As origens
da data de criação de Campina Grande geram uma série de controvérsias.
Acredita-se que o povoado teria sido fundado por Teodósio de Oliveira Lêdo,
capitão-mor dos Sertões, em 1º de dezembro de 1697, conforme alguns
historiadores, a partir de um aldeamento dos Índios Ariús, escravizados da
região das Piranhas e Piancó, no “sítio da Campina Grande”.
Os indígenas foram fixados nas proximidades do riacho das Piabas, onde
logo foram surgindo casebres de taipa, constituindo o primeiro arruamento,
que atualmente é a rua Vila Nova da Rainha.
POVOADO
O aldeamento logo se converteria em povoado, dada a
sua posição geográfica, e a sua ligação entre o Litoral e o Alto Sertão,
com terras adequadas à cultura de vários cereais indispensáveis à vida dos
colonos, ganhando importância como entreposto comercial.
Ao noroeste dessa rua sugiram novas moradias, (hoje avenida Floriano Peixoto).
Há informações que, quando o povoado foi iniciado havia afora a capital,
João Pessoa, apenas as localidades de Cabedelo, Baía da Traição, Alhandra
e Jacoca, no litoral; Monte-mor, Taipu e Pilar, na região da Várzea;
Boqueirão, no Cariri; Piranhas e, possivelmente, Piancó, no Sertão.
A ação de Teodósio teve grande importância histórica, tendo o
fato, inclusive, merecido menção na carta de maio de 1699 do Capitão-mor
da Paraíba ao rei de Portugal.
HIPÓTESE
Há indícios da localidade já figurar em um mapa, elaborado por Andreas
Antonius Horatiy, contido no livro Istoria delle Guerre del Regno del
Brasile Accadute tra la Corona de Portogallo e la Republica de Olanda, de
autoria de Frei Gioseppe Santa Teresa, publicado em Roma em 1698, antes
mesmo da carta de Manoel Soares de Albergaria, Capitão-mor da Paraíba,
escrita em 14 de maio de 1699 ao rei de Portugal, narrando o feito de
Oliveira Ledo.
"Surge assim o grande desacordo entre os
dois documentos referidos. A carta de Albergaria comunicando a fundação de
Campina Grande em fins de 1697 é datada de maio de 1699, portanto um ano e
seis meses após o acontecimento.
A resposta do rei de Portugal referindo-se ao fato só se verificou a 16 de
setembro de 1699 (...). Como poderia o resto da Europa, ou mais
especificamente a Itália, ter conhecimento de Campina Grande de tal modo
que o topônimo já figurasse no mapa de Horatiy em 1698, como povoação?
Por outro lado,um livro como o de Frei Gioseppe tomaria certo tempo na
redação. Da mesma forma a confecção de um mapa como o de Horatiy. A
impressão naquela época era demorada não só devido à técnica tipográfica,
como também por causa das inúmeras permissões que tinham de ser
solicitadas. Além disso, as comunicações com a metrópole eram retardadas
pelos meses de viagem marítima nas lentas caravelas".
(JOSÉ ELIAS BARBOSA BORGES:A Fundação de Campina Grande; Revista
Campinense de Cultura, n.º 5,ano II, setembro de 1965, p. 9;Editora da Comissão Cultural do Município).
Assim,
outros historiadores advogam a tese de que a localidade já existia como
povoado – e com o nome de Campina Grande – quando Teodósio aldeou os
índios.
A VILA NOVA DA RAINHA
O povoado tornou-se Vila Nova da Rainha,em 1790, por intermédio da Carta
Régia de 22 de julho de 1766. Passou a dispor também de Câmara
Municipal, Julgado de Paz, Cartório e Pelourinho.
Formava um incipiente centro urbano, onde as atividades mercantis se
concentravam.
Inclusive, há uma curiosidade de que esse novo nome não houvesse sido
acatado por grande parte da população, a não ser em documentos oficiais.
Consta que até papéis forenses de 1831 referiam-se a Campina Grande ao
invés de seu nome oficial.
Existiam poucas casas, espalhadas no largo e no oitão da Igreja, na rua
do Meio e nas Barrocas.
A atividade econômica principal da capitania baseava-se, principalmente,
na cana-de-açúcar cultivada no Litoral e na Várzea, surgindo as
primeiras vilas nessas regiões, enquanto Campina Grande, como povoado,
permanecia crescendo vagarosamente.
O ALGODÃO
A influência da pecuária e do cultivo do algodão na economia regional,
favorecida também pelas estradas que por ela passavam,trouxe à Vila Nova
da Rainha um grande progresso.Ela promovia a maior feira de gado do
Estado, e de cereais, a principal base econômica.
