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Localização e Dados Gerais Santana do Livramento 

 

A fronteira do Brasil com o Uruguai, "delimitada" pelo Tratado de 1851 e pelo Tratado de 1909, tem extensão total de 1.068,4 km e está perfeitamente "demarcada". Os trabalhos de "caracterização", praticamente concluídos, estão a cargo da Comissão Mista de Limites e de Caracterização da Fronteira Brasil-Uruguai (criada em 1919), que já implantou 1174 marcos e se ocupa sistematicamente da manutenção dos marcos já erigidos.

Em sua extensão total, a linha-limite percorre 608,7 km por rios e canais, 140,1 km por lagoas, 57,6 km por linhas convencionais e mais 262,0 km por divisor de águas.

Distância dos Principais Municípios a Sant'Ana do Livramento

Município

km

Município

km

Alegrete

206

Cachoeira do Sul

336

Bagé

166

Caxias do Sul

609

Bento Gonçalves

563

Chuí

458

Erechim

585

Passo Fundo

550

Porto Alegre

488

Pelotas

331

Rio Grande

393

Santa Cruz do Sul

420

Santa Maria

278

Santo Ângelo

402

Torres

683

Uruguaiana

232

Vacaria

701

Florianópolis

963

Curitiba

1195

São Paulo

1596

Rio de Janeiro

2040

Brasília

2434

Montevidéu

541

Buenos Aires

718

Na qualidade de município fronteiriço, constitui-se num território espacial e economicamente periférico – as áreas mais dinâmicas do Estado e do Brasil. É atravessado pelas seguintes rodovias:

 

·         BR 158 – Procede da divisa de Santa Catarina, passando por Iraí, Frederico Westphalen, Seberi, Palmeira das Missões, Panambi, Cruz Alta, Júlio de Castilhos, São Martinho da Serra, Santa Maria, Rosário do Sul, Santana do Livramento, até a fronteira Brasil / Uruguai.

·         BR 293 – Procede de Pelotas, passando por Capão do Leão, Pinheiro Machado, Bagé, Dom Pedrito, Santana do Livramento, seguindo para Quarai e Uruguaiana, até a fronteira Brasil / Argentina.

·         RS 654 – Procede do Passo dos Guedes, entra na BR 158 e vai até a fronteira Brasil / Uruguai.

VRS 303 – Vem de Palomas, entra na BR 158 e vai até a fronteira Brasil / Uruguai.

CLIMA

O clima sofre influência da latitude e de fatores geográficos como relevo, vegetação campestre, etc., apresentando, no verão, temperaturas elevadas e ondas de calor violentas.

Ocorrem baixas temperaturas nos meses mais frios, as quais são responsáveis pela ocorrência de geadas nessas áreas. Por outro lado, todas as estações apresentam excedentes hídricos por mais de três meses consecutivos, que, juntamente com a imperfeita drenagem dos solos e pequena profundidade de alguns, podem prejudicar as plantas.

Nessa região da Campanha são encontradas as maiores temperaturas médias anuais, pois ali o efeito da continentalidade, conjugado ao progressivo decréscimo das altitudes em direção ao Vale do Rio Uruguai, provoca o aumento de tais temperaturas.

As elevadas temperaturas no verão, apesar de coincidirem com a época de deficiência hídrica, não interferem no suporte das pastagens naturais.

O município tem uma altitude média de 234 metros e a distribuição do elemento hídrico faz-se da seguinte maneira: nos meses de dezembro e fevereiro ocorre uma pequena deficiência hídrica, com média de 132mm, enquanto que o excedente se apresenta nos meses de maio e outubro, totalizando uma média de 257mm.

Segundo as análises do Projeto Radambrasil, o comportamento térmico e pluviométrico do município é o seguinte:

·         Temperatura média anual: 17,4ºC

·         Precipitação total anual média: 1.374 mm.

·         Umidade relativa do ar: 72 a 77%

VEGETAÇÃO

A vegetação campestre é a estepe, essencialmente caracterizada por gramíneas cespitosas (hemicriptófitas) dos gêneros "Stipa" e "Agrostis"; gramíneas rizomatosas (geófitas) dos gêneros "Paspalum" e "Axonopus"; raras gramíneas anuais e oxalidáceas (terófitas), além de leguminosas e compostas (caméfitas). As fanerófitas são representadas por espécies espinhosas e decíduas dos gêneros "Acácia, Prosopis, Acanthosyris" e outros.

Representada por formações Gramíneo-Lenhosas, a estepe reveste terrenos de grafia aplainada e suavemente ondulada. A composição florística apresenta uma variação espacial em função dos parâmetros ecológicos locais e das diferentes formas de manejo e das áreas submetidas à intensa lotação de gado.

