Fitofisionomias do Domínio da Mata Atlântica
Em decorrência de desmatamentos ou exploração excessiva,
as áreas florestais hoje existentes no Bioma Mata
Atlântica, se apresentam em diferentes estágios
sucessionais de regeneração ou recuperação. As florestas
com características primitivas, aquelas que nunca foram
exploradas, são raras e representam apenas uma pequena
parte dos 7,84% de remanescentes, percentual
insuficiente para garantir a conservação da
biodiversidade, dos serviços ambientais e dos processos
ecológicos no longo prazo.
O valor biológico e ambiental das florestas secundárias
ganha ainda mais importância numa situação extrema como
é a da Mata Atlântica. Reconhecendo também a importância
das florestas secundárias, o Governo Federal editou o
Decreto no 750, de 10 de fevereiro de 1993,
regulamentando o corte, a exploração e a supressão de
vegetação primária ou nos estágios inicial, médio e
avançado de regeneração da Mata Atlântica.
Florestas primárias - Floresta primária, também
conhecida como floresta em clímax ou mata virgem, é a
floresta intocada ou aquela em que a ação humana não
provocou significativas alterações das suas
características originais de estrutura e de espécies.
A Mata Atlântica primária caracteriza-se pela grande
diversidade biológica, pela presença de árvores altas e
grossas, pelo equilíbrio entre as espécies pioneiras,
secundárias e climácicas, pela presença de grande número
de bromélias, orquídeas, cactos e outras plantas
ornamentais em cima das árvores.

Florestas secundárias - são aquelas resultantes de um
processo natural de regeneração da vegetação, em áreas
onde no passado houve corte raso da floresta primária.
Nestes casos quase sempre as terras foram
temporariamente usadas para agricultura ou pastagem e a
floresta ressurge espontaneamente após o abandono destas
atividades.
Também são consideradas secundárias as florestas muito
descaracterizadas por exploração madeireira irracional
ou por causas naturais, mesmo que nunca tenha havido
corte raso e que ainda ocorram árvores remanescentes da
vegetação primária. A grande maioria dos remanescentes
de Mata Atlântica ainda existentes nas pequenas e médias
propriedades agrícolas são secundárias.
A importância e o valor das florestas secundárias para a
Mata Atlântica - Em função das poucas áreas
remanescentes de florestas primárias na Mata Atlântica,
as florestas secundárias exercem hoje algumas funções ou
serviços ambientais cruciais no equilíbrio do clima, no
seqüestro de carbono, na manutenção dos mananciais de
água que abastecem as cidades, no controle de pragas e
doenças na agricultura e na manutenção e sobrevivência
das muitas espécies da flora e fauna.
As florestas secundárias também podem proporcionar
diversos produtos como lenha, folhas, frutos, ervas
medicinais e plantas ornamentais. Elas são de extrema
importância para o equilíbrio da paisagem e para o
desenvolvimento do ecoturismo. Infelizmente, até hoje
pouco se estudou e pouco se conhece sobre o potencial
econômico das florestas secundárias.
O valor das florestas secundárias da Mata Atlântica
também já foi reconhecido pela legislação federal (Decreto
750/93), que proíbe o desmatamento nas florestas
primárias e nas secundárias em estágio médio e avançado
de regeneração. Com a proibição imposta pela legislação
algumas práticas seculares, como o corte raso e
posterior queima, não puderam mais ser utilizadas pelos
proprietários de terras. Isto contribui para que as
florestas em regeneração tenham que ser preservadas.
No entanto, em muitos casos, os proprietários ainda não
vêem com bons olhos nem a legislação e nem as florestas
secundárias. Alguns colonos, acostumados com a forma
antiga de exploração, onde predominava o corte raso, a
venda da madeira e lenha e posterior queima das sobras,
simplesmente continuam acreditando que as florestas
secundárias não tem qualquer valor e não servem para
nada. Outros ainda acreditam que seria mais lucrativo
derrubar tudo para plantar espécies exóticas como pinus
e eucalipto ou plantar culturas anuais como milho,
feijão ou cebola.
A maior parte das florestas secundárias encontram-se nas
propriedades privadas. Isso tem explicação simples, ou
seja, é resultado do modo como no passado foi utilizada
a terra. Os proprietários, sejam agricultores ou
criadores de gado, ano após ano, iam desmatando novas
áreas para ampliar suas roças ou pastagens ou para
substituir as áreas que já não produziam mais o
suficiente.
Desta forma, muitos desmataram mais do que deviam,
inclusive áreas que a lei considera de preservação
permanente como as margens de rios e nascentes e áreas
de reserva legal, aqueles 20% que cada propriedade deve
manter com cobertura florestal. Se pelo menos a lei
tivesse sido respeitada teríamos hoje em torno de 30% de
cobertura florestal natural no Bioma Mata Atlântica e
não apenas 7,84%.
Através do reflorestamento ou da regeneração natural
espontânea, essa diferença precisa ser recuperada. Isto
significa que no futuro, somente para cumprir o que está
na lei, a atual cobertura florestal do Bioma Mata
Atlântica precisa ser multiplicada por quatro. Os
números dos últimos levantamentos indicam que em alguns
Estados a recuperação já vem ocorrendo, mas precisa ser
estendida a todos os 17 estados inseridos total ou
parcialmente no Bioma
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