Deserto
é uma forma de paisagem ou região que recebe pouquíssima
precipitação pluviométrica. Como conseqüência, os
desertos têm a reputação de serem capazes de
sustentar pouca vida. Comparando-se com regiões mais
úmidas isto pode ser verdade, porém, examinando-se
mais detalhadamente, os desertos freqüentemente
abrigam uma riqueza de vida que normalmente
permanece escondida (especialmente durante o dia)
para conservar umidade.
Aproximadamente dois nonos da superfície continental da Terra são
desérticos. O desmatamento assombroso sem preocupação dos governos mundiais,
o planeta inteiro se desertifica.
Dunas de areia no Vale da
Morte, Califórnia (Estados Unidos)
As paisagens desérticas têm alguns elementos em comum. O solo do deserto é
principalmente composto de areia, e dunas podem estar presentes. Paisagens de
solo rochoso são típicas, e refletem o reduzido desenvolvimento do solo e a
escassez de vegetação. As terras baixas podem ser planícies cobertas com sal. Os
processos de erosão eólica (isto é, provocados pelo vento) são importantes
fatores na formação de paisagens desérticas.
Os desertos algumas vezes contêm depósitos minerais valiosos que foram formados
no ambiente árido ou que foram expostos pela erosão. Por serem locais secos, os
desertos são locais ideais para a preservação de artefatos humanos e fósseis.
Etimologia
A palavra deserto provém do latim desertus, particípio passado de deserĕre, cujo
significado é "abandonar".
Deserto Thar na Índia.
Tipos de deserto
Deserto Thar na Índia.A maioria das classificações repousa numa combinação de
número de dias de chuva por ano, a quantidade pluviométrica anual, temperatura,
umidade e outros fatores. Em 1953, Peveril Meigs dividiu as regiões desérticas
da terra em três categorias, de acordo com o total de chuva que recebiam. Por
este sistema, hoje amplamente aceito, terras extremamente áridas são as que têm
pelo menos 12 meses consecutivos sem chuva; terras áridas têm menos de 250
milímetros de chuva anual, e terras semi-áridas têm uma média de precipitação
anual entre 250 e 500 milímetros. As terras áridas e extremamente áridas são os
desertos, e terras semi-áridas cobertas de gramíneas geralmente são chamadas de
estepes.
No entanto, a aridez sozinha não fornece uma descrição exata do que é um
deserto. Por exemplo: a cidade de Phoenix, no Arizona, recebe menos de 250 mm
(10 polegadas) de chuva por ano, e é imediatamente reconhecida como sendo
localizada em um deserto. Porém, algumas regiões gélidas do Alasca ou da
Antártida também recebem menos de 250 mm de chuva por ano, e não podem ser
consideradas desertos.
Deserto de Atacama, no
Chile.
A diferença reside numa coisa chamada evapotranspiração. A evapotranspiração é a
combinação de perda de água por evaporação atmosférica da água do solo, junto
com a perda de água também em forma de vapor, através dos processos vitais das
plantas. O potencial de evapotranspiração é, portanto, a quantidade de água que
poderia evaporar numa dada região. A cidade de Tucson, no Arizona, recebe uns
300 mm (12 polegadas) anuais de chuva, no entanto, uns 2500 mm, (100 polegadas)
de água poderiam evaporar no período de um ano. Em outras palavras, significa
que quase 8 vezes mais água poderia evaporar da região do que normalmente cai.
Já as taxas de evapotranspiração em regiões do Alasca são bastante inferiores;
então, mesmo recebendo precipitações mínimas, estas regiões específicas são bem
diferentes da definição mais simples de um deserto: um lugar onde a evaporação
supera o total da precipitação pluviométrica. A principal característica de um
deserto é a seca.
Dunas no Deserto do Namibe (Angola).Dito isto, há diferentes formas de desertos.
Desertos frios podem ser cobertos de neve; esses locais não recebem muita chuva,
e a que cai permanece congelada como neve compacta. Essas áreas são comumente
chamadas de tundra, quando nelas existe uma curta estação com temperaturas acima
de zero grau Celsius e alguma vegetação floresce neste período; ou de regiões de
capa de gelo, se temperatura permanece abaixo do ponto de congelamento durante
todo o ano, deixando o solo praticamente sem formas de vida.