Dentre as inúmeras espécies de gêneros, merecem destaque a "Paspalum notatum" (grama-forquilha) e a "Axonopus fisifolius" (grama-jesuíta). A primeira é de grande importância forrageira e ocupa principalmente terrenos secos e bem drenados. A segunda ocorre preferencialmente em terrenos aplainados, úmidos e de solos profundos.

Nas áreas de relevo suavemente onduladas (coxilhas), não submetidas a um pastoreio excessivo, a cobertura campestre apresenta uma composição florística mais diversificada, ocorrendo ali dois estratos graminosos distintos: um baixo e denso, dominado por "Paspalum notatum" (grama-forquilha), e outro alto e aberto, com altura variando entre 30cm e 1 metro, dominado por "Andropogon lateralis"

Nos terrenos úmidos das baixadas, até as meias encostas das coxilhas, encontramos o "Erianthus clandestinus"(macega-estaladeira).

A cobertura vegetal apresenta, como característica marcante, acentuada tomentosidade, que confere aos campos uma coloração cinzenta. Este caráter xerofítico é evidenciado pela gramínea "Paspalum notatum" (grama-forquilha), cujo ecotipo mostra ali uma pilosidade intensa. Além das gramíneas, ocorrem, com menor expressões, compostas, leguminosas anãs e verbenáceas (caméfitas), além de oxalidáceas e umbelíferas (terófitas).

Nos locais de relevo ondulado e solo profundo, ocorrem grupamentos de compostas, formando os vassourais (campo lenhoso). 

GEOGRAFIA

A cidade de Sant'Ana do Livramento está inserida no contexto geológico regional da unidade geotectônica da Bacia do Paraná, no que diz respeito as suas unidades superiores APRESENTADOS PACOTES ROCHOSOS DE IDADES Gondwânicas-Mesozóicas (Triássicas e Juro-Cretáceas), representadas por rochas sedimentares areníticas da Formação Rosário do Sul e Formação Botucatu e, por rochas vulcânicas do grupo São Bento representadas pelos "basaltos de fronteira" da Formação Serra Geral.

Regional e Localmente a Formação Serra Geral tem sua área de concorrência superficial a noroeste-oeste-sudoeste da cidade de Sant'Ana do Livramento, representando como já foi dito os "basaltos de fronteira", ocupando os domínios geomorfológicos do Planalto, onde se encontram as maiores altitudes regionais.

Sant'Ana do Livramento está assentada sobre a Coxilha de Sant'Ana, com origem no cerro Cunhataí, entre os municípios de Lavras do Sul, Bagé e Dom Pedrito, onde recebeu o nome de Haedo. Já com o nome de Serrilhada passa entre os pontos do rio Santa Maria e os do Piraí Grande seguindo sempre em direção sudoeste até o Monte do Cemitério nas nascentes do arroio São Luiz.  A partir daí muda a direção para noroeste tomando o nome de Coxilha de Sant'Ana, fazendo limite natural do Brasil como o Uruguai. Continua o mesmo número lançando as águas da Encosta Meridional para o rio Quarai e os da encosta setentrional para o rio Ibicuí, lança para o sul ramificação chamada Pai Passo em direção a Barra do Quarai e para o norte a Japejú que vai extinguir-se na Barra do Ibicuí.

                A Coxilha de Sant'Ana, em seu percurso, apresenta como pontos principais o Cerro do Itaquatiá, o Cerro dos Trindade, do Chapéu, das Palomas, da Cruz, do Depósito, Chato e do Jarau, ao norte de Quarai. Do Cerro Chato desce para sudoeste a Coxilha do Haedo circunscrevendo os galhos formadores do rio Quarai estabelecendo limite natural com o Uruguai. 

HIDROGRAFIA REGIONAL

No que diz respeito ao posicionamento da região de San'Ana do Livramento em relação à bacia hidrográfica, resumida e sucintamente pode-se dizer que esta região pertence a marco-bacia do Rio Uruguai, o qual localiza-se a noroeste, com direção de fluxo para sudoeste.

A cidade de Sant'Ana do Livramento localiza-se ao sudoeste das nascentes do Rio Quarai, afluente da margem esquerda do rio Uruguai, na divisa do Brasil com o Uruguai, o qual tem sentido de fluxo de sudeste para noroeste, nascendo e fluindo sobre o Planalto.

Ao norte da Cidade, também na região do domínio do Planalto, estão as nascentes do Rio Ibirapuitã, dão sentido de fluxo de sul para o norte, o qual deságua na margem esquerda do Rio Ibicuí, que pôr sua vez é afluente.

