|
HISTORIA DE PONTA
GROSSA |
|
|
|
|
|
Nos últimos anos, um
grupo de historiadores e geógrafos, vinculados a Universidade Estadual
de Ponta Grossa, partindo da produção de pesquisadores que, nas
décadas de 70 e 80, dedicaram-se ao estudo de Ponta Grossa e dos
Campos Gerais, intensificaram a produção acadêmica sobre a realidade
local.
O texto seguinte reflete a produção mais recente a respeito da cidade
e da região. De modo introdutório ele propicia uma visão geral sobre o
processo histórico de Ponta grossa. Futuramente serão disponibilizados
"links" ao longo do texto com objetivo de complementar e aprofundar as
informações contidas no mesmo.
Prof. Ms. Carmencita
de Holleben Mello Ditzel
Prof. Ms. Niltonci Batista Chaves
A
ocupação do território paranaense se iniciou no litoral e pode ser
dividida em três grandes fases: século XVII - ocupação do litoral e do
planalto curitibano; século XVIII - conclui-se a ocupação dos Campos
Gerais; século XIX - ocuparam-se os campos de Guarapuava e os de Palmas.
Assim, até meados deste século, o processo de interiorização se conclui
constituindo o chamado Paraná Tradicional.
A ocupação das terras dos Campos Gerais
se iniciou logo na primeira década do século XVIII. Local próprio para o
desenvolvimento da pecuária (tendo o seu limite sul no vale do Rio Iguaçu
e extremo norte demarcado pelo Rio Itararé), os Campos Gerais tornaram-se
então passagem obrigatória na rota do comércio que levava gado e muares do
Rio Grande para o abastecimento de São Paulo e das Minas Gerais.
A necessidade de abastecimento colonial
tanto impulsionou o mercado interno brasileiro, possibilitando a gradativa
integração das economias regionais, como favoreceu, também, a ocupação de
regiões do interior paranaense.
A ligação inter-regional se fazia pelo
Caminho do Viamão, que compreendia três rotas, sendo a via mais utilizada
denominada Estrada Real, passando pelos campos de Vacaria, Lages, Campos
Gerais e Itararé, chegando a Sorocaba.
O povoamento dos Campos Gerais foi
começado em 1704, por iniciativa dos nobres potentados paulistas José Gois
de Morais e Pedro Taques de Almeida, secundados por outros membros da
ilustre linhagem, que no mencionado ano requereram grandes sesmarias no
território paranaense, abrangendo desde a margem esquerda do rio Itararé
às cabeceiras do Tibagi.
Ligadas
ao tropeirismo, ainda no século XVIII, pequenas povoações começaram a
surgir ao longo do Caminho das Tropas. Nos locais em que as tropas fixavam
pouso, fazendo seus pequenos ranchos para descanso, trato e engorda do
rebanho, ou esperando passar as chuvas e baixar o nível dos rios, logo
surgia um ou outro morador, fundando casa de comércio, interessado em
atender às necessidades dos tropeiros. Dessa forma, pequenas freguesias e
vilas, como o Príncipe (Lapa), Palmeira, Ponta Grossa, Piraí do Sul,
Castro e Jaguariaíva, tiveram seu desenvolvimento inicial dependente das
fazendas e do movimento das tropas.
Foi
ao longo do século XIX que as vilas adquiriram uma conformação urbana,
deixando de ser um complemento da vida rural. Tornaram-se centro de
resoluções de questões políticas e pólo de atração de populações,
inclusive das fazendas. Diversificaram-se ali as atividades econômicas,
conferindo-se-lhes uma dinâmica própria. Essa realidade emergente
propiciou um novo ordenamento do convívio, com a instauração da Justiça e
a elaboração de Códigos de Posturas, regulando o cotidiano do cidadão.
Sendo assim, as últimas décadas do século XIX foram marcadas pela
contraposição entre a consolidação dos núcleos urbanos e a retração da
economia rural nos Campos Gerais. Essa economia foi quase auto-suficiente
e que oportunizou o poderio dos fazendeiros declina pouco a pouco
viabilizando o desenvolvimento das cidades.
Com a transformação do uso da
propriedade, partilhada entre o criatório e a invernagem, com a
predominância desta, que acompanhou a mudança do fazendeiro em
tropeiro, e com a ampliação da economia monetária que a isso se
seguiu, desenvolveu-se o comércio contra a auto-suficiência das
fazendas, começando o predomínio das cidades.
Nascida
sob a hegemonia das fazendas, Ponta Grossa crescia e tinha novas ambições:
um teatro (1873), uma biblioteca (1876) indicadores do novo vigor e
mentalidade arejada de seus habitantes. O núcleo urbano ponta-grossense
entrava em uma fase de expansão. A população local em 1890 atingia a casa
dos 4.774 habitantes. No início do século XX, a cidade respirava um "clima
urbano" contando com bandas musicais que disputavam espaço para as
apresentações, cinema, luz elétrica, associações beneficentes e hospital.
