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  HISTORIA DE ITAPEVA  
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O caminho de São Paulo a Sorocaba começou, em torno de 1693, a ser prolongado para o sul, no início de Curitiba, pelos criadores de gado e, mais tarde, de 1721 a 1725, levado até o Rio Grande do Sul através do traçado feito por Francisco de Souza e Faria e depois refeito por Cristóvão Pereira de Abreu (Silva Bruno).

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Antigo Prédio da Escola Normal de Itapeva
Hoje E.M. Dom Silvio Maria Dário
Os caminhos do sul se fizeram, em grande parte, pela penetração do boi, mas foram refeitos em sentido oposto pela estrada, em larga escala, das tropas de cavalos e burros, que haveriam de substituir o bugre no transporte das cargas. Sob esse ritmo foi fundada a Vila de Itapeva, isto em 20 de setembro de 1769, por Antonio Furquim Pedroso, no local onde existia uma aldeia de índios catequizados e servia de passagem obrigatória para os tropeiros.


Itapeva teve outros dois nomes: Itapeva da Faxina (até 1910) e Faxina (até 1938).

Somente a partir de 1847 é que podemos contar com livros de atas da Câmara Municipal da Vila o que muito nos informou sobre o desenvolvimento da cidade e dos vultos que ajudaram a tecer a história da região; no entanto, no período anterior a esse encontramos ofícios e comunicados de Antonio Tavares da Silva de Orneles, tabelião público do judicial e notas, órfãos e mais anexos.
Itapeva celebrou com festividades o nascimento da nossa Augusta Princesa...

Registram também os documentos, a contribuição da Vila para a subvenção à construção do monumento do Ipiranga, isto por haver Sua Majestade Imperial, declarado, no Ipiranga, a Independência do Brasil.

Por um período bem extenso a Câmara Municipal exerceu o devido mandato. Na rua do Comércio ficava a redação do jornal "O Sul de São Paulo". Após a proclamação da República no Brasil, notícia que só chegou aqui 15 dias depois, foi extinta a Câmara Municipal.

Deu-se a 26 de fevereiro de 1890 por Decreto do Governador do Estado a extinção da Câmara Municipal local.

Historias de Tropeiro

Dois tropeiros gaúchos de destaque que, em Faxina, se casaram e construíram família foram: Juvenal Alves de Oliveira e Olmiro de Campos Pereira. Merecidamente Juvenal Alves de Oliveira dá o seu nome ao Centro de Tradições Tropeiristas de Itapeva criado em 1997. Olmiro, nascido no fim do século XIX - 1887, em Três Capões, município de Cruz Alta, Rio Grande do Sul, depois de muitas andanças pela rota do tropeirismo, aportou em Faxina, na Revolução de 1924, onde fez sua última tropeada vindo a invernar a tropa na fazenda Lagoinha, propriedade de Seu Fidêncio Carneiro de Faria. Aí, enamorou-se da filha mais velha do fazendeiro, casando-se com ela no dia 09 de fevereiro de 1928.

Olmiro, conhecido por Mimoso, era filho caçula de tradicional família gaúcha. Seus pais: Pedro Pereira e Rita de Cássia Pereira. Ainda jovem, tomou gosto pela vida de tropeiro e percorreu com outros companheiros regiões do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Minas Gerais. Foi capataz várias vezes em viagens para São Paulo. Recebia salário como muitos outros tropeiros e algumas vezes comissão sobre as vendas.

Seu filho, Paulo de Tarso Pereira (Paulo Faria), conta que ouvia do pai muitas histórias pitorescas sobre suas caminhadas em lombo de égua, por vales e morites, percorrendo grandes distâncias na árdua missão de transportar bois e muares.

Algumas dessas historias registramos aqui na tentativa de preservar e resgatar um passado histórico de nossa cultura e prestar homenagem a Seu Olmiro que participou dessa historia.

Na história do tropeirismo é preciso saber que "cavalo madrinha" é o animal que vai na frente da tropa. Fala-se em "cavalo madrinha" para distinguir do muar. A égua era preferível ao petiço. Essa atração pela égua, animal de quem as mulas são crias, é muito forte. O cincerro é colocado no pescoço da madrinha, cujo som associado à égua conduz a tropa. O som contínuo do badalo sinaliza para a mulada onde está a égua que serve de guia.

