Localização e Dados Gerais Santana do Livramento
A fronteira do
Brasil com o Uruguai, "delimitada" pelo Tratado de 1851 e pelo Tratado de
1909, tem extensão total de 1.068,4 km e está
perfeitamente "demarcada". Os trabalhos de "caracterização", praticamente
concluídos, estão a cargo da Comissão Mista de Limites e de
Caracterização da Fronteira Brasil-Uruguai (criada em 1919), que já
implantou 1174 marcos e se ocupa sistematicamente
da manutenção dos marcos já erigidos.
Distância dos Principais Municípios a Sant'Ana do Livramento
Na qualidade de município fronteiriço, constitui-se num território espacial e economicamente periférico – as áreas mais dinâmicas do Estado e do Brasil. É atravessado pelas seguintes rodovias:
·
BR 158 – Procede da divisa de Santa
Catarina, passando por Iraí, Frederico Westphalen, Seberi, Palmeira das
Missões, Panambi, Cruz Alta, Júlio de Castilhos, São Martinho da Serra,
Santa Maria, Rosário do Sul, Santana do Livramento, até a fronteira Brasil
/ Uruguai.
·
BR 293 – Procede de Pelotas, passando
por Capão do Leão, Pinheiro Machado, Bagé, Dom Pedrito, Santana do
Livramento, seguindo para Quarai e Uruguaiana, até a fronteira Brasil /
Argentina.
·
RS 654 – Procede do Passo dos Guedes,
entra na BR 158 e vai até a fronteira Brasil / Uruguai.
VRS 303 – Vem de Palomas, entra na BR 158 e
vai até a fronteira Brasil / Uruguai.
CLIMA
O clima sofre
influência da latitude e de fatores geográficos como relevo, vegetação
campestre, etc., apresentando, no verão, temperaturas elevadas e ondas de
calor violentas.
Ocorrem baixas temperaturas nos meses mais
frios, as quais são responsáveis pela ocorrência de geadas nessas áreas.
Por outro lado, todas as estações apresentam excedentes hídricos por mais
de três meses consecutivos, que, juntamente com a imperfeita drenagem dos
solos e pequena profundidade de alguns, podem prejudicar as plantas.
Nessa região da Campanha são encontradas as
maiores temperaturas médias anuais, pois ali o efeito da continentalidade,
conjugado ao progressivo decréscimo das altitudes em direção ao Vale do
Rio Uruguai, provoca o aumento de tais temperaturas.
As elevadas temperaturas no verão, apesar de
coincidirem com a época de deficiência hídrica, não interferem no suporte
das pastagens naturais.
O município tem uma altitude média de 234
metros e a distribuição do elemento hídrico faz-se da seguinte maneira:
nos meses de dezembro e fevereiro ocorre uma pequena deficiência hídrica,
com média de 132mm, enquanto que o excedente se apresenta nos meses de
maio e outubro, totalizando uma média de 257mm.
Segundo as análises do Projeto Radambrasil,
o comportamento térmico e pluviométrico do município é o seguinte:
·
Temperatura média anual: 17,4ºC
·
Precipitação total anual média: 1.374
mm.
·
Umidade relativa do ar: 72 a 77%
VEGETAÇÃO
A vegetação
campestre é a estepe, essencialmente caracterizada por gramíneas
cespitosas (hemicriptófitas) dos gêneros "Stipa" e "Agrostis"; gramíneas
rizomatosas (geófitas) dos gêneros "Paspalum" e "Axonopus"; raras
gramíneas anuais e oxalidáceas (terófitas), além de leguminosas e
compostas (caméfitas). As fanerófitas são representadas por espécies
espinhosas e decíduas dos gêneros "Acácia, Prosopis, Acanthosyris" e
outros.
Representada por formações
Gramíneo-Lenhosas, a estepe reveste terrenos de grafia aplainada e
suavemente ondulada. A composição florística apresenta uma variação
espacial em função dos parâmetros ecológicos locais e das diferentes
formas de manejo e das áreas submetidas à intensa lotação de gado.
Dentre as inúmeras espécies de gêneros,
merecem destaque a "Paspalum notatum" (grama-forquilha) e a "Axonopus
fisifolius" (grama-jesuíta). A primeira é de grande importância forrageira
e ocupa principalmente terrenos secos e bem drenados. A segunda ocorre
preferencialmente em terrenos aplainados, úmidos e de solos profundos.
