História de Barão de Cocais MG
São João Batista do
Morro Grande foi a denominação primitiva do atual município, povoado
por sertanistas que procuravam ouro em princípios do século XVIII.
Aí se estabeleceram e construíram a primeira capela em honra a São João
Batista, obra de fervor religioso que compunha a base espiritual, moral
e social da vida do mineiro. O núcleo urbano que ali se constituiu teve
como geografia o contorno do rio, a lógica do ouro em abundância que
atraia novos moradores, a insegurança e a instabilidade que cercava a
região, e a necessidade de se agregarem para a confraternização e para
tornarem manifestas suas necessidades comerciais. A paróquia é confirmada em 1752. Em 1764, inicia-se a construção de um novo templo com planta encomendada em Lisboa. Investir no sagrado é estabelecer uma dialética entre divindade e a sociedade e por isso as cerimônias, os rituais coletivos e públicos, mas principalmente a construção de igrejas magníficas. A prosperidade econômica é entendida como decorrência do exercício da fé, das práticas religiosas, que se deve exprimir em termos de luxo. A dádiva é equivalente a sua prodigalidade. Investir no sagrado é uma garantia de bem estar material. Essa visão se origina da mentalidade sacral dos ibéricos. De qualquer forma, a pequena localidade teve sua garantia: ao contrário de outras cidades exploradoras de ouro, São João Batista do Morro Grande teve uma mineração florescente até o século XIX, destacando-se a esplendorosa mina do Gongo Soco, que continuou a produzir a partir de tecnologias adequadas. Para tanto, foi organizada na Inglaterra, a “Imperial Brasilian Mining Association”, que em 1824, assume a Mina do Gongo Soco comprada ao Barão de Catas Altas. Entre 1826 a 1856, quase 13 mil quilos de ouro são dali extraídos. A atividade econômica para a população local, em que pese a importância da mina, tirava seu sustento das roças de milho e de feijão, café e cana-de-açúcar em menor quantidade, além de plantio de uva para o fabrico de vinho. Aos poucos desenvolveram-se algumas atividades manufaturadas complementares a esta economia, quando aproveitando a cera produzida por pequenos criadores de abelhas, instalou-se no local uma fábrica de vela de grande demanda para a iluminação residencial. Olarias e pequenas cerâmicas se desenvolveram aproveitando o excelente barro encontrado em diversos locais de Morro Grande. Nos primeiros anos do século XX o pequeno distrito do município de Santa Bárbara traz de seu passado minerador e religioso a Igreja de N S do Rosário construída por negros forros e mestiços, assim como a Igreja de Sant’ Ana, rica em talha e pinturas, e a imponente Igreja Matriz de São João Batista, nascida de uma primeira construção de 1713, erguida pelos primeiros exploradores e que tem na fachada, sobre a portada, uma belíssima imagem do padroeiro, São João Batista, em pedra sabão, obra atribuída ao Aleijadinho.
Somente em 1943,
desmembrada de Santa Bárbara, foi instituído o município com o nome de
Barão de Cocais. |