História
de Carmo do Paranaíba MG
Carmo do Paranaíba, ao contrário de muitas
cidades de Minas, não nasceu propriamente do Ouro. Não foi região de
garimpagem. Entretanto, indiretamente, o lugar originou-se da estrada
das bandeiras, a famosa Picada de Goiás.
Não foram poucas as vilas que nasceram no caminho dos Bandeirantes. No
desbravamento das matas, na procura do ouro, os paulistas iam criando
núcleos de povoamento no roteiro de suas aventuras.
Não longe, o diamante do Abaeté.
Mais distante um pouco, a garimpagem do Paracatu.
No rumo do Oeste, no desdobramento dos chapadões imensos, a fascinação
de Goiás, que no século XVIII, atingiu o apogeu do poderio econômico.
Mas não foi apenas o fator riqueza que criou a civilização mineira.
Também o elemento religioso...
Unidos o poder espiritual e político, a influência da Igreja na
organização do Brasil foi preponderante. Por isso mesmo, a história
religiosa e a história civil confundem-se quase sempre nos mesmos
acontecimentos.
Carmo do Paranaíba nasceu de uma capela.
Era nos princípios do século XIX, quando o Brasil mal dava os primeiros
passos como nação independente.
A febre do ouro tinha passado, com todas as aventuras. Goiás estava em
decadência. Pouca gente ia para o interior em busca de riquezas. A
mineração diminuía sensivelmente.
As populações rurais, estabelecidas nas fazendas, geralmente sob o
regime do colonato, prosperavam. Era o ciclo agrário que sucedia ao
ciclo do ouro. Agora é a fazenda o centro da organização social do país.
O latifúndio. O senhor feudal. O colono, espécie de servo. O pastoreio.
A plantação.
Com os bandeirantes, tinham fugido para os sertões remotos os índios
ferozes. O problema era a posse de terras, constante motivo de brigas
nas zonas rurais.
Dois nomes surgiram com destaque na região: Francisco Antônio de Morais
e Elias de Deus Vieira.
Não foram, certamente, os primeiros povoadores, mas foram os que ali se
estabeleceram com ânimo definitivo, organizando-se economicamente e
fundando o arraial.
Casado, em Bambuí, com Dona Michelina Angélica da Silva, filha do
brigadeiro Manuel da Silva Brandão, Francisco Antônio de Morais, natural
de Ouro Preto, veio residir na Fazenda da Marcela, freguesia de
Aterrado.
Alguns anos depois, Francisco transfere residência para um local da
capelania de São Francisco das Chagas de Campo Grande (atual Rio
Paranaíba), onde fundou a fazenda de Santa Cecília.
Francisco e Elias tornaram-se amigos, e decidiram construir uma capela.
A construção durou dois anos. A partir daí surge o Arraial, que passou a
ser denominado “Arraial Novo de Nossa Senhora do Carmo da Ponte de
Terra”
Carmo progride. Aumenta a população em torno da igreja. A grafia
plana favorece a construção do arraial. Novos templos vão surgindo. Água
não faltava, com os córregos do Tabuão e do Lava-pés bem perto.
Evidentemente, Carmo tinha de tornar-se, também, uma unidade política
autônoma.
Em 1846, tornou-se distrito, com a denominação de Nossa Senhora do
Carmo.
Em 1876 tornou-se vila.
Por fim, em 4 de outubro de 1887, Carmo é elevada à categoria de cidade.
Concretiza-se, desse modo, a autonomia administrativa.
|