Nas áreas de relevo suavemente onduladas
(coxilhas), não submetidas a um pastoreio excessivo, a cobertura campestre
apresenta uma composição florística mais diversificada, ocorrendo ali dois
estratos graminosos distintos: um baixo e denso, dominado por "Paspalum
notatum" (grama-forquilha), e outro alto e aberto, com altura variando
entre 30cm e 1 metro, dominado por "Andropogon lateralis"
Nos terrenos úmidos das baixadas, até as
meias encostas das coxilhas, encontramos o "Erianthus
clandestinus"(macega-estaladeira).
A cobertura vegetal apresenta, como
característica marcante, acentuada tomentosidade, que confere aos campos
uma coloração cinzenta. Este caráter xerofítico é evidenciado pela
gramínea "Paspalum notatum" (grama-forquilha), cujo ecotipo mostra ali uma
pilosidade intensa. Além das gramíneas, ocorrem, com menor expressões,
compostas, leguminosas anãs e verbenáceas (caméfitas), além de oxalidáceas
e umbelíferas (terófitas).
Nos locais de relevo ondulado e solo
profundo, ocorrem grupamentos de compostas, formando os vassourais (campo
lenhoso).
GEOGRAFIA
A cidade de
Sant'Ana do Livramento está inserida no contexto geológico regional da
unidade geotectônica da Bacia do Paraná, no que diz respeito as suas
unidades superiores APRESENTADOS PACOTES ROCHOSOS DE IDADES
Gondwânicas-Mesozóicas (Triássicas e Juro-Cretáceas), representadas por
rochas sedimentares areníticas da Formação Rosário do Sul e Formação
Botucatu e, por rochas vulcânicas do grupo São Bento representadas pelos
"basaltos de fronteira" da Formação Serra Geral.
Regional e Localmente a Formação Serra Geral
tem sua área de concorrência superficial a noroeste-oeste-sudoeste da
cidade de Sant'Ana do Livramento, representando como já foi dito os
"basaltos de fronteira", ocupando os domínios geomorfológicos do Planalto,
onde se encontram as maiores altitudes regionais.
Sant'Ana do Livramento está assentada sobre a Coxilha de Sant'Ana, com origem no cerro Cunhataí, entre os municípios de Lavras do Sul, Bagé e Dom Pedrito, onde recebeu o nome de Haedo. Já com o nome de Serrilhada passa entre os pontos do rio Santa Maria e os do Piraí Grande seguindo sempre em direção sudoeste até o Monte do Cemitério nas nascentes do arroio São Luiz. A partir daí muda a direção para noroeste tomando o nome de Coxilha de Sant'Ana, fazendo limite natural do Brasil como o Uruguai. Continua o mesmo número lançando as águas da Encosta Meridional para o rio Quarai e os da encosta setentrional para o rio Ibicuí, lança para o sul ramificação chamada Pai Passo em direção a Barra do Quarai e para o norte a Japejú que vai extinguir-se na Barra do Ibicuí.
A Coxilha de Sant'Ana, em
seu percurso, apresenta como pontos principais o Cerro do Itaquatiá, o
Cerro dos Trindade, do Chapéu, das Palomas, da Cruz, do Depósito, Chato e
do Jarau, ao norte de Quarai. Do Cerro Chato desce para sudoeste a Coxilha
do Haedo circunscrevendo os galhos formadores do rio Quarai estabelecendo
limite natural com o Uruguai.
HIDROGRAFIA REGIONAL
No que diz
respeito ao posicionamento da região de San'Ana do Livramento em relação à
bacia hidrográfica, resumida e sucintamente pode-se dizer que esta região
pertence a marco-bacia do Rio Uruguai, o qual localiza-se a noroeste, com
direção de fluxo para sudoeste.
A cidade de Sant'Ana do Livramento
localiza-se ao sudoeste das nascentes do Rio Quarai, afluente da margem
esquerda do rio Uruguai, na divisa do Brasil com o Uruguai, o qual tem
sentido de fluxo de sudeste para noroeste, nascendo e fluindo sobre o
Planalto.
Ao norte da Cidade, também na região do
domínio do Planalto, estão as nascentes do Rio Ibirapuitã, dão sentido de
fluxo de sul para o norte, o qual deságua na margem esquerda do Rio
Ibicuí, que pôr sua vez é afluente.
Estes cursos d’água não têm uma influência
direta sobre a região de Santana do Livramento, sendo que a sub-bacia
hidrográfica local é formada pelo Arroio Ibicuí da Cruz de sentido de
fluxo de sudoeste para noroeste, ao nordeste da cidade; o Arroio Ibicuí da
Faxina afluente da margem direita do Ibicuí da Cruz, que juntos vão
desaguar no Rio Ibicuí da Armada, de sentido fluxo de sul para norte, o
qual pôr sua vez é afluente da margem esquerda do rio Santa Maria. O rio
Santa Maria tem sentido de fluxo sul para o norte indo desaguar no Rio
Ibicuí, pela sua margem esquerda.
