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O presidente da Cohapar, Luiz Claudio Romanelli, inaugurou no início de dezembro as duas unidades piloto do programa Casa da Família Indígena, construídas na aldeia Campina, em Mangueirinha e na aldeia Palmeirinha do Iguaçu, em Chopinzinho, no Sudoeste do Estado. A Cohapar já começou a construção de 258 casas, destinadas a índios das etnias kaingang (171 unidades) e guarani (87), em 10 aldeias. O Casa da Família Indígena é o maior projeto de habitação indígena em andamento no País e o primeiro na história do Paraná. Os projetos das casas foram elaborados em parceria com lideranças das comunidades e indigenistas, levando em conta a cultura de cada etnia. Ao todo, o programa irá construir 1,3 mil moradias, zerando o déficit habitacional nas terras indígenas do Estado. Além das 258 anunciadas, a Cohapar prepara a construção de outras 650 casas em 2004. Segundo o presidente da Cohapar, Luiz Claudio Romanelli, a construção das casas é o início do resgate de uma dívida histórica com os povos indígenas. " Estamos cumprindo um compromisso assumido, de trabalhar para melhorar a qualidade de vida das pessoas mais pobres do nosso Estado. Os índios vivem em situação muito precária. Ao longo do tempo, por falta de investimento do governo, as aldeias foram se transformando em favelas. Este projeto foi elaborado em conjunto com as lideranças indígenas, que opinaram na definição dos projetos arquitetônicos de cada etnia. Romanelli salienta que as casas foram projetadas garantindo os traços arquitetônicos da cultura indígena mas assegurando o acesso a modelos contemporâneos. "Ao mesmo tempo em que há nas moradias um espaço para o fogo de chão, tradicional na cultura tanto de kaingangues como de guaranis, as moradias têm as comodidades típicas da vida moderna, como banheiro, energia elétrica, tanque de lavar roupa e um acabamento de primeira qualidade, com cobertura em telhas cerâmicas e forro. O índio não vai deixar de ser índio para usufruir de melhores condições de vida", analisa. Para o assessor especial para assuntos indígenas do governo do Estado, Edívio Batistelli, o programa Cada da Família Indígena é a maior intervenção do poder público "para mudar o estado de abandono e favelamento a que foram submetidos os povos indígenas no Paraná". Batistelli afirma que as comunidades indígenas esperavam por um programa como esse há pelo menos 15 anos e lembra que as moradias para famílias indígenas mais recentes do Paraná foram construídas em 1987. "Mas eram casas pré-moldadas comuns. Desta vez, os índios puderam decidir como queriam suas moradias", disse. Segundo o diretor de Engenharia e Saúde Pública da Fundação Nacional de Saúde ( Funasa), Alcione Pimentel de Lara, a parceria entre a Cohapar e a Funasa na execução do programa Casa da Família Indígena, vai garantir moradia digna e mais condições de saúde às comunidades. "Estamos dando um passo à frente na questão da saúde das comunidades indígenas. Cerca de 75% das internações hospitalares são causadas por doenças ligadas à falta de saneamento básico. Para cada real investido em saneamento há uma economia de quatro reais , em média, em gastos com saúde", diz. As moradias do Casa da Família Indígena têm 52 m² de área construída, dois quartos, forro, cobertura em telha cerâmica e instalação elétrica completa. Os parceiros do programa são a Funasa, Funai, Conselho Indígena Regional de Guarapuava e Conselho Indígena Estadual do Paraná. A Funasa, é responsável pela instalação de água e esgotamento sanitário. A Funai presta apoio institucional à Cohapar e Funasa e os Conselhos Indígenas mobilizam a comunidade, selecionam as famílias beneficiárias e asseguram o apoio das comunidades na realização das obras. . A situação da habitação atual, o número de filhos, o tempo de moradia da família na comunidade e o fato de ter nascido na aldeia são os critérios usados na seleção. O investimento médio por unidade é de R$ 10 mil, oriundos dos tesouros do Estado e da União, a fundo perdido. No Paraná, vivem 10.825 índios, das etnias kaingang, guarani e xetá. A população mora em 23 áreas, sendo 17 demarcadas e 6 que ainda aguardam regularização. Cerca de 75% da população indígena no Estado tem menos do que 30 anos. Aproximadamente 3 mil crianças frequentam 27 escolas. Na terra indígena de Mangueirinha, que compreende os municípios de Mangueirinha, Chopinzinho e Coronel Vivida, moram 395 famílias (1890 pessoas) , numa área de mais de 17 mil hectares. É a segunda maior área indígena do Estado, e a primeira a ser destinada aos índios. A demarcação aconteceu em 1903, assegurada pelo governador Francisco Xavier da Silva , quando ainda não havia no país um serviço de proteção aos índios. Na terra indígena de Mangueirinha fica a maior reserva de Araucária nativa do mundo. Um convênio, recém firmado, entre a comunidade, a Secretaria do Meio Ambiente e o IAP vai garantir o desenvolvimento de ações culturais, produção de mudas e fiscalização da área, combatendo a extração ilegal da madeira. Milton Alves. 