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HISTORIA DE ANTÔNIO CARDOSO BA

 

O desbravamento do sertão ocorreu pelos grupos de invasores que partiam nas chamadas entradas ou bandeiras do litoral para o oeste. Os Portugueses foram avançando para o interior usando as margens dos rios como orientação, abrindo rotas na vegetação.

A bacia do Paraguaçu foi indispensável na ocupação do sertão baiano. O Vale do Paraguaçu foi desbravado ainda no século XVI, precisamente por volta de 1561, pelo português Vasco Rodrigues de Caldas, segundo Eduardo Canabrava Barreiros em seu livro “Roteiro das Esmeraldas”. “Em 1588, o português Vasco Rodrigues de Caldas iniciou a guerra contra os índios do Vale do Paraguaçu: Tupinambás, Maracás e Paiaiás” (ROCHA, José. Terra dos Ipecas II. Munartgraf, Feira de Santana, 2009).

 “As Vias hoje reunidas sob o nome de Estrada Real foram fundamentais na história do povoamento e da colonização de vastas regiões do território brasileiro, tornando-se verdadeiros eixos histórico-culturais de construção de parte da nossa história... segundo o pesquisador de rotas antigas Mario Santos, sabe-se que imigrantes, escravos e mercadores utilizavam, antes mesmo do século XVII, uma rota que nascia na “cidade da Bahia”, seguia o curso do Rio Paraguaçu até a Vila de Rio de Contas, hoje cidade, para atingir as margens do Rio São Francisco. A rota baiana foi uma importante via de circulação de mercadorias nas três primeiras décadas do ciclo do ouro, perdendo o significado econômico quando o Rio de Janeiro se firmou como principal entreposto da capitania mineira. A rota baiana também ficou conhecida como “descaminho” do ouro e do diamante, onde os minerais preciosos eram contrabandeados....”. (Diário Oficial dos Municípios.

Estado da Bahia, Salvador, Ano XC, nº 19.213, de 21/08/2006). No atual território existe uma estrada antiga ou boiadeira ao leste, vindo do sentido do Porto da Cachoeira, subindo a margem do rio Paraguaçu no encontro com o rio Jacuípe na comunidade de Lagoa, no norte segue a margem do rio Cavaco, cortando a BR116 sul no local chamado Paus Altos, passando na proximidade da fazenda Cavaco e sobe em direção a Chapada Diamantina. Nela viajavam as boiadas conduzidas pelos vaqueiros e as tropas de burros carregados de fumo, ovos de galinha e outros animais de pequeno porte para serem comercializados na Vila de Cachoeira e circunvizinhanças. Quando voltava traziam carne de sol, farinha de mandioca e outros artigos alimentícios (mantimentos) para serem vendidos nos arraias do interior ou surtir os pequenos negócios das comunidades do sertão. A região ao oeste do encontro do Paraguaçu com o Jacuípe era ocupada pelos nativos (índios Payayas e outros que vinham recuando do litoral forçados pelos ataques dos brancos).

Depois os negros escravizados, senhores de escravos e descendentes miscigenados dessas três etnias foram instalando. Após a criação da Sesmaria de Nossa Senhora do Rosário do Porto da Cachoeira no recôncavo da Capitania da Baía de Todos os Santos (Bahia) a região do Paraguaçu passou a ser administrada pela Câmara Municipal de Cachoeira. A chegada do Jesuíta José de Aragão e Araujo por volta de 1690, na região da margem esquerda do Paraguaçu, já desbravada na época das bandeiras, vindo dos Conventos da Cachoeira, subiu o médio Paraguaçu e criou a humilde capela de palha com invocação ao Santo Estêvão (1º) ao norte da foz do Paraguaçu e ao oeste da margem do rio Jacuípe na sua fazenda de mesma denominação da imagem. O lugar era populoso na época e começou a ser povoado.

Os moradores constituídos de nativos, estrangeiros e descendentes viviam dispersos pelas fazendas da região e começou a serem catequizados. “Segundo Velha tradição a propriedade teria passado ao patrimônio do celebre Seminário de Belém em Cachoeira. Com mais de dez léguas para o interior desde o Paraguaçu”. (GALVÃO, Mons. Renato de Andrade. Notas sobre Antônio Cardoso). Tornando uma Sesmaria religiosa. Formou um arraial em volta da capela com população e cultura heterogênia: nativos, negros escravizados, senhores, jesuítas e miscigenados. Sendo elevada a categoria de Freguesia (distrito). Em 1739, por a população local ser dispersa dificultando arrecadação do dízimo, a história da região foi extraviada pelo Padre José da Costa Almeida que deslocou a estátua religiosa para outro lugar.

Onde o relevo é plano e por possuir mais moradores na época favorecendo a arrecadação do dízimo. Criou a 2ª capela nas vizinhanças do riacho Salgado. Os moradores da 1ª que discordaram da retirada da imagem buscaram para o local anterior. Esse padre abandonou a 2ª desgostoso. Os administradores da Igreja Católica na Capitania da Bahia providenciaram outra imagem do santo Estêvão diferente da primeira em 1751, e o Arcebispo Dom José Botelho de Matos criou outra Freguesia em 1752, com a denominação de Santo Estêvão do Jacuípe (Adro). Tomando a identidade (nome) da 1ª que passou a chamar Santo Estêvão Velho. A margem do rio Jacuípe banha a 1ª e não a 2ª capela, seus moradores não aceitaram serem dominados pela 2ª.