A maioria dos desertos não-polares ocorre por que eles têm pouquíssima água. A
água tende a refrescar, ou pelo menos a moderar, os efeitos do clima onde ela é
abundante. Em algumas partes do mundo, os desertos surgem devido à existência de
barreiras à chuva, quando as massas de ar perdem a maior parte de sua umidade
sobre uma cadeia de montanhas; outras áreas são áridas em virtude de serem muito
distantes das fontes mais próximas de umidade (isto é verdade em algumas áreas
do globo em latitudes médias, particularmente na Ásia).
Os desertos também são classificados por sua localização geográfica e padrão
climático predominante, como ventos alísios, latitudes médias, barreiras
antichuvas, costeiros, de monção, e polares. Antigas ��reas desérticas presentes
em regiões não-áridas formam os chamados paleodesertos. Há ainda os desertos
extraterrestres, em outros planetas.
Desertos em regiões de ventos alísios
Os ventos alísios ocorrem em duas faixas do globo divididas pela linha do
Equador, e se formam pelo aquecimento do ar junto à região equatorial. Estes
ventos secos dissipam a cobertura de nuvens, permitindo que mais luz do Sol
aqueça o solo. A maioria dos grandes desertos da Terra está em regiões cruzadas
por ventos alísios. O maior deserto do nosso planeta, o Saara, no norte da
África, que já experimentou temperaturas de 57° C, é um deserto de ventos
alísios.
Desertos de latitudes médias
Desertos de latitudes médias ocorrem entre os paralelos 30° e 50° N. e também na
mesma faixa no hemisfério sul, em zonas de alta pressão subtropicais. Estes
desertos estão em bacias de drenagem distantes dos oceanos e têm grandes
variações de temperaturas anuais. O deserto de Sonora, no sudoeste da América do
Norte é um típico deserto de latitude média. O deserto de Tengger, na China, é
um outro exemplo.
Desertos devido a barreiras ao ar úmido
Desertos deste tipo se formam devido a grandes barreiras montanhosas que impedem
a chegada de nuvens úmidas nas áreas a sotavento (ou seja, protegidas do vento,
que traz a umidade). À medida em que o ar sobe a montanha, a água se precipita e
o ar perde seu conteúdo úmido. Assim, um deserto se forma do lado oposto. O
deserto da Judéia em Israel e Palestina, são exemplos, assim como o deserto do
Vale da Morte, nos EUA, que é formado pelos ventos Chinook que formam uma zona
de sombra de chuva no local.
Desertos costeiros
Deserto de Atacama, no Chile.Desertos costeiros geralmente se localizam nas
bordas ocidentais de continentes próximas aos Trópicos de Câncer e de
Capricórnio. Eles são afetados por correntes oceânicas costeiras frias, que
correm paralelamente à costa. Devido aos sistemas de vento locais dominarem os
ventos alísios, estes desertos são menos estáveis que os de outros tipos. No
inverno, nevoeiros, produzidos por correntes frias ascendentes, freqüentemente
cobrem os desertos costeiros com um manto branco que bloqueia a radiação solar.
Os desertos costeiros são relativamente complexos, pois eles são o produto de
sistemas terrestres, oceânicos e atmosféricos. Um deserto costeiro, o Atacama, é
o mais seco da Terra. Nele, uma chuva possível de ser medida - isto é, de um
milímetro ou mais - pode ocorrer uma vez a cada cinco ou até a cada vinte anos.
Dunas em forma de lua crescente são comuns desertos costeiros, como o Namibe, na
África, onde prevalecem os ventos do continente para o mar.
Desertos de monção
"Monção," derivada de uma palavra árabe que significa "estação climática",
refere-se a um sistema de ventos com acentuada reversão sazonal. As monções se
desenvolvem em resposta a variações de temperatura entre os continentes e os
oceanos. Os ventos alísios do sul do Oceano Índico, por exemplo, despejam
pesadas chuvas na Índia ao chegarem à costa. Conforme a monção cruza a Índia,
ela perde sua umidade no lado oriental da cadeia montanhosa Aravalli. O deserto
do Rajastão na Índia, e o deserto Thar no Paquistão, são parte de uma região de
deserto de monção a oeste da cadeia de montanhas.
Desertos polares
Desertos polares são áreas com precipitação anual inferior a 250 mm e uma
temperatura média no mês mais quente do ano inferior a 10° C. Os desertos
polares do planeta cobrem quase cinco milhões de km² e são principalmente leitos
de rocha ou planícies de cascalho. Dunas de areia não são típicas destes
desertos, porém dunas de neve comumente ocorrem em áreas onde a precipitação
local é mais abundante. As mudanças de temperatura em desertos polares
freqüentemente ultrapassam o ponto de congelamento da água. Esta alternância
gelo-degelo deixa marcas características no solo, que chegam a 5 metros de
diâmetro.
