Quando o leão ruge dentro da
noite africana, cai o silêncio e reina o terror sobre as
campinas. O rugido e a juba são marca registrada do leão. Mas o grito
do rei dos animais é na verdade um sinal de que ele está satisfeito e
de bom humor - até que a fome o faça interromper de novo seu descanso.
Esse animal
solitário dorme dias inteiros nas savanas amareladas confundindo-se com
o ambiente. Quando está faminto, o leão se põe à espreita das
manadas de zebras, antílopes, girafas e búfalos. Escondido no capim, pula sobre
a presa e domina-a.
O leão (Panthera leo) é um
grande felino, originalmente encontrado na Europa, Ásia e África. Tais
felinos possuem coloração variável, entre o amarelo-claro e o marrom-escuro,
com as partes inferiores do corpo mais claras, ponta da cauda com um tufo de
pêlos negros (que encobrem um esporão córneo, para espantar moscas) e machos
com uma longa juba. Há ainda uma raridade genética de leões brancos, que,
apesar de sua linda aparência, apresentam dificuldades de sobrevivência por
se destacarem nas savanas ou selvas, logo, tendo imensas dificuldades de
caça. São exclusivos da reserva de Timbavati.
Os leões estão muito concentrados atualmente nas savanas reservadas, onde
caçam principalmente grandes mamíferos, como antílopes, zebras, búfalos e
javalis; entretanto, um grupo pode abater um elefante que esteja só. Também
é freqüente o confronto com hienas, estando estas em bandos ou não, por
disputa de território e carcaças.
O leão é apelidado de o "rei dos animais" por se encontrar no da cadeia
alimentar terrestre. Não obstante, são os felinos mais sociáveis do mundo:
um grupo pode possuir até quarenta indivíduos, composto na maioria por
fêmeas.
Etimologia
Nas línguas românicas, o nome do leão deriva do latim leo;cf. Grécia antiga
λέων (leão). Na língua hebraica, a palavra lavi também está relacionada a
essa etimologia, bem como o rw do Egito antigo. Em seu Systema Naturae,
Carolus Linnaeus descreveu a espécie como Felis leo, no século XVIII. A
designação científica genérica, Panthera leo, talvez seja derivada do grego
pan- ("todos") e ther ("besta"), mas talvez seja essa uma etimologia mais
popular do que acadêmica. Sob origem da Ásia Oriental, Panthera leo pode
significar "o animal amarelado", ou até "branco-amarelo".
O leão apresenta 15
subespécies, algumas delas extintas.
Panthera leo azandica - NE Congo
Leão-do-catanga (Panthera leo bleyenberghi) - Katanga
Leão-congolês (Panthera leo hollisteri) - Congo
Leão-sul-africano (Panthera leo krugeri) - África do Sul
Leão-do-atlas (Panthera leo leo)- Norte de África, extinto na
natureza em 1922
Leão-massai (Panthera leo massaicus) - Quénia
Leão-do-cabo (Panthera leo melanochaita)- África do Sul, extinto em
1860
Leão-núbio (Panthera leo nubica) - Leste africano
Leão-asiático (Panthera leo persica) - Antigamente espalhados da
Turquia à Índia central e do Cáucaso ao Iêmen, porém hoje restrito à
floresta de Gir no noroeste da Índia, aonde restam não mais do que
300 exemplares.
Leão-europeu (Panthera leo europaea)- extinto desde 100 d.C.
Habitava a área mediterrânea da Europa (de Portugal à Bulgária e da
França à Grécia). Status como subespécie ainda não confirmado; pode
ser sinômino de Panthera leo spelaea ou Panthera leo persica.
Leão-etíope (Panthera leo roosevelti) - Abissínia
Leão-senegalês (Panthera leo senegalensis) - Senegal
Leão-somaliano (Panthera leo somaliensis) - Somália
Leão-do-sudoeste-da-áfrica (Panthera leo verneyi) - Kalahari
Leão-americano (Panthera leo atrox ou Panthera atrox)- América do
Norte, extinto no Plistocénico
Leão-das-cavernas (Panthera leo spelaea)- Europa e Ásia (centro e
norte), extinto no Plistocénico
Aparência
Leão branco machoO leão macho é facilmente reconhecido pela sua juba. No
entanto, existe em Angola uma subespécie quase extinta, em que nenhum dos
indivíduos possui juba. Seu peso varia entre as subespécies, num intervalo
de 150 kg a 250 kg, raramente ultrapassando esse peso na natureza. As fêmeas
são menores, pesando entre 120 kg e 185 kg. São dos maiores felinos vivos,
menores apenas do que os tigres-siberianos e tigres-de-bengala: os machos
medem entre 260 e 330 cm, e as fêmeas, entre 240 e 270 cm. Podem correr numa
velocidade aproximada de 50 km/h, mas somente em pequenas distâncias.