Com apenas 13 anos de idade, por volta de 1910, Seu Olmiro iniciou-se no tropeirismo e, por dois anos, transportou muito gado de Vacaria a Passo Fundo, levando a comitiva 12 dias para chegar a seu destino. O gado pernoitava numa chácara que hoje se constitui numa grande parte da cidade de Passo Fundo. Ao clarear o dia dava-se início à retirada, correndo pelo centro da cidade, a Avenida Brasil. Quando o gado não se dispersava, a travessia era tranqüila e o serviço era considerado bom. Mas se o gado estourava e saía da rota, era serviço pra muita gente: 30 cavaleiros eram convocados e mais os açougueiros da cidade, com a difícil tarefa de reunir a boiada.

Depois de algum tempo, deixou a terra natal, mudando-se, para um povoado de nome Pinheiro marcado também em terras gaúchas. Segundo a tradição o nome da vila se devia ao fato de ali existir um pinheiro cuja sombra, no horário das 3 horas da tarde, batia num terreno onde havia um tesouro enterrado.

Apaixonado por uma prenda, de nome Neri e não tendo aprovação de seus pais para a realização do casamento, prometeu deixar as coxilhas e vir atrás de uma noiva paulista. Para mostrar essa forte paixão e sua firme convicção, reproduzimos o fato pela fala do filho: "Ao passar café, usando uma chaleira de ferro, num fogão de lenha, disse chorando pra sua mãe: - Minha mãe, já que a senhora não quer que eu case com a Neri, vou-me embora para o Estado de São Paulo casar com uma paulista e nunca mais boto meus pés no Rio Grande do Sul."

E de fato isso ocorreu, em termos. Nos fins de 1919, procurou os parentes, despediu-se deles e particularmente de sua irmã Malvina, moradora de Quatro Irmãos. Conta-se a historia da revanche da noiva não aprovada que, por ocasião de um baile, em que estava presente a família do pretenso noivo, compareceu vestida de roxo para mostrar sua mágoa. A ex-futura sogra não deixou por menos. Julgando ser intenção da moça, vestindo-se de roxo, desejar a morte do filho, quando em São Paulo estivesse, Dona Rita exigiu respeito e, depois de um acirrado bate boca com amontoada troca de palavrões, a noiva não desejada resolveu mudar de roupa.

Em 1920, Seu Olmiro acompanhou a primeira tropa embarcada por estrada de ferro, de terras gaúchas a Itararé, no estado de São Paulo, invernando a tropa na fazenda de Seu Carlito Menk. Transportou também, por terra, tropa de muares de Passo Fundo a Itapeva, 300 a 500 cabeças, acompanhada de madrinheiro, cozinheiro e vários peões culatreiros. O atendimento da tropa dava mais trabalho e cuidados nos trechos dos rios cuja travessia era feita a nado pelos animais e toda a comitiva que esperava o momento da vazante para não colocar a mercadoria em risco. Uma experiência nesse sentido viveu Seu Olmiro no alto do rio Uruguai que divide o Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

A comitiva da qual fazia parte levou um dia para descer a serra até a barranca do rio. Aí, pernoitaram. No dia seguinte, estando o rio mais baixo e com a ajuda de canoeiros práticos, puseram a tropa a nado, mais uma noite para refazer as energias. Logo cedinho lá estavam eles subindo serra até atingir o planalto e prosseguir a viagem, normalmente.

Outra façanha de Seu Olmiro, contada por seu filho, foi a que aconteceu quando ele se encontrava no Estado de São Paulo, depois de muito ter percorrido a trilha do tropeirismo. Chegando em Itapetininga encontrou, na hospedaria onde costumava ficar, um telegrama de um fazendeiro com 30 dias de atraso, vindo de Passo Fundo, pedindo sua ajuda no transporte de uma tropa de muares até Sorocaba.

Imediatamente tomou o trem e depois de 6 dias e 6 noites, em meio a algumas baldeações, desembarcou em Passo Fundo. Procurou o proprietário que, confiando na capacidade do homem, disse: "Miro, pegue esse conto de réis e vá atrás da tropa que já faz 15 dias que saiu daqui." Sem perder tempo, veio de trem até a estação de Capinzal, em Santa Catarina, onde passou a noite. No dia seguinte procurou uma mula, regateou seu preço, de 500 para 480 contos de réis, fechou negócio e foi ao encontro da tropa. Depois de dez dias começou a achar burros extraviados. Logo em seguida conseguiu reunir toda a tropa.


Para Seu Olmiro conduzir uma tropa por terra era mais emocionante. Segundo ele "de trem não valia a pena. No vagão da peãozada, faziam churrasco e vinham comendo". Faleceu em 08 de junho de 1990.

Depoimento de Paulo Faria

 

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1º Prédio da Escola de Minas

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