O urso polar é uma das
maiores espécies de urso. Alguns exemplares podem atingir cerca de 2
metros de comprimento e pesar 700 quilos. Embora pesado e maciço,
move-se com facilidade na paisagem branca do Ártico. O pêlo longo e
gorduroso mantém seu corpo aquecido, e a camada de gordura subcutânea é
uma proteção adicional contra o frio. Bom pescador e caçador, o urso
polar investe contra suas presas na água ou em terra firme. Na água
sente-se à vontade porque a gordura e o ar nos pulmões permitem que ele
flutue com facilidade.
O urso-polar (Ursus
maritimus), também conhecido como urso-branco, é um mamífero
membro da família dos Ursídeos, típico e nativo da região do
Ártico e atualmente um dos maiores carnívoros terrestres
conhecidos. Dentre todos os ursos, este é o que mais se alimenta
de carne.
Fáceis de tratar, são um dos animais mais populares nos jardins
zoológicos.O primeiro zoológico americano, inaugurado na
Filadélfia em 1859 tinha um urso-polar como uma de suas
atrações.
Classificaçã
Phipps (1774) foi o primeiro a descrever este animal como sendo
uma espécie distinta: Thalarctos maritimus (Phipps, 1774).
Outros nomes genéricos foram depois propostos tais como
Thalassarctos, Thalarctos e também Thalatarctos. Tendo como base
factos relativos ao cruzamento de ursos-pardos com
ursos-polares, em jardins zoológicos, foi estabelecido o nome
maritimus para esta espécie. Mais tarde, devido a interpretações
paleontológicas e evolutivas, foi proposto por Kurtén (1964), a
integração de Phipps (1774), como a autoridade da espécie.
Finalmente, o nome Ursus maritimus passou a ser utilizado até
aos nossos dias, devido a promoção feita por Harrington (1966),
Manning (1971) e Wilson (1976).
Acredita-se que os procionídeos e os ursídeos se ramificaram há
cerca de 30 milhões de anos. O urso-de-óculos formou um ramo a
parte em torno de 13 milhões de anos atrás. As seis espécies
atuais do gênero Ursus se originaram há estimados 6 milhões de
anos. O urso-pardo e o urso-polar divergiram de um ancestral
comum há cerca de 2 milhões de anos e o cruzamento entre as duas
espécies gera descendentes férteis. A perda de dentes molares
típicos do urso-pardo se deu há 10 ou 20 mil anos. O fato de
gerar híbridos férteis pode levar à conclusão que o urso-polar é
uma subespécie do urso-pardo.
A maioria dos cientistas não reconhece subespécies de
urso-polar. O IUCN/SSC Polar Bear Specialist Group (PBSG)
contabiliza 20 grupos populacionais, enquanto outros cientistas
apontam seis grupos: Mar de Chukchi, Ilha de Wrangel Island e
Alaska ocidental; Mar de Beaufort; Arquipélago Ártico Canadense;
Groenlândia; Terra de Spitzbergen-Franz Josef; e Sibéria.
consideram haver duas subespécies: Ursus maritimus maritimus e
Ursus maritimus marinus. Aparência
Os machos desta espécie têm cerca de 300 a 400 kg, mas podem
atingir 700 kg e medem até 3,00 m. As fêmeas são em média bem
menores, com 200 a 300 kg de massa e 2,10 m de comprimento. Ao
nascer o filhote tem 0,6 a 0,7 kg. A camada de gordura
subcutânea pode chegar a uma espessura de 15 cm.
Todo o seu corpo é adaptado para melhor desempenho na água e
para o frio. Tanto as orelhas quantos os olhos são pequenos e
arredondados. As patas dianteiras são largas para facilitar o
nado e o mergulho e as patas posteriores têm 5 dedos. O crânio e
o pescoço são alongados. Não há boça sobre os ombros. Todas
essas adaptações proporcionam-lhes um maior hidrodinamismo que
facilita a natação. A pele e o focinho são pretos. As solas dos
pés têm papilas e vacúolos que auxiliam a caminhada sobre o
gelo.
A pelagem dos ursos-polares apesar de parecer branca, é incolor
e quando os raios solares incidem em sua pele da a coloração
branca e amarelada. Cobre todo o corpo, inclusive a planta das
patas, como isolamento do frio. É composta por uma densa camada
de subpelo (cerca de 5 cm de comprimento) e uma camada de pêlos
externos (15 cm). O fio individual é trasparente e oco, mas não
apresenta propriedades de fibra óptica, como afirma uma lenda
urbana. No verão a pelagem se torna amarelada, talvez devido à
oxidação produzida pelo sol. Ao contrário dos demais mamíferos
árticos, os ursos-polares não sofrem processo de muda sazonal.
