Uberaba tem sua origem na ocupação
do Triângulo Mineiro, que ficou sob a jurisdição de Goiás até 1816.
A região começou a ter importância preciosos, que consistia em uma das metas
administrativas da Coroa Portuguesa, o governador da Capitania de São Paulo e
Minas Gerais articulou a abertura de uma estrada. Esta missão ficou a cargo de
Bartolomeu Bueno da Silva Filho (filho de Anhanguera). A expedição era composta
por 152 homens, entre os quais 20 índios carregadores, 3 religiosos e 39
cavalos. Ela partiu de São Paulo pelos rios Atibaia, Camanducaia, Moji-Guaçu,
Rio Grande, Rio das Velhas e penetrando em Goiás pelo Corumbá. Segundo alguns
relatos da época, a expedição passou por terras de Uberaba. Esta rota ficou
conhecida como Estrada Real ou Anhanguera que consistia que consistia em um
importante caminho para que as autoridades portuguesas implementassem a
colonização, a produção e escoamento dos minerais preciosos. Na verdade, a
maioria das riquezas minerais do Brasil foi levada para Portugal e utilizadas
para o pagamento de suas dívidas em relação à Inglaterra.
Posteriormente, a expedição do filho de Anhanguera fundou em 1725 o povoado de
Vila Boa em Goiás.
Outra estrada mais a Oeste foi aberta em 1736, passando por terras de Araxá em
direção à Vila Boa denominada Picada de Goiás.
A exploração e o povoamento de todo o Triângulo Mineiro, de modo geral, se fez
como em todo o Brasil-Colônia, pelo amansamento e extermínio das populações
indígenas e dos negros nos quilombos.
As estradas para Goiás tornaram-se palco de batalhas, entre os exploradores dos
sertões e os nativos.
Diante disso, o governo de Goiás viabilizou a segurançaa das estradas e por isso
nomeou em 1742, o Coronel Antônio Pires de Campos para policiar, amansar e até
mesmo exterminar os silvícolas rebeldes, fato constatado com a matança dos
Caiapós.
Em 1766 foi criado o Julgado de Nossa Senhora do Desterro do Desemboque, sob a
administração de Goiás, local rico em minas auríferas e de intensa exploração. A
posse desse Arraial por Góias era vantajoso aos moradores, pois estavam livres
do pagamento de imposto sobre minerais, denominado "derrama", cobrado em Minas
Gerais.
Desemboque teve o seu esplendor até 1781, quando as minas auríferas se
esgotaram.
Prosseguindo a exploração das terras, o governo de Goiás para dinamizar a
administração dos Sertões, nomeou pela Portaria de 1809 Antônio Eustáquio da
Silva Oliveira (natural de Ouro Preto) para a função de Comandante Regente dos
Sertões da Farinha Podre (Triângulo Mineiro), e em 1811 foi nomeado pelo Ato
Governamental, Curador de índios.
Em 1810, Major Eustáquio liderou uma Bandeira até o Rio da Prata, passando por
terras de Uberaba.
Outra expedição chefiada por José Francisco Azevedo, atingiu a cabeceira do
Ribeirão Lageado, fundando o Arraial da Capelinha, aproximadamente a 15 km do
Rio Uberaba. Entretanto este local não se desenvolveu por falta de água e terras
férteis, conforme constatou Major Eustáquio em visita ao Arraial.
Consequentente, o Regente dos Sertões comanda outra Bandeira com 30 homens e
procura novas terras para se estabelecerem. Atingem o Rio Uberaba e fixam-se na
margem esquerda do Córrego das Lages, onde foi edificada a Chácara da Boa Vista
(hoje Fazenda Experimental da Epamig).
Junto com Major Eustáquio vieram fazendeiros e aventureiros que passaram a
produzir e comercializar com as caravanas que ligavam Goiás a São Paulo.
Algum tempo depois, Major Eustáquio construiu sua residência na Praça Rui
Barbosa (atual Hotel Chaves).
Grande número de pessoas sabendo das condições propícias de Uberaba e do
prestígio e segurança que o comandante Major Eustáquio oferecia, imigraram para
o novo Arraial. Eram boiadeiros, mascates, comerciantes, criadores de gado,
ferreiros, etc...
Os moradores logo ergueram uma Capela tendo como oragos Santo Antônio e São
Sebastião, benizda em 1818 pelo padre Hermógenes Cassimiro de Araújo Brunswick,
do Desemboque. Assim foi estabelecido o reconhecimento do povoado pela Igreja.
Esta instituição representava prestígios decisórios junto aos governos. Visto
que em 2 de março de 1820, o rei D. João VI decreta a elevação de Uberaba à
condição de Freguesia.
O Decreto Real constituiu um grande avanço para a comunidade. Significou a
emancipação e gerência própria em assuntos de ordem civil, militar e religioso.
Foi o reconhecimento oficial tanto pela Igreja como pelo Governo Real.
Uberaba foi crescendo e as terras foram ocupadas formando-se extensas
propriedades devido o baixo valor da terra e isenção de impostos sobre elas. Em
pouco tempo reuniu-se seleta população de agricultores, pecuaristas e
comerciantes e outras profissões, fato que viabilizou o Governo Provincial de
Minas Gerais a criar o Município de Santo Antônio de Uberaba em 1836.
Uberaba, em 1840 passou a sediar uma Comarca para distribuir a justiça na
região.
A importância regional da Vila de Santo Antônio de Uberaba era próspera que ela
mereceu o título de Cidade em 1856, tornando-se um importante centro comercial
que se acentuou com a inauguração da Estrada de Ferro em 1889, que foi um
acontecimento facilitador da imigração européia para a cidade e do
desenvolvimento da pecuária zebuína.
A riqueza econômica refletiu na estrutura urbana onde surgiu requintadas
construções no estilo eclético.
No século XX, a cidade demonstra um crescimento da agricultura, da pecuária, da
indústria e do comércio, atendendo as demandas nos aspectos econômicos,
culturais e de serviços essenciais à população.
Hoje Uberaba representa um centro comercial dinâmico, uma agricultura produtiva,
um parque industrial diversificado e uma planejada estrutura urbana.
Dada a importância histórica de 02/03/1820, quando a cidade foi elevada à
Frequesia, o Município instituiu oficialmente como a data que se comemora o
aniversário de Uberaba.
Parabéns para os uberabenses que de maneira harmônica tem cumprido sua
cidadania, preservando os valores culturais de nossa terra e valorizando a
qualidade de vida da população.
Marta Zednik de Casanova
Historiadora e coordenadora de Pesquisa do Arquivo Público de Uberaba
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