fundado o Clube Araraquarense, símbolo da
vida social das famílias mais ricas da cidade. As atividades culturais,
bastante diversificadas para a época, abrangiam a organização de grupos
teatrais e musicais, ligados às comunidades de imigrantes (italianos e
espanhóis), ao mesmo tempo que se apresentavam na cidade companhias
profissionais de teatro e ópera.
Esse interesse pelo mundo do espetáculo
chega ao auge no início do século XX com a construção do Cine Teatro
Polytheama
(1912)
e do Teatro Municipal (1914), com 1064 lugares, posteriormente demolido
pela administração municipal. Em 1897 é publicada a primeira edição do
jornal "O Popular", que circula até 1930. A sintonia com as idéias
políticas da Europa expressava-se na criação do Grupo Socialista Avenire,
fundado em 1901, por, imigrantes italianos.
No campo dos
equipamentos urbanos os avanços são visíveis na década de 1880: serviço de
água encanada, telefone, iluminação pública e arborização da cidade.
Apesar das iniciativas da administração municipal para modernizar a
cidade, as deficiências no campo da saúde pública possibilitaram a eclosão
de uma epidemia de varíola em 1892 e de febre amarela em 1895,
causando milhares de vítimas.
A
indústria no mundo do café
A historiadora Ana
Maria Martinez Corrêa traça os contornos de Araraquara em 1897, ano do
assassinato dos Britos, episódio conhecido como o “Crime de Araraquara”,
que teve como pano de fundo o mando dos coronéis do café na política
local. Em 1897 contava o município de Araraquara com uma população de 12
000 habitantes.
A cidade restabelecia-se da forte epidemia de “Febre
Amarela” de que fora vítima nos anos anteriores. Contava com 12 ruas
dispostas no sentido N-S, 24 avenidas no sentido L) e cinco praças: da
Matriz ou Municipal, José Bonifácio, Liberdade, Santa Cruz e São José.
Havia na cidade 4 igrejas: Matriz de São Bento, Santa Cruz, São José e a
Protestante. Possuía 162 negociantes, 6 médicos, 9 advogados, 10
dentistas, 73 homens de ofício, duas casas bancárias, 10 fábricas de
cerveja e licores e 3 de macarrão. Circulavam três jornais. Ao redor da
cidade estendiam-se os imensos cafesais, abalados pela crise que afetava
essa atividade econômica.
O crescimento
demográfico e comercial da cidade, a circulação de capitais, como ocorrera
em outros centros urbanos de São Paulo, criaram, no final do século XIX e
início do século XX, as condições propícias à diversificação das
atividades econômicas, incluindo a produção manufatureira em pequenas
oficinas domésticas, comandadas por imigrantes europeus. Esse contexto
possibilitou que em 1910 já existissem em Araraquara 141 pequenos
estabelecimentos industriais. Produziam bebidas, alimentos, artigos
têxteis, móveis, roupas, chapéus, calçados, perfumaria, torrefação,
beneficiamento de algodão e mamona, ferramentas e material de construção.
Foi nesse cenário que em 1919 foi instalada a tradicional fábrica de meias
Lupo.
A
crise do coronelismo e da cafeicultura
A diversificação
da economia, trazendo à cena social novos atores e as freqüentes
oscilações da economia cafeeira não impediram que os coronéis -
alicerçados na propriedade da terra e num sistema de alianças
oligárquicas, típico da República Velha - continuem dominando a política
local. Para manter essa hegemonia os grupos rivais além do dinheiro,
corrupção eleitoral, recorriam, não raro, à violência privada e
institucional. Assim, de 1908 a 1930, a cidade viveu sob o controle de
quatro chefes políticos aliados: Carlos Baptista Magalhães, Bento de Abreu
Sampaio Vidal, Dario Alves de Carvalho e Plínio de Carvalho. Este último
manteve-se à frente da administração municipal de 1917 a 1930, quando foi
cassado pela Revolução liderada por Getúlio Vargas.
Os acontecimentos
de 1930, além de configurar o fim da política dos coronéis, alçando ao
poder local novos atores políticos ligados ao getulismo, sinaliza, também,
para o fim da hegemonia da cultura cafeeira, promovendo uma redifinição
das atividades econômica regional.
Os cafezais são erradicados, cai o
valor das terras, proporcionando uma fragmentação da propriedade, ao mesmo
tempo que se expande o cultivo do algodão, gêneros alimentícios e de
cana-de-açúcar. A partir de 1960, ao mesmo tempo que se constitui como um
centro comercial e de serviços, Araraquara firma-se como um dos principais
núcleos nacionais da agroindústria sucroalcooleira e citrícola. Além
disso, conta com um parque industrial em ascenção, merecendo destaque os
setores de mecânica, metalurgia, têxtil, alimentício, bebida, implementos
agrícolas.
Araraquara
no século XXI
As mudanças nos
mecanismos da economia, da cultura e da diversificação dos segmentos
sociais ao longo do século XX, se articularam com o modo de fazer e pensar
as práticas políticas em Araraquara. A política dos coronéis da República
Velha hoje é tema de reflexão da pesquisa histórica. Com o declínio da
economia cafeeira e o fim do Estado Novo, os segmentos sociais ligados à
indústria, ao comércio e serviços passaram a liderar a cena política
local, que se torna mais complexa após os anos sombrios do regime militar.
Novas forças assumem visibilidade, configurando desafios,
projetos e alternativas para o presente e o futuro da cidade. A
modernidade que hoje se coloca para Araraquara, não se restringe à
instalação de novos equipamentos urbanos e expansão econômica. Significa
também superação dos problemas sociais, qualidade de vida, participação da
comunidade nas definições administrativas, respeito às diferenças étnicas,
defesa dos recursos naturais e ampliação da cidadania.