Os vales secos da Antártida têm permanecido livres de gelo há milhares de anos.
Em campos de gelo permanente se encontram ecossistemas simples. Sobre a neve
antiga se desenvolvem algas, os nutrientes tendem a se concentrar à medida que
neve e gelo se evaporam. Algumas destas algas são de cor vermelha brilhante.
Existem ecossistemas marinhos ativos no gelo e na água, debaixo do grande mar de
gelo que cobre o oceano polar. Um ecossistema diversificado de algas e pequenos
consumidores vive no lado inferior do gelo; estes sistemas utilizam luz solar
que penetra no gelo durante o verão, como fonte de energia. As águas que fluem
por debaixo do gelo também carregam matéria orgânica produzida em outros
lugares, abastecendo de alimento uma grande população de peixes. Muitos
mamíferos marinhos vivem de pescado; assim, focas, orcas (baleias) e ursos
polares estão no da cadeia alimentar polar.
Paleodesertos (desertos "fósseis")
Pesquisas em mares de areia (vastas regiões de dunas) antigos, mudanças em
bacias lacustres, análises arqueológicas e de vegetação indicam que as condições
climáticas mudaram consideravelmente em vastas áreas do planeta num passado
geológico recente. Durante os últimos 12 500 anos, por exemplo, partes de alguns
desertos já foram bem mais áridas do que são hoje. Cerca de 10% da terra situada
entre a latitude 30° N. e 30° S. é hoje coberta por mares de areia. No entanto,
18.000 anos atrás, mares de areia formando dois imensos cinturões ocupavam quase
50% desta área. Tal como ocorre hoje, florestas tropicais e savanas ocupavam a
zona entre estas duas faixas.
Sedimentos fósseis de desertos com até 500 milhões de anos foram encontrados em
muitas partes do globo. Padrões de sedimentos de dunas foram encontrados em áres
que hoje não são desérticas. Muitas destas "relíquias" de dunas hoje recebem
entre 80 e 150 mm de chuva por ano. Algumas antigas regiões de dunas hoje são
ocupadas por florestas tropicais úmidas.
As montanhas de areia chamadas Sand Hills são um campo de dunas inativo de
57.000 km² no centro de Nebraska. O maior mar de areia no hemisfério ocidental
está hoje estabilizado por vegetação, e recebe cerca de 500 mm de chuva por ano.
As dunas de Sand Hills chegam aos 120 m de altura. O deserto do Kalahari também
é um paleodeserto.
Desertos em outros planetas
Aspecto do deserto marciano fotografado pela sonda espacial Spirit, em
2004.Marte é o único dentre os outros planetas do sistema solar no qual já se
identificaram fenômenos eólicos. Apesar de a pressão atmosférica na sua
superfície ser apenas 1/100 da terrestre, os padrões de circulação atmosférica
em Marte formaram um mar de areia circumpolar com mais de cinco milhões de km²,
maior que os maiores mares de areia da Terra. Os mares de areia marcianos
consistem principalmente de dunas em forma de meia-lua em áreas planas próximas
à camada perene de gelo do pólo norte do planeta. Campos de dunas menores ocupam
o fundo de muitas crateras nas regiões polares marcianas.
Deserto Marciano fotografado
pela sonda espacial Spirit, em 2004.
Definir um deserto somente pela ausência de chuva, ao invés de também considerar
fatores eólicos, classificaria como tal todos os fenômenos similares a este fora
do nosso planeta. O único corpo celeste onde se considera possível que exista
precipitação é Titã, a lua de Saturno; ela não tem água em estado líquido, no
entanto é possível que tenha metano e outros hidrocarbonetos em estado líquido.
Características
Dunas de gesso no deserto White Sands, no Novo México (EUA).A areia cobre apenas
20% dos desertos terrestres. A maior parte da areia está em lençóis de areia e
bancos de areia — vastas regiões de dunas onduladas que lembram as ondas no mar.
Quase 50% das superfícies dos desertos são planícies onde a ação eólica -
removendo os pequenos grãos de areia - expôs cascalho solto composto
principalmente de pedriscos ásperos, mas às vezes com pedras arredondadas.
Outras superfícies de terras áridas são compostas de leitos de pedra aflorados e
expostos, solos desérticos e depósitos fluviais, incluindo depósitos aluviais,
leitos secos, lagos do deserto e oásis. Afloramentos de leitos de pedra
normalmente ocorrem como pequenos montes, cercados por extensas planícies
erodidas.