Os pêlos nas solas das patas são duros e proporcionam excelente
isolamento térmico e tração sobre a neve. O isolamento térmico
proporcionado pela pelagem geral é tão eficiente que torna o
animal praticamente invisível a detectores infravermelhos. Acima
de 10 °C, contudo, isto pode levar ao sobre-aquecimento do
animal. Outra característica de sua pelagem é não refletir a luz
ultravioleta.
Alguns animais cativos, expostos a climas quentes e úmidos,
desenvolvem uma cor verde graças a algas que crescem em seus
pêlos ocos. Tais algas não são nocivas ao animal e são
eliminadas com banhos de água oxigenada ou sal.
Distribuição
Uma fêmea e um filhote em Svalbard, território da Noruega.O
urso-polar é um animal do hemisfério norte que habita o círculo
polar ártico. Ele pode ser encontrado no Alasca, no Canadá, na
Groenlândia, na Rússia e no arquipélago norueguês de Svalbard. O
habitat natural do animal é a camada fina de gelo, onde lhe é
possível caçar focas. Ele é perfeitamente apto à vida no gelo,
sendo encontrado durante o inverno nos mares congelados de
Chukchi e Beaufort ao norte do Alasca, mares Siberiano Oriental,
de Laptev e de Kara na Rússia e no mar de Barents ao norte da
Europa. São comuns também na porção norte do mar da Groenlândia,
na baía de Baffin e em todo o arquipélago Ártico Canadense.
Apesar de seus números diminuírem a partir do paralelo 88°, os
ursos-polares podem ser encontrados virtualmente em todo o
Ártico.
Hábitos
Dois ursos-polares se enfrentando. As lutas geralmente são
encenadas.Esta espécie concentra-se junto à costa uma vez que
depende das águas para encontrar as suas presas. Os
ursos-polares são excelentes nadadores e podem percorrer até 80
km sem descanso. Alguns animais migram desta forma do Norte para
o Sul seguindo as margens das geleiras mas podem deslocar-se
também por terra firme. O urso-polar é um animal de hábitos
diurnos e caráter solitário, que não forma outros laços
familiares que não seja entre fêmeas e suas crias.
Os machos adultos, como todos os outros ursos, podem atacar e
matar filhotes. As fêmeas os defendem mesmo um macho medindo em
média o dobro de seu tamanho. Aos seis meses de idade, um
filhote é capaz de fugir correndo de um adulto.
Os territórios, muitas vezes enormes, não são defendidos. Apesar
de não serem sociais, os ursos são capazes, contudo, de dividir
uma carcaça de baleia sem maiores conflitos.
Devido à abundância de comida mesmo durante o inverno, o
urso-polar não hiberna no sentido estrito da palavra. Ele entra
em um estado de dormência, no qual sua temperatura corpórea não
cai, passando a subsistir de suas reservas de gordura corporal.
Os ursos-polares são animais muito preocupados com a própria
higiene. Após cada refeição, eles dedicam cerca de 15 minutos
para eliminar a sujeira. Para se limpar eles usam as patas, a
língua, água ou neve. Isto se deve ao fato de que a sujeira
interfere com a capacidade de isolamento térmico da pelagem. Reprodução
Uma mãe e seus dois filhotes.Os ursos-polares acasalam entre os
meses de março e junho, com implantação diferida dos óvulos
fecundados, de modo que o período de gestação se torna muito
longo, entre 200 a 265 dias, variando de acordo com as condições
ambientais.
As crias nascem entre novembro e janeiro, no abrigo invernal
construído pela fêmea, e não se separam da mãe até completarem
dois anos de idade. Nascem cegas e pesando muito pouco em
relação ao peso adulto, sendo um dos filhotes menos
desenvolvidos dos mamíferos eutérios.
Os machos possuem um osso em seu pênis devido a necessidade de
maior resistência, já que a relação sexual pode durar cerca de
24 horas.
Filhotes de urso-polar.As fêmeas têm quatro mamas funcionais ao
passo que as outras ursas apresentam seis. Podem gerar até
quatro filhotes por gestação, ainda que a média seja de duas
crias.
As fêmeas estão aptas à reprodução uma vez a cada três anos,
sendo um dos mamíferos com menor capacidade reprodutiva. É
esperado que a ursa-polar tenha apenas cinco ninhadas em sua
vida.
Atingem a maturidade sexual entre os 4 e 6 anos e em condições
naturais, vivem em média de 15 a 18 anos. Alguns animais
selvagens marcados tinham um pouco mais de 30 anos. Um espécime
do zôo de Londres morreu aos 41 anos. Alimentação
De todos os ursos, o urso-polar é o que mais restritamente
carnívoro. A dentição lembra mais a de carnívoros aquáticos do
que outros ursos. Sua principal presa é a foca (em especial a
foca-anelada), a qual tenta capturar quando estas emergem em
buracos no gelo para respirar. Sua taxa de sucesso, contudo, é
baixa. Só 5% das tentativas são exitosas. Um urso experiente
captura uma foca a cada cinco dias, o que lhe proporciona
energia suficiente por 11 dias. Além do método de tocaia, o
urso-polar emprega também o método de perseguição para caçar,
aproximando muito lentamente da vítima e disparando nos 15 m
finais, a uma velocidade de até 55 km/h.