31 anos, casado com a professora Eloi Aparecida Cretã, pai de 4 filhos, coordenador do projeto de citricultura da aldeia Campina e integrante da patrulha ambiental, é o primeiro morador da casa da etnia kaingang. "Era o que eu mais queria na vida", disse, depois de receber as chaves da casa, ainda emocionado. Milton e família moravam em uma casa de 5 peças, com mais de 30 anos e não dispunham de recursos para construir uma moradia nova. " A casa onde eu morava estava velha e eu não tinha a menor idéia de como poderia construir uma casa mais confortável. Agora, minha família vai ter uma boa casa , confortável, de material bom, que vai durar muito tempo". O cacique Rivelino Gabriel de Castro, beneficiado com a primeira Casa da Família Indígena Guarani , na aldeia Palmeirinha do Iguaçu, vive da agricultura e morava numa moradia precária, com três peças. "Tenho agora uma casa com boa estrutura e que respeita a cultura de meu povo. Foram muitos anos de luta para termos estas casas e estamos realizando um sonho .Minha família terá a partir de hoje uma qualidade de vida melhor", disse, ao lado da mulher, Elza Fernandes e dos 3 filhos. Na solenidade da entrega das chaves, em Mangueirinha e Chopinzinho, era visível a emoção dos caciques e dos moradores das aldeias. O cacique Valdir José Kokoj dos Santos, 29 anos, presidente do Conselho Indígena de Guarapuava e líder da terra de Mangueirinha não escondia a alegria. " Este programa vai ficar marcado na história da Terra Indígena de Mangueirinha e do Paraná. A Cohapar merece todos os elogios por ter ouvido as comunidades antes de elaborar os projetos", falou. Como representante de todas as lideranças presentes, Valdir Kokoj ( pronuncia-se Kokoi, beija-flor na língua kaingang) fez questão de saudar o governador Requião- que não pode comparecer devido a problemas de deslocamento. " O governador Requião prometeu que iria fazer estas casas e elas estão sendo construídas. O governador cumpriu sua palavra com a comunidade indígena. Estamos realizando um sonho e a presença de tantas lideranças indígenas mostra a alegria e a felicidade de todos nós", disse. Cristina Bandeira, 22 anos, moradora da aldeia Marrecas, em Turvo, e que também vai receber uma casa, foi especialmente a aldeia Campina para o lançamento do programa. Queria ver de perto a casa da etnia kaingang pronta. Auxiliar administrativa da Funai, Cristina tem o segundo grau completo, usa roupas modernas, tem aparelhos ortodônticos, mas não dispensa os adereços de sua cultura. Com brincos e colares típicos, estava entusiasmada. " O projeto é muito bom. A casa , muito bem construída. Os índios hoje estudam, trabalham, têm acesso à informação, estão evoluindo.. Precisam de casas melhores, com conforto , com luz, água, banheiro. Para nós, vai ser muito bom", diz. Jovenal Teles dos Santos, 53 anos, kaingang, planta feijão, milho e mandioca e cria porcos e galinhas na aldeia Campina, também não escondia a satisfação. " Hoje é um dia de muita alegria para as comunidades indígenas do Paraná. É um sonho que estamos conseguindo realizar. Lutamos a vida inteira para ter respeito , para que nossos direitos fossem levados em conta e sempre esperamos pela construção de casas. Agora, as casas estão sendo erguidas e são muito boas. Esperamos que o projeto tenha continuidade e que mais índios sejam beneficiados" Referencias Prefeitura Ache Tudo e Região Não estamos sozinhos, é vital dividirmos espaço com outras criaturas ou seremos também eliminados do planeta. Proteger as árvores, os animais, rios e mares são dever cívico de cada cidadão. Seremos todos responsabilizados, pelo mal que estamos fazendo a natureza. Conheça o Ache Tudo e Região o portal de todos Brasileiros. Cultive o hábito de ler, temos diversidade de informações úteis ao seu dispor. Seja bem vindo, gostamos de suas críticas e sugestões, elas nos ajudam a melhorar a cada ano.
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