Oásis são áreas com vegetação irrigada por fontes subterrâneas, poços ou por
irrigação. Muitos são artificiais. Os oásis são freqüentemente o único lugar nos
desertos que permitem ao homem efetuar plantios e fixar moradia permanente.
Dunas de gesso no deserto
White Sands, no Novo México (EUA).
Os solos que se formam em climas áridos são predominantemente minerais com pouca
matéria orgânica. A repetida acumulação de água em alguns solos forma muitos
depósitos de sal. O carbonato de cálcio precipitado de uma solução pode cimentar
areia e cascalho em blocos duros, que chegam a ter espessuras de até 50 metros.
O caliche é um depósito avermelhado, quase marrom, ou tendente ao branco,
encontrado em muitos solos de deserto. Ele normalmente ocorre em forma de
nódulos ou como cobertura de grânulos minerais formados pela complicada
interação entre a água e o gás carbônico liberado pelas raízes das plantas ou
pela decomposição de matéria orgânica.
Cacto Saguaro, no deserto do Arizona (Estados Unidos). Pode medir até quinze
metros de altura.A maioria das plantas do deserto são tolerantes à seca e à
salinidade, tais como as xerófitas. Algumas armazenam água em suas folhas,
raízes e caules. Outras plantas do deserto têm longas raízes que penetram até o
lençol freático, firmam o solo e evitam a erosão. Os caules e folhas de algumas
plantas reduzem a velocidade superficial dos ventos que carregam areia,
protegendo assim o solo da erosão.
Os desertos normalmente têm uma cobertura vegetal esparsa porém muito
diversificada. O deserto de Sonora, no sudoeste americano, tem a vegetação
desértica mais complexa da Terra. O gigantesco cactus saguaro fornece ninhos às
aves do deserto e funciona como "árvore". O saguaro cresce lentamente mas pode
viver duzentos anos. Aos nove anos, ele tem cerca de quinze centímetros de
altura. Aos 75 anos, o cactus desenvolve seus primeiros ramos. Quando totalmente
adulto, o saguaro chega a quinze metros de altura e pesa quase 10 toneladas.
Eles povoam o deserto de Sonora e reforçam a impressão de que os desertos são
áreas ricas em cactus.
Apesar dos cactus serem normalmente considerados plantas dos desertos, outros
tipos de plantas adaptaram-se à vida em meio árido. Isto inclui plantas da
família da ervilha e do girassol. Os desertos frios têm como vegetação
predominante gramíneas e arbustos.
A chuva às vezes cai nos desertos, e tempestades no deserto freqüentemente são
violentas. Um recorde de 44 mm em 3 horas de chuva já foi registrado no Saara.
Grandes tempestades no Saara podem despejar quase um milímetros de chuva por
minuto. Canais normalmente secos, chamados de arroios ou wadis, podem encher
após chuvas pesadas, e chuvas rápidas os tornam perigosos.
Apesar de poucas chuvas caírem nos desertos, estes recebem água corrente de
fontes efêmeras, alimentadas pela chuva e neve de montanhas adjacentes. Estas
correntes enchem os canais com uma camada de lama e freqüentemente transpotam
consideráveis quantidades de sedimento por um ou dois dias. Apesar de a maioria
dos desertos se situarem em bacias com drenagem fechada ou interior, uns poucos
desertos são atravessados por rios 'exóticos', isto é, com nascentes e parte do
curso fora da área desértica. Tais rios infiltram no solo e perdem por
evaporação grandes quantidades de água em suas jornadas pelos desertos, porém
seus volumes de água são tais que mantêm sua perenidade. O Nilo, o Colorado e o
Amarelo são rios exóticos que correm em meio a desertos para levarem seus
sedimentos até o mar.
Lagos se formam onde a chuva ou água de degelo no interior das bacias de
drenagem é suficiente. Os lagos dos desertos são geralmente rasos, temporários e
salgados. Por serem rasos e terem um gradiente de profundidade reduzido, a força
do vento pode fazer as águas do lago se espalharem por vários quilômetros
quadrados. Quando os pequenos lagos secam, deixam uma crosta de sal no fundo. A
área plana formada com argila, lama ou areia encrustrada com sal é conhecida
como salar, ou, no México, "playa". Há mais de cem "playas" nos desertos
norte-americanos. Muitas são relíquias de grandes lagos que existiram durante a
última era glacial, quase doze mil anos atrás. O Lago Bonneville era um lago com
52.000 km² e quase 300 metros de profundidade entre Utah, Nevada e Idaho durante
a última glaciação. Hoje os remanescentes do Lago Bonneville incluem o Grande
Lago Salgado em Utah, o Lago Utah e o Lago Sevier. Como as "playas" de hoje são
solos áridos formados durante um passado mais úmido, elas contêm pistas úteis
sobre as mudanças climáticas.