Um urso busca comida em uma praia rochosa.Alimenta-se também de
aves, roedores, moluscos, caranguejos, morsas e belugas.
Ocasionalmente caça bois-almiscarados e até mesmo, ainda que
raro, outro urso-polar.
Oportunista, a espécie pode comer carniça (como baleias
encalhadas) e materia vegetal, como raízes e bagas no final do
verão. No depósito de lixo em Churchill, Manitoba, foram
observados comendo, entre outras coisas, graxa e óleo de motor.
O urso-polar é um nadador e um corredor capaz, o que o torna um
caçador eficiente tanto na água quanto na terra firme.
Esta espécie é extremamente perigosa para o homem, que encara
como presa, especialmente se não houver abundância dos seus
alimentos habituais. Na Ilha de Baffin, por exemplo, os geólogos
fazem trabalho de campo armados de caçadeiras como medida de
proteção contra os ursos-polares.
Ao contrário da crença disseminada, nunca foi observado que o
urso-polar, em busca da camuflagem perfeita, esconda o focinho
quando está caçando. Conservação
Selo Soviético de 1987 com símbolo da WWF.O urso-polar é citado
pela CITES sob baixo risco de extinção. Contudo alguns fatores
podem mudar esta situação para pior.
O encolhimento das camadas de gelo e o prolongamento do verão
vêm obrigando os ursos-polares a buscar comida em lugares
habitados, colocando a espécie em conflito com o homem. Em 2005,
testemunhas afirmaram ter visto um total de cerca de 40 ursos
nadando centenas de quilômetros em busca de alguma camada de
gelo flutuante à qual pudessem subir. Viram-se pelo menos quatro
corpos de ursos flutuando até 260 km de distância do gelo ou
terra firme.[carece de fontes?]
Os povos indígenas do Ártico caçam o urso por sua gordura e
pele. O Canadá permite a estrangeiros caçar, desde que guiados
por um inuit em seus trenós de cães. Apesar de florescente no
século passado, esse tipo de atividade mostra-se estar em
declínio atualmente. O interesse por tapetes de urso diminuiu,
assim como seus preços. Uma pele que era vendida por 3.000
dólares atinge hoje o preço máximo de 500 dólares.
Um urso-polar no zoológico.Atividades humanas como exploração de
gás e petróleo, turismo, pesquisa científica e esportes na neve
perturbam o animal em seu ambiente.
Poluição ambiental é outra ameaça. Estando no da cadeia
alimentar, o urso-polar concentra substâncias tóxicas em seu
organismo. A quantidade de metais pesados e hidrocarbonos
clorados tem se mostrado em curva ascendente em amostras de
tecidos.
Derramamentos de óleo também afetam os ursos-polares. O óleo é
altamente tóxico e de lenta decomposição, sendo ingerido pelo
animal quando este se alimenta ou executa seu asseio.
A população atual de ursos polares é estimada entre 22 000 e 27
000 indivíduos, 60% dos quais vivendo no Norte do Canadá. Cultura e religião
Caçador a caiaque transportando um urso na Groenlândia.Os inuit
reverenciam o urso-polar, a quem chamam de nanuk, acreditando
que o mesmo se deixa abater pelos caçadores em troca de
ferramentas que usaria após a morte. Poeticamente também o
chamam de Pihoqahiak, o eterno andarilho.
Os skalds, poetas nórdicos, cunhavam epítetos para os ursos como
"o terror da foca", "o matador de baleias" e o "cavaleiro dos
icebergs", entre outros.
Os lapões não pronunciam seu nome por medo de ofendê-los.
Preferem chamar os ursos de "cachorro de Deus" ou "o velho de
manto de pele".
Os Ket da Sibéria reverenciam todos os ursos e os chamam de gyp
ou qoi, significando "avô" e "padrasto", respectivamente.
No leste da Gronelândia, ele é chamado de Tornassuk, "o mestre
dos espíritos prestativos". Cultura popular
As campanhas publicitárias de Natal da Coca-Cola apelam para a
figura simpática de uma família de ursos-polares.
Matraca Trica e Fofoquinha (Breezly & Sneezly, no original em
inglês), respectivamente um urso-polar e um foca, são
personagens de desenho animado dos Studios Hanna-Barbera da
década de 1960.
O mais famoso urso em cativeiro atualmente é o Knut do zoológico
de Berlim. Referências
1. IUCN Red List of Threatened Species
2. (em inglês) Wildfacts - Polar bear, BBC - acedido a 14 de
Outubro de 200
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