O município englobava áreas do Cariri,setores do Agreste, áreas do
Brejo, e abrangia os povoados de Fagundes, Boqueirão, Cabaceiras,
Milagres, Timbaúba do Gurjão, Alagoa Nova, Marinho, entre outros.
O primeiro desmembramento ocorreu em 5 de maio de 1803, com a instalação
da Vila Real de São João do Cariri de Fora. Juntamente com as terras do
alto Paraíba,do Alto Taperoá e dos vales do Quixodi e Mucuitu, o
município perdeu cerca de 2/3 de sua população,que foi reduzida a 2.443
habitantes.
Dois outros desmembramentos aconteceram na primeira metade do século
XIX, reduzindo ainda mais os seus domínios: a criação da Vila de
Cabaceiras,em 1835, subtrai as áreas das terras do baixo Taperoá e da
foz do riacho Bodocongó; e a criação da Vila de Alagoa Nova, em 1850.
No ano de 1814 foi concluída a construção do prédio da cadeia,
onde funciona o Museu
Histórico e Geográfico, na avenida Floriano Peixoto.
A primeira agência postal da Vila foi instalada em julho de 1829.
SURTO
Em 1852 a população da Vila já somava cerca de 17.900 pessoas, entre
cidadãos livres e escravos.
Mas em 1856, uma epidemia de cólera-morbo matou cerca de 1.550 pessoas
no município, reduzindo quase um décimo sua população.
O cemitério das Boninas, mais tarde "Cemitério Velho", foi um entre os
vários improvisados em diversos sítios do município para o sepultamento
desses mortos.
O cólera-morbo retornaria seis anos mais tarde, em 1862, desta vez
vitimando outras 318 pessoas na localidade.
A EMANCIPAÇÃO
Campina Grande sua independência administrativa se deu em 11 de outubro de
1864, pela Lei Provincial nº 137, elevando-se à categoria de cidade.
O DESENVOLVIMENTO
A partir da elevação à categoria de cidade, em 1864, até o final do
século, um novo surto de desenvolvimento ocorre na povoação, aumentando
em muito o volume de operações comerciais. Pouca coisa mudou no seu
cenário urbano, além de alguns prédios edificados para a Cadeia Nova,
para a Casa de Caridade, para o Grêmio de Instrução, para o Paço
Municipal. Muitas casas foram construídas nesse período e a cidade
passou a contar com cerca de 500 habitações no final do século XIX.
A feira de cereais foi transferida mais duas vezes, num período de seis
anos: ela volta para o "Comércio Velho",em 1869, por força da Lei
Provincial número 334, de 27 de novembro; e retorna ao "Comércio Novo",
em 1870, por imposição da Lei Provincial n.º 381, que também proibia
banhos e lavagem de roupas e de animais no Açude Novo e vaquejadas nas
ruas do local.
A Comarca foi criada em 8 de agosto de 1865, pela Lei Provincial nº 214.
Em 1867 foi instalada a Agência Fiscal das Rendas Provinciais.
A inauguração do sistema de eletricidade
foi um fato muito importante para o crescimento do município de Campina
Grande e toda a região do chamado Compartimento da Borborema.
|
A REVOLTA
No ano de 1872, o Decreto Imperial de18 de setembro determinou como
padrão de medidas o sistema métrico decimal francês. Dois anos mais
tarde, em novembro de 1874,a execução local do que impunha esse
decreto foi o estopim que deflagrou a insurreição dos Quebra-Quilos.
|
A revolta, liderada por João Vieira, conhecido como João Carga
d’Água, irrompeu na serra de Bodopitá.
Descendo a serra, os insurretos invadiram a cidade num dia de feira,
quebraram as "medidas" (caixas de madeira de um e cinco litros de
capacidade), fornecidas pelo poder público municipal e usadas pelos
feirantes, e atiraram os pesos dentro do Açude Velho.
A luta revolucionária se estendeu a outros municípios do Brejo e do
Cariri, transpondo para os estados de Pernambuco e até Alagoas.
A insurreição ganha novos matizes quando aos revoltosos juntaram-se
vários outros armados, liderados por Manoel de Barros Souza, conhecido
como Neco de Barros, e Alexandre de Viveiros. Juntos, invadiram e
dominaram a cadeia, libertando os presidiários, entre os quais o próprio
pai do primeiro, e incendiaram cartórios e o arquivo municipal. Era
propósito de Alexandre de Viveiros anular os autos de processo de
homicídio que pesava sobre ele.
A revolta foi sufocada pelas forças policiais. O líder João Carga d’Água
fugiu,mas Alexandre Viveiros foi preso. As forças da milícia imperial
desferiram sobre a população campinense, no início de 1875, uma grande
repressão.
