Como consequência do Tratado de Madrid em 1750 e da
extinção das missões jesuíticas, o Rio Grande do Sul foi dividido em
grandes fazendas ou estâncias que foram entregues a famílias de
militares ou amigos do Imperador, visando ocupar território, e com isso
proteger as fronteiras. No final de 1788, algumas destas fazendas, no
vale do Rio dos Sinos, foram desapropriadas para a implantação da Real
Feitoria do Linho Cânhamo, estatal portuguesa que utilizava um número
expressivo de escravos como mão-de-obra, nas terras do Faxinal do
Courita e dos campos de José Leite de Oliveira, sendo essa estatal sua
produção destinada à produção de fibras para cordas e velas de navios.
Em meados do século XVIII começam a se fixar nas terras que hoje fazem
parte do municipio de Portão, os primeiro elesmentos de origem européia.
No início de 1789, foi construído um portão junto à margem esquerda do
Arroio Correa, divisa natural com o Rincão do Cascalho, bloqueando a
estrada (mais tarde Estrada Júlio de Castilhos) que ligava Porto Alegre
ao centro do Estado.
No entanto, nas margens do Rio dos Sinos a Real Feitoria do Linho
Cânhamo não produziu bons resultados. Isto forçou o Governo Central a
tomar novas medidas: extinguir a Feitoria e ocupar a área através de um
novo tipo de povoamento e produção. Há muito tempo que se vinha
cogitando em instalar nesta província meridional colonos de origem
alemã, sendo isso concretizado no dia 25 de Julho de 1824.
As terras do município de Portão que pertenciam à Real Feitoria, assim
como toda a Feitoria, foram divididas em lotes e doadas aos colonos
imigrantes, dando origem à Colônia de São Leopoldo. É desta época que
data a presença de elementos de origem alemã em Portão, pelo menos no
que se refere as áreas do lado leste e oeste do arroio de mesmo nome.
Entre as primeiras famílias de origem germânica aí estabelecidas
contamos com a família Adams, Bach, Cassel, Dahmer, Ebling, entre
outras. Mais tarde, colonos já estabelecidos e seus descendentes irão
ocupar todo o município, comprando terras aos proprietários
luso-brasileiros. Entre outros, contamos a família Scherer, Lemmertz,
Roese, Jung, Fries, Müller, entre outras.
Os imigrantes alemães compraram terras e transformaram as fazendas em
minifúndios. O comércio foi fortalecido, assim como a indústria do couro
teve incremento com a chegada dos curtumes. Hoje, Portão se destaca pela
cultura, gastronomia, artesanato, produtos químicos e indústrias de
calçados e componentes. São heranças deixadas por nossos antepassados,
que somados às tecnologias de ponta do mundo atual, geram um crescimento
ordenado e constante do município.
Emancipação
Portão conquistou a sua autonomia política aos poucos e impulsionado
pelo progresso econômico, foi atingindo sua emancipação. Em 1927 passou
a ser o 8º distrito de São Sebastião do Caí, sob a gestão do intendente
Ernesto Noll. O capitão Pedro Schüler foi nomeado primeiro subprefeito
da localidade. Em 1939, o Distrito foi elevado à categoria de Vila e em
1962 iniciou-se o Movimento Pró Emancipação.
Todas as localidades de Portão estavam representadas por membros das
suas comunidades, sendo assim, o movimento emancipacionista integrou a
localidade através das lideranças de áreas rurais e urbanizadas. Segundo
a primeira ata do Movimento Pró-Emancipação: '(...) Por indicação do Sr.
Ewaldo Francisco Thiessen foi nomeado para presidente da mesa o Sr.
Walberto Uebel, por aclamação. (...) o mesmo indicou a mim, José
Meihringer, para secretário'.
'Por solicitação do Sr. Paulo Müller leu-se a relação dos nomes
lembrados para a composição da Comissão de estudos Pró Emancipação,
ressalvando que novos nomes poderiam ser indicados, uma vez que a mesma
não é uma relação definitiva. (...)Foram indicados por aclamação os
representantes de cada sub-distrito: para Fazenda das Palmas e Sanga
Funda, Hugo Silva; para a zona pertencente aos municípios de Estância
Velha e São Leopoldo, Nereu Hoff; para Rincão do Cascalho, Egon
Krummenauer; para Socorro, Oscar Müller; para Morretinhos, José
Rodrigues da Rosa; para Portão Velho, Antônio Biehler; para Sertão
Capivara, Oscar Gehm; para a Estação Portão, Walberto Uebel. Por
aclamação, Theobaldo Roese foi indicado como o presidente de Honra da
comissão'.
Na reunião seguinte ficou estabelecido que, com assessoramento do Dr.
Lidovino Antônio Fanton, seria constituída a Comissão Emancipacionista,
assim constituída: Oscar Müller, Arthur Dieder, Hugo Silva, Oswaldo
Scherer, Otto Lemmertz, José Meihringer, Rubi Franke, Urbano Uebel,
Lauro Matzembacher, Kurt Kirst, Nicolau Rippel, Evaldo Thiessen, Alonso
Dietrich, José Cassel, Paulo Müller, Antônio Biehler, Círio Jung, Delmar
Winck, Egon Krummenauer, Orlando Engel, Nereu Hoff, Alfredo Lemmertz,
José Rodrigues da Rosa, Oscar Gehm, Walberto Uebel, Theobaldo Roese,
Silvio Flores, Osni Nazário e Alvício Mattje.
O trabalho da Comissão Emancipacionista foi além de organizar encontros
da comunidade com lideranças políticas locais e com a Assembléia
Legislativa. Havia toda uma burocracia a ser cumprida. Após a comissão
cumprir as exigências legais para que fosse concedido a Portão o título
de município, foi elaborado um processo 'encabeçado' pelo deputado
Lidovino Fanton, o qual foi assinado por Walberto Uebel (presidente da
Comissão) e entregue à Assembléia do Rio Grande do Sul, sendo indicado o
mesmo deputado como relator.
Em 25 de agosto de 1963 foi realizada a consulta plebiscitária relativa
à emancipação e o resultado foi que 801 votos determinavam o 'Sim', 274
portonenses foram contrários e 348 eleitores se declararam 'indecisos'.
Em 9 de Outubro de 1963, o Município de Portão foi criado pelo
Governador Ildo Meneghetti. Finalmente, no dia 14 de Outubro de 1963 foi
publicado no Diário Oficial a Lei nº4.579, oficializando o nascimento do
Município de Portão. As primeiras eleições realizaram-se em 19 de
Janeiro de 1964, sendo eleito prefeito Lothar Kern e vice Rubi Nelson
Franke, candidatos integrantes da coligação PSD, formado pela Aliança
Popular de Portão. Para o Legislativo foram eleitos sete vereadores:
Antônio Biehler, Paulo Müller, Oscar Gehm e Egon Krummenauer do PSD;
Antônio José de Fraga, Mário Pires Machado e Euclides Xavier de Almeida
do PTB.
Referência:
Wikipédia
Pagina visitada em 02/04/2010
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