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Historia de Alto Garças MT

 

A primeira denominação do lugar em que hoje fica a sede do município de Alto Garças, foi São Vicente do Bonito, posteriormente simplificado para Bonito(existe em MS, município com o mesmo nome). Por fim, para evitar duplicidade de nomes, foi alterado para Alto Garças. O município de Alto Garças teve origem no desmembramento de Alto Araguaia. 
A região foi habitada pelo povo indígena boróro, não restando mais vida tribal organizada no município.  O general Couto Magalhães, no livro “O Selvagem”, pp. 187-190, diz que obteve informação no Pará, de velhos pilotos do Rio Tocantins, de que os jesuítas do Pará se comunicavam com os do Paraguai. Chama para prova, a menção de cartas do padre Antônio Vieira e por nomes de lugares ou itinerários ou navegação, que pelas aparências só poderiam ser dados pelos registros. Couto Magalhães sugere que o roteiro tenha sido pelos rio São Lourenço, Itiquira e Garças.  A movimentação da região remota ao final do século passado. Antônio Cândido de Carvalho, depois de explorar o Rio Vermelho, inteirando-se de sua fabulosa riqueza, passa a explorar o Rio Garças. Parte para desvendar suas riquezas até suas cabeceiras.  Baseado em informações de outros sertanejos, pouco conhecedores da região, foi ter no Rio Itiquira. 
Em 1897, numa nova tentativa, deixa o Porto Itiquira, acompanhado pelo engenheiro Celso Pasini, José Francisco e Bonifácio de ribeiro Macedo, além de levar consigo os “camaradas” Salustiano Duarte Moraes, Manoel Pedro Serra Dourada, Manoel Francisco de Oliveira e Babuíno José da Silva. Arripia o rio até a mais alta cabeceira, na Serra da Saudade. 
Devido ao pequeno volume d’água, largaram os braços de uma certa distância de cabeceira e caminharam cerca de 15 léguas, a pé. Desceram o Rio das Garças até a barra, perfazendo coisas de 70 léguas. O reconhecimento do rio das garças atraiu fazendeiros e seringueiros de mangabais do cerrado. Em 1908 os coletores da borracha de mangabeiras Feliciano Cezílio de Souza, seu irmão João Cezílio, José Lício de Araújo e José Luíz, seduzidos pela fama da região, chegaram à fazenda Boa Vista, de João José de Moraes Cajango. Cajango dissuadiu a comitiva de procurar os arbustos mangabeiros e foi incutidos nela a idéia de se dedicar à exploração mineral. Como já tinham experiência de garimpo, os coletores se entusiasmaram com a proposta. Munido com as ferramentas necessárias, provisões e demais utensílios, constituíram uma verdadeira expedição. Foram ter ao ribeirão Galante, hoje município de Guiratinga. O que Cajango queria era desviá-los do trabalho sem método de extração de látex, pois o que acabariam por fazer seria tornar o gado mais fugidio do que já era. 
A expedição foi bem sucedida e Cajango pôde Ter paz em sua fazenda. O povoamento da região do município de Alto Garças parecem ter tido início no vale do Rio Café. Ali chegaram os primeiro garimpeiros por volta de 1915, sobressaindo o nome de Emílio Crisóstomo Barbosa e Fel de Castro. O povoado denominado Café, em referência ao Rio Café, abrigava população de quase mil habitantes, dispondo de toda infra-estrutura de uma boa cidade, obviamente, para os padrões da época. Possuía, dentre outras coisas, uma pista para pouso de avião de pequeno e médio porte. O progresso da “corrutela’ permitiu a construção de uma ponte sobre o Rio Café, destruída no ano seguinte por uma enchente. Dentre os garimpeiros contavam-se inúmeros baianos, maranhenses e goianos. O povo abandonou o primeiro sítio, passando, em 1920, para o lugar denominado Cafelândia, mais tarde erigido em distrito. Manoel Bastos e seus genros constituíram várias posses, sendo a primeira a Fazenda São Vicente, mais tarde “Casa de Pedra”. Este nome foi mudado por desejo do antigo proprietário no ano de 1905, sendo esta a mais antiga propriedade de toda a região, localizando-se a 12 quilômetros da sede do município. 
A existência desta fazenda impôs formalmente a abertura de estradas, que embora carreteiras, permitiram a comunicação com os outros vizinhos: Goiás e Cuiabá, dando também acesso a penetração de garimpeiros, facilitando a entrada da turma do major Pitaluga e da Comissão Rondon, quando estendiam os fios telegráficos na ragião. 
A fazenda de Cajango se estendia pelo chão hoje de Guiratinga e Alto Garças. O retiro de São Vicente, nessa grande fazenda, situava-se um ponto de entroncamento para três lugares: o que hoje é Guiratinga, para Cafelândia e para Buriti, ponto para negócios. O decreto estadual n.º 818, de 02 de junho de 1928, reservou 3.600 hectares de terras para a formação do patrimônio. O decreto n.º 366, de 03 de maio de 1934, determinava que a área reservada ao patrimônio fosse tirada do excesso da Fazenda São Vicente, ou Casa de Pedra e/ou Picada. Exatamente na parte que o proprietário não exercia domínio. 
O município sofreu de perto as desordens e desmandos dos garimpeiros de diamante do leste mato-grossense, quando as forças de Morbeck foram esfaceladas pela pelas forças policiais comandadas pelo capitão Daniel de Queiroz. 
Com a denominação de Bonito, foi criado o Distrito de Paz, pelo Decreto n.º 222, de 3 de fevereiro de 1933. 
A Lei n.º 545, de 31 de dezembro de 1943, alterou a denominação para Alto Garças.