Estes cursos d’água não têm uma influência direta sobre a região de Santana do Livramento, sendo que a sub-bacia hidrográfica local é formada pelo Arroio Ibicuí da Cruz de sentido de fluxo de sudoeste para noroeste, ao nordeste da cidade; o Arroio Ibicuí da Faxina afluente da margem direita do Ibicuí da Cruz, que juntos vão desaguar no Rio Ibicuí da Armada, de sentido fluxo de sul para norte, o qual pôr sua vez é afluente da margem esquerda do rio Santa Maria. O rio Santa Maria tem sentido de fluxo sul para o norte indo desaguar no Rio Ibicuí, pela sua margem esquerda.

                As Bacias do Quarai, Ibirapuitã e Ibicuí da Armada formam a hidrografia de Sant’Ana do Livramento, todas fluindo para o rio Uruguai.

                  O rio Quarai, que significa  rio das Covas, nasceu na Coxilha Negra e serve de limite com o estado oriental em quando todo o seu curso. é constituído pelos arroios Espinilho e Invernada, estes, por sua vez nascem na Coxilha do Haedo. O Invernada têm a sua nascente no marco Massoller, na linha divisória formando até a sua fusão com o Espinilho, a divisa com a República do Uruguai em um percurso de 37 Km. Por sua margem direita, recebe o arroio que é formado pelos arroios do Florêncio e do Trilho. Já o Espinilho nasce nos galpões, linha divisória, com o nome de Capão do Inglês e, depois de um curso regular de 52 km, vai juntar-se ao da Invernada para a formação do Quarai.

                O principal afluente do Quarai pela margem direita é o arroio Caty, que significa mato branco, ele nasce na Coxilha do Jarau próximo ao acesso das Catacumbas e lança-se no Quarai a 15 km a oeste do Passo do Ricardinho.

                O Caty recebe pela margem esquerda o arroio Sarandi e serve de limite entre os municípios de Livramento e Quarai.

 Bacia do Ibirapuitã

                  Tendo como significado “Pau vermelho”, o rio Ibirapuitã possui sua vertente nas abas setentrional das Coxilhas de Ivaiacá, sendo formado pela junção dos arroios Ivaiacá e Caneleira, que nasce perto do Marco do Lopes. É o mais extenso curso d’água da região com 180 km até alegrete dos quais 85 km no município de Livramento.

                O Ibirapuitã tem como afluentes no município pela margem direita o Ibirapuitã Chico e Lajeado, pela margem esquerda o Sarandizinho, Sociedade, Camilo e Funchal.

                Na divisa de Sant’Ana do Livramento e Rosário do Sul o rio Ibirapuitã possui como afluente a margem direita o arroio Cardoso e pela esquerda fazendo divisa com o município de Alegrete.

                 O rio Ibirapuitã Chico tem como afluente pela margem esquerda o arroio Mangueira de Pedra.

 Bacia do Ibicuí da Armada 

                 O rio Ibicuí da Armada é constituído pela junção do Upacaraí com o Upamaroti, este nasce nas proximidades das Três Vendas na linha divisória com o nome de banhado do Upamaroti, denominação que conserva durante um percurso de 70 km.

                Pela margem direita o Upamaroti recebe o banhado das Goiabeiras que faz limite entre Sant’Ana do Livramento e Dom Pedrito. Pela margem esquerda recebe o Itaquatiá.

                O rio Ibicuí da Armada que deságua no rio Santa Maria a 3 km de Rosário do Sul, depois de um curso de 152 km recebe pela margem esquerda, como seus principais afluentes o Ibicuí do Faxinal e o Vacacuá que serve de limite entre Sant’Ana do Livramento e Rosário do Sul.

                Temos também os banhados do Upamaroti, Upacaraí próximo às Três Vendas, na linha divisória e os arroios do Jeromitas e Unha de Gato.

GEOLOGIA

  O município  possui  terrenos  da  era  mesozóica, série trióstica. Os do vale do Ibicuí apresentam considerável massa de uma rocha ígnea, que parece ter vindo precipitar-se em caudal pelos vales baixos. Essa rocha chama-se basalto.

Os compreendidos entre o Caverá  e a Coxilha Negra pertencem à formação Pampeana. Os terrenos do Vale do Quarai se compõem de rochas ígneas pertencentes ao porfíteos e piroxênio que aparece na formação das rochas sedimentares do período secundário e do terciário. 

MINERAIS

Existe no município jazidas de carvão de pedra e ferro e no Passo do Registro e entre Dom Pedrito e Sant’Ana do Livramento jazidas não exploradas. Também no Ibicuí existe jazida de Calcário. O subsolo é rico em pedra, calcário. Também existe grande quantidade de ágata. 

RELEVO 

Fundada sobre a Coxilha Grande, sua paisagem está salpicada de cerros,  sendo os mais elevados o Cerro do Itaquatiá, da Vigia e da Cruz. Temos também Cerros de menor tamanho como o de Palomas, o do Registro e do Marco (Linha  divisória). 

