Uma história de 5 mil
anos
Habitualmente,
remonta-se o surgimento da colônia Dona Francisca, atual cidade de
Joinville ao contrato assinado em1849 entre a Sociedade Colonizadora de
Hamburgo e o príncipe e a princesa de Joinville (ele, filho do rei da
França e ela, irmã do imperador D. Pedro II), mediante o qual estes cediam
8 léguas quadradas à dita Sociedade, para que fossem colonizadas.
Assim,
oficialmente a historia de Joinville começa com a chegada da primeira leva
de imigrantes europeus e a "fundação" da cidade em 9 de março de 1851.
Sabe-se, no entanto, que há cerca de cinco mil anos, comunidades de
caçadores e coletores já ocupavam a região, deixando vestígios (sambaquis,
artefatos). Índios ainda habitavam as cercanias quando aqui chegaram os
primeiros imigrantes.
Por fim, no século XVIII, estabeleceram-se na região
famílias de origem lusa, com seus escravos negros, vindos provavelmente da
capitania de São Vicente (hoje Estado de São Paulo) e da vizinha cidade de
São Francisco do Sul. Adquiriram grandes lotes de terra (sesmarias) nas
regiões do Cubatão, Bucarein, Boa Vista, Itaum e aí passaram a cultivar
mandioca, cana-de-açúcar, arroz, milho entre outros.
Os primeiros imigrantes
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Por volta da
década de 1840, uma grave crise econômica, social e política assolou a
Europa. Fugindo da miséria, do desemprego, de perseguições políticas,
milhares de pessoas resolveram emigrar. Um dos destinos era a colônia
Dona Francisca, para onde vieram cerca de 17.000 pessoas entre 1850 e
1888. |
A maioria
protestantes, agricultores sem recursos,
estimados pela propaganda, que apresentava o lugar como se fosse um
verdadeiro paraíso terrestre.
A intenção da Sociedade Colonizadora, formada por banqueiros, empresários
e comerciantes era, entretanto, auferir grandes lucros com a "exportação"
dessa "carga humana" e estabelecer uma colônia uma colônia "alemã",
vinculada aos interesses comerciais alemães.
O governo imperial brasileiro
por sua vez incentivava a imigração visando substituir a mão-de-obra
escrava por colonos "livres", ocupar os vazios demográficos e também
"branquear" a população brasileira.
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A evolução econômica |
A indústria e o
comércio, porém, começavam a se destacar: havia quatro engenhos de
erva-mate, 200 moinhos, onze olarias.
Exportava-se madeira, couro, louça,
sapatos, móveis, cigarros e mate; importava-se ferro, artigos de porcelana
e pedra, instrumentos musicais, máquinas e instrumentos agrícolas, sal,
medicamentos, trigo, vinho, cerveja, carne seca e sardinha.
Ainda nesse
ano, Joinville é elevada à categoria de cidade (em 1866 fora elevada à
vila, desmembrando-se politicamente de São Francisco do Sul).
Na década de 1880, surgem as primeiras indústrias têxteis e metalúrgicas.
O mate transforma-se no principal produto de exportação da colônia Dona
Francisca; o seu comércio, iniciado por industriais vindos do Paraná, deu
origem às primeiras fortunas locais e consolidou o poder de uma elite
luso-brasileira.
Isso gerou uma tensão com a elite germânica, hegemônica
até então, na luta pelo poder no local. Nesse período, Joinville já
contava com inúmeras associações culturais (ginástica, tiro, canto,
teatro), escola, hospital, loja maçônica, corpo de bombeiros
entre outros.
No início do século XX, uma série de fatos acelerou o desenvolvimento da
cidade: é inaugurada a Estrada de Ferro São Paulo Rio Grande, que passava
por Joinville, rumo a São Francisco do Sul; surgem a energia elétrica, o
primeiro automóvel, o primeiro telefone e o sistema de transporte
coletivo.
Na área educacional, o professor paulista Orestes Guimarães
promove a reforma no ensino em Joinville. Em 1926, a cidade tinha 46 mil
habitantes.
Na economia percebeu-se o fortalecimento do setor
metal-mecânico; entra aqui o capital acumulado durante décadas pelos
imigrantes germânicos e seus descendentes.A partir de 1938, a cidade
passou a sofrer os efeitos "Campanha de Nacionalização" promovida pelo
governo Vargas: a língua alemã foi proibida, as associações alemãs foram
extintas, alemães e descendentes forma perseguidos e presos.
Essas ações
intensificaram-se ainda mais com a entrada do Brasil na 2ª Guerra Mundial,
acirrando os ânimos entre a população luso-brasileira e os alemães e seus
descendentes, causando profundas seqüelas na sociedade local.
Manchester
Catarinense
Entre as décadas
de 50 e 80, Joinville viveu outro surto de crescimento: com o fim do
conflito mundial, o Brasil deixou de receber os produtos industrializados
da Europa.
Isso fez com a cidade se transformasse em pouco tempo em um dos
principais pólos industriais do país, recebendo por isso a denominação de
"Manchester Catarinense" (referência à cidade inglesa de mesmo nome).
O
crescimento desordenado trouxe também problemas sociais que persistem até
os dias atuais, como desemprego, miséria, criminalidade, falta de
segurança pública e infra-estrutura deficitária.
O perfil da população modificou-se radicalmente com a chegada de migrantes
vindos de várias partes do país, em busca de melhores condições de vida.
Aos descendentes dos imigrantes que colonizaram a região q que hoje são
minoria, somam-se hoje pessoas das mais diferentes origens étnicas,
formando uma população de cerca de 500.000 habitantes. Joinville é uma
cidade que pretende preservar sua história e inserir-se na "modernidade".
Referencias
Dilnei Firmino da
Cunha Professor e Historiador
Ache Tudo e Região
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