Em 1823, o Vigário do Adro viu-se obrigado a fazer o pedido ao Arcebispado da Província da Bahia para criar a capela de Nossa Senhora do Resgate, no território da primeira capela, no local que só tinha pés da árvore Umburanas com Gravatá. Para conformar os moradores com a perda do nome primitivo da região para o vizinho. A Assembléia Provincial da Bahia decretou a Resolução Provincial de 10/04/1843, sancionada pelo Presidente da Província, criando a Freguesia de Nossa senhora do Resgate das Umburanas. Continuou dominada pela Freguesia de Santo Estêvão do Jacuípe (Adro) na Vila de Cachoeira.

Hoje ameaçada a extinção pelo isolamento da Barragem de Pedra do Cavalo na Bacia do Paraguaçu. Em 1876, passou a ser administrada pela cidade de Feira de Santana e em 1884, foi anexada ao território da Vila de São Gonçalo dos Campos até sua emancipação. Passou a chamar Uberlândia em 1938, Tinguatiba em 1943 e Antônio Cardoso quando emancipado em 1963. A denominação de Antônio Cardoso não tem o apoio da maioria de seus moradores. O território da capela de Santo Estêvão Velho (atual Antônio Cardoso) voltou a ser dominado por seu “inimigo” vizinho como Comarca Jurídica de Santo Estêvão (ex- do Jacuípe) a partir de 1966, com sua criação até os dias atuais. O território é cortado pela BR116 sul, ao meio, onde está instalado o Posto Fiscal João Durval Carneiro e 3 postos de combustíveis(ao nordeste). Possui 3 distritos: Antônio Cardoso, Santo Estêvão Velho e Poço. O arraial de Oleiro ainda não foi reconhecido como distrito. Destacam-se como pontos turísticos: a estrada boiadeira, a centenária Igreja do distrito de Santo Estêvão Velho junto com a imagem do Padroeiro o santo Estêvão à margem da BR116, as fazendas Cavaco e Santo Antonio,a lagoa dos Jesuítas no distrito de Santo Estêvão Velho, a agradável margem dos rios Paraguaçu (localidade de Ilha e Queimadas), encontro do rio Jacuípe com o Paraguaçu (em Ilha e Lagoa), encontro do rio Curumatai com o Paraguaçu (no Maxixe e Pernambuco) favorável ao relaxamento da prática do ecoturismo e para se banhar. Atraindo turistas nos finais de semana e feriados.

Existe também o antigo artesanato de barro no arraial de Oleiros (noroeste) e de bucha vegetal, palha, cipó, vidro da artesã Edinalva no distrito de Antonio Cardoso. O município possui antigas tradições populares herdadas do estilo de vida campestre que combina trabalho e diversão, algumas raras outras intactas como: samba de roda que é reconhecido como patrimônio da humanidade nas rezas (novenas) para venerar as imagens do culto particular do Candomblé; marra e pesa de fumo como encontro de prosa para reunir amigos, parentes e vizinhos; raspagem de mandioca; bata de feijão; dijitórios com cantorias para cavar buraco e plantar o feijão; queima de juda; queima de lapinha (monta em dezembro simbolizando o nascimento do menino Jesus e queima em janeiro época dos santos reis); rei roubado; quadrilha de São João e casamento na roça; festa de São João e São Pedro em junho entre as mais tradicionais do Vale do Paraguaçu com visitas nas residências; rezas de São Cosme e São Damião em 27 de setembro; festejo de São Roque em 16 de agosto com a presença de romeiros de várias partes da Bahia e do Brasil; festa do Padroeiro Santo Estêvão em 26 de dezembro e Nossa Senhora do Resgate em 7 de maio. A presença da religiosidade herdada do período da colonização é marcante no dia-a-dia dos moradores; da prática de vaquejar boiadas herdou a argolinha, cavalgada e corrida de cavalo; Ainda tem a festa de emancipação do Município em abril. È terra natal do artista plástico e professor Agnaldo Carvalho, do sambador Paulo de Almeida Santos que atualmente faz parte da Associação de Sambadores e Sambadeiras da Bahia, da Associação Umbigada e da Federação Baiana de Terreiros de Candomblé e de um dos grandes mestres, se não o maior, do samba e da literatura de Cordel da Bahia e do Brasil Antonio Ribeiro da Conceição, popular BULE-BULE, que recebeu a medalha "Ordem do Mérito Cultural" do Ministério da Cultura do Brasil em 2008, como guardião da memória popular brasileira.


Referências
1. 1,0 1,1 Divisão Territorial do Brasil. Divisão Territorial do Brasil e Limites Territoriais. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (1 de julho de 2008). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
2. Estimativas da população para 1º de julho de 2009 (PDF). Estimativas de População. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (14 de agosto de 2009). Página visitada em 16 de agosto de 2009.
3. Ranking decrescente do IDH-M dos municípios do Brasil. Atlas do Desenvolvimento Humano. Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) (2000). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
4. 4,0 4,1 Produto Interno Bruto dos Municípios 2002-2005. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) (19 de dezembro de 2007). Página visitada em 11 de outubro de 2008.
ROCHA, José. Terra dos Ipecas II. Munartgraf, Feira de Santana, 2009.
Diário Oficial dos Municípios. Estado da Bahia, Salvador, Ano XC, nº 19.213, de 21/08/2006.
GALVÃO, Mons. Renato de Andrade. Notas sobre Antonio Cardoso.