As Bacias do Quarai,
Ibirapuitã e Ibicuí da Armada formam a hidrografia de Sant’Ana do
Livramento, todas fluindo para o rio Uruguai.
O rio Quarai,
que significa rio das Covas, nasceu na Coxilha Negra e serve de limite
com o estado oriental em quando todo o seu curso. é constituído pelos
arroios Espinilho e Invernada, estes, por sua vez nascem na Coxilha do
Haedo. O Invernada têm a sua nascente no marco Massoller, na linha
divisória formando até a sua fusão com o Espinilho, a divisa com a
República do Uruguai em um percurso de 37 Km. Por sua margem direita,
recebe o arroio que é formado pelos arroios do Florêncio e do Trilho. Já o
Espinilho nasce nos galpões, linha divisória, com o nome de Capão do
Inglês e, depois de um curso regular de 52 km, vai juntar-se ao da
Invernada para a formação do Quarai.
O principal afluente do
Quarai pela margem direita é o arroio Caty, que significa mato branco, ele
nasce na Coxilha do Jarau próximo ao acesso das Catacumbas e lança-se no
Quarai a 15 km a oeste do Passo do Ricardinho.
O Caty recebe pela margem
esquerda o arroio Sarandi e serve de limite entre os municípios de
Livramento e Quarai.
Bacia
do Ibirapuitã
Tendo como
significado “Pau vermelho”, o rio Ibirapuitã possui sua vertente nas abas
setentrional das Coxilhas de Ivaiacá, sendo formado pela junção dos
arroios Ivaiacá e Caneleira, que nasce perto do Marco do Lopes. É o mais
extenso curso d’água da região com 180 km até alegrete dos quais 85 km no
município de Livramento.
O Ibirapuitã tem como
afluentes no município pela margem direita o Ibirapuitã Chico e Lajeado,
pela margem esquerda o Sarandizinho, Sociedade, Camilo e Funchal.
Na divisa de Sant’Ana do
Livramento e Rosário do Sul o rio Ibirapuitã possui como afluente a margem
direita o arroio Cardoso e pela esquerda fazendo divisa com o município de
Alegrete.
O rio Ibirapuitã Chico tem
como afluente pela margem esquerda o arroio Mangueira de Pedra.
Bacia
do Ibicuí da Armada
O rio Ibicuí
da Armada é constituído pela junção do Upacaraí com o Upamaroti, este
nasce nas proximidades das Três Vendas na linha divisória com o nome de
banhado do Upamaroti, denominação que conserva durante um percurso de 70
km.
Pela margem direita o
Upamaroti recebe o banhado das Goiabeiras que faz limite entre Sant’Ana do
Livramento e Dom Pedrito. Pela margem esquerda recebe o Itaquatiá.
O rio Ibicuí da Armada que
deságua no rio Santa Maria a 3 km de Rosário do Sul, depois de um curso de
152 km recebe pela margem esquerda, como seus principais afluentes o
Ibicuí do Faxinal e o Vacacuá que serve de limite entre Sant’Ana do
Livramento e Rosário do Sul. Temos também os banhados do Upamaroti, Upacaraí próximo às Três Vendas, na linha divisória e os arroios do Jeromitas e Unha de Gato.
GEOLOGIA
O município
possui terrenos da era mesozóica, série trióstica. Os do vale do
Ibicuí apresentam considerável massa de uma rocha ígnea, que parece ter
vindo precipitar-se em caudal pelos vales baixos. Essa rocha chama-se
basalto.
Os compreendidos entre o Caverá e a Coxilha
Negra pertencem à formação Pampeana. Os terrenos do Vale do Quarai se
compõem de rochas ígneas pertencentes ao porfíteos e piroxênio que aparece
na formação das rochas sedimentares do período secundário e do terciário.
MINERAIS
Existe no
município jazidas de carvão de pedra e ferro e no Passo do Registro e
entre Dom Pedrito e Sant’Ana do Livramento jazidas não exploradas. Também
no Ibicuí existe jazida de Calcário. O subsolo é rico em pedra, calcário.
Também existe grande quantidade de ágata.
RELEVO
Fundada sobre
a Coxilha Grande, sua paisagem está salpicada de cerros, sendo os mais
elevados o Cerro do Itaquatiá, da Vigia e da Cruz. Temos também Cerros de
menor tamanho como o de Palomas, o do Registro e do Marco (Linha
divisória).
