Astrônomos
descobrem dez luas novas ao redor de
Júpiter
A equipe,
liderada pelo astrônomo Scott Sheppard,
observou pela primeira vez algumas das
novas luas enquanto procuravam por
objetos bastante distantes em nosso
Sistema Solar, para lá de Plutão, usando
o telescópio Blanco, de quatro metros de
extensão, no Observatório Interamericano
de Cerro Tololo, no Chile. Júpiter
estava por acaso no campo de visão dos
cientistas, e eles notaram um punhado de
novos objetos perto do planeta, com
diâmetro de um a quatro quilômetros.
Depois de rastrear as órbitas dos
objetos por cerca de um ano com outros
telescópios chilenos, além de alguns no
Arizona e no Havaí, os cientistas
puderam confirmá-las como luas.
No ano
passado, essa mesma equipe anunciou a
descoberta de duas outras luas, que
levaram o total da contagem de Júpiter à
época para 69.
Duas das luas
recém-descobertas estão próximas a
Júpiter — não tão perto quanto as
grandes luas galileanas: Io, Europa,
Ganímedes e Calisto. Essas luas são
“luas prógradas”, ou seja, que orbitam
Júpiter na mesma direção que o planeta
gira. Pelo fato de suas órbitas as
colocarem perto de outras luas
prógradas, elas são pensadas como
pedaços de uma lua maior que foi
quebrada por uma colisão muito tempo
atrás.
Sete das novas
luas orbitam um pouco mais além e na
direção oposta, o que as torna luas
retrógradas. Há uma multidão de outras
luas retrógradas naquela região mais
distante, que caem em três agrupamentos
distintos de órbitas similares. Os
pesquisadores acham que esses três
grupos um dia foram três luas maiores,
que também foram quebradas por colisões.
E então tem a
décima lua — a diferente. Ela orbita no
mesmo caminho geral de todas as luas
retrógradas, mas na direção oposta,
prógrada. Sheppard disse ao Gizmodo que
ela poderia ser uma remanescente de
algum objeto aleatório no Sistema Solar
que foi sugada pela gravidade de Júpiter
— como um cometa sem órbita permanente
em torno de uma estrela, por exemplo —,
que atingiu algumas das luas
retrógradas, quebrando-as nas várias
luas menores que orbitam o gigante de
gás atualmente.
Embora esse
objeto errante não exista mais
completamente, a lua excêntrica poderia
ser um fragmento dele. A equipe propôs o
nome “Valetudo” para esta lua na órbita
maluca, em homenagem à bisneta do deus
romano Júpiter, de acordo com a
divulgação do Carnegie Institution for
Science.
“Isso mostra
como o nosso Sistema Solar era caótico
no passado. Essas luas exteriores de
Júpiter são remanescentes do caos”,
disse Sheppard. Ele também acrescentou
que a Valetudo deverá colidir com algo
novamente no futuro e virar pó. "É como
dirigir um carro no lado errado da
rodovia".
O motivo pelo
qual essas luas estão sendo descobertas
agora é que a tecnologia do telescópio
melhorou muito na última década ou duas,
disse Sheppard ao Gizmodo. Os astrônomos
podem tirar fotos maiores e de maior
resolução e são menos afetados pelo
brilho e pela luz difusa dos planetas.
"Tem havido
uma barreira tecnológica", disse
Sheppard. “Júpiter é um grande planeta,
e há uma grande área do céu em volta
dele para pesquisar e encontrar todas as
suas várias luas. Agora, podemos tirar
quatro fotos grandes e ver tudo ao
redor. Porém, no início dos anos 2000,
era como olhar através de um canudo.
À medida que
os telescópios continuam melhorando,
Sheppard espera que encontremos ainda
mais luas orbitando Júpiter, já que é o
planeta é enorme.
Alycia
Weinberger, também astrônoma do Carnegie
e que não esteve envolvida no estudo,
concorda com Sheppard.
“Apenas alguns
anos depois de as primeiras luas serem
descobertas, as pessoas começaram a
encontrar muito mais (luas) o tempo
todo”, ela disse ao Gizmodo. “Isso
sugere que existem mais por aí, à
espreita. À medida que as coisas ficam
menores, elas ficam mais difíceis de se
detectar. Acho que seria tolo algum dia
pensar que sabemos tudo.”
Novas
descobertas de luas poderiam ajudar a
revelar mais sobre a história de Júpiter
e de outros gigantes de gás, porque as
luas frequentemente são um vislumbre de
como um planeta se formou.
Júpiter, por
exemplo, se formou em um disco giratório
de poeira; a gravidade fez com que um
monte de massa se juntasse, criando
vários objetos gasosos e rochosos, que
uma hora colidiram entre si para criar o
gigante de gás que conhecemos hoje.
Porém, algumas sobras do nascimento de
Júpiter não foram sugadas até o planeta
e continuaram orbitando na direção
original do disco e no que viria a ser a
direção de giro de Júpiter. Essas são as
luas prógradas.
No entanto, a
equipe acha que as luas retrógradas de
Júpiter são, em grande parte, feitas de
objetos que passavam de outros cantos do
Sistema Solar e que Júpiter acabou
aspirando e capturando com sua
gravidade.
Entender os
relacionamentos planeta-lua como este
poderia ser especialmente útil para
estudar outros sistemas solares e
exoplanetas. Os cientistas descobriram a
primeira exolua só no ano passado.
“(Luas de
exoplanetas) Poderiam potencialmente nos
dizer como um exoplaneta se formou e
quão quieto ou violento foi o processo
de formação do planeta”, disse
Weinberger. “Se certas colisões
acontecem aqui, elas acontecem em outros
sistemas.”
Independentemente disso, luas de
qualquer tipo valem a atenção.
“Tudo isso se
resume a aprender sobre como sistemas
solares funcionam e como corpos pequenos
em sistemas solares se movem”, disse
Scott Bolton, investigador principal da
espaçonave Juno, da NASA, e que não
esteve envolvido no estudo, disse ao
Gizmodo. “Sempre é animador descobrir
novas luas ou quaisquer corpos que sejam
parte de nosso Sistema Solar.”
(msn)
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