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  HISTORIA NOSSA SENHORA DA GLÓRIA BRASIL 



Glória é a capital do sertão sergipano

Cidade nasceu com o nome de Boca da Mata, batizada pelos viajantes que descansavam no local
A ‘Boca da Mata’, como era conhecida a cidade de Nossa Senhora da Glória, a 126 quilômetros da capital, originou-se de uma parada para descanso de viajantes. Como existia uma densa mata naquele local, os boiadeiros, que passavam tangendo o gado, preferiam esperar o dia chegar para continuar a viagem. Então, por volta de 1600 a 1625, os ranchos deles acabaram formando a povoação.

A primeira denominação, dada justamente pelos viajantes, só foi mudada pelo pároco Francisco Gonçalves Lima, quando fez campanha com a comunidade para comprar a imagem de Nossa Senhora da Glória. O município, que ficou conhecido como a ‘Capital do Sertão’, tem a maior feira da região e acabou atingindo um desenvolvimento muito maior que a sua antiga sede, Gararu.

A evolução política de Boca da Mata iniciou-se em 1922, quando a povoação passou a ser sede do 2º Distrito de Paz de Gararu, já com a denominação de Nossa Senhora da Glória. Seis anos depois, no dia 26 de setembro, passou à condição de vila e foi desmembrada de Gararu. Nessa época o município passou a pertencer à Comarca de Capela.

No dia 1º de janeiro de 1929, a vila teve como primeiro intendente João Francisco de Souza, que construiu a prefeitura. Ele foi eleito para o período de 1930 a 1934, mas teve o mandato interrompido pelo movimento revolucionário de 1930.

Glória: cidade desenvolveu-se mais do que sua antiga sede



  
PROLONGADAS SECAS

Além das prolongadas estiagens ocorridas na região, Glória teve o progresso prejudicado também pela invasão dos cangaceiros comandados por Lampião. Muitos proprietários abandonaram as terras para se livrar dos saques dos bandidos, que também praticavam crimes hediondos, chegando a chacinar famílias inteiras.

Os cangaceiros recebiam ajuda de habitantes coiteiros que os ajudavam apenas com o interesse de comprar as terras abandonadas por preços irrisórios. O desenvolvimento de Glória só teve andamento com a construção da rodovia ligando o município a Nossa Senhora das Dores.

Com isso houve a facilidade de penetração da volante na região e a conseqüente debandada dos cangaceiros. A partir daí o município voltou a crescer, tendo a economia baseada na criação de gado e nas culturas agrícolas.

Finalmente no dia 29 de março de 1938 a vila foi elevada à categoria de cidade. Com a criação de novas comarcas, em 1945, Glória passou a pertencer judicialmente a Dores. Em 24 de julho de 1957 foi criada a Comarca de Nossa Senhora da Glória.

CULTURA E ECONOMIA

Por estar situada no sertão, ainda hoje é comum encontrar, principalmente na feira realizada aos sábados, homens caracterizados de vaqueiros. Entre os principais eventos do município estão a festa da padroeira Nossa Senhora da Glória, comemorada com missa e procissão no dia 15 de agosto, e o evento ‘O Homem mais feio do sertão’, promovido por Airton Santana, que já entrou para o calendário do município.

O gloriense é um povo muito religioso, predominando no município o catolicismo. A Igreja Matriz, que passou a ser paróquia em 1959 e teve como primeiro pároco José Amaral de Oliveira, foi construída em um terreno doado por um senhor conhecido apenas por Xixiu.

O interesse pela música surgiu em 1918, quando foi criada a banda, com 17 componentes, que tocava nos desfiles de 7 de Setembro. E mais recentemente está despontando com muito sucesso o conjunto musical ‘Os Carinhas do Samba’.

Dificuldades e preservação da cultura

O agricultor e funcionário da prefeitura Manoel Elias de Santana (Donício), 61 anos, diz que Glória ficava realmente na boca da mata - cheia de árvores Pé de Papagaio e Quixabeira. “Uma senhora vinha vender panela de barro no lugar onde tempos depois ela construiu a primeira casa do povoado, hoje o cartório da cidade’, lembra ele.

Manoel diz que a mãe dele também ia vender sabão onde depois formou-se a feira, mudada de lugar por não caber mais no quadrado. Hoje é a maior feira da região e atrai feirantes e comerciantes até de Alagoas e Bahia para negociar com animais.

O maior problema enfrentado em Glória, como em todos os municípios do sertão, é a seca, que praticamente torra a plantação. “A seca é uma tristeza. Onde não tem água encanada é um sofrimento. A palma murcha e a gente tem que comprar ração”, lamenta ele.

Em Glória a cultura começa a ser valorizada com a implantação do memorial do sertão. O médico veterinário José Augusto de Andrade Lima, 60 anos, também tem cooperado para isso. Ele mantém a frente da sua casa, construída em 1918 na praça Filemon Bezerra Lemos, com o mesmo estilo antigo. A casa foi adquirida por seu pai, Jerino Lima, de um jovem que ia casar-se, mas a noiva o abandonou às vésperas do casamento.

”Pra época, isso foi uma desfeita enorme. Por isso ele desapareceu. Dizem que ele foi para o Rio de Janeiro e nunca mais voltou. Essa foi a primeira casa moderna para época. Enquanto eu viver, vou preservá-la da mesma forma. A gente deve valorizar nossa cultura e manter a tradição”, destaca José Augusto.

