Fitoplâncton diminui e ameaça todas as
espécie marinha
A quantidade de fitoplâncton dos oceanos diminui 1% por
ano, na média dos últimos 100 anos, segundo um estudo
publicado nesta quarta-feira pela revista Nature e que
adverte sobre os efeitos da redução destes
microorganismos na estrutura dos ecossistemas marinhos e
no ciclo do carbono.

Segundo os especialistas do Instituto para a Pesquisa
Climática da Alemanha, a redução da biomassa de
fitoplâncton dos oceanos está vinculada ao aquecimento
global.
Os pesquisadores, que combinaram dados
históricos com observações via satélite atuais,
estimaram que o nível global de redução desses
microorganismos fotossintéticos aquáticos foi de 1%
anual da média global da biomassa de fitoplâncton
presente nos oceanos.
Essa queda seria ainda mais saliente nos últimos anos,
especialmente em áreas situadas em altas latitudes e nas
regiões equatoriais. O fitoplâncton tem grande
importância para o equilíbrio da natureza porque esses
microorganismos produzem cerca de metade da matéria
orgânica da Terra e grande parte do oxigênio da
atmosfera.
Por isso, seu déficit poderia afetar os processos
climáticos e ciclos bioquímicos como o do carbono. Esse
estudo sustenta também a hipótese de que a mudança
climática está contribuindo para a transformação dos
ecossistemas marítimos.
Fitoplâncton
Em biologia marinha e
limnologia chama-se fitoplâncton ao conjunto dos
organismos aquáticos microscópicos que têm capacidade
fotossintética e que vivem dispersos flutuando na coluna
de água.
Fazem parte deste grupo
organismos tradicionalmente considerados algas e
estudados como tal pela botânica, mais especificamente
pela ficologia. Contudo, dentre estas, há um grupo de
grande importância sanitária e de saúde pública, que é
também classificado como bactéria, as cianofíceas ou "algas
azuis".
A divergência de autores quanto a classificação dos
organismos pertencentes a este grupo deve-se ao fato de
possuírem características de células vegetais (presença
de clorofila em cloroplastos e parede celular com
celulose) e de bactérias (material nuclear disperso no
citoplasma).
Hoje as algas azuis ou
cianobactérias, nome atualmente mais empregado, são
limitadas pelas legislações ambientais para águas
potáveis, devido ao fato de que algumas cepas produzem
toxinas (cianotoxinas) que podem ser letais para os
mamíferos.
Outros organismos
pertencentes ao fitoplâncton também são classificados em
vários clades dos Protista, como alguns flagelados e
ciliados com capacidade de realizar a fotossíntese, como
os organismos da classe Euglenophyceae. Vários gêneros,
como Euglena spp. são fotossintetizantes facultativos,
isto é, na ausência de luz podem sobreviver como um ser
heterotrófico.
Em águas correntes (rios e
ribeirões) o grupo mais importante, pela sua abundância
e diversidade, é o das diatomáceas, organismos
microscópicos com pigmentos amarelo-dourados e carapaça
externa de sílica, que protege as células da agressão
mecânica causada pela correnteza. Por outro lado, em
lagos e represas as algas da classe Chlorophyceae são
mais diversas e abundantes. Possuem estruturas que
favorecem a flutuação, que no entanto são frágeis. Neste
grupo estão algas de grande beleza.
Apesar de normalmente se
considerar o plâncton como constituído de organismos
microscópicos, há algumas algas castanhas, como certas
espécies de sargaço, de grandes dimensões, que podem
viver livremente no meio do oceano sendo, portanto,
igualmente parte do fitoplâncton.
Importância ecológica do
fitoplâncton
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O fitoplâncton
encontra-se na base da cadeia alimentar
dos ecossistemas aquáticos, uma vez que
serve de alimentação a organismos
maiores. Está na base porque pertence ao
nível trófico dos produtores. |
Além disso, acredita-se
que o fitoplâncton é responsável pela produção de cerca
de 98% do oxigênio da atmosfera terrestre.
Florescimento ou "bloom"
O fitoplâncton também pode ser responsável por alguns
problemas ecológicos quando se desenvolve demasiadamente:
numa situação de excesso de nutrientes e de temperatura
favorável, estes organismos podem multiplicar-se
rapidamente formando o que se costuma chamar "florescimento"
ou bloom (palavra inglesa que é mais usada).
Nesta situação, a água fica
esverdeada mais rapidamente, de um a dois dias,
dependendo da temperatura, se torna acastanhada, quando
o plâncton esgota os nutrientes e começa a morrer. Nessa
altura, a decomposição mais ou menos rápida dos
organismos mortos pode levar ao esgotamento do oxigênio
na água e, como consequência, à morte em massa de peixes
e outros organismos.
Esta situação pode ser
natural - no caso de um afloramento intenso - mas pode
também ser devido a uma situação de poluição causada
pela descarga em excesso de nutrientes na água. Neste
caso, diz-se que aquela massa de água se encontra
eutrofizada. Em água doce, quando esta situação se torna
crônica, a água pode ficar coberta por uma camada de
algas azuis que flutuam na sub-superfície da coluna
d'água.
Nos florescimentos
naturais, o problema cessa quando os nutrientes se
esgotam ou a temperatura se afasta dos níveis ótimos.
Um outro caso de florescimento prejudicial é o caso das
marés vermelhas, quando a água do mar fica com uma
coloração castanho-avermelhada. É causada pelo
desenvolvimento de organismos que liberam toxinas na
água, normalmente "algas castanhas" microscópicas do
grupo dos dinoflagelados. Este fenômeno, cujas causas
ainda não são bem conhecidas, (mas em que a poluição
costeira parece ter também responsabilidade), tem sido
responsável pela destruição de muitas instalações de
aquacultura marinha.
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