Esses acontecimentos são assim narrados por Epaminondas Câmara:
"... A rebelião já estava extinta e como não havia rebeldes em armas, o
capitão Longuinho e seus soldados promoveram toda sorte de
arbitrariedades contra a população indefesa.
Foram presos
o vigário Calixto, os fazendeiros José Honorito Leite, Manuel Justino de
Farias Leite e muitas outras pessoas de influência liberal, a cujo
partido era atribuída a orientação do movimento subversivo. Além de
violentar os lares e roubar os haveres, a força aplicou desalmadamente
em dezenas de rapazes inocentes o ‘colete de couro’, conduzindo os
poucos que conseguiam sobreviver a tão hediondo castigo, para a capital
da província ou para o Rio, donde não mais voltaram, morrendo ao
maltrato das enxovias.
Os campinenses sofreram algo com os ingênuos caboclos de Carga d’Água,
os verdadeiros Quebra-Quilos.
Sofreram horrivelmente com os cangaceiros de Neco de Barros e Alexandre
de Viveiros que não tinham ligações com aqueles e já viviam fora da lei,
assassinando e depredando.Mas com a milícia imperial,aquela que vinha
apenas manter a ordem, seu sofrimento foi muitas vezes maior, não teve
limites!"
(EPAMINONDAS CÂMARA: Datas Campinenses, pg. 57; RG Editora e Gráfica,
1998).
A MAIORIDADE
A luta político-eleitoral se intensifica,entre conservadores e
liberais,renhida muitas vezes por motivos os mais banais, incluindo a
própria mudança da feira, ora para o "Comércio Novo", ora para o
"Comércio Velho": os liberais a queriam no "Comércio Velho".
Os seus chefes, em sua maioria agricultores e criadores pertencentes às
famílias mais antigas,preferiam morar ou reconstruir nas ruas antigas;
por outro lado, os conservadores, comerciantes em sua maioria, a queriam
no "Comércio Novo", onde a atividade mercantil era mais promissora.
Os distúrbios pela mudança da feira eram de tal monta violentos que
impediam a própria realização da mesma, em seu dia de funcionamento.
OS CONSELHOS
Com a proclamação da República, em 15 de novembro de 1889, os
conservadores sobem ao poder em Campina Grande e uma junta toma posse do
Governo da Paraíba. Em primeiro de fevereiro de 1890, o Decreto Estadual
número 7 dissolveu as Câmaras Municipais, criando em todos os municípios
da Paraíba os Conselhos de Intendência, também com funções legislativas
e executivas, em substituição àquelas. Estes Conselhos eram compostos de
três membros titulares e dois suplentes.
Os Conselhos de Intendência vigoraram por dois anos, quando foram
substituídos pelos Conselhos Municipais, em 17 de dezembro de 1892, pela
Lei Estadual nº 9, que também organizou os municípios.
Esses novos Conselhos também tinham atribuições legislativa se
executivas, eram formados por 12 membros na capital, por nove nas
cidades e por sete nas vilas, eleitos pelo voto direto para um mandato
de quatro anos.
Em cada município, a chefia do Poder Executivo era exercida pelo
Presidente do Conselho Municipal respectivo.
Em Campina Grande, a instalação do primeiro Conselho Municipal ocorreu
em 7 de maio de 1893, tendo assumido sua presidência e, conseqüentemente,
a chefia do Poder Executivo local José Honorato da Costa Agra.
IMPRENSA
No período compreendido de 1888 a 1895, surgem alguns dos primeiros
órgãos de imprensa campinenses: o semanário"Gazeta do Sertão" (1888), os
jornais"O Álbum" (1888),"Alfinete" (1888),"A Gazetilha" (1889), "O
Tempo" (1890),"O Campinense" (1892) e "O Eco" (1895).
Em maio de 1891, teve início a construção do prédio para o "Grêmio de
Instrução", para o ensino e às ações teatrais.
Compondo o cenário cultural, existiam duas bandas de música na cidade:
uma dirigida pelo maestro Balbino Benjamim de Andrade; outra pelo
compositor Antônio da Silva Barbosa.
Em 13 de janeiro de 1896, ocorreu a inauguração da Estação Telegráfica
inicialmente denominada "Estação Telefônica" (no prédio onde é hoje o
Museu Histórico e Geográfico).
Mudanças importantes na infra-estrutura econômica e nos demais aspectos
viriam a ocorrer no início do século XX, a partir do advento da
ferrovia,com o transporte mais acessível e em larga escala de
mercadoria, permitiu uma significativa mudança na economia local, como
que inaugurasse um novo tempo.
Referencias
Wikipedia
IBGE
Ache Tudo e Região
|