Segundo alguns autores, quando
as formigas trazem acidentalmente folhas tóxicas ao fungo mutualista,
este secreta uma substância química que serve de aviso para quê as
formigas não coletem mais este vegetal.
As formigas cortadeiras
compreendem 2 gêneros; Atta e Acromyrmex; com um total de cerca de
40 espécies, alguns dos quais são sérias pragas agrícolas. Algumas
espécies de Atta, por exemplo, são capazes de desfolhar uma
laranjeira inteira em menos de 24 horas.
No Brasil, as formigas do gênero Atta são conhecidas popularmente
como saúvas e as Acromyrmex como quenquéns.
Existem duas maneiras simples de diferenciar Atta de Acromyrmex. A
primeira coisa que você deve olhar é o número de espinhos no dorso
do tórax da operária. Se existirem 3 pares de espinhos, então
trata-se de formiga cortadeira do gênero Atta, enquanto que se o
número de pares de espinhos for 4, então, trata-se de formiga do
gênero Acromyrmex. A segunda maneira de diferenciar é observar o
gáster ("abdômem") da operária. A superfície do gáster de Acromyrmex
são repletos de tubérculos ("pequenas protuberâncias"), enquanto que
Atta tem gáster liso. |
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Dependendo da espécie, a população de um ninho adulto pode conter até
vários milhões de formigas (exemplos: Atta laevigata, Atta texana, Atta
sexdens), sendo que a maioria destas são operárias fêmeas estéreis. Elas
são divididas em diferentes castas, principalmente pelo tamanho,
exercendo diferentes funções. As maiores operárias (largura da cabeça >
3 mm) são soldados, cuja principal tarefa é defender o ninho de
invasores, mas podem participar de outras tarefas como carregar ou
cortar objetos maiores. Em Atta laevigata, os maiores soldados podem ter
um comprimento corporal de até 16 mm e largura de cabeça de 7 mm!
Operárias com largura de cabeça em torno de 2 mm são as forrageiras, que
cortam as folhas e levam-nas até o ninho. Um pouco menores são as
operárias generalistas, que realizam diversas tarefas como limpar e
preparar os fragmentos vegetais para o cultivo do fungo, cuidar das
larvas, limpar a colônia, e, junto com as forrageiras, ajudar os
soldados na defesa da colônia. As menores operárias (largura da cabeça <
1mm), são as jardineiras, que implantam e cuidam da cultura de fungo.
Os ninhos adultos de Atta são verdadeiras maravilhas de engenharia, com
centenas ou milhares de câmaras subterrâneas distribuídas em até, por
exemplo, 6 ou 8 metros de profundidade (depende da espécie de formiga e
do solo). Externamente, o monte principal de terra pode ter até 2 metros
de altura e os montes secundários (menores) podem estar espalhados a
vários metros do principal. Alguns autores sugerem que a arquitetura
interna e externa do ninho é construído de tal forma que o vento entre
na colônia, com a finalidade de quê o gás carbônico gerado pela
respiração das fomigas e do fungo, seja dispersado; bem como para repor
o oxigênio consumido. O crescimento do fungo mutualista seria
influenciado pela concentração destes gases.
As colônias de formigas cortadeiras, assim como as cidades humanas,
produzem grandes quantidades de lixo. Para prevenir que doenças (das
formigas) ou pragas da cultura do fungo mutualista, se espalhem pela
colônia, as formigas desenvolveram um dos mais avançados sistemas de
manejo de lixo da natureza. Rejeitos do cultivo do fungo e indivíduos
mortos são separados e carregados por operárias especializadas (só fazem
estas tarefas). Estes rejeitos são depositados em câmaras específicas
para lixo, aonde vivem operárias especializadas em revirar estes
rejeitos (provavelmente para acelerar a decomposição). Desta forma, a
especilização de operárias no manejo de lixo e o isolamento do lixo em
câmaras especializadas, servem para manter a colônia saudável. Na
espécie Atta colombica, diferentemente das demais, o lixo é depositado
em pilhas externas (ao ar livre), a alguns metros da colônia, mas o
manejo do lixo é similar.
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