Origem do nome: A lenda diz que a povoação foi fundada por vários chefes de
família que viviam dispersos no campo e resolveram agrupar-se para uma maior
proteção. Descobrindo um espaço aberto, um diz para os outros: "Aqui o campo é
maior".Vestígios de proveniência diversa permitem concluir que o atual
território do conselho de Campo Maior foi habitado desde a época Pré-Histórica.
Certamente foi uma Povoação Romana, dominada por Mouros durante meio milênio e
conquistada por cavaleiros cristãos da família Pérez de Badajoz em 1219, que
posteriormente ofereceram a aldeia pertencente ao conselhos de Badajoz à Igreja
de Santa Maria do Castelo.
Em 31 de Maio de 1255, D. Afonso X, rei de Leão, eleva-a a Vila.
O Senhor da Vila, o Bispo D. Frei Pedro Pérez concede, em 1260, o primeiro foral
aos seus moradores assim como o seguinte brasão de armas : N. Sr.ª com um
cordeiro, e a legenda “Sigillum Capituli Pacensis”.
Em 31 de Maio de 1297, através do Tratado de Paz de Alcanizes assinado em
Castela por D. Fernando IV, rei de Leão e Castela e D. Dinis, passa a fazer
parte de Portugal, juntamente com Olivença e Ouguela.
Campo Maior vai pertencer sucessivamente a D. Branca, irmã de D. Dinis, em 1301
; a D. Afonso Sanches, filho ilegítimo do mesmo rei, em 1312 ; e novamente ao
rei D. Dinis em 1318.
O seu castelo que se ergue a leste da vila foi reedificado por D. Dinis em 1310,
e foi no século XVII e XVIII que se levantaram fortificações tornando Campo
Maior numa importante praça forte de Portugal.
Como reflexo da influência castelhana em Campo Maior, durante a Revolução de
1383-85, a guarnição militar e os habitantes da vila colocam-se ao lado do rei
de Castela, tornando-se necessário que o Rei D. João I de Portugal e D. Nuno
Álvares Pereira se desloquem propositadamente ao Alentejo com os seus exércitos
para a cercarem durante mais de um mês e meio e ocuparem pela força, em fins de
1388.
D. João II deu-lhe novo brasão: um escudo branco, tendo as armas de Portugal de
um lado, e de outro S. João Baptista, patrono da vila.
Em 1512, o rei D. Manuel I concede foral à vila de Campo Maior.
Desde os fins do Século XV, muitos dos perseguidos pela Inquisição em Castela
refugiam-se em Portugal. A população de Campo Maior vai aumentar
substancialmente à custa da fixação de residência de muitos desses foragidos.
A comunidade judaica ou rotulada como tal era tão numerosa na vila no Século XVI
que nas listas dos apresentados em autos de fé realizados em Évora pela
Inquisição, Campo Maior aparece entre as terras do Alentejo com maior número de
acusados de judaísmo.
A guerra com Castela a partir de 1640 vai produzir as primeiras grandes
transformações.
A necessidade de fortificar a vila que durante os três últimos séculos se
desenvolvera acentuadamente para fora da cerca medieval, a urgência em construir
uma nova cintura amuralhada para defesa dos moradores da vila nova dos ataques
dos exércitos castelhanos, vai obrigar o rei a enviar quantias avultadas em
dinheiro, engenheiros militares, operários especializados e empregar um numeroso
contingente de pessoal não qualificado. Os contingentes militares são então
numerosos. Calcula-se que na Segunda metade do Século XVII, em cada quatro
pessoas residentes na vila, uma era militar. Campo Maior foi, durante algum
tempo quartel principal das tropas mercenárias holandesas destacadas para o
Alentejo. A vila torna-se naquele tempo o mais importante centro militar do
Alentejo, depois de Elvas.
Em 1712, o Castelo de Campo Maior vê-se cercado por um grande exército espanhol
comandado pelo Marquês de Bay, o qual durante 36 dias lança sobre a vila
toneladas de bombas e metralha, tendo conseguido abrir uma brecha num dos
baluartes; o invasor ao pretender entrar por aí, sofre pesadas baixas que o
obrigam a levantar o cerco.
No dia 16 de Setembro de 1732, pelas três da manhã, desencadeia uma violenta
trovoada, o paiol, contendo 6000 arrobas de pólvora e 5000 munições, situado na
torre grande do castelo é atingido por um raio, desencadeando de imediato uma
violenta explosão e um incêndio que arrastou consigo cerca de dois terços da
população.
D. João V determina a rápida reconstrução do castelo. A vila vai erguer-se
lentamente das ruínas e aos poucos refazer-se para voltar a ocupar o lugar de
primeira linha nos momentos de guerra e de local de trocas comerciais e
relacionamento pacífico com os povos vizinhos de Espanha, nos tempos de paz.
No Século XVIII termina a construção das actuais Igrejas da Misericórdia e da
Matriz, e lança-se a primeira pedra para a fundação da Igreja de S. João. A vila
que até então só tivera uma freguesia urbana é dividida nas duas actuais, Nossa
Senhora da Expectação e São João Baptista, em 1766.
Os primeiros anos do Século XIX são em Campo Maior de grande agitação. Um cerco,
em 1801, pelos espanhóis e uma revolução local, em 1808, contra os franceses que
então invadiram Portugal o comprovam.
A sublevação campomaiorense contra a ocupação napoleónica vai sair vitoriosa
devido ao apoio do exército de Badajoz que permanece na vila durante cerca de
três anos.
Em 1811 surge uma nova invasão francesa que fez um cerco cerrado durante um mês
à vila, obrigando-a a capitular. Mas a sua resistência foi tal que deu tempo a
que chegassem os reforços luso-britânicos sob o comando de Beresford, que põe os
franceses em debandada, tendo então a vila ganho o título de Vila Leal e
Valorosa, título este presente no actual brasão da vila.
As lutas entre liberais e absolutistas em Campo Maior são também acontecimentos
assinaláveis.
A «cólera morbis» mata, em 1865, durante cerca de dois meses e meio, uma média
de duas pessoas por dia
Em 1867, tentam extinguir Campo Maior como sede de conselho, agregando-lhe
Ouguela e anexando-o ao concelho de Elvas. Tal decisão provoca um levantamento
colectivo da povoação, que em 13 de Dezembro, entre numa verdadeira greve geral.
O conselho é definitivamente acrescido da sua única freguesia rural, em 1926 –
Nossa Senhora dos Degolados.