Quando filhotes, machos e fêmeas têm a mesma aparência; no decorrer do
crescimento, os machos adquirem as jubas. Chegando à maturidade sexual, os
machos novos optam por viver sozinhos ou disputar a liderança do grupo.
Distribuição geográfica
Leões fêmea em seu habitat natural, em Masai Mara, Quênia.O
território do leão em épocas históricas compreendia toda a África,
Oriente Médio, Irão, Índia e Europa (de Portugal à Bulgária e do sul
de França à Grécia).
Hoje ainda se podem encontrar leões na África sub-saariana, mas
populações significativas só existem em parques nacionais na
Tanzânia e África do Sul. A subespécie asiática consiste hoje apenas
de cerca de 300 leões que vivem num território de 1412 km² na
floresta de Gir, noroeste da Índia, um santuário no estado de
Gujarat.
Os leões foram extintos na Grécia por volta do ano 100 d.C. e no
Cáucaso, seu último local na Europa, por volta do século X, mas
sobreviveram em considerável número até o começo do século XX no
Oriente Médio e no Norte da África. Os leões que viviam no Norte da
África, chamados de leões bárbaros, tendiam a ser maiores que os
leões sub-saarianos, tendo os machos jubas mais exuberantes. Talvez
viessem a ser uma subespécie de leão, o que não foi confirmado.
Hábitos
Leoa a caçarEsses grandes felinos vivem em bandos de 5 a 40 indivíduos,
sendo os únicos felinos de hábitos gregários. Em um bando, há divisão de
tarefas: as fêmeas são encarregadas da caça e do cuidado dos filhotes,
enquanto o macho é responsável pela demarcação do território e pela defesa
do grupo de animais maiores ou mais numerosos (como eventuais ataques de
hienas, búfalos e elefantes).
São exímios caçadores de grandes herbívoros, como a zebra e o gnu, mas
sabe-se que comem quase todos os animais terrestres africanos que pesem
alguns poucos quilogramas. Como todos os felinos, têm excelente aceleração,
mas pouco vigor. Por isso, usam tácticas de emboscada e de ação em grupo
para capturar suas presas. Muitos leões desencadeiam o ataque a 30 metros de
distância da presa. Mesmo assim, muitos animais ainda conseguem escapar.
Para sobreviver, um leão necessita ingerir, diariamente, cerca de 5 quilos
de carne, no mínimo, mas caso tenha a oportunidade, consegue comer até 30
quilos de carne numa só refeição. Isto acontece porque nem sempre os leões
são bem sucedidos, e, logo, sempre que o são, aproveitam toda a carne
disponível para não precisarem voltar a caçar tão cedo.
Vista comparativa entre um ser humano e um leão, 1860Apesar do fato das
fêmeas efetuarem a maior parte da caça, os machos são igualmente capazes, se
não melhores caçadores. Dois fatores os impedem de caçar tantas vezes quanto
as fêmeas: o principal é o seu tamanho, que os tornam muito fortes, porém
menos ágeis e maiores gastadores de energia; outro fator, de menor
relevância, é sua juba, que sobreaquece os seus corpos, deixando-os mais
rapidamente exaustos.
As fêmeas são sociais e
caçam de forma cooperativa, enquanto os machos são solitários e
gastam boa parte de sua energia patrulhando um extenso território. É
sabido, porém, que tanto machos como fêmeas passam de 16 a 20 horas
diárias em repouso, num regime de economia de energias, uma vez que
seu índice de sucesso em caças é de apenas 30%.
As fêmeas precisam de um tempo extra para caçar, porque os machos
não cuidam dos filhotes. As leoas formam bandos de dois a dezoito
animais da mesma família, o que as caracteriza como o único felino
realmente social. Apesar de a caça em grupo ser mais eficiente do
que a caça individual, sua eficácia não é tão compensadora, já que,
em grupo, é preciso obter mais alimento para nutrir a todos. É mais
provável que a socialização das fêmeas vise a proteger os filhotes
contra os machos.