FLORA E FAUNA

A vegetação do município se divide em: Vegetação Arbórea (as margens dos rios, arroios e córregos).  Vegetação  Arbórea e arbustiva (denominante dos capões e matas que ocorrem em campos abertos ou em costas de morros).

Gramíneas e Leguminosas 

As principais espécies arbóreas ciliares são: Salso, Sarandi de Espinho, Corticeira, Branquillo, Goiabeira do Mato, Guabijú, Unha de Gato, Corticeira do Mato, Taquara Brava e Giravá.

Entre a vegetação arbórea e arbustiva as principais espécies são: Coronilha, Aroeira Preta, Aroeira Brava, Aroeira Mansa ou Anacauita, Taleira, Espinilho, Molho Rasteiro, Molho Caiboatá, Figueira do Mato, Capororoca, Açoita Cavalo, Mamica de Cadela, Laranjeira do Mato, Veludinho, Marmeleiro do Mato, Sucará, Chal-Chal, Pessegueiro do Mato, Pata de Vaca, Sombra de Touro, Toropi, Alcarroba, Cina-Cina, Murta, Tuna, Cambará do Mato, Coentrilho, Quebra-Foice.

O Umbú é uma espécie introduzida.

As gramíneas predominantes são: Capim Caninha, Flexilha Rocha, Grama Tapete, Capim Bandeira, Capim Pluma Branca, Sevadilha, Capim Branco, Capim-Pé-de-Galinha, Capim Mimoso, Cola de Sorro, Treme-Treme graúdo, Treme-Treme miúdo, Capim Milhã, Capim Arroz, Capim Macega, Capim Santa Fé, Grama Doce, Grama Forquilha,  Capim  Colchão,  Alpiste,  Pastinho de Inverno, Capim Gafanhoto, Cola de Lagarto, Pastinho das Lavouras, Capim Toucerinha, Flexilha Branca, Flexilha  Mansa, Flexilhão.

As leguminosas predominantes são; Amendoim do Campo, Pega-Pega, Trevo Carretilha, Trevo do Campo, Ervilhaca do Campo, Babosa da Coxilha, Babosa da Várzea, Babosa do Banhado, Trevo Machado, Ervilhaca e Serradela. 

FAUNA DO MUNICÍPIO 

Os principais mamíferos que constituem  a fauna do município são:  Gambá de Orelha Preta, Tatu Mulita, Tatu Peludo, Morcego Vampiro, Morcego Urbano, Mico, Graxaim do Campo, Mão Pelada, Zorrilho, Lontra, Gato do mato pequeno, Veado do Mato, Ouriço Cacheiro, Preá, Capivara, Ratão do Banhado, Tucutuco e Lebre européia (espécie naturalizada)

Entre as aves destacam-se as seguintes espécies: Perdiz, Ema, Garça Vaqueira Grande, Marreca Piadeira, Marreca Pardinha,  Caracará, Galinhola Yacanã, Quero-Quero, Caturrita, Pelincho, Coruja do Campo, João de Barro, Noivinha, Pica-Pau do Campo, Tesourinha, bem-te-vi, Tico-Tico, Anú, Cardeal, Pardal ( espécie naturalizada), Canarinho da Terra, Sabiá e Jacú.

 SANT’ANA DO LIVRAMENTO HOJE 

Uma cidade que nasceu em meio às guerrilhas e disputa pela conquista do próprio território, Sant’Ana do Livramento hoje é conhecida por formar com a cidade irmã de Rivera a ‘’FRONTEIRA DA PAZ’’, ‘’A MAIS IRMÃ DE TODAS AS FRONTEIRAS’’, ‘’O PORTÃO DE ENTRADA PARA O RIO GRANDE  E O BRASIL”, “O CORAÇÃO DO CONE SUL’’. Cantada em prosa e verso por nossos artistas santanenses.

Com um convívio harmonioso de mais de 179 anos só pode marcar o relacionamento entre duas cidades valendo-lhes o título de ‘’Fronteira da Paz’’.

Separadamente apenas por um grande parque, uma avenida, o intercâmbio social, cultural e comercial flui naturalmente como se as duas cidades se fundissem formando um único povo. O português e o espanhol dão origem ao chamado ‘’Portunhol’’,  uma espécie de dialeto que incorpora a linguagem falada. A divisão entre as duas cidades está marcada geograficamente por um obelisco de pedras existentes ao longo de uma linha divisória.

Com leis e administração distintas Sant’Ana do Livramento e Rivera se intercomplementam, vivendo em muitos aspectos a mesma realidade. Suas características são tão semelhantes que se tem a idéia de se estar no estrangeiro e no Brasil ao mesmo tempo.