Os terrenos planos do fundo de antigos lagos e "playas" os tornam excelentes
pistas de corrida e de testes para aviões e veículos espaciais. Recordes de
velocidade em veículos terrestres são comumente estabelecidos na chamada
Bonneville Speedway, uma pista no fundo do Grande Lago Salgado. Ônibus espaciais
pousam na "playa" de Rogers Lake, na base aérea de Edwards, na Califórnia.
Recursos minerais
Deserto Sinai, no Egipto.Alguns depósitos minerais se formaram, foram
enriquecidos ou preservados por processos geológicos que ocorrem em regiões
áridas, como conseqüência do clima. A água no solo lixivia os minerais e os
redeposita em zonas próximas ao lençol freático. Este processo de lixiviação
concentra estes minerais em depósitos que podem ser minerados.
A evaporação em terras áridas aumenta a acumulação mineral em áreas onde se
formam lagos temporários. Os salares ou "playas" podem ser fontes de depósitos
minerais formados por evaporação. A evaporação em bacias fechadas precipita
minerais tais como o gesso, sais (incluindo o nitrato de sódio ou salitre, e o
cloreto de sódio) e os boratos. Os minérios formados nestes depósitos após
evaporação dependem da composição e da temperatura das águas salinas no momento
de sua formação.
Depósitos de evaporação significativos ocorrem no deserto da Grande Bacia nos
EUA, depósitos que ficaram famosos pela exploração e posterior transporte em
lombo de mulas desde o Vale da Morte até a ferrovia. O boro, obtido do bórax e
de boratos depositados, é um elemento essencial na manufatura de vidros,
cerâmicas, esmaltes, produtos químicos para a agricultura e farmacêuticos.
Grandes quantidades de boratos são extraídas de depósitos de evaporação na
Califórnia.
O deserto do Atacama, no Chile, é único entre os desertos do mundo em termos de
abundância de minerais salinos. O nitrato de sódio (salitre) foi explorado para
a manufatura de explosivos e fertilizantes no Atacama desde meados do século
XIX. Quase 3 milhões de toneladas métricas foram exploradas durante a Primeira
Guerra Mundial.
Cacto Saguaro, no deserto do
Arizona (Estados Unidos). Pode medir até quinze metros de altura.
Entre os minerais valiosos encontrados em zonas áridas temos o cobre nos
desertos dos EUA, Chile, Peru e Irã; minérios de ferro, chumbo e zinco na
Austrália; cromita na Turquia; além de depósitos de ouro, prata e urânio na
Austrália e nos EUA. Minerais não metálicos tais como o berílio, a mica, lítio,
argilas, pedra-pomes e escória também ocorrem em regiões áridas. O carbonato de
sódio, sulfatos, boratos, nitratos e compostos de lítio, bromo, iodo, cálcio e
estrôncio vêm de sedimentos e evaporação de águas salinas próximas à superfície,
formadas por corpos subterrâneos de água, em geral durante períodos geológicos
recentes.
A formação de Green River no Colorado, em Wyoming, e Utah contém depósitos
aluviais e salares de evaporação criados num enorme lago cujo nível variou por
milhões de anos. Depósitos economicamente importantes de soda (isto é,
bicarbonato de sódio hidratado, uma importante fonte de compostos deste metal),
e grandes depósitos de xisto betuminoso foram criados em ambientes áridos.
Algumas das áreas mais produtivas em petróleo na Terra são encontradas em
regiões áridas e semi-áridas da África e do Oriente Médio, apesar de as jazidas
de petróleo terem se formado originalmente no leito do mar. Mudanças climáticas
recentes transformaram os locais destas jazidas em regiões áridas.
Outras jazidas de petróleo, entretanto, podem ter tido origem eólica, e
atualmente são encontradas em zonas úmidas. A região de Rotliegendes, uma jazida
de petróleo no Mar do Norte, está associada com extensos depósitos por
evaporação. Muitas das principais jazidas petrolíferas dos EUA podem ter se
originado entre areias levadas pelo vento. Antigos depósitos aluviais também
podem ser reservatórios de hidrocarbonetos.
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