Ataques contra humanos
Cria e leão adulto a comer um búfaloEnquanto um leão faminto provavelmente
irá atacar um humano que esteja próximo, normalmente os leões preferem ficar
longe da presa humana. Alguns casos de leões famosos devoradores de homens
incluem os leões de Tsavo (imortalizados no filme A Sombra e a Escuridão) e
os leões de Mfuwe. Em ambos os casos, os caçadores que encararam os leões
escreveram livros detalhando a "trajetória" dos leões como devoradores de
homens. No folclore africano, leões devoradores de homens são considerados
demônios.
Os casos dos devoradores de homens de Mefuwe e Tsavo apresentam algumas
semelhanças. Os leões de ambos os incidentes eram todos maiores que o
normal, não tinham juba e aparentavam sofrer queda de dentes. Alguns
especulam que eles possam ser de um tipo de leão ainda não classificado, ou
então que encontravam-se doentes e dessa forma não conseguiam abater presas.
Ainda foram reportados outros casos de ataques de leões contra humanos em
cativeiro.
Status de conservação
Leão criado em zoológico em Melbourne, Austrália.Desde a antiguidade
o leão vem sofrendo extinções territoriais: Europa Ocidental (ano
1), Europa Oriental (ano 100), Cáucaso (século X), Palestina (século
XII), Líbia (1700), Egito (década de 1790), Paquistão (1810),
Turquia (1870), Tunísia e Síria (1891), Argélia (1893), Iraque
(1918), Marrocos (1922), Irã (1942), dentre outras. Ainda no final
do século XIX estava quase extinto da Índia.
Uma série de fatores se acumulam para ameaçar a continuidade da
existência dos leões: seu número populacional reduzido, a constante
redução de seus territórios e a caça indiscriminada são os
principais. No continente africano, o mais grave fator a contribuir
à sua extinção tem sido o abate retaliativo dos seres humanos: uma
ampla cultura de gado favorece ataques ocasionais dos leões aos
animais dos fazendeiros, que os perseguem e matam quando isso
acontece. A caça, tanto ilegal como legal (pois é permitida em
vários países do continente africano) também tem sido fator muito
grave: por viver em grandes bandos e em áreas abertas, é mais fácil
de ser caçado do que tigres e leopardos, pois sendo estes de mais
difícil localização, torna-se o leão o maior alvo da caça
indiscriminada.
Simbologia
Estátua de um leão em frente ao Palácio Real de MadridPoucos animais
possuem presença tão marcante como símbolo.
O Leão é um dos doze signos do zodíaco.
O leão é conhecido como o Rei dos Animais, e assim é retratado em
muitas histórias infantis, como O Rei Leão e O gato de botas.
Sua imagem é normalmente associada ao poder, à justiça e à força,
mas também ao orgulho e à auto-confiança.
O leão também é um símbolo solar.
No livro das revelações, o Leão de Judá é o Messias: "Todavia, um
dos anciãos me disse: Não chores; eis que o Leão da tribo de Judá, a
raiz de Davi, venceu para abrir o livro e os seus sete selos."
(Apocalipse 5:4-6). O leão também aparece no estandarte da tribo de
Judá.
Como símbolo do safári africano, pertence ao grupo de animais
selvagens chamado de big five, correspondente aos 5 animais mais
difíceis de serem caçados: leão, leopardo, elefante, búfalo e
rinoceronte.
No Brasil, devido à veiculação, em 1979, de uma campanha
publicitária sobre a ação fiscalizadora da Receita Federal nas
declarações de Imposto de Renda, em que aparecia o animal, tornou-se
uma metáfora freqüentemente usada pelos meios de comunicação para
simbolizar aquela autarquia ("prestar contas com o Leão", "Leão do
Imposto de Renda").
Leão-marsupial - não é um leão no sentido estrito, mas um marsupial
australiano
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnívora
Família: Felidae
Características:
Comprimento: 274 centímetros
Altura do quarto dianteiro: 120
centímetros
Peso: 125 a 200 quilos
1 ninhada por ano
2 a 6 filhotes por ninhada
Período de gestação:
aproximadamente 4 meses
Vida média: 17 anos na natureza
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