Esse clima é descrito por Raul Gomes na
crônica "Ponta Grossa de Hoje". As palavras do cronista retratam uma
cidade pujante, movimentada. No dizer de Gomes "à noite o povo flana nas
ruas, penetra nas lojas, enche os três cinemas, freqüenta os clubs". O
cronista destaca ainda o espírito empreendedor da população que torna a
iniciativa privada mais eficiente que a dos poderes públicos. O
crescimento urbano traz novas necessidades à cidade: calçamento das ruas -
para aliviar os problemas causados pelo pó e pela lama principalmente aos
estabelecimentos comerciais; os serviços de água e esgoto - compatível com
as novas concepções de higiene e conforto; a construção de um mercado e de
um matadouro - com capacidade para atender às reais necessidades da
população.
Os cinemas, citados por Raul Gomes, não
eram os únicos espaços de lazer e sociabilização da sociedade
ponta-grossense. Companhias Circenses apresentavam-se com freqüência na
cidade, recebendo sempre grande público.
Por
sua vez, as praças também se constituíam em um dos principais pontos de
encontro da sociedade local. A Praça João Pessoa, localizada diante da
Estação Ferroviária (Estação Saudade), constituía-se num local em que
muitas famílias concentravam-se, sobretudo nas noites de verão. Nesta
mesma praça a população local reunia-se espontaneamente sempre que
autoridades ou pessoas ilustres chegavam à cidade.
As
praças também eram locais onde se realizavam comemorações cívicas e
celebrações religiosas. Outro costume próprio dessa época eram as retretas
que ocorriam na Praça da Matriz ao entardecer de domingo.
A importância da cidade provém em grande parte de sua localização
estratégica: entroncamento rodo-ferroviário do interior do estado ligando
as principais regiões econômicas e os centros políticos.
Decisivo mesmo para a vida da
cidade-encruzilhada foi a inauguração da estrada de ferro, em plena
revolução federalista. Aliás, o revolucionário Gumercindo Saraiva
encontrou em Ponta Grossa um acolhimento muito cordial, pois estar nos
Campos Gerais era como estar em casa, nos pampas riograndenses,
cercado de gaúchos, comendo churrasco, tomando chimarrão e cavalgando
pelos campos. Em 1894, os trilhos da estrada de ferro vindos de
Paranaguá atingiam a cidade. Em 1899 inaugurou-se a estrada de ferro
São Paulo - Rio Grande com oficinas de manutenção em Ponta Grossa.
Esta situação de entroncamento ferroviário fez com que Ponta Grossa
entrasse no século XX com o pé direito. O progresso veio. Grandes
engenhos de erva-mate, beneficiamento de couro e de madeira começaram
a surgir. E olarias, pois não havia tijolo que chegasse. Veio gente de
fora atraída pela promessa de bons negócios.
Um
estudo sobre a cidade revela que "as primeiras décadas do século XX
constituem uma conjuntura extremamente favorável para a economia
ponta-grossense", o que pode ser constatado pela elevação na arrecadação
de impostos, pelas obras construídas nessa fase, quando da instalação de
várias fábricas e estabelecimentos comerciais cujos proprietários, em
grande maioria, eram imigrantes.
Migrações estrangeiras espontâneas e
esporádicas sempre ocorreram para o território brasileiro. O grande
movimento migratório oficial, contudo, só se verificou na década de 1870,
quando para o Paraná vieram em grande número os russos-alemães. Em
1877/1878 chegaram em Ponta Grossa, 2.381 russos-alemães que se
estabeleceram na Colônia Octávio, subdividida em 17 núcleos, afastados do
centro urbano. A partir de então outros grupos foram chegando à cidade e a
ela se integrando. Entre os de maior importância estão os poloneses,
alemães, russos, italianos, sírios, austríacos e portugueses.
A presença desses imigrantes trouxe
mudanças para as regiões paranaenses onde se instalaram, impulsionando,
sobretudo, as atividades industriais. Essa atitude modernizadora ocorreu
também em relação a outros setores como comércio, transporte e cultura.
Tais atividades muitas vezes ocorreram em função das dificuldades com a
atividade agrícola que os levaram a migrar para a zona urbana. A cultura
alemã, na visão de muitos autores, apresenta um caráter associativo, o que
incentivou a fundação de clubes e associações em muitas cidades
paranaenses, entre elas Ponta Grossa. Nessa cidade as iniciativas para a
fundação de um clube dos alemães data de 1896.
O
crescimento econômico de Ponta Grossa levou-a a condição de pólo regional
no Paraná, ao longo das quatro primeiras décadas do século XX, exercendo
grande influência na sua área de abrangência. Ocupou a posição de segunda
cidade do Estado no que diz respeito ao contingente populacional. Em 1908
superou a casa dos 15.000 moradores. Em 1920 chegou a 20.171 pessoas e em
1940, contava com 38.417 habitantes. A posição de destaque da cidade se
confirma, também, pela criação do Bispado em 1926 cuja diocese compreendia
doze paróquias em toda região dos Campos Gerais.