Para José Morais do Nascimento, 68 anos, uma das maiores dificuldades para os sertanejos é a modernização, porque as máquinas têm substituído a mão-de-obra e desempregado muita gente. “No passado era mais fácil o pobre sobreviver. O povo tinha acesso às terras devolutas, colhia mel silvestre, criava animais que se matava mais para o consumo”, lembra ele.

Tem um fato muito interessante que aconteceu em 1929 com o primeiro oficial de Justiça no município, Manoel Messias dos Santos. Ele escreveu uma carta ao Padre Cícero no Juazeiro do Norte (CE) e obteve resposta. Disse que fez uma promessa, recebeu a graça e estava pagando enviando um animal. O padre agradeceu e respondeu dizendo que ele deveria ter vendido e doado aos pobres de Glória.
 
Glória, um colosso por despertar

Jorge Henrique Vieira Santos (*)

Dizer que Glória é um dos municípios sergipanos que mais cresceram nos últimos 20 anos já é redundância, tanto para os filhos da terra quanto para aqueles que algum dia experimentaram da felicidade de pisar em solo gloriense. Falar a respeito de sua localização privilegiada e, portanto, de seu promissor potencial econômico na microrregião do alto Sertão do São Francisco já se transformou em lugar-comum. Faz-se necessário falar de sua gente hospitaleira e pacata e de seu enorme potencial cultural, ainda em estado latente, prestes a despertar.

A ‘Boca da Mata’, que outrora acolhia os viajantes que vinham em direção ao Cotinguiba, adormeceu povoado, no início do século passado, para acordar município. E, em curto espaço de tempo, cresceu e continuou fazendo jus à finalidade que lhe deu origem: sua hospitalidade. É um lugar pacato, de uma gente boa, cordata e receptiva, onde, em pleno século XXI, a maioria das notícias de óbitos tem causas naturais: não fomos contaminados ainda pela assustadora violência dos grandes centros.

Pode-se, com tranqüilidade, armar uma rede na varanda num final de tarde e dormir sossegadamente ou sair para passear nas praças, no calçadão, sem os cuidados que se fazem necessários em outros lugares. Respira-se em Glória o ar calmo típico de um lugarejo do interior.

Temos, contudo, um berço de latentes manifestações culturais que exalam saberes, falares, cantares e fazeres que em nenhum outro lugar, como tais, há tão belos e naturais. A começar pela feira livre que é, no mínimo, um espetáculo cultural a céu aberto e faz convergir para cá pessoas de toda a região, espectadores, o mais das vezes, despercebidos do incrível fenômeno que se desdobra à sua frente.

Alguns filhos notáveis como o músico e escritor Sergival e o artesão Véio, reconhecidos e admirados nacionalmente, elevam e orgulham nosso município. Esse último não representa apenas um artista, mas é um verdadeiro museu vivo no qual está guardada toda a nossa história. Outros não menos ilustres, embora desconhecidos, ainda não perceberam a profunda importância da publicidade de seu trabalho ou não foram agraciados ainda pela oportunidade.

Todavia, aparentemente, a cultura em Glória parece dormir. Muito disso se dá por não haver ainda aqui o que se pode chamar de ‘vida cultural’, algo que faça despertar a consciência do gloriense comum para o mundo que se encortina sob seus olhos. Começaram a surgir, entretanto, pessoas e grupos interessados em mudar a aparente apatia cultural que paira sobre nossas cabeças. Alguns universitários da turma de Letras do PQD da UFS, que funciona aqui em Glória, decidiu fundar uma associação cultural cujo estatuto deve ser aprovado nos próximos dias. Glória já conta com o memorial do sertão, alguns grupos musicais surgem timidamente, diversos poetas começam a tornar públicos seus trabalhos, alguns artistas plásticos perderam a timidez de expor seus quadros, e pessoas discutem a necessidade de um centro de cultura e arte. Temos, portanto, como diria Aluísio de Azevedo, “a fervilhar, a crescer, um mundo, uma coisa viva”, que parece “brotar espontânea”, que pede espaço para brilhar. Urge fazer-se despertar.

(*) Professor e poeta, atualmente cursando Letras/Português pela UFS
 
Filhos ilustres do município

Sergival - cantor e compositor, desenvolve trabalhos na área da literatura, teatro e fotografia. É membro do Mac da Academia Sergipana de Letras e da Asafoto. Em 2000 esteve em Cuba representando o Estado em encontro internacional de cultura popular. Conquistou o prêmio ‘O Capital’ como o músico do ano, e também recebeu a Comenda do Mérito Cultural Ignácio Barbosa.
Artesão Véio - Um dos mais importantes artistas populares do Estado de Sergipe. Seu trabalho em madeira corre o mundo e boa parte está exposto em museu ao ar livre num terreno que pertence à sua família em Nossa Senhora da Glória.

José Augusto de Andrade Lima - Médico veterinário, funcionário do Ministério da Agricultura.
José Carlos Souza - ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado e ex-deputado estadual.
Eraldo Aragão - presidente do Pronese (Projeto São José)
Boguito - jogador profissional. Jogou no Itabaiana, Sergipe e Vitória da Bahia.

Tailson - Nasceu em Monte Alegre, foi para Glória ainda bebê. Foi revelado no Dorense, jogou no Vitória da Bahia, 15 de Piracicaba, fora do Brasil e atualmente está no Botafogo do Rio.

Pedro Alves Feitoza - Foi o primeiro tabelião do município e delegado de polícia.

Milton Menezes - coronel do Corpo de Bombeiros

Texto: Edivânia Freire

Fotos e reproduções Edson Araújo

Fonte: Enciclopédia dos Municípios Brasileiros e pesquisa de Leunira Batista Santos Souza e Leonice Santos Lima.





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