FLORA E FAUNA
A vegetação do
município se divide em: Vegetação Arbórea (as margens dos rios, arroios e
córregos). Vegetação Arbórea e arbustiva (denominante dos capões e matas
que ocorrem em campos abertos ou em costas de morros).
Gramíneas e Leguminosas
As principais
espécies arbóreas ciliares são: Salso, Sarandi de Espinho, Corticeira,
Branquillo, Goiabeira do Mato, Guabijú, Unha de Gato, Corticeira do Mato,
Taquara Brava e Giravá.
Entre a vegetação arbórea e arbustiva as
principais espécies são: Coronilha, Aroeira Preta, Aroeira Brava, Aroeira
Mansa ou Anacauita, Taleira, Espinilho, Molho Rasteiro, Molho Caiboatá,
Figueira do Mato, Capororoca, Açoita Cavalo, Mamica de Cadela, Laranjeira
do Mato, Veludinho, Marmeleiro do Mato, Sucará, Chal-Chal, Pessegueiro do
Mato, Pata de Vaca, Sombra de Touro, Toropi, Alcarroba, Cina-Cina, Murta,
Tuna, Cambará do Mato, Coentrilho, Quebra-Foice.
O Umbú é uma espécie introduzida.
As gramíneas predominantes são: Capim
Caninha, Flexilha Rocha, Grama Tapete, Capim Bandeira, Capim Pluma Branca,
Sevadilha, Capim Branco, Capim-Pé-de-Galinha, Capim Mimoso, Cola de Sorro,
Treme-Treme graúdo, Treme-Treme miúdo, Capim Milhã, Capim Arroz, Capim
Macega, Capim Santa Fé, Grama Doce, Grama Forquilha, Capim Colchão,
Alpiste, Pastinho
As leguminosas predominantes são; Amendoim
do Campo, Pega-Pega, Trevo Carretilha, Trevo do Campo, Ervilhaca do Campo,
Babosa da Coxilha, Babosa da Várzea, Babosa do Banhado, Trevo Machado,
Ervilhaca e Serradela.
FAUNA DO MUNICÍPIO
Os principais
mamíferos que constituem a fauna do município são: Gambá de Orelha
Preta, Tatu Mulita, Tatu Peludo, Morcego Vampiro, Morcego Urbano, Mico,
Graxaim do Campo, Mão Pelada, Zorrilho, Lontra, Gato do mato pequeno,
Veado do Mato, Ouriço Cacheiro, Preá, Capivara, Ratão do Banhado, Tucutuco
e Lebre européia (espécie naturalizada)
Entre as aves destacam-se as seguintes
espécies: Perdiz, Ema, Garça Vaqueira Grande, Marreca Piadeira, Marreca
Pardinha, Caracará, Galinhola Yacanã, Quero-Quero, Caturrita, Pelincho,
Coruja do Campo, João de Barro, Noivinha, Pica-Pau do Campo, Tesourinha,
bem-te-vi, Tico-Tico, Anú, Cardeal, Pardal ( espécie naturalizada),
Canarinho da Terra, Sabiá e Jacú.
Uma cidade que
nasceu em meio às guerrilhas e disputa pela conquista do próprio
território, Sant’Ana do Livramento hoje é conhecida por formar com a
cidade irmã de Rivera a ‘’FRONTEIRA DA PAZ’’, ‘’A MAIS IRMÃ DE TODAS AS
FRONTEIRAS’’, ‘’O PORTÃO DE ENTRADA PARA O RIO GRANDE E O BRASIL”, “O
CORAÇÃO DO CONE SUL’’. Cantada em prosa e verso por nossos artistas
santanenses.
Com um convívio harmonioso de mais de 179
anos só pode marcar o relacionamento entre duas cidades valendo-lhes o
título de ‘’Fronteira da Paz’’.
Separadamente apenas por um grande parque,
uma avenida, o intercâmbio social, cultural e comercial flui naturalmente
como se as duas cidades se fundissem formando um único povo. O português e
o espanhol dão origem ao chamado ‘’Portunhol’’, uma espécie de dialeto
que incorpora a linguagem falada. A divisão entre as duas cidades está
marcada geograficamente por um obelisco de pedras existentes ao longo de
uma linha divisória. Com leis e administração distintas Sant’Ana do Livramento e Rivera se intercomplementam, vivendo em muitos aspectos a mesma realidade. Suas características são tão semelhantes que se tem a idéia de se estar no estrangeiro e no Brasil ao mesmo tempo. |