De
acordo com o relatório do prefeito Albary Guimarães, que administrou a
cidade de 1934 a 1944, verificaram-se transformações na cidade
evidenciadas por dados, tais como: aumento dos investimentos na área de
educação, ampliação e construção de edifícios públicos, melhorias nas
áreas de saúde com a criação da Maternidade Pública e de cinco Postos de
Puericultura e de saneamento básico, reforma e remodelação dos
logradouros, ampliação da rede de iluminação pública atingindo os três
principais bairros de Ponta Grossa (Nova Rússia, Oficinas e Uvaranas),
calçamento poliédrico nas principais ruas da cidade, crescimento do
patrimônio predial urbano, atingindo 6.958 construções em 1944.
O crescimento de Ponta Grossa nas
primeiras décadas do século XX se inscreve num contexto nacional de
desenvolvimento econômico e urbanização que favorece sobretudo as regiões
sudeste e sul do país. Esse desenvolvimento resulta de uma conjugação de
fatores como capital, mão-de-obra, mercado relativamente concentrado,
matéria prima disponível e barata, capacidade energética e um sistema de
transportes ligando as zonas de produção aos portos.
Paralelamente, à crise das
regiões agrícolas de culturas tradicionais, as regiões economicamente
com o melhor desempenho atraem contingentes populacionais
marginalizados pela manutenção da estrutura latifundiária. Se uma
parte dessa população migra para o campo, uma outra parte sente-se
atraída pelas cidades. Entre estas aquelas que são capitais regionais
ou que representam etapas importantes de corredores de exportação são
as que mais atraem pela perspectiva de emprego que podem oferecer.
Esse quadro não tem a mesma plenitude em
toda a região dos Campos Gerais. Algumas cidades, como Castro, ao
contrário de Ponta Grossa, perdem importância regional. Apesar das
diferentes condições econômicas os municípios dessa região apresentavam um
quadro político semelhante nos anos 30.
A
conjuntura econômica favorável em Ponta Grossa nos anos 20 e 30
possibilitou um discurso de enaltecimento à cidade similar ao do Movimento
Paranista. Artigos do jornal Diário dos Campos apresentam uma imagem
idealizada da cidade e projetam um futuro promissor.
Ao chegar a década de 1950, encontramos
uma nova realidade. O Paraná buscava uma nova identidade regional devido
ao crescimento vertiginoso de sua população, a ampliação de suas
fronteiras e o impulso econômico da lavoura cafeeira. A terra roxa e o
café fizeram a riqueza e a importância política de sua região norte.
Nesse contexto, iniciou-se também para
Ponta Grossa um novo período histórico. A cidade, historicamente vinculada
ao tropeirismo e a economia agrária - a Ponta Grossa camponesa -, e que no
princípio do século XX
experimentou um momento de euforia urbano capitalista - a Ponta Grossa
princesa -, ingressou numa fase correspondente àquela vivida pelo Paraná.
A busca de uma nova identidade transformou-se no grande desafio para os
ponta-grossenses a partir de então.
Origem do Nome:
Conta-se duas versões
para origem do nome. A primeira segundo Manoel Cyrillo Ferreira, fala que:
O qrande proprietário de terras o Sargento-Mor, Miguel da Rocha Ferreira
Carvalhaes, teria determinado a seu capataz, Francisco Mulato, "que
escolhesse um ponto bem apropriado para nova morada de sua Fazenda".
Francisco Mulato, percorrendo os campos da região, teria escolhido local
próximo de onde hoje se encontra a Igreja de São Sebastião, antiga Chacará
Dona Magdalena, e teria dito: "Sinhô bem sabe porque é encostado naquele
capão que tem Ponta Grossa". Francisco Mulato estava certo local plano,
encruzilhada, "porta para o interior".
Uma segunda versão de Nestor
Victor escreve, ainda, que: A cidade atual foi edificada em terrenos de uma
fazenda que tinha esse nome (Ponta Grossa), fazenda pertencente a Miguel da
Rocha Ferreira Carvalhaes, o qual generosamente doou as terras necessárias para
semelhante fim. A estância assim se chamava devido a um capão ao lado de seus
terrenos, o qual ainda hoje forma uma ponta grossa, porque a fazenda ainda
existe, a umas 8 léguas de Castro.
Fonte: Acervo da Casa da Memória Paraná,e Prefeitura
Municipal de Ponta Grossa.
Pedimos sua atenção:
Novo sistema de governo (inventado)
para o Brasil é (Apolítico), ou seja, sem políticos,
troque a irresponsabilidade pela responsabilidade, de o
seu apoio no site:
http://sfbbrasil.org
Conheça
o
Ache
Tudo e Região o portal de todos
Brasileiros.
Coloque este portal em seus favoritos. Cultive o
hábito de ler, temos diversidade de informações úteis
ao seu dispor. Seja bem vindo,
gostamos de suas críticas e sugestões, elas nos ajudam a melhorar
a cada ano.
|