Turistas experientes compartilham o que
aprenderam para aproveitar ao máximo a
viagem
A brasileira Grace Downey viajou a bordo
de uma Land Rover por três anos e sete meses
ao lado do marido inglês Robert Anger. Nesse
tempo, percorreu 168 mil km em 50 países, da
América do Sul ao sertão da Austrália. Já a
australiana Jessica Watson, com apenas 16
anos deu a volta ao mundo sozinha em veleiro,
numa viagem de 210 dias pelo hemisfério Sul.
E você aí se enrolando para planejar as
próximas férias?
Conversamos com eles para para descobrir as
lições aprendidas antes e durante os
percursos que podem servir como dicas
valiosas para quem está organizando a
própria aventura. E Jessica adianta: “Eu
nunca me arrependi de nenhuma viagem feita.
Até as mais ordinárias te ensinam um monte!”.
Confira oito passos para ter uma viagem
inesquecível.
1. Marque uma data
O primeiro passo para realizar uma viagem
inesquecível é fazê-la acontecer. Para isso,
tire os planos do papel e escolha uma data
do calendário para embarcar. “As pessoas
perdem muito tempo no ‘um dia eu vou, um dia
eu vou’ e acabam passando dez anos repetindo
a mesma coisa. Com a data em mãos, você
automaticamente começa a planejar”, afirma
Grace Downey, que hoje comanda a empresa
Challeging Your Dreams. Seja daqui a duas
semanas ou três anos, apenas mantenha a data
em mente. E assim que possível, compre logo
as passagens.
2. Defina o estilo da viagem
Com a data marcada, comece a planejar. Para
isso, saiba qual é o estilo de viagem que
você deseja fazer. Pergunte a si mesmo qual
o objetivo de visitar determinado destino:
se procura por lazer, aventuras ou trocas
culturais. Na dúvida entre todos, sempre há
algo que você deseja mais e, acredite,
existe uma programação apropriada para cada
uma delas. A começar pelo tipo de transporte
e hospedagem que podem mudar completamente a
experiência a ser vivida.
Por exemplo, se você pretende explorar a
cidade e as localidades vizinhas, viajar de
carro pode ser uma alternativa mais viável
do que depender de táxis e transportes
públicos. Se você deseja entrar em contato
com pessoas nativas ou viajantes
internacionais, se alojar em casa de família,
hostels ou campings pode ajudá-lo a cumprir
mais facilmente esse objetivo. Mas, se por
outro lado, você procura por luxo, existem
opções mais adequadas como hotéis cinco
estrelas e até mesmo o aluguel de casas e
apartamentos. “Em termos de planejamento não
existem regras, tudo depende do tipo de
viagem e de pessoa” diz Grace. Mas fique
atento, se o destino demandar maior
disponibilidade de tempo ou dinheiro, como
os internacionais, isso também refletirá no
planejamento. Comece o quanto antes.
3. Veja o custo de vida do lugar e encaixe
no seu orçamento
Após determinar para onde ir, como e porque,
comece a esmiuçar os gastos da viagem. Se
informe sobre qual é o custo de vida no
destino em que deseja visitar e faça um
orçamento realista. Isso evitará surpresas
desagradáveis. “Faça uma estimativa de
quanto gastará por dia e siga o planejado”,
indica Grace. Quando já estiver em solo
estrangeiro, fazer anotações e guardar
comprovantes de compras são práticas
importantes para checar os gastos e ver se
está tudo sobre controle. “Se gastar mais do
que o previsto em um item, compense em
outros”, completa.
4. Faça a programação detalhada
Pesquise, pesquise, pesquise. Busque na
internet, livros, guias ou com conhecidos
sobre os pontos turísticos e locais de
interesse. “O ideal é que a pessoa comece a
viajar antes de embarcar: Ao pesquisar,
comece a curtir a cultura do lugar”, diz
Grace. Tenha em mente uma lista do que
deseja fazer e tente encaixar no dias que
passará no destino. Dessa maneira, durante a
viagem você não desperdiçará tempo tentanto
organizar o tempo e acabará aumentando a
produtividade.
5. Se prepare para surpresas
Acontece, nem tudo ocorre como o planejado.
Mas se você estiver preparado para eventuais
surpresas, os efeitos colaterais serão
menores. Prever possíveis problemas ajuda
nesse quesito. “Pessoalmente, eu gosto de
começar o planejamento pensando no que pode
dar errado, segmentando os diferentes tipos
de risco”, diz Jessica Watson, que
recentemente lançou o livro "Destemida",
contando suas aventuras pelo mundo, em alto
mar. Se esse não é seu caso, flexibilidade é
a palavra-chave para não estragar a viagem.
E, quanto mais se viajam, mais jogo de
cintura se ganha.
6. Comunique-se
Tentar seguir a programação exatamente como
foi planejada pode ser muito estressante.
Ocasionalmente, você cruzará com algo que
chamará sua atenção e substituirá um passeio
pensado anteriormente. Normal. Afinal,
conhecer um lugar não significa apenas
visitar os pontos turísticos. Andar pela
cidade, provar a comida local e se comunicar
com o povo nativo proporcionam a vivência do
local, como explica Grace: “Se você for
conhecer um bairro mais residencial, você
terá uma nova visão do todo. Saindo um pouco
do usual, você ganha outra perspectiva”.
Para descobrir os programas dos habitantes,
não existe outro segredo além de se
comunicar. Não tenha vergonha e pergunte às
pessoas dicas e sugestões do que conhecer.
. Viaje com a pessoa certa
Se viajar acompanhado, faça questão de ir
com alguém que tenha interesses comuns aos
seus. Objetivos semelhantes diminuem as
chances de acontecer desentendimentos que
possam frustar o clima do passeio. "Conhecemos
pessoas que começaram a viajar juntas, mas
que acabaram se separando por não
conseguirem conciliar as vontades", conta
Grace. Jessica confirma a importância da
afinidade: "Depois da volta ao mundo que fiz
sozinha, realizei várias outras navegações
em equipe e eu adorei cada uma delas por
diferentes razões. Em viagens em grupo, se
todo mundo tem a mesma atitude, a
experiência é fantástica". Para manter um
bom convívio, não basta respeito, é preciso
ter também flexibilidade para negociar
decisões.
8. Desconecte-se do mundo e se conecte ao
lugar em que está
Dispositivos móveis como celulares, tablets
e GPS se tornaram importantes ferramentas
nas viagens. No entanto, esses equipamentos
vêm substituindo uma prática fundamental em
viagens, que é explorar o espaço ao redor. É
importante levar um meio de comunicação, mas
não fique dependente dele: "Você pode
simplesmente conversar com quem está do seu
lado e fazer uma pergunta ao invés de ficar
procurando desesperadamente uma rede Wi-Fi",
aponta Grace. Busque